28/06/2013

As manifestações pelo Brasil

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Algo vai mudar neste país
As manifestações e os protestos, que acontecem em todo o país, surpreenderam a população, os políticos, os governos e também a Igreja. Tudo começou com o aumento das tarifas de ônibus urbanos nas capitais, mas agora já ficou claro que não é este o único motivo das manifestações; na verdade, é uma série de reivindicações de direitos que está em jogo.
O que pode acontecer de tudo isso? Por ora, é muito difícil dizer. Marco Maciel disse que manifestações do povo, desta natureza, podem dar em tudo e podem dar em nada. Parece-me que algo vai mudar neste país e devemos todos trabalhar e rezar para que seja para o bem e para melhor.

Castro Alves disse que “a praça pertence ao povo assim como os céus pertencem ao condor”. O povo está ocupando as ruas e praças para reivindicar direitos. O cartaz de um dos manifestantes dizia: “Não exigimos 20 centavos, mas direitos”. Quais direitos? Melhores hospitais e médicos (outro cartaz dizia: “queremos mais hospitais e menos campos de futebol”), o fim da corrupção institucionalizada, melhores transportes coletivos, menos inflação que corrói os salários, menos impostos (o Brasil é campeão do mundo em cobrança de impostos; trabalhamos cinco meses só para pagá-los). Parece que as ações sociais do Governo já não bastam para acalmar o povo, pois este quer políticos mais honestos, menos “toma lá da cá”, menos conchavos, menos fingimentos.

O povo quer menos violência e mais segurança, mais e melhores estradas, portos, aeroportos, rodovias, escolas e professores. Parece-nos que todas essas exigências estão acumuladas nas razões dos protestos. Nota-se que, sobretudo, é um protesto da classe média que se sente prejudicada. Os pobres recebem a bolsa família e outras bolsas, os ricos não têm problemas e sabem se defender junto aos políticos e ao Governo.

A origem deste movimento não é muito clara. A organização que comanda as manifestações – Movimento Passe Livre (MPL) - é regida pelos princípios do Fórum Social Mundial como se pode conferir no site do “Movimento” (cf. http://mpl.org.br/node/2). É um movimento que tem cores um tanto diferentes (cf. http://mpl.org.br/node/5) com base em palavras chaves como “horizontalidade” (sem hierarquia, cf. http://mpl.org.br/node/1). Embora se defina como apartidário, confessa-se não antipartidário. Portanto, a não dependência partidária explícita não significa independência partidária. O site diz: “O Movimento Passe Livre é horizontal, autônomo, independente e apartidário, mas não antipartidário. A independência do MPL se faz não somente em relação a partidos, mas também a ONGs, instituições religiosas, financeiras etc.”

Há muitas perguntas a serem feitas, por exemplo: de onde vem o dinheiro para a mobilização de toda essa massa humana em todo o país? Isso custa caro! É cedo para decifrarmos tudo o que está acontecendo. Numa primeira – e muito precária observação –, parece-nos que o povo, insatisfeito com muita coisa, aproveita-se do Movimento Passe Livre e faz dele um veículo de suas manifestações. Parece ter roubado a cena.

Há mais de vinte anos não se via, no Brasil, algo dessa natureza, o que nos leva a crer que algo vai mudar neste país. Que seja, então, o que pede a Igreja na sua Doutrina Social: mudanças que coloquem o homem como centro das medidas políticas necessárias para que haja justiça, paz, verdade, amor e liberdade verdadeira. Que o mais importante não seja o lucro nem o Estado, mas a pessoa humana, mesmo a não ainda nascida. Peçamos a Deus que de tudo isso nasça um “pacto social” em favor de todos, especialmente da família – célula mater da sociedade – não só dando-lhe pão e circo, mas tudo que precisa.

Rezemos, como na oração da Bênção do Santíssimo: “Deus e Senhor nosso, protegei... todas as pessoas constituídas em dignidade para que governem com justiça; dai ao povo brasileiro paz constante e prosperidade completa”.

Fonte: Canção Nova

27/06/2013

Conversão, Brasil!

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O ser humano e o patrimônio devem ser prezados
As manifestações populares destes últimos dias configuram um fenômeno que merece análises e especial atenção da pátria Brasil. Oportunidade para um debruçar-se lúcido sobre todos os aspectos envolvendo o movimento, além das indicações novas daí advindas. À complexidade do fenômeno juntam-se também características incomuns e com largas diferenças em relação a fatos já ocorridos, desta mesma ordem, no âmbito de manifestações populares. Considerável é, particularmente, o grande número de pessoas movidas por uma demanda de protesto, que desafia a interpretação por não tratar-se de uma única questão, uma única razão. Como se diz, uma única bandeira, bem definida e conceitualmente dominável.

Em questão, há uma série de razões que afeta o conjunto do funcionamento da sociedade brasileira. Certamente, não é um fenômeno que explode como resultado de algumas situações provocadas num último curto período de tempo. Ainda que alguns elementos tenham levado à eclosão das manifestações. O que se tem presenciado é um estouro de algo que obviamente vem sendo formatado, por isso ou por aquilo, e agora se configura nas manifestações populares, protagonizadas especialmente pelos jovens. Esta complexidade na análise das manifestações parece se apartar claramente do que se enquadra nos repugnáveis atos de vandalismo e no uso de violência - aproveitamento imoral da ocasião

A análise deve ajudar na explicitação de causas e configurar o necessário em medidas e posturas cidadãs para o momento novo que precisa nascer deste contexto. O que se vê nas atitudes de protesto pacífico não pode ser confundido ou misturar-se com a nebulosidade de vandalismos que desrespeitam as pessoas e o patrimônio público. Ao contrário, o ser humano e o patrimônio devem ser prezados e defendidos por todos, em qualquer circunstância.

Inevitáveis são ações disciplinares preventivas e a força que está no entendimento adequado das manifestações para impedir tudo o que poderá desmerecer, ao menos em parte, a importância deste momento para a sociedade brasileira. É, sobremaneira, lamentável ver pessoas feridas e as depredações do patrimônio público gerando prejuízos como sombras emoldurando os que, pacificamente, movidos por paixões e lúcidos por razões justas, expressam exigências e demandas urgentes da sociedade.

Análises e opiniões a respeito da explicitação e do entendimento do fenômeno destas manifestações já estão em crescente oferta. De qualquer modo, especialistas são desafiados a compreender as raízes destes acontecimentos que devem ir além, por exemplo, apenas da modificação das tarifas de ônibus. É preciso alcançar o cerne do que está, de fato, se passando na consciência dos cidadãos. Há muito trabalho de análise socioantropológica, política e cidadã a ser feito. É plausível pensar, particularmente, na necessidade de mudanças e práticas no horizonte de uma sociedade democrática, com vistas à cultura da solidariedade e da paz. Não é difícil concluir, mesmo fruto de uma análise não aprofundada, que as manifestações, distanciadas de aspectos violentos, expressam o anseio por mudanças, como questão central.

Essa aspiração popular aponta na direção da qualificação do processo decisório no sentido de valorizar a participação cidadã, o que exige diálogo com a sociedade. Consequentemente, investir na “escuta” evitaria um processo de funcionamentos e encaminhamentos que ignora necessidades e urgências na vida de todos, particularmente dos mais pobres. Certamente, está em questão o repúdio à cristalização e burocratização de mecanismos governamentais e também nos âmbitos mais comuns da vida da sociedade.

A lista das questões consideradas na grande bandeira, que é o anseio por mudanças, inclui desde a tarifa de ônibus ao justo questionamento, por exemplo, da PEC 37, abrangendo o exercício da política na sociedade brasileira, particularmente, a partidária. Por isso, também, as manifestações não são motivadas e empurradas pela força que propriamente poderia vir dos partidos políticos ou de outras instâncias institucionais.

As mudanças que parecem ser pretendidas tocam o conjunto da sociedade brasileira. Claramente está se exigindo mais adequação participativa nas decisões e na escolha de prioridades, nos modos de operacionalizar tudo o que é essencial para uma vida digna. Providências urgentes e medidas cabíveis são esperadas por parte dos responsáveis primeiros, incluindo a participação singular de cada cidadão.

Permanecerá pedindo resposta a exigência do diálogo necessário com a sociedade para que sejam sempre ouvidos seus clamores. É hora propícia, à luz do que ainda vai brotar como indicativos pela interpretação de peritos e do povo, para uma grande conversão no Brasil.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte (MG) 

Fonte: Canção Nova

26/06/2013

Seguir Cristo

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Trata-se de ser coerente e fiel a Jesus
Nos últimos dias, manifestações de multidões pelas ruas de várias cidades do país chamaram a atenção de toda a sociedade. Líderes autênticos ou forjados, bandeiras, que começam no preço das passagens dos coletivos, passam pelos gastos com a construção de estádios, chegam à chaga da corrupção e da impunidade e incluem o justo reclamo por verbas para a educação e a saúde, um leque aberto e muito complexo. Busca-se entender o que elas significam, pois, aparentemente, tudo andava bem e os detentores do poder não cessam de defender os ganhos econômicos e sociais. Não dá para fazer ouvido de mercador diante de tantos e insistentes gritos!

Os argumentos são diversos, mas todos convergem para uma insatisfação crescente. O descrédito generalizado dos diversos poderes, que se envolvem no jogo político e social, causa forte impressão. Repete-se o ciclo, independente dos partidos que governam, para voltar à insegurança quanto ao futuro. O que acontece? O que fazemos com todos os recursos postos à nossa disposição? Afinal, já somos livres e todos podem fazer e falar o que querem? É que não basta ter moeda mais forte, políticas compensatórias, viagens, aparelhos eletrônicos de todo tipo ou sonhos de consumo que depois se revelam bolhas fugazes. Muito cedo as pessoas percebem que apenas o ter, o poder e o prazer não as realizam. Ainda mais, são expressivos os sinais de que passaremos por frustrações semelhantes a outras partes do mundo e que as pessoas não se transformaram automaticamente em gente feliz. Os pretensos "paraísos terrestres" construídos por mãos humanas desmoronam logo.


