27/12/2016

Oração ao Menino Jesus

Reze a oração ao Menino Jesus


Menino Deus,
Eis-nos aqui diante de Tua manjedoura.
Como os reis magos, apresentamos os nossos presentes.
Obrigado por ter se encarnado para nos salvar.
Pedimos pelas famílias que hoje se encontram divididas,
Pais separados e filhos mergulhados na droga e no pecado.
Olha para Teus filhos, ouve nossa prece.
Criança abençoada, pedimos por outras crianças,
Que também como Tu não têm onde nascer.


Menino Jesus, no Teu aniversário, refaz o
milagre da distribuição do pão do amor.
Porque os homens se esquecem que também
são capazes de realizar o que Tu ensinaste.
Príncipe da paz, devolve ao mundo a Tua paz.
Reavive, Menino, no coração dos homens,
a compaixão, o amor e a misericórdia,
para que eles cuidem das crianças do mundo.
Que sejam alimentadas, não sofram nem chorem.
Menino Jesus, toma em Tuas mãos as crianças.
Livra-as da guerra, da fome, da morte antecipada,
da morte em vida e da dor que não podem
compreender nem deveriam sentir.
Cuida das mulheres grávidas e daquelas que querem engravidar.
Que os homens sejam como São José e as mulheres como Maria.
Livra o nosso mundo do trauma do aborto, Vós que sois a Vida.
Devolve o sentido de viver àqueles que perderam a felicidade.
Menino que é, coloca no rosto das outras crianças
o sorriso, o amor e a segurança.
Na boca, coloca a comida e a Tua Palavra.
Obrigado, Menino Deus!
Oremos: “Senhor nosso Deus, ao celebrarmos com alegria o Natal do nosso Salvador, dá-nos alcançar, por uma vida santa, Teu eterno convívio. Por Cristo nosso Senhor. Amém”.

21/12/2016

A importância de entronizar a cruz de Cristo em sua casa

É fundamental que as famílias cristãs entronizem a cruz de Cristo em seus lares, de maneira solene


A cruz é o sinal dos cristãos e sinal do Deus vivo. “Não danifiqueis a terra nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes” (Ap 7,3).
Esse sinal, o profeta Ezequiel já anunciava como sendo a cruz, o Tau. Quando Jerusalém mereceu o devido castigo pela idolatria cometida, esse profeta anunciou que Deus assinalou com a cruz os inocentes para protegê-los. “Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem” (Ez 9,5).
Desde que Jesus libertou a humanidade da morte, do pecado e das garras do demônio, a cruz salvífica passou a ser o símbolo da salvação. A festa em honra da santa cruz foi celebrada pela primeira vez em 13 de dezembro do ano 335, por ocasião da dedicação de duas basílicas de Constantino, em Jerusalém: do “Martyrium” ou “Ad Crucem” sobre o Gólgota; e a do “Anástasis”, isto é, da Ressurreição.
Santa Helena, a mãe do imperador [Constantino], foi buscar a cruz de Cristo em Jerusalém. A partir do século VII, comemora-se a recuperação da preciosa relíquia por parte do imperador bizantino Heráclio em 628; pois a cruz de Cristo foi roubada 14 anos antes pelo rei persa Cosroe Parviz, durante a conquista da cidade Santa de Jerusalém.
Nesses dois mil anos, a cruz passou a ser o símbolo da vitória do bem sobre o mal, da justiça contra a injustiça, da liberdade contra a opressão, do amor contra o egoísmo, porque, no seu lenho, o Cristo pagou à Justiça Divina o preço infinito do resgate de toda a humanidade.
Em todas as épocas a santa cruz foi exaltada. O escritor cristão Tertuliano († 200) atesta: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando vamos deitar, quando nos sentamos; nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz” (De corona militis 3).
São Hipólito de Roma (†235), descrevendo as práticas dos cristãos do século III, dizia: “Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e nos protege dele se é feito com fé; não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da cruz na fonte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42).