De fato, não se trata apenas de um país, mas de transformações globais e radicais, como bem identificou a Quinta Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho: "Vivemos uma mudança de época, cujo nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus; aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século que excluem Deus de seu horizonte, falsificam o conceito da realidade e só podem terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa são reconhecidas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe uma radical transformação do tempo e do espaço, dando um papel primordial à imaginação. Os fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos estão na base da profunda vivência do tempo, que se concebe fixado no próprio presente, trazendo concepções de inconsistência e instabilidade. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e, muitas vezes, arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte" (Documento de Aparecida, 44).

Cabe ao cristão participar da vida social e política, compartilhar esperanças, abraçar e semear valores consistentes, dialogar com as diversas forças do tecido social, aprender com quem pensa diferente e oferecer, com clareza e maturidade, o que lhe é próprio. E, aqui, nasce uma pergunta crucial sobre o que é próprio do ser cristão diante dos desafios do tempo presente, que nada tem de cristandade dominante. Ao contrário, este é um tempo de indiferentismo, relativismo e de ateísmo que se espalha.

Com os primeiros cristãos podemos aprender muito para responder a tal pergunta. No ambiente desafiador do Império Romano, alguns dos discípulos de Jesus chegaram à Antioquia e começaram a pregar também aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus, na qual muitos acreditaram e se converteram. Então, enviaram Barnabé à Antioquia e uma grande multidão aderiu ao Senhor. Barnabé partiu para Tarso, à procura de Saulo e o levou à Antioquia. Passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja e instruíram uma numerosa multidão.

Em Antioquia, os discípulos foram, pela primeira vez, chamados com o nome de “cristãos” (Cf. At 11, 19-30). Em Atenas, "de pé, no meio do Areópago, Paulo tomou a palavra: “Atenienses, em tudo eu vejo que sois extremamente religiosos. Com efeito, observando, ao passar, as vossas imagens sagradas, encontrei até um altar com esta inscrição: ‘A um deus desconhecido’. Pois bem, aquilo que adorais sem conhecer eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas" (At 17, 22-24). Num ambiente pagão, os seguidores do "caminho" (Cf. At 9,2), malgrado perseguições e incompreensões, espalharam a Boa-Nova e são muitas outras as missões empreendidas.

De lá para cá, esta é a nossa época, é a nossa vez! Nosso tempo é o melhor que existe para empreender a mesma aventura sem medo! Trata-se de ser coerentes e fiéis a Jesus Cristo (Cf. Lc 9, 23-24). Renunciar a si mesmos, tomar a Cruz e seguir! Renunciar é deixar de lado o apego egoísta aos próprios interesses e a tudo o que é supérfluo, olhar ao redor e ver o bem comum. Cruz, instrumento de salvação, antes de ser caminho de dor é opção pelo amor, o mais importante no Sacrifício de Cristo. Seguimento é percorrer os mesmos passos do Senhor, com a sabedoria para enxergar com lucidez as novas situações que se apresentam.

Ao analisar os fatos e decidir o posicionamento a ser tomado, passa na frente a Verdade, que tem nome ("Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" - Jo 14,6). No diálogo com as pessoas, não vale o medo de viver de acordo com o Evangelho, pois cada cristão autêntico há de relacionar-se com todos, com a qualidade do amor que recebeu de Jesus Cristo. A participação nos diversos grupos da sociedade, para quem quer ser sal, luz e fermento, faz a diferença de forma positiva, com a escuta sincera das razões das pessoas, sejam quais forem as situações em que se encontrem. Suas mãos e sua "ficha" hão de se manter limpas, mesmo com as eventuais vantagens que possam ser oferecidas por um mundo corrompido. Cabe-lhe sempre a iniciativa e a criatividade na busca de soluções para os problemas sociais. Sua marca há de ser a alegria, fruto da ação do Espírito Santo que conduz a Igreja, a quem pedimos, tornando-nos todos jovens, unidos à Jornada Mundial da Juventude: "Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da tua Verdade e com o fogo do teu Amor, envia tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo".

Foto Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Fonte: Canção Nova

25/06/2013

Curar o coração machucado!

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A mágoa distorce nossos objetivos de vida
O perdão é uma decisão pessoal que beneficia, em primeiro lugar, quem toma a iniciativa. O perdão é muito mais para mim do que para a pessoa que me ofendeu. Por isso, depende mais de mim do que dos outros.

Perdoar é recuperar o poder sobre si mesmo. A mágoa me coloca na mão do outro; o perdão me devolve a autonomia sobre minha própria história.
Perdoar é assumir o presente. Viver nele. Mergulhar nele. Perdoar é não sofrer por aquilo que não posso mudar ou resolver. Não podemos mudar o passado. Nunca

Perdoar é concentrar suas atenções sobre as coisas boas da vida. Se algo ou alguém estragou o meu passado, não permitirei que estrague também o meu futuro. Perdoar é começar a valorizar as bênçãos de Deus, as coisas boas. É sair do vício de ver sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito.

Perdoar é tomar a decisão de começar uma vida nova. O que fazer para sofrer menos? Isso exige buscar em primeiro lugar o reino de Deus. É decidir-se pela primazia do reino, e não do encardido. É optar pelo bem. Divulgá-lo. É aprender a sintonizar-se no bem.

“Abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam” (Lc 6,28). “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,44-45). Você não pode mudar um acontecimento do passado, mas pode mudar a maneira de falar sobre ele. Com Jesus é possível achar um ponto de vista mais positivo e esperançoso.

Recorde seus grandes objetivos de vida. A mágoa distorce os objetivos. Esquecemos as grandes e permanentes verdades e nos guiamos por momentos. Qual é mesmo a minha grande meta? Vocação!

A vida sempre segue adiante. Não pára. Devemos aprender a concentrar nossas atenções sobre as coisas boas da vida. Se já se estragou o passado, não permita que se estraguem o presente e o futuro. Não devemos sofrer por aquilo que não podemos mudar. Não podemos mudar o passado.

Ao machucar uma pessoa, você se torna inferior a ela; ao se vingar, você se iguala; só é superior quem aprende a perdoar. A mágoa foi o jeito que o encardido encontrou para permanecer conosco todos os dias, até os confins dos tempos.

Padre Léo, scj
(Extraído do livro “Gotas de cura interior”)

Fonte: Canção Nova

21/06/2013

Semana Padre Léo - Missão de amor e de serviço!




“O padre Léo foi a pessoa indicada por Deus, que nas maiores necessidades nossas, o Léo aparecia para pregar. Muitas vezes, nós com títulos a serem protestados, o Léo chegava, lotava esta casa e Deus supria as nossas necessidades”.
Esta cena aconteceu no ano de 2003, no fechamento de campanha, Wellington Jardim, o Eto, administrador da Comunidade Canção Nova, emocionado, após dizer estas palavras, lhe dá um abraço de gratidão.

Deus coloca sempre alguém em nosso caminho, dando-nos a possibilidade de vivermos a nossa consagração ao Senhor, de forma plena.
A história de amor do padre Léo com a Canção Nova começou quando aquele menino em 1973 entrou para a Renovação Carismática Católica, e conheceu o padre Jonas pregando um Encontro de Oração. A pessoa do padre Jonas no coração daquele menino era a grande referência, o sinal de Deus, e que deveria beber da fonte.

Em 1980/1985 acontecia os grandes cenáculos, o frater Léo, já estava mais próximo de padre Jonas e da Comunidade. Aquele jovem, olhando para o padre tinha muito a aprender.

A vocação, assim como o chamado à missão é para os que se abrem à ação do Espírito Santo.
Agora, como padre Léo, destacava-se como um grande pregador, dentro da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus.
A partir de 1999, aceitou a proposta de pregar mensalmente na sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista- SP.

A graça de Deus foi agindo nele, através da presença do padre Jonas, que o impulsionava a ser um padre mais santo. Por fidelidade foi se desapegando das coisas, que muitas vezes comportou sacrifícios e renúncias. Não era perfeito, mas buscava a perfeição, não era santo, mas buscava a santidade.
Mais tarde recebe o convite para estar à frente do programa: “Tenda do Senhor”.
Deus é assim, como algo mais forte que nos arranca de nosso comodismo, rompe com todos os maus hábitos, nos faz exigências e nos leva para onde desejar.




"Tive a graça de ficar doente na casa do padre Jonas, Eto e Luzia. Eles fizeram por mim o que a minha família e a minha comunidade não poderiam fazer. Quando temos amigos que são amigos de Jesus, a nossa vida ganha um novo sentido".

Ele teve motivos para gritar "Hosana no mais alto dos céus!” Uma explosão de agradecimento a Deus, em sua última pregação: ”Buscai as coisas do alto”.Contínuo grito: “Hosana”, um grito angustioso que se transformou num canto de Vitória.

Hoje a Comunidade Canção Nova amplia a sua voz através das pregações, de seus livros e do programa; “Em Bethânia”.Um convite a louvar a Deus, pelo seu eterno amor, pela conversão de tantas pessoas, pela sua mensagem, sinal vivo de sua presença, no coração de todos.

Fonte: Blog do Padre Léo Eterno

20/06/2013

Semana Padre Léo - Fechamento espiritual!

Este é o título da pregação de padre Léo, Cachoeira Paulista, sede da Canção Nova, em 15/05/2005, dentro do Acampamento de Pentecostes, com o tema: “O Espírito conhece e revela as coisas de Deus”. A chave para esta pregação está na primeira carta de São Paulo aos Coríntios 2,14: “Mas o homem natural, não aceita as coisas do Espírito de Deus, para ele são loucuras, nem as pode compreender, por que é pelo Espírito que se devem ponderar”. 