A força do sinal da cruz

Muitas pessoas importantes se valiam do sinal da cruz em momentos de perigo, de decisão e na iminência da morte, como forma de alcançar a serenidade necessária em momentos cruciais. Os primeiros cristãos faziam o sinal da cruz a cada instante. Assim afirma São Basílio Magno (†369), doutor da Igreja: “Para os que põem sua esperança em Jesus Cristo, fazer o sinal da cruz é a primeira e mais conhecida coisa que entre nós se pratica”.
Santa Tecla, do primeiro século, ilustre por nascimento, foi agarrada pelos algozes e conduzida à fogueira; fez o sinal da cruz, entrou nela a passo firme e ficou tranquila no meio das chamas. Logo uma torrente de água desabou e o fogo apagou. E a jovem heroína saiu da fogueira sem ter queimado um só fio de cabelo. Os santos não deixavam o crucifixo; em muitas de suas imagens os vemos segurando o crucificado, porque no Cristo crucificado colocavam toda a sua segurança e esperança.
Em 1571, Dom João D’Áustria, antes de dar o sinal de ataque na Batalha de Lepanto, em que se decidia o futuro da cristandade diante dos turcos otomanos agressores, fez um grande e lento sinal da cruz repetido por todos os seus capitães e a vitória logo aconteceu. Por estes e outros exemplos, vemos quão poderosa oração é o sinal da cruz. De quantas graças nos enriquece esse sinal, e de quantos perigos preserva nossa frágil existência.
A cruz de Cristo vence o pecado. À vista d’Ele desaparece todo o pecado. Santa Joana d’Arc morreu na fogueira de Rouen, em 1431, injustamente, segurando um crucifixo, olhando-o e repetindo: “Jesus, Jesus, Jesus…”.
Quando Dom Bosco se cansava das artes dos seus meninos e parecia querer desistir da missão, sua boa mãe, Margarida, apenas lhe mostrava o Cristo crucificado e ele retomava sua luta em prol da juventude desvalida.

Proteja seu lar com a cruz de Cristo

Mais do que nunca hoje, quando tantos perigos materiais e espirituais ameaçam a família, atacada de todos os lados pela imoralidade que campeia entre nós, é fundamental que as famílias cristãs entronizem a cruz de Cristo em seus lares, de maneira solene. Ela defenderá nossos filhos de tanta imoralidade.
Desta cruz nasceram os sacramentos da Igreja, que nos salvam. Desta cruz sairá a força de que pais e mães precisam para educar os filhos na verdadeira fé do Cristo e da Igreja. Olhando a cada momento para o Cristo tão cruelmente crucificado, flagelado, coroado de espinhos, teremos força para vencer as lutas de cada dia.
Diante da cruz de Cristo o demônio não tem poder, porque “ele foi nela vencido, acorrentado como um cão”, como dizia Santo Agostinho. O exorcista, acima de tudo, empunha o crucifixo. Mais do que nunca hoje, quando as forças do mal querem arrancar o crucifixo de nossas ruas e praças, precisamos colocá-lo em nossas casas, também como prova de nossa fé.
A sua casa precisa ser protegida pela santa cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Autor: Professor Felipe Aquino

12/12/2016

Nossa Senhora de Guadalupe - Padroeira de toda a América

Nossa Senhora de Guadalupe














O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem. O tecido, feito de cacto já existe há mais de quatro séculos e meio

Num sábado, no ano de 1531, a Virgem Santíssima apareceu a um indígena que, de seu lugarejo, caminhava para a cidade do México a fim de participar da catequese e da Santa Missa enquanto estava na colina de Tepeyac, perto da capital. Este índio convertido chamava-se Juan Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002).

Nossa Senhora disse então a Juan Diego que fosse até o bispo e lhe pedisse que naquele lugar fosse construído um santuário para a honra e glória de Deus.

O bispo local, usando de prudência, pediu um sinal da Virgem ao indígena que, somente na terceira aparição, foi concedido. Isso ocorreu quando Juan Diego buscava um sacerdote para o tio doente: “Escute, meu filho, não há nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Acaso não o escolhi para mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais do que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe. 

Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite agora mesmo, porque ele já está curado. Filho querido, essas rosas são o sinal que você vai levar ao Bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá minha vontade e a cumprirá. Você é meu embaixador e merece a minha confiança. Quando chegar diante dele, desdobre a sua “tilma” (manto) e mostre-lhe o que carrega, porém, só em sua presença. Diga-lhe tudo o que viu e ouviu, nada omita…”

O prelado viu não somente as rosas, mas o milagre da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, pintada prodigiosamente no manto do humilde indígena. Ele levou o manto com a imagem da Santíssima Virgem para a capela, e ali, em meio às lágrimas, pediu perdão a Nossa Senhora. Era o dia 12 de dezembro de 1531.