Fechado em si mesmo, o homem não aceita o que vem do Espírito de Deus. Não podemos julgar os pensamentos do Senhor, porém, podemos conhecê-los, visto que os recebemos por meio do Espírito Santo. Neste contexto de São Paulo, padre Léo nos fala algo muito sério, que é o afastamento de Deus, aquele que está privado do Espírito de Deus e por isso não alcança as verdades espirituais. "Se Deus é tão bom, se Deus é maravilhoso, se Deus é esse Pai que derrama o Espírito Santo em nossos corações! Porque, então, acontecem tantas desgraças no mundo? Coisas que não vamos entender e o que é pior, não entendemos, nem a causa, nem aprendemos com as consequências destes acontecimentos. A grande causa é o fechamento do Espírito Santo". 

Deus nos capacitou, nos habilitou. O Espírito Santo está em nós, portanto, temos os dons do Espírito Santo. Ele age onde encontra um coração aberto para recebê-lo. Padre Léo cita homens da história que canalizaram seus dons para o mal e por isso o mundo hoje sofre as consequências. "Deus preparou coisas estupendas para nós, prodigalizou, mas quando nos fechamos no espírito humano, estamos nos aliando ao espírito do encardido". 

Deus está derramando graças sobre nós e não as acolhemos, nos fechamos, perdemos as bênçãos. E sabemos o que acontece: "Hoje o mundo colhe os frutos da resistência ao Espírito Santo". 

Na oração final, o padre suplica ao Senhor que nos dê a graça de tomarmos a decisão de abrir-nos à ação do Espírito Santo, deixar-nos guiar pelo Espírito e mergulharmos na força do seu amor.

Fonte: Blog do Padre Léo Eterno






Adquira esta pregação através da Loja Virtual Bethânia: www.bethania.com.br

19/06/2013

Semana Padre Léo - Coração ardente, fornalha de amor!

 

Os escritos de Margarida Maria nos chama a atenção para o coração humano de Jesus. Faz-nos entrar no mistério do seu Divino amor misericordioso, Coração ultrajado e desprezado por muitos.
A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus surgiu a partir das aparições de Nosso Senhor a Margarida Maria Alacoque . Ela foi escolhida por Deus para revelar ao mundo a espiritualidade do Coração de Jesus. Ainda hoje, ecoam as palavras divinas, pronunciadas a uma simples freira, no quarto de um humilde convento. Estava ela rezando, diante do Santíssimo Sacramento, a 16 de Junho de 1675, quando Nosso Senhor lhe aparece. Depois de um breve diálogo, Ele aponta para o seu próprio coração e diz:

‘’ Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim, neste Sacramento de Amor’’.

Com tanta ingratidão, por causa da dureza de nossos corações, não enxergamos o grande amor de Deus, aquele que se doou pela nossa salvação. Mas, apesar de nossas ofensas, a esse coração, a misericórdia de nosso Deus é infinita, é inesgotável.
Temos sede deste coração, porque foi criado à imagem e semelhança do amor eterno. É no coração de Jesus, que é ternura, graça e amor, manso e humilde onde encontramos a misericórdia infinita. Como na imagem, quando o Senhor nos mostra , nos indica o seu coração podemos entrar e fazer morada.

Pela água que jorrou deste coração somos regenerados do pecado. Vida nova em Cristo Jesus.
"Aquele soldado representava a humanidade inteira... No silêncio da cruz, quando o ser humano carimba o pecado, rasgando o coração do Senhor, Deus revela o seu grito de amor. Daquele coração rasgado fluem sangue e água. Sangue da nova e eterna aliança, que celebramos em cada eucaristia...

O coração rasgado de Jesus na cruz é o grito de Deus, derramando sobre a humanidade o sangue da restauração, da redenção. É o sangue que salva, liberta e cura o coração humano".
(trecho do livro: “Curados para vencer a batalha”-padre Léo)

Fonte: Blog do Padre Léo Eterno

18/06/2013

Semana Padre Léo - Restaurar a vida familiar



Relembramos uma das pregações do padre Léo- Acampamento para as famílias, com o tema:

“Restaurar a vida familiar”, 11 de junho de 2005 (Canção Nova).

O padre inicia a pregação nos chamando a atenção para São Barnabé (o santo do dia).
Diante da pregação da Palavra de Deus, ele renunciou a todos os seus bens, “Barnabé teve a coragem de dar tudo porque acreditou no Evangelho”.
E mais uma vez, nos fala com firmeza, que todos nós, inclusive os padres, precisamos ser repletos do Espírito Santo. "Esse é o grande segredo para restaurar uma família, uma comunidade”.

Antes de uma experiência com Jesus, é preciso acreditar no Evangelho de Jesus. E nos faz uma pergunta, que precisamos urgentemente responder: "Em qual Evangelho vocês acreditam?”

“O evangelho que governa a sua casa é o evangelho do ter e do prazer, o consumismo invade sua casa, saiba que você nunca vai conseguir comprar tudo o que esse mundo propõe”. Para nos dar exemplos do consumismo desenfreado, o grande inimigo das famílias, o padre nos conta a história da mulher dos 200 pares de sapatos.

A mensagem dessa pregação é para cada um de nós, que queremos viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não depende de mim nascer nesta ou naquela família, mas o que importa é o que eu realizo e faço frutificar dentro dessa família. Isso depende de cada um. Assim como o Espírito Santo agiu sobre Barnabé, age também sobre todos os que se deixam conduzir por ele.

Fonte: Blog do Padre Léo Eterno

17/06/2013

Paciência, uma virtude na tribulação

Quais são as suas tribulações ou provações? Identificá-las é o primeiro passo para solucioná-las; o segundo, é caminhar na vontade de Deus. É preciso perceber, em sua vida espiritual, o que você está vivendo, pois seguir a Deus não é garantia de não viver a cruz, mas saber que Ele deseja ser nosso sustento em meio ao sofrimento.

"Se eu estou passando por provação, colherei o fruto de uma fé provada. Depois de uma tempestade, vem a bonança, mas é preciso um esperar ativo em Deus, caminhando com Ele, confiante. O Senhor nos prova não para nos humilhar, mas para que possamos perceber o quanto necessitamos d'Ele, e o quanto somos frágeis.” (Padre Reginaldo Manzotti)



É importante ter paciência em meio à aflição, pois saber viver, de forma ativa, durante este tempo, é sinal de amadurecimento espiritual, pois os conflitos que enfrentamos nos fazem reconhecer o que somos e nos põe em nosso devido lugar.

Precisamos ter a coragem de permanecer na tribulação, porque é nela que Deus age e intervém. A paciência adquire-se no dia a dia, tendo uma visão espiritual e aguardando a vinda do Senhor. Ter a experiência com Ele é por-se a caminho, sermos homens e mulheres pacientes.

:: Esperança em meio a tribulação

Em meio à sociedade, devemos proclamar que Jesus está voltando. Os cristãos não podem ter medo de falar disso, pois, no Céu, Jesus dirá: “Vinde, benditos de meu Pai!”. Ele mesmo será o fim de nossos desejos, Aquele a quem contemplaremos sem fim e louvaremos sem cansaço. Você precisa ter sede da vida eterna.

“Na religiosidade do antigo Judaísmo, o termo “paciência” era usado expressamente para a espera de Deus, característica de Israel para perseverar na fidelidade a Ele, na base da certeza da Aliança, num mundo que contradiz o Senhor. Sendo assim, a palavra indica uma esperança vivida, uma vida baseada na certeza da fé. No Novo Testamento, essa espera de Deus assume um novo significado: em Cristo, Deus manifestou-se.” (Carta Encíclica Spe Salvi de Bento XVI)

Participe, entre os dias 21 a 23 de junho, do Acampamento Fortes na Tribulação. O evento acontecerá na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). O encontro vai ajudá-lo a lidar com os sofrimentos e perceber que, sabendo vivê-los à luz de Cristo, alcançará a salvação.

Fonte: Canção Nova

14/06/2013

A Eucaristia e a Encarnação

A Igreja é chamada a imitar Nossa Senhora em tudo, de modo especial na sua relação com a Eucaristia. Nesse mistério santíssimo, os homens encontram o meio de saciar sua sede de infinito e atingir a verdadeira divinização.

 Desejando conduzir o homem à máxima semelhança com seu Criador, Deus infundiu-lhe na alma a sede de infinito. Ela lhe traz saudades da luz que iluminava seu espírito no Paraíso e nele acende um desejo de bem, beleza, e verdade que o arrebatam rumo à visão beatífica.
Entretanto, se desviada pelo orgulho, tal aspiração acabará levando- o ao delírio de querer usurpar o trono divino. A História nos relata inúmeros casos de ególatras - com as debilidades e limitações próprias da natureza humana, inclusive o pecado - ávidos de se fazerem adorar como deuses.

Quanto mais perseguiam esse objetivo, maior era sua frustração. Porque o homem jamais poderá satisfazer seu anseio pelo absoluto apoiando-se nas próprias forças, nem tentando alcançar um objetivo distinto daquele para o qual foi criado.
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Deus realiza o que é impossível para as nossas forças

Deus quer, por certo, fazer de nós filhos seus. Mas a deificação do homem só pode dar-se em virtude da obra salvífica do Redentor e através da ação da graça, "verdadeira participação na natureza divina precisamente enquanto divina".1

Este sublime paradoxo é assim comentado por um teólogo contemporâneo: "Embora seja próprio ao modo e à dignidade dos seres humanos que sejam divinizados (ad divina elevetur), por serem eles criados à imagem divina, contudo, uma vez que o bem divino excede infinitamente toda capacidade humana, o ser humano precisa ser assistido supernaturaliter para receber esse bem, o que acontece por alguma espécie de dom da graça".2
A esse propósito, Mons. João Scognamiglio Clá Dias se pergunta: "Por que terá querido Deus acender labaredas de desejos irrealizáveis em nossos pobres corações? [...] Tratar-se-á de uma atitude pouco ou nada paternal d'Ele?".3 E responde logo a seguir: "Jamais! Deus é a Bondade em substância. Ele quer muito nos fazer ‘deuses'.4
Bela prova dessa exuberante difusão do bem proveniente do Altíssimo é a própria obra da criação: "O sol não se cansa de nos enviar seu calor; as águas de nos fornecerem os peixes; a terra, seus frutos, etc. E sempre de forma superabundante. São seres minerais, vegetais, animais que, se fossem passíveis de felicidade, exultariam de entregar-se ao serviço dos homens".5

Porém, as maravilhas do universo são apenas um pálido reflexo da infinita bondade do Criador, "que para resgatar-nos do pecado e reconciliar-nos com Ele, resolveu que seu Verbo Se encarnaria, entregando sua vida até a última gota de sangue: ‘E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós' (Jo 1, 14).


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  "Eis aí a solução de um problema de milênios: Deus realiza o que por nossas puras forças era impossível. Jamais poderíamos nos igualar a Deus por nossos próprios meios, por isso Ele mesmo Se reveste de nossa carne e nasce Divino Infante: Deus é Homem, e, n'Ele, o homem é Deus! É este o magnum mysterium que os coros cantam na noite de Natal".6 Em Cristo o Criador "Se fez um de nós, igual a nós, para que pudéssemos ser d'Ele e iguais a Ele".

A Encarnação nos trouxe a vida da graça

A Encarnação pode, portanto, ser considerada como o início da divinização da natureza humana. 
Através dela, explica Santo Irineu, "o Verbo de Deus habitou no homem e fez-Se Filho do homem para habituar o homem a conhecer a Deus e habituar Deus a habitar no homem, segundo o beneplácito do Pai".8 Mais ainda, ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica, foi assumindo nossa natureza que Deus quis "comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por Ele, para fazer deles, no seu Filho único, filhos adotivos".9
Numa das mais belas definições a respeito de sua missão, Jesus Cristo afirmou: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10, 10). Qual é essa vida, senão a da graça?

Inúmeros episódios dos Evangelhos atestam o fato de o Salvador tê-la conferido aos que d'Ele se aproximavam. Assim, voltando- Se para a mulher que ficara curada ao tocar-Lhe a orla do manto, Nosso Senhor a chama de "filha", precisamente porque, naquele momento, devido à fé manifestada por ela, Ele lhe infundira sua vida divina: "Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou" (Mt 9, 22).

De outro lado, as sentenças dirigidas ao paralítico: "teus pecados estão perdoados" (Mt 9, 2), e àquela que Lhe lavara os pés em casa de Simão: "perdoados te são os pecados" (Lc 7, 48), dão convincente prova de terem sido pronunciadas pelo Autor da graça, o único que pode por autoridade própria perdoar os pecados.

Unindo com sua costumeira clareza esses dois conceitos, afirma o padre Royo Marín: "Se precisamente enquanto homem opera seus milagres, perdoa os pecados e distribui a graça com liberdade, poder e independência soberanos, é porque sua humanidade santíssima é, de si, vivificante, ou seja, é instrumento apto para produzir e causar a graça em virtude de sua união pessoal com o Verbo Divino".10

Alimento que deifica a alma

Essa vida divina que Cristo transmitiu durante sua passagem pela Terra, Ele continua a transmiti-la após a Ascensão. Infundida no Batismo, ela é aumentada e fortalecida pelos demais Sacramentos que ajudam a criatura a se aproximar da plenitude de perfeição para a qual foi chamada.
Porém, embora todos os Sacramentos produzam a graça, Nosso Senhor transmite-nos essa vida divina de modo todo especial na Eucaristia, ao dar-Se Ele mesmo às almas como nutrição.

Da excelência de tal alimento, afirma Scheeben, podemos "aferir quão elevado seja o valor da vida da graça por ele mantida e a grandeza da dignidade que ela nos faz merecer. O Sangue divino de Cristo, absorvido por nós, é uma prova de que, depois da regeneração, o sangue da vida divina circula em nossa alma e nos confere uma nobreza nova. Unir-se nosso corpo à substância do Corpo de Cristo não pode deixar de ser uma garantia de que, na realidade, nos fizemos participantes da natureza divina".11

Com efeito, ao contrário do alimento comum, o qual é assimilado pelo organismo humano, na Eucaristia é Cristo Quem assume aquele que O recebe, ocorrendo em consequência a cristificação ou configuração do homem em Cristo, pelo amor.12 Pois, como afirma Gilson, "é pela caridade que se completa a participação do homem no divino".13
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"Santíssima Trindade" - Altar-mor da Basílica da
Santíssima Trindade, Cracóvia (Polônia)

































"Assim como o Pai, que Me enviou, vive, e Eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha Carne viverá por Mim" (Jo 6, 57). A expressão "viverá por Mim" traduz, sob este prisma, uma profunda realidade: a alma que comunga é elevada acima das condições próprias à natureza e participa da infinita felicidade de Deus. Assim se aplica, com inteira propriedade, a afirmação de São Paulo: "Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim" (Gal 2, 20). Daí se poder dizer com razão que a Eucaristia deifica a alma de quem a recebe com verdadeiro fervor.
Ora, dado serem inseparáveis as três Pessoas Divinas, como também o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, junto com Este vêm à alma de quem comunga o Pai e o Espírito Santo, tornando-a de um modo todo especial em templo vivo da Santíssima Trindade, por meio de uma associação misteriosa, mas profundamente real, à vida trinitária.


Maria abriu para todas as almas as portas da divinização

A vontade divina é criadora. Assim, quando Jesus pronunciou as palavras "Isto é o meu Corpo" (Mc 14, 22; Lc 22, 19) e "Isto é meu Sangue" (Mt 26, 28; Mc 14, 24), estabelecendo a nova e eterna Aliança, operou esta sublime mudança: as substâncias pão e vinho cederam lugar à Divina Substância. E essa maravilha se tornou possível graças ao fiat pronunciado pelos lábios da Virgem Santíssima.

Desde sua concepção imaculada, a Santíssima Virgem possuía uma extraordinária união com Deus. No entanto, a partir do momento da Encarnação, ela alcançou um ápice inconcebível para nós, ao mesmo tempo em que abria as portas da divinização para todas as almas, com a instituição da Sagrada Eucaristia, antecipação da Páscoa definitiva na qual o homem divinizado terá sua sede de infinito plenamente saciada.

De que forma despontaram no fiat de Nossa Senhora os primeiros albores da Eucaristia?
Bela resposta a essa pergunta, no-la dá Santo Efrém: "Maria é o sacrário em que habitou o Verbo encarnado, símbolo da habitação do Verbo na Eucaristia. O mesmo Corpo de Jesus, nascido de Maria, nasceu para tornar-Se Eucaristia".14

E o Beato João Paulo II explica com maior precisão e clareza: "Maria praticou a fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a Encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia, ao mesmo tempo que evoca a Paixão e a Ressurreição, coloca-se no prolongamento da Encarnação. E Maria, na Anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente, quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue do Senhor".15

Do seu lado, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, comentando as belas reflexões feitas sobre esse Mistério por São Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tratado,16 afirma: "Assim como Deus formou o primeiro homem a partir da terra virgem, ainda livre das maldições que sobre ela caíram com o pecado original, também o Novo Adão foi formado, por obra do Espírito Santo, de uma terra imaculada, que é a carne virginal de Nossa Senhora".17

A criatura por excelência divinizada por Cristo

Sobre a primeira efusão de graças na alma de Nossa Senhora, comenta Garrigou-Lagrange: "A graça habitual, que a Santíssima Virgem recebeu no próprio instante da criação da sua santa alma, foi uma plenitude na qual já se verificava aquilo que o Anjo Lhe diria no dia da Anunciação: ‘Ave cheia de graça'".18

Acrescenta o teólogo dominicano que, no instante da Encarnação, Maria recebeu "um grande acréscimo da plenitude de graças".19 E para tornar mais clara essa segunda plenitude, explica que a vinda do Verbo Encarnado ao seio de Maria produziu n'Ela tudo quanto pode realizar a mais fervorosa Comunhão, e mais ainda. Isso porque na Eucaristia a alma recebe Jesus todo inteiro, mas sob as aparências do pão, enquanto na Encarnação Ele"deu-Se todo inteiro a Maria sob sua verdadeira forma e por um contato imediato, o qual produzia por si mesmo, ex opere operato, mais e melhor do que o mais perfeito dos Sacramentos, um aumento de vida divina".20
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"Santa Ceia", pelo Fra Angélico - Museu de São Marcos, Florença (Itália)

Assim, Maria Santíssima foi por excelência a criatura divinizada por Cristo, não somente através da Eucaristia, mas também pela Presença Real da Segunda Pessoa da Trindade durante nove meses em seu ventre materno.