Uma linda confirmação deu-se quando Juan Diego fora visitar o seu tio, que sadio narrou: “Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou a mim. Disse-me também que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac e que sua imagem seria chamada de ‘Santa Maria de Guadalupe’, embora não tenha explicado o porquê”. Diante de tudo isso muitos se converteram e o santuário foi construído.

O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem. O tecido, feito de cacto, não dura mais de 20 anos e este já existe há mais de quatro séculos e meio. Durante 16 anos, a tela esteve totalmente desprotegida, sendo que a imagem nunca foi retocada e até hoje os peritos em pintura e química não encontraram na tela nenhum sinal de corrupção.

No ano de 1971, alguns peritos inadvertidamente deixaram cair ácido nítrico sobre toda a pintura. E nem a força de um ácido tão corrosivo estragou ou manchou a imagem. Com a invenção e ampliação da fotografia descobriu-se que, assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, da mesma forma a figura de Juan Diego, do referido bispo e do intérprete se refletiu e ficou gravada nos olhos do quadro de Nossa Senhora. Cientistas americanos chegaram à conclusão de que estas três figuras estampadas nos olhos de Nossa Senhora não são pintura, mas imagens gravadas nos olhos de uma pessoa viva.

Declarou o Papa Bento XIV, em 1754: “Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… uma Imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Coroada em 1875 durante o Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada “Padroeira de toda a América” pelo Papa Pio XII no dia 12 de outubro de 1945.

No dia 27 de janeiro de 1979, durante sua viagem apostólica ao México, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e consagrou a Mãe Santíssima toda a América Latina, da qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira.
Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!


10/12/2016

A luz de Cristo e as trevas do mundo

No Natal, Jesus Cristo, luz verdadeira, veio ao mundo


O evangelista João usa de muitos símbolos e dos contrários – luz e trevas – para falar sobre a vinda de Jesus Cristo. O próprio Senhor se apresenta a nós assim: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (João 8,12). Porém, diante das contradições mundanas como a violência, a fome, as guerras e tantos outros tipos de sofrimento, podemos nos perguntar: “Se o Verbo de Deus veio ao mundo como luz, por que ainda há tantas trevas?”.

A resposta a essa pergunta pode estar muito perto, pode estar dentro de nós. Nesse sentido, a oposição entre luz e trevas, usada por João em seus escritos, ajuda-nos a iluminar nossa vida para enxergar a realidade. A verdade é que, dentro de nós, já brilha a verdadeira luz, que é Cristo, mas ainda há muitas trevas em nosso coração.
Em alguns momentos de nossas vidas, somos generosos; mas em outros, somos avarentos e mesquinhos. Há situações em que somos bondosos, mas em outras somos maus e, muitas vezes, não nos reconhecemos. Por vezes, reconhecemo-nos altruístas, preocupados com o bem do próximo; em muitas ocasiões, entretanto, somos egoístas, porque nos preocupamos somente com nós mesmos.

Essa oposição entre luz e trevas perdura em nós, ainda que muito lutemos para vencer as trevas do egoísmo, da vaidade, da ganância, da perversidade, pois o próprio Cristo nos alertou: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15,5b). Sem acolher a luz verdadeira, que é Jesus, não somos capazes de vencer essa luta contra as trevas, que está no mundo e também dentro de cada um de nós.

O Natal, no qual comemoramos o nascimento do Menino Jesus, Filho de Deus, convida-nos a acolher esta luz que brilha nas trevas do mundo.

Como a Virgem Maria, acolhamos com humildade Jesus Cristo, para que a Sua luz ilumine as trevas da nossa mente e do nosso coração. A luz de Cristo nos ajuda a vencer as trevas do pecado e da morte em nós, para que possamos também iluminar este mundo (cf. Mt 5,14). Somente assim poderemos ajudar este universo a vencer as trevas da violência, da fome, da guerra, dos sofrimentos desta vida. Porém, essas trevas estarão sempre presentes até a segunda vinda de Jesus. Então, será enxugada toda lágrima e não haverá mais luto nem morte, nem grito ou dor, pois Cristo renovará todas as coisas (cf. Ap 21,4-5). As trevas serão definitivamente vencidas pela luz e acontecerá o Reino dos Céus.