Efeitos da Presença Real de Jesus no seio de Maria

Pode-se, portanto, dizer que, no grande mistério da Encarnação, os efeitos da Presença Real de Jesus na alma de Nossa Senhora foram incomparavelmente superiores aos da Comunhão sacramental.
De fato, nesta, Cristo dá-Se aos homens para que estes recebam d'Ele a vida; na Encarnação, Ele "deu-Se a Maria, mas também viveu d'Ela, em sua natureza humana, pois d'Ela recebia o alimento e o desenvolvimento de seu Corpo, que se formava em seio virginal; em contrapartida, Ele alimentava espiritualmente a santa alma de Maria, aumentando n'Ela a graça santificante e a caridade".21
Esse profundo relacionamento entre a Mãe humana e o Filho Divino é assim realçado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Pela lei das reciprocidades e pela lei das analogias, tudo indica que, à medida que Nossa Senhora ia dando seu corpo a Nosso Senhor, Ele ia dando, por assim dizer, seu espírito a Ela [...] e, portanto, durante todo o tempo da gestação, Ela teve progressos
e dons insondáveis, maravilhosos, que eram como uma espécie de símile da gestação que se dava n'Ela".22

Se Cristo desejou estar desse modo em Maria e, por assim dizer, deixar- Se apropriar-Se por Ela, seria normal que Ele "tornasse participante da sua vida divina, acima de todas as outras criaturas, Aquela de quem quis receber a sua vida corpórea".23 Por isso, a alma de Maria, "deificada, resplandecia da beleza do Pai, do esplendor do Verbo, dos ardores do Espírito de Amor, verdadeira Obra-Prima da natureza e da graça".24

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Anseio por tornar-Se divino tabernáculo

Quando cessou o contato físico contínuo de Jesus com sua Mãe, no nascimento, Ela deixou de ser um sacrário vivo de Cristo - de acordo com a expressão cunhada por João Paulo II - para tornar-Se o inefável paraíso de sua vida terrestre. Entretanto, o grande desejo de voltar a ser o divino tabernáculo sem dúvida acompanhou ininterruptamente a Mãe de Deus.










De que maneira seu Filho satisfaria tal anseio? É o mesmo Papa quem nos responde: "Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele Coração que batera em uníssono com o d'Ela".25 Por isso, seria a santa Comunhão o momento ápice de reencontro interior com seu Filho. Após 33 anos de ardente espera, "aquele Corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo Corpo concebido no seu ventre!".26

Por outro lado, afirma Jourdain: "Pode-se dizer, sem receio de enganar-se, que foi principalmente para sua Santíssima e Beatíssima Mãe que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia. Sem dúvida, Ele o instituiu para toda a Igreja, mas, depois de Jesus, Maria é a parte principal da Igreja".27 Sem mancha original ou atual, a alma de Maria Santíssima se encontrava em condições superiores à de qualquer outra criatura humana para receber o alimento eucarístico e, por isso, seus efeitos foram paradigmáticos nessa puríssima habitação.

Cada comunhão de Maria, comenta Roschini, "deveria, por certo, acender aqueles transportes de santo amor que sentiu desde o momento da Encarnação; deveria renovar-Lhe todas as alegrias da divina maternidade e todas as doçuras dos abraços divinos. Enquanto Ela estreitava amorosamente contra seu coração aquele Corpo divino, carne de sua carne, Jesus A inebriava cada vez mais com seu amor e A enriquecia com graças especialíssimas. Era a torrente da vida divina que se derramava no seio da Virgem e, enquanto enchia sua imensa capacidade, produzia n'Ela uma capacidade cada vez maior. Esta, por sua vez, exigia outro aumento de graça, cumulado por Jesus com uma generosidade proporcional ao amor que sentia por sua Mãe amadíssima".28

Puríssimo espelho que restituía integralmente o divino amor

Sobre a união sacramental de Maria com Jesus, afirma Garrigou-Lagrange: "Esta comunhão era a fusão mais íntima possível, aqui na Terra, de suas duas vidas espirituais, como o reflexo da comunhão da santíssima alma de Cristo com o Verbo, ao qual está pessoalmente unido; ou também, como a imagem da comunhão das três Pessoas Divinas na mesma verdade infinita e na mesma bondade sem limites".29

Esta união que, "de certa maneira, transforma a alma em Deus pelo conhecimento e o amor",30 foi em Maria como um puríssimo espelho que não só restituía integralmente a Nosso Senhor a luz e o amor d'Ele recebidos, mas os condensava para refleti-los sobre as almas de todos os homens que se tornariam seus filhos pela ação da graça. A tal ponto Nossa Senhora foi divinizada que a Igreja não receia em aplicar a Ela a descrição, feita pela Escritura, da Sabedoria eterna, imagem e semelhança de Deus, superior a todas as criaturas: 31 "Ela é um sopro do poder de Deus, uma irradiação límpida da glória do Todo-poderoso; [...] é uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade" (Sb 7, 25-26).



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Maria, arquétipo de piedade eucarística

Na Eucaristia, como vimos, o Salvador, que Se encarnou no seio de Maria há mais de vinte séculos, continua a ser a fonte de vida divina para a humanidade. E esta vida divina permite ao batizado conformar seus pensamentos e ações à vontade de Deus, passando a pensar e agir em consonância com Ele.

Ora, mais que a uma mera semelhança com o Criador, a vocação cristã nos chama a uma verdadeira união com Ele. Tal união será real na medida em que participemos dessa mesma vida divina, na qual fomos introduzidos pelo Batismo.
Vemos, de outro lado, após estas breves considerações, que a Eu caristia atingiu em Nossa Senhora plenamente e de modo insuperável todos os seus efeitos. De maneira singular, n'Ela se consumou a divinização da natureza humana, a ponto de se poder afirmar que "sua participação nos bens, na vida e na beatitude de Deus assenta na sua plena introdução substancial na família divina".32

Portanto, é extremamente louvável prestar ouvidos aos contínuos apelos da Igreja, especialmente dos últimos pontífices, que convidam a adorar Jesus eucarístico por intermédio de sua Santa Mãe: "A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo"33, afirmou o Beato João Paulo II. E para o Papa Bento XVI, é Ela o perfeito "modelo para cada um de nós saber como é chamado a acolher a doação que Jesus fez de Si mesmo na Eucaristia".34

Aí está, para os homens de todos os tempos, o meio de, sem abandonar a condição humana, saciar sua sede de infinito e atingir a verdadeira divinização - de maneira humilde, submissa e amorosa -, tomando Maria como meio e arquétipo de piedade eucarística. 

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2011, n. 120, p. 18 à 25)

13/06/2013

Coloquemo-nos de joelhos por uma hora e adoremos este grande mistério”

"O mistério da morte e ressurreição como missão da Igreja é antecipado e codificado na instituição da Eucaristia", afirmou o Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella a propósito do evento que ocorreria entre as 17 e 18 horas do dia 02 de julho, numa iniciativa realizada dentro do âmbito do Ano da Fé e que pretendeu reunir toda a Igreja, de forma simultânea, em torno da Eucaristia.

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O Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização sublinha, que "nesta hora de Adoração toda a Igreja terá o seu olhar fixo no essencial. Durante uma hora não poderá e nem conseguirá olhar para outra direção, pois sabe que n'Ele encontra-se tudo."

E ele fez um convite: ‘coloquemo-nos de joelhos por uma hora e adoremos este grande mistério. A força da fé de toda a Igreja, mais uma vez, vem em auxílio a nossa fraqueza".

A Sagrada Eucaristia, disse o Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização ao incentivar a participação no evento, "permanece como o sinal perene e atemporal da presença de Cristo em meio aos discípulos, até o dia de seu retorno. É por isto que a celebração Eucarística, com todo o significado que traz consigo -da instituição do sacerdócio à missão para a comunidade cristã de colocar-se a serviço do mundo anunciando um Novo Céu e uma Nova Terra- foi sempre para a Igreja o centro e o ápice de sua vida".

Neste sentido -explicou Dom Fisichella- a Quinta-feira Santa "permanece para a Igreja como o dia para compreender a natureza e a missão que Jesus lhe confiou. Tudo na Igreja parte e retorna da e para a Eucaristia".

Estas afirmações foram feitas antes ainda de que nas catedrais e em milhares de igrejas, capelas e casas de religiosos de todo o mundo, os corações do fiéis estariam voltados para o mistério da Presença Real Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia.

Dom Fisichella recordou que "num tempo de tristeza e cansaço pela falta de esperança, uma hora de Adoração Eucarística pretende dar força e sustento.

Na contemplação -explicou- encontra-se a força coerente para se caminhar no mundo como discípulos de Cristo.

Não existe uma passividade neste momento, mas tudo se transforma, a vida pulsa e se regenera.
As obras de fé recuperam o seu valor e o significado que move os cristãos a dar a sua vida que, aqui, adquire um sentido pleno". (JSG)

12/06/2013

Namoro é tempo de conhecimento

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10 dicas para um bom namoro

1 – Só comece a namorar quando tiver a convicção de que quer, um dia, se casar. Sem um objetivo na vida, tudo o que fazemos fica vazio; o namoro também, se não tem uma meta, não tem sentido.

2 – Antes de começar a namorar alguém, conheça-o bem por meio de uma boa amizade. É na amizade que surge o namoro, e ela serve também como um pré-namoro. Não seja afoito, não comece a namorar só porque o outro (a) tocou seu coração; conheça-o primeiro.

3 – Faça do seu namoro um tempo de conhecimento do outro e um meio de o outro conhecer você. Sem isso não será possível saber se o namoro deve continuar ou não. Não se ama quem não se conhece. Então, cada um se revele ao outro com sinceridade. 

4 – Não tenha medo de mostrar ao outro a sua realidade e a de sua família. Se ele ou ela não o aceitar como você é, e também sua família, com todas as qualidades e defeitos, é porque não o ama de verdade.

5 – Faça o outro crescer. Namoro é tempo de crescer a dois, pelo fermento do amor, da renúncia, do sacrifício pelo outro. Um relacionamento, no qual ambos não crescem humana e espiritualmente, por estarem juntos, é vazio e deve acabar.

6 – Não deixe o egoísmo tomar conta do relacionamento, pois um casal egoísta é como duas bolas de bilhar que só se encontram para se chocarem e se separarem. O egoísmo mata o amor e destrói o relacionamento.