Na alegria do Natal, do nascimento do Menino Deus e na esperança da Sua segunda vinda, acolhamos Sua luz em nossas vidas, deixemos que ela ilumine nossos pensamentos, palavras e ações, para que, iluminados por Ele, possamos ser também luz para este mundo (cf. Mt 5,14). Somente em Cristo seremos cheios do Espírito Santo, como João Batista, e anunciaremos, com ousadia, Sua volta. Nessa expectativa, peçamos à Virgem Maria a docilidade e a humildade para acolher a vontade do Pai em nossas vidas e anunciar o Senhor que vem: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20b).



03/12/2016

Por mais difícil e impossível que seja, não é o fim...




Jó Capitulo 42 Versículo 12.

“O Senhor abençoou o final da vida de Jó mais do que o início.”
Todas as vezes que o inimigo disse a alguém: "é o fim", ali, na verdade, era o começo dos melhores dias e das maiores vitórias.

O inimigo disse a José do Egito, na cisterna do deserto: "é o fim!", e Deus disse: "é o começo! José, governador do Egito te espera".

O inimigo disse para Moisés no deserto de Sim: "é o fim!", e Deus disse: "é o começo! Transformar-te-ei no libertador do meu povo".

O inimigo disse a Ester no tempo da escravidão: "é o fim!" e Deus disse: "é o começo! Transformar-te-ei na rainha dos Medos e Persas".

O inimigo disse a Sadraque, Mesaque e Abdenego na fornalha: "é o fim!" e Deus disse: "é o começo! Vocês serão grandes lideres na Babilônia!"

O inimigo disse a Daniel na cova dos leões: "é o fim!", e Deus disse: "é o começo! Sua história mudará o mundo".

O inimigo disse a Jonas, na barriga de um peixe: "é o fim!", e Deus disse: "é o começo! Nínive será salva através da tua pregação."

O inimigo disse a João, exilado na ilha de Patmos: "é o fim!, e Deus disse: "é o começo! Você escreverá a maior revelação de todos os tempos - o Apocalipse."

O inimigo disse a Jesus, morrendo na cruz: "é o fim!", e Deus disse: "é o começo! Todo o poder no céu e na terra Eu entrego em Tuas mãos."

Por isso se o inimigo disser a você que "é o fim,", comece a dar glória a Deus e Aleluia porque Deus está dizendo: "é apenas o começo!" O inimigo não tem poder de decretar o fim de nenhum filho de Deus. "O sofrimento não é o fim, mas começo para todos os que crêem."

Há sempre muito mais caminho a seguir quando não conseguimos ver continuação da estrada, e muito mais força pra levantar e começar de novo quando a gente insiste em ver o fim. Graças a Deus, algumas coisas só começam quando terminam, a nossa força, por exemplo. 

Veja o que disse Paulo: “Quando estou fraco, então sou forte (2 Coríntios 12.10). Esta afirmação parece um contrassenso. Fracos serem fortes; débeis serem vitoriosos.

Em Cristo é assim: sua fraqueza, o fim das suas forças é sim o início de alguém ainda mais forte. 


Creia nisso! O fim é apenas o começo!






























FAMÍLIA CHAPECOENSE E A DE TODOS QUE ESTAVAM NESTA TRAGÉDIA, 
NOSSAS ORAÇÕES ESTÃO CONTIGO!


O Blog está de luto por 7 dias em homenagem a estas pessoas.

24/11/2016

A arte de vencer os demônios da alma

Os demônios interiores colocam-nos diante de muitas tentações


A vida nem sempre é um oásis de paz. Há momentos em que nos vemos perdidos em um grande deserto. Nada conseguimos enxergar. Olhamos e só vemos o sol e a areia, o calor e as miragens. Não há sinais de vida que devolvam ao nosso coração a esperança de outrora. Atravessar desertos nem sempre é uma tarefa fácil, pois, nele, entramos em contato com as mais variadas tentações nascidas a partir de nossas mais diversas sedes: desânimo, falta de fé, incredulidade, revoltas interiores, desejos de vingança, poder, ganância, inveja. Podemos dizer que, no deserto, somos confrontados com os nossos demônios interiores, que ficam adormecidos em nosso coração, esperando o momento certo de acordar; quando acordam, podem provocar uma destruição enorme em nossa alma e, consequentemente, em nossa vida, tanto humana quanto espiritual.