7 –
Não faça do seu namoro uma vida de casado, com vida sexual e intimidades conjugais. Amanhã, o namoro pode terminar e a marca ficará em você, sobretudo, na mulher. Só tem sentido entregar-se a alguém que, antes, colocou uma aliança em sua mão esquerda e lhe jurou amor e fidelidade até o último dia de sua vida. Não desvalorize suas decisões, seu corpo e sua vida.

8 –
Não prenda seu namorado pelo sexo, não faça dele uma “arma”, porque a “vítima” pode ser você. Quantas ganharam uma barriga antes da hora, sem ter um berço e um teto para seu filho! Ele merece mais do que isso.

9 –
Não tenha medo de terminar um namoro, no qual só existe briga e reclamação; não empurre o problema com a barriga. Namoro é tempo de conhecer e escolher sem pressa e sem paixão que cega a razão. É melhor chorar uma separação, hoje, do que depois de casados.

10 – Não deixe Deus fora do seu namoro, pois foi Ele quem nos criou, foi Ele quem instituiu o casamento entre um homem e uma mulher e será Ele quem os unirá para sempre. Deixe que a mão forte de Cristo esteja entre as suas mãos fracas.

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Namorar é pensar no amanhã!

O Dia dos Namorados movimenta muito dinheiro, desde cartões com mensagens românticas até joias valiosas; é um dos dias mais lucrativos do ano. Em resumo, há um incentivo para troca de presentes entre os apaixonados.

Mas o Dia dos Namorados também é um bom momento para se pensar no amanhã. Pai e mãe nós não escolhemos, filhos também não, mas o companheiro(a) de viagem, que seguirá lado a lado conosco, durante a vida, é no tempo do namoro que o escolhemos.

Arquivo CN


Escolher a pessoa certa, o futuro esposo ou esposa que vai fazer essa viagem de amor ao seu lado, é de grande responsabilidade, pois se trata de escolher a única pessoa que vai trilhar e construir, junto com você, um caminho de felicidade em meio às dificuldades, e sem fazer troca (não serviu ou não deu certo, não devolva o produto).

A pessoa escolhida não é um produto que se compra ou troca. Os cônjuges precisam ser conquistados e reconquistados todos os dias e em todas as várias fases do relacionamento, é necessário aprender esperar o processo do outro.

O que você espera de um namoro? Construir uma vida juntos significa respeitar a individualidade de cada um e também estar atento para perceber se essa individualidade não está prejudicando o relacionamento. O risco nessa construção é o pensar só em si, “o prazer individual” em todas as áreas: sexual, profissional, espiritual, com as amizades...

Os dois caminhando unidos, de mente e coração, mesmo pensando de formas diferentes, mas querendo chegar juntos a um ideal, felizes com que for alcançado, exige um relacionamento equilibrado, com harmonia nas decisões.

No tempo do namoro, os dois não podem perder o propósito do ficar juntos; nem sempre serão só abraços e beijos. O lindo do relacionamento é quando os dois continuam se abraçando e se beijando mesmo diante de uma situação difícil. É quando um olha para o outro e diz: “Nada pode nos separar, porque o beijo que demos lá no altar sempre irá nos sustentar!”.

Namorar é bom, faz bem e não pode cair no esquecimento durante casamento. Por isso, aproveite esta data para reafirmar o amor que você tem pelo seu companheiro.

Feliz Dia dos Namorados!



Cleto Coelho
Membro da Comunidade Canção Nova

A bondade é a virtude pela qual nos comportamos em relação aos outros como Jesus Cristo


O Padre Willian Faber, oratoriano inglês convertido do anglicanismo, é autor de vários livros de piedade. Entretanto, ele talvez seja menos conhecido no Brasil pelas suas excelentes obras que pelo prefácio que escreveu ao Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, retomado na edição brasileira dessa obra pela Editora Vozes.

Entre os seus escritos, ele nos deixou quatro conferências espirituais sobre a bondade, que se encontram traduzidas em português. É baseado nesse livro, que falaremos sobre esta virtude. Não se trata, entretanto, de um resumo cuja leitura substitua o livro. O nosso objetivo é de incitar à leitura do próprio livro  e, se possível, também a das outras obras deste mesmo autor. A ordem seguida aqui não é a mesma do livro porque não se trata aqui de uma conferência espiritual. Mas na medida do possível tentaremos transmitir as suas ideias principais.

O último paragrafo do livro diz que a bondade podia ser chamada também de espírito de Jesus. Essa conclusão aponta sem dúvida para o ponto central da bondade. A bondade consiste antes de tudo em pensar, falar e agir como Jesus. Se fosse necessário dar uma definição de bondade, tirada do Padre Faber, seria sem dúvida esta: “a virtude pela qual nós nos comportamos em relação aos outros imitando perfeitamente a Jesus Cristo”.

Mas isso para nós isso ainda é muito vago, visto que toda a vida cristã consiste na imitação de Cristo.

Vejamos no que consiste essa bondade, mais detalhadamente.

A fraqueza da nossa natureza não deve ser exagerada. Se por um lado todos nós sofremos nessa vida, por outro o homem também tem um poder muito grande. Sobretudo, o poder de espalhar o bem no mundo ou pelo menos de diminuir bastante o sofrimento. Jesus foi, sem dúvida, quem mais sofreu nesse mundo, mas foi Ele também que fez o maior bem aos homens. Ele nos mostrou assim que o nosso sofrimento não deve impedir-nos de fazer o bem. Ao contrário, se sofremos temos um motivo a mais para sermos bons para com os outros, pois a bondade dá certo equilíbrio entre a justiça e a injustiça que existem no mundo. Deus criou o mundo para que ele fosse feliz, e o trabalho da bondade é de reconduzir o mundo de Deus ao seu desígnio primitivo.

Além disso, a bondade se põe a serviço do Salvador, reconquistando, fortalecendo, iluminando as almas. “Muitas vezes nossa própria conversão data de alguns atos de bondade feitos ou recebidos e, provavelmente, a maioria dos arrependimentos têm vindo por ocasião de algumas bondades que comoveram o coração, menos por serem inesperadas do que por se sentir que tinham sido pouco merecidas (…). A bondade tem convertido mais pecadores do que o zelo, a eloquência ou a instrução; e estas três coisas jamais converteram alguém sem que a bondade tenha tido nisso alguma parte.”

Quanto às palavras, elas têm, para o bem e para o mal, mais influência sobre o nosso próximo do que as próprias ações. Por isso tudo o que se diz da bondade em geral se aplica ainda mais às palavras.

“Boas palavras não nos custam nada e, no entanto, quantas vezes nos mostramos avaros delas! Nas raras ocasiões em que nos custam alguma coisa, elas nos pagam ao cêntuplo quase logo. As ocasiões são frequentes; mas nós não mostramos solicitude nem em procurá-las, nem em aproveitá-las. (…) Por mais fracos e cheios de necessidades que sejamos, metamos na cabeça, ou antes, no coração, fazermos um pouco de bem neste mundo enquanto estivermos nele. Para isto as boas palavras são o nosso principal instrumento.”

A facilidade da bondade está na multidão de ocasiões, além do que poucas vezes ela exige algum esforço ou abnegação. Uma felicidade íntima segue quase sempre uma boa ação.

Os efeitos da bondade em nós são incalculáveis. Isso é lógico porque “como o nosso procedimento uns para com os outros é a fonte mais fecunda de nossas penas mais amargas, segue-se que, se a bondade fosse a nossa regra de proceder, o mundo atual seria quase revirado”.

Por exemplo, as palavras caridosas fazem o que só Deus pode fazer: enternecer e acalmar os corações. Elas podem ser o fundamento de uma amizade inesperada, podem destruir um preconceito ainda que bem fundado, acabar com rixas; dão felicidade e sendo a felicidade um grande recurso para a santidade, elas dão também santidade, e ganham as almas para Deus.

Com o socorro da graça, a afabilidade cedo é adquirida, e o hábito, uma vez tomado, não se perde facilmente. E como a bondade não se limita no tempo e no espaço, um bem feito a uma pessoa se espalha a muitas outras e pode durar muito tempo. Além disso, quanto mais tentamos pagar a bondade de que somos devedores, mais parece que a dívida aumenta e essa tentativa nos faz com que a caridade domine nossa vida.

Mas sem dúvida o efeito mais espetacular da bondade é o de fazer-nos agir da mesma forma que Deus age e por isso o impulso que nos faz assim agir por bondade é o vestígio mais incontestável dessa imagem de Deus que nos fora dada na origem. “A bondade consiste no transbordamento de si próprio nos outros: é pôr os outros no lugar de si, e trata-los como nós próprios quiséramos ser tratados.” Ora, não é exatamente nisso que consiste a criação?

“A bondade é o sentimento que nos faz ir em socorro dos nossos semelhantes que estão  na necessidade, e ajudá-los segundo o nosso poder”. Ela é assim nosso modo de imitar a Providência. A bondade também é semelhante à graça porque é algo que não se pode conseguir sozinho, é necessário um outro.

Qualquer que seja a nossa visão do mundo, ela é superficial, porque nós não conhecemos os planos de Deus. A visão mais profunda das coisas e a única verdadeira é a caridade. “A bondade nos pensamentos é, pois, na criatura, o que a ciência é em Deus”.

As ações dos homens são muito difíceis de serem julgadas, porque a apreciação verdadeira depende, em grande parte, dos motivos que as produzem e esses motivos nos são ocultos. Por isso só Deus pode julgar com perfeita justiça, porque ele tem um conhecimento perfeito e uma certeza absoluta.

Mas, ainda assim, ele é extremamente misericordioso. “Ora, as interpretações caridosas são uma imitação dessa misericórdia do Criador, engenhosa em achar desculpas para as suas criaturas (…) a bondade é a nossa mais perfeita sabedoria, visto que é uma imagem da sabedoria de Deus.”