A arte de vencer os demônios da alma
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

 

Desertos físicos e espirituais

O povo de Deus também percorreu muitos desertos físicos e espirituais. Contudo, foi a confiança na Sua misericórdia e no Seu amor que libertou o povo dessa travessia que, muitas vezes, parecia não ter fim. Esse gesto de libertação marcou, definitivamente, a vida dessas pessoas. Na liberdade, experimentaram o amor concreto de um Deus presente em meio às maiores dificuldades da travessia. Essa libertação deixou marcas profundas na história da salvação. 


Nada mais seria como antes. Outros desertos iriam surgir, mas eles agora sabiam que não estavam mais sozinhos. Em meio às dificuldades das novas travessias dos desertos que deveriam fazer, tinham plena certeza de que Deus caminhava com eles.


Nossa vida é marcada por desertos. Em meio a esses momentos, sentimo-nos, muitas vezes, sozinhos e desamparados. Parece que nunca chegaremos ao fim da travessia. Mas é na experiência do povo de Deus que encontramos fortaleza para seguir adiante. Não estamos sós, somos acompanhados pelo amor de Deus, que nos guia constantemente e nos indica o melhor caminho a ser seguido.


A experiência do deserto também atingiu, de maneira profunda, a vida de Jesus. Após ser batizado no rio Jordão, Ele foi conduzido pelo Espírito ao deserto. Quarenta dias de jejum e de provações marcaram esse tempo na vida de Cristo.




No deserto, entramos em contato com os nossos desejos mais profundos. Para sairmos dele, somos tentados a aceitar qualquer oferta que nos garanta uma libertação. Porém, muitas dessas propostas são ilusórias. Poderíamos dizer que são miragens, pois se desfazem rapidamente. Não são verdadeiras, mas se baseiam em nosso desejo de superarmos uma dificuldade de modo fácil e superficial.


Jesus foi tentado pelo demônio. Ele foi convidado a saciar sua fome, mas seu alimento era divino. Foi tentado a obter poder sobre muitos reinos terrenos, mas seu Reino era o Céu. Foi tentado a desafiar o poder de Deus, mas Ele mesmo era Deus. Cristo venceu a tentação a partir de Suas próprias certezas.

 

Os demônios interiores


No deserto da vida, somos tentados a saciar nossas sedes de muitos modos, mas a água que nos é oferecida não sacia a nossa verdadeira sede. Os demônios interiores colocam-nos diante de muitas tentações e miragens. Todas essas, porém, ilusórias. Para não se perder é preciso, antes, encontrar-se.
Em Cristo e na Sua Palavra somos convidados a nos encontrarmos com a fonte da verdadeira vida. Vencendo os demônios dos desertos da vida, faremos a experiência da libertação n’Aquele que é o nosso Libertador.



Autor: Padre Flavio Sobreiro

23/11/2016

Por que fazemos o sinal da Cruz?

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“É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso.”Proclo de Constantinopla, bispo


A primeira coisa que nossos pais católicos nos ensinam a fazer é o sinal da Cruz. É uma das mais belas marcas de nossa religião; é o ato que inicia e termina nossas orações particulares ou coletivas. É um sinal externo que “nos volta para Deus”.


Sua referência é bíblica. Uma delas está no livro de Ezequiel (9,3-4): “O Senhor disse: Percorre a cidade, atravessa Jerusalém e marca na fronte os que se lamentaram afligidos pelas abominações que nela se cometem.”


A marca é um tau (T), última letra do alfabeto hebraico, que tinha a forma de uma cruz. Os marcados são propriedade do Senhor, uma porção sagrada e intocável. Em Apocalipse 7,3 temos outra cena semelhante: “Não causeis danos à terra nem ao mar nem às árvores, até que selemos a fronte dos servos do nosso Deus.” Em ambos os textos, a marca na fronte significava a salvação e sem ele o homem não seria poupado.


Tertuliano (†220) escrevia no ano 211 d. C.: “Nós marcamos nossa fronte com o sinal da cruz. Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da Cruz” (