“Ademais, a bondade tem pontos de contato com tudo o que constitui os estados espirituais mais sublimes. Os atos de bondade, partindo de motivos desinteressados, tendem a formar em nós hábitos de desinteresse, que preparam o caminho aos motivos mais elevados do divino amor. Quais anjos de
 Deus, eles exercem a sua constância lá onde há menos de volta a esperar. Como o Precioso Sangue, eles gostam de preferência de se derramar e de se multiplicar sobre os inimigos. E como Deus age sempre para a Sua glória, assim também as boas ações, uma vez tornadas hábitos, acabam mui frequentemente por se fazerem só por Deus. O instinto delas, como o da Providência de Deus, é de ficarem ocultas.”

Outro grande efeito da bondade é, ainda, o de nos ajudar na nossa salvação e na dos outros.

“Uma harmoniosa fusão entre o sofrimento e a amabilidade é um dos efeitos da graça mais atraentes nos santos.”

“Certamente, um dos pontos importantes [do Céu] será a ausência de todo azedume e de toda crítica, e a plenitude, o oceano de pensamentos de ternura que transbordará das nossas almas dilatadas. De sorte que, pelos pensamentos caridosos, nós repetimos o nosso verdadeiro papel para o Céu, ao mesmo tempo em que conservamos o lugar que nos foi reservado nele.”

“Se há mil coisas a reformar no mundo, as almas a salvar são por miríades… O fato é que um ânimo brando e acomodado é a melhor das controvérsias. Feliz quem o possui!”
Assim sendo, fica claro que a bondade não é nada mais que o espírito de Jesus. E por isso ele disse:
“Meu espírito é mais doce do que o mel, e a minha herança vale mais que o favo mais suave!”

“Porém, direis talvez, afinal de contas, isso não passe duma pequeníssima virtude, questão de temperamento, em grande parte, artigo de boas maneiras, antes do que santidade. Pois bem! Seja, não vos disputarei este ponto. A erva dos campos vale mais que os cedros do Líbano. É mais nutriente, e a vista descansa melhor sobre aquele tapete esmaltado de margaridas e perfumado de timo, que torna a terra doce, bela e convidativa como um ninho. A bondade é a relva do mundo espiritual, onde as ovelhas de Cristo pastam tranquilamente sob o olhar do Pastor.”

Padre William Faber, A Bondade: conferência espiritual. Typographia Lar Católico, 1935
Essa obra do Padre Faber é encontrada aqui para download.

Fonte: Montfort - Associação Cultural

11/06/2013

É na família que tudo começa (ou termina?)

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Uma profunda reflexão sobre nossa responsabilidade
Um adolescente de 17 anos entra na casa do vizinho e mata um menino de seis anos. Dois dias depois, é preso juntamente com a namorada, de 19 anos, grávida de três meses, quando tentava fugir para outro Estado. Na entrevista que, em seguida, deu à imprensa, revelou que, quando chegou à casa da vítima, foi recebido com alegria pela criança: «Ela me ofereceu pão e maçã, dizendo que, se eu quisesse mais, podia entrar e pegar».

Uma mãe de 42 anos e seu filho de 20 contratam os serviços de um “matador de aluguel” para assassinar o marido e padrasto de 63 anos e ficar com os seus bens. Armando uma emboscada ao idoso, chamaram-no para conversar em local insuspeito e, quando aparece, é friamente assassinado pelo criminoso, que mal completou 17 anos.

Um adolescente de 15 anos mantém a “esposa” de 25 sob a ameaça de um facão durante varias horas. Chamada ao local, a polícia detém ambos: o rapaz por violência e a moça por desacato à autoridade.

Os três fatos aconteceram em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas poderiam ter ocorrido em qualquer outra cidade. O que impressiona – se é que ainda impressiona – é que, em todos eles, os protagonistas são adolescentes e os delitos se sucederam no espaço de três dias, de 4 a 6 de abril de 2013.

O que esperar de uma sociedade que, depois de escancarar as portas ao materialismo, ao permissivismo e ao relativismo finge se escandalizar com suas consequências e abarrota as prisões com jovens, cujo pecado foi seguir seus ensinamentos? Se querem extirpar ou diminuir a violência que se propaga entre eles, mais do que diminuir-lhes a maioridade penal é preciso investir na formação de sua consciência ética por meio da família. Foi o que lembrou a CNBB, em “nota” publicada, no dia 16 de maio: «O debate sobre a redução da maioridade penal, colocado em evidência mais uma vez pela comoção provocada por crimes bárbaros cometidos por adolescentes, conclama-nos a uma profunda reflexão sobre nossa responsabilidade no combate à violência, na promoção da cultura da vida e da paz, e no cuidado e proteção das novas gerações de nosso país.

A delinquência juvenil é, antes de tudo, um aviso de que o Estado, a sociedade e a família não têm cumprido adequadamente com seu dever. Criminalizar o adolescente com penalidades no âmbito carcerário seria maquiar a verdadeira causa do problema, desviando a atenção com respostas simplórias, inconsequentes e desastrosas para a sociedade».

É na família que se inicia a renovação ou a perdição da sociedade. Nesse sentido, só deveria casar – e, mais ainda, gerar filhos – quem está preparado e maduro para assumir os compromissos que o ato comporta. É o que tenta transmitir uma estória que, há poucos dias, recebi via internet. Em sua simplicidade, ela tem muito a ensinar.

Certo dia, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação, expressando um pedido que gostariam de fazer a Deus. Em casa, ao corrigir os trabalhos escolares, ela se deparou com um escrito que a deixou abalada. Entrando na sala e vendo-a soluçar, o marido perguntou: «O que aconteceu?». Como resposta, ela lhe repassou a oração que uma aluna redigira: «Senhor, transforma-me numa televisão! Quero ocupar o espaço dela. Ter um lugar especial para mim e reunir a família ao redor. Ser levada a sério quando falo. Quero ter a mesma atenção que ela recebe quando não funciona. Ter a companhia do meu pai quando chega em casa, apesar de cansado. Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar. Que meus irmãos “briguem” para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado para passar alguns momentos comigo». Ao ouvir a leitura, o marido exclamou: «Pobre dessa menina! Que família ela tem!». A professora baixou os olhos e sussurrou: «É nossa filha!».

A estória confirma o que escreveram, em 2007, os bispos latino-americanos em sua reunião de Aparecida: «Os meios de comunicação invadem todos os espaços, inclusive a intimidade do lar. A sabedoria das tradições vê-se obrigada a competir com a informação do último minuto, a distração e as imagens de “vencedores” que sabem usar a seu favor as ferramentas tecnológicas, levando as pessoas a buscarem, afoitamente, um sentido para a vida onde nunca poderão encontrá-lo».

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados (MS)
E-mail para contato: redovinorizzardo@gmail.com

Fonte: Canção Nova

10/06/2013

Grande cuidado ao se preparar para a comunhão

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Suprirei o que te falta
Cristo – Eu amo a pureza e dou toda a santidade. Busco um coração puro para nele repousar. Prepara-me uma grande sala mobiliada e eu farei em tua casa a Páscoa com meus discípulos (Lc 22,11-12). Se queres que venha a ti e que permaneça em ti, purifica-te do velho fermento (1Cor 5,7) e limpa a morada de teu coração. Nada admitas do mundo e do tumulto do mal que te habita. Senta-te como um pássaro solitário no teto (Sl 101,8) e pensa em tuas faltas na amargura de tua alma. Todo ser que ama prepara para seu bem-amado habitação excelente e magnífica: é nisto que se reconhece a afeição ao hóspede.

Fica sabendo: não conseguirás a preparação pela qualidade de teus atos, mesmo que te prepares durante um ano sem ter outra preocupação. Só minha bondade e minha graça te permitem ter acesso à minha mesa, como um mendigo convidado à mesa do rico: o mendigo nada pode retribuir ao rico por seus benefícios. Só pode humilhar-se e agradecer. Por isso, faze o possível, faze-o com cuidado, não por hábito nem por obrigação; mas com temor, respeito e amor, recebe o Corpo de teu Senhor bem-amado que se digna vir a ti. Sou eu que amo, eu que quero assim: suprirei o que te falta. Vem receber-me.

Dá graças a teu Deus quanto te concedo a graça do fervor, não porque sejas digno, mas porque tenho piedade de ti. Se não tens fervor, mas sentes grande aridez, persiste na oração, geme e bate. Não desanimes até que mereças receber uma migalha ou uma gota da graça da salvação. És tu que tens necessidade de mim, não eu de ti. Não és tu que vens santificar-me: sou eu que venho santificar-te e melhorar-te. Tu vens ser santificado por mim e unido a mim, para receber uma graça nova e inflamar-te de novo para o teu progresso. Não negligencies esta graça: prepara teu coração com muito cuidado, depois introduz em tua casa teu bem-amado.

Não basta que te disponhas ao fervor antes da comunhão; é preciso guardar-te com cuidado depois de receber a Eucaristia. Recolher-te depois da comunhão não é menos necessário do que dispor-se a ela. Recolher-se devidamente depois é a melhor preparação para receber uma graça maior. Toda boa disposição é aniquilada se logo depois se dispersa em preocupações exteriores. Cuidado com a tagarelice, permanece no segredo (cf. Mt 6,4.6.18) e alegra-te com teu Deus. Tu o tens, e o mundo inteiro não pode privar-te dele. É a mim que deves dar-te todo inteiro, de sorte que doravante não vivas em ti, mas em mim, ao abrigo de todo cuidado.

(Extraído do livro “A imitação de Cristo”)

07/06/2013

O peso de nossos julgamentos!

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No campo do pecado, ninguém é vencedor
É mais fácil apontar os erros alheios do que conhecer as próprias fragilidades. Nas pedras da condenação está o peso de nossos próprios pecados. Na sociedade que exige a perfeição do outro, os próprios pecados são mascarados pelas trevas de uma vida autenticamente perfeita.

Conhecer as próprias fragilidades exige humildade. Contudo, a prepotência da acusação, muitas vezes, fala mais forte diante dos erros alheios. Fácil é apontar o dedo para os erros do outro, difícil é corrigir em nós as nossas próprias fragilidades. Fácil é condenar, difícil é ser réu diante dos próprios pecados.

Entre o que Jesus ensinou e o que vivemos ainda há um longo caminho a ser percorrido. Muitos são os fariseus que se tornam juízes dos seus semelhantes. Se a regra do jogo é julgar, porque não começarmos por nós mesmos e nossas fragilidades? No campo do pecado ninguém é vencedor. Gregos e troianos, cristãos e ateus, tem um mesmo ponto em comum: as fragilidades e pecados de quem é marcado pelas imperfeições.

Ninguém nunca expõe seus pecados anônimos em público, porque tornar conhecido os próprios erros é assinar uma carta da própria fragilidade humana. E ser frágil, em uma sociedade que exige pessoas perfeitas, pode ser prejudicial para uma aparência construída sob a máscara da perfeição.

Somente quem conhece suas próprias limitações poderá olhar com misericórdia para quem também ainda não é perfeito.

Padre Flávio Sobreiro
Fonte: Canção Nova

06/06/2013

Pela vida do mundo!

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Tudo seja oferecido como matéria de sacrifício
Há pouco, a Igreja encerrou o Tempo Pascal. Foram cinquenta dias de celebração do mistério central da vida de Jesus, fonte de testemunho da presença do Cristo ressuscitado, de onde os cristãos podem beber as forças necessárias para sua presença no mundo, chamados que foram a transformá-lo a partir de dentro.
Três grandes celebrações desdobram diante do olhar da fé a mesma riqueza da vida cristã, com a qual a Igreja forma a todos nós fiéis, a saber, a Solenidade da Santíssima Trindade, Corpus Christi e a Festa do Sagrado Coração de Jesus. Comunhão de vida na Trindade, Sacrifício de Cristo que se renova e a verdadeira humanidade do Verbo de Deus que se encarnou. A oração litúrgica da Igreja demonstra a fé professada e proporciona a educação para o crescimento da mesma fé. Tudo nos permite aclamar que "esta é a nossa fé, que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Cf. Ritual do Batismo).

Ao celebrar, nestes dias, a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, a Igreja quer recolher a riqueza de sua vida eucarística e oferecer, com maior abundância, a riqueza do Pão da vida para a vida de todos. "Pela força do Espírito Santo, dais vida e santidade a todas as coisas e não cessais de reunir um povo, para que vos ofereça em toda parte, do nascer ao pôr do sol, um sacrifício perfeito" (Oração Eucarística III). Assim proclama a Igreja numa de suas orações eucarísticas. O único sacrifício de Cristo se faz presente e se renova onde quer que se celebre a Santa Missa, desde a mais solene das liturgias até a mais simples das capelas, onde o mesmo altar testemunha o mistério da fé.

Em toda parte, quando o pão e o vinho apresentados são consagrados no Corpo e no Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, continuamos a aclamar: "Anunciamos, Senhor, a Vossa Morte e proclamamos a Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus"! E o povo fiel se alimenta do próprio Cristo presente, para dali sair com o compromisso de entregar a sua própria vida pela vida verdadeira que só Jesus Cristo Salvador pode oferecer.

Ao celebrar a Eucaristia, a Igreja volta seus olhos para o Céu e, ao mesmo tempo, para o mundo. Calvário e manhã da Ressurreição estão presentes, a vinda de Jesus, no final dos tempos, antecipa-se no sacramento e os discípulos se tornam missionários, saindo da Missa para amar e servir. 

De forma especial, o domingo, dia da Ressurreição de Cristo, aparece como um dia a ser preparado, celebrado e prolongado na vida. Tem grande sentido um cartaz encontrado à entrada de uma capela: "Entro para orar, saio para amar"!

Ao sair da Missa dominical, brotem em cada cristão as disposições para que se celebre também uma "Missa sobre o mundo", expressão do padre Teilhard de Chardin S.J, de quem trouxemos um pequeno trecho: "Senhor, o sol acaba de iluminar, ao longe, a franja extrema do primeiro oriente. Mais uma vez, sob a toalha móvel de seus fogos, a superfície viva da terra desperta, freme, e recomeça seu espantoso trabalho. Colocarei sobre minha patena, meu Deus, a messe esperada desse novo esforço.

Derramarei no meu cálice a seiva de todos os frutos que, hoje, serão esmagados. Meu cálice e minha patena são as profundezas de uma alma largamente aberta a todas as forças que, em um instante, vão elevar-se de todos os pontos do Globo e convergir para o Espírito. Que venham pois, a mim, a lembrança e a mística presença daqueles que a luz desperta para uma nova jornada!... Mais confusamente, mas todos sem exceção, aqueles cuja tropa anônima forma a massa inumerável dos vivos: aqueles que me rodeiam e me sustentam sem que eu os conheça; aqueles que vêm e aqueles que vão; sobretudo, aqueles que, na Verdade ou pormeio do Erro, no seu escritório, laboratório ou fábrica, creem no progresso das coisas e, hoje, perseguirão apaixonadamente a luz. Quero que, nesse momento, meu ser ressoe ao murmúrio profundo dessa multidão agitada, confusa ou distinta, cuja imensidade nos espanta, desse oceano humano cujas lentas e monótonas oscilações lançam a inquietação nos corações que mais acreditam.

Tudo aquilo que vai aumentar, no mundo, ao longo deste dia; tudo aquilo que vai diminuir - tudo aquilo que vai morrer também -, eis, Senhor, o que me esforço por reunir em mim para vos oferecer; eis a matéria de meu sacrifício, o único que Vós podeis desejar.. Recebei, Senhor, esta hóstia total que a criação, movida por Vossa atração, apresenta-Vos à nova aurora. Este pão, nosso esforço, não é em si, eu o sei, mais que uma degradação imensa. Este vinho, nossa dor, não é ainda, ai de mim, mais que uma dissolvente poção. Mas, no fundo dessa massa informe, colocastes - disso estou certo, porque o sinto - um irresistível e santificante desejo que nos faz a todos gritar, desde o ímpio ao fiel: "Senhor, fazei-nos um"!

A Missa dominical, bem participada, desperte a sensibilidade para tudo acolher, identificar o que é bom, oferecer a própria contribuição para superar o mal, estabelecer laços, superar conflitos, corrigir com mansidão, buscar mais o que une do que aquilo que separa as pessoas, os problemas encarados como desafios e não como ameaças, valorizar o dia a dia como o nosso tempo e a nossa grande oportunidade para viver no amor de Deus e do próximo. O espírito com que nos dispomos a agir assim seja o mesmo do altar de Cristo. Tudo seja oferecido como matéria de sacrifício. Exercite-se, para que o mundo tenha a vida que nasce do Mistério Pascal de Cristo na entrega pessoal de Sua existência. A lição do altar suscite o amor mútuo nas comunidades cristãs e nas atitudes de cada pessoa de fé. Grandes ideais, dignos da fé que professamos e queremos testemunhar!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Fonte: Canção Nova

05/06/2013

Exercitar o perdão!

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Cada um precisa fazer sua parte
Ninguém tem o poder de controlar os próprios sentimentos. "O coração tem razões que a própria razão desconhece", ensinava o filósofo Blaise Pascal. Cada um precisa fazer sua parte, aquilo que está a seu alcance.

Fazer nossa parte significa exercitar o perdão, declará-lo abertamente e decidir não falar mal de quem nos machucou, mas não há como deixar de sentir algo de negativo. Ninguém consegue exercer domínio total sobre seus sentimentos. O que sentimos ou não sentimos não é fruto de decisões nem da vontade. As emoções estão fora do nosso controle. Nosso único poder, nessa área, é determinar o que vamos fazer ou não com nossos sentimentos e com nossas emoções. Sou capaz de me decidir por não dar um soco no rosto de alguém que me ofendeu, mas não tenho o poder de resolver não sentir o desejo de dar o soco.

Nenhum de nós tem a capacidade de decidir sentir isso ou aquilo a partir de determinado momento. O sentimento não obedece à razão. Como mudar um sentimento em relação a uma pessoa? Sem o exercício do perdão e a força da graça de Deus é absolutamente impossível.

No exercício do perdão, é fundamental reconhecer a necessidade de pedirmos desculpas aos que ofendemos. Se perdoar é uma arte difícil, pedir perdão é mais difícil ainda. Se perdoar exige uma decisão do coração e da vontade, pedir perdão exige arrependimento. E isso é algo que precisamos aprender com clareza e praticar com persistência.

O verdadeiro arrependimento, conforme Jesus ensinou, implica uma mudança de vida. O arrependimento vai muito além do remorso ou da vergonha de ter sido descoberto no seu erro. A vergonha é consequência de um medo; arrepender-se é fruto de uma decisão. Como o perdão, o arrependimento vai muito além do desejo. É uma atitude.

No exercício do perdão e do pedido de perdão, cinco gotas são de fundamental importância:

1. Reconhecer que fomos ofendidos ou que ofendemos.

2. Tomar a decisão de perdoar e de pedir perdão, apesar dos sentimentos ou dos desejos.

3. Expressar o perdão por meio de palavras faladas ou por escrito.

4. Tomar a decisão de não comentar os erros da pessoa nem o fato que provocou a ofensa.

5. Permitir que Deus mude nossos sentimentos e cure nossas emoções negativas.

Padre Léo, scj

(Extraído do livro “Gotas de cura interior”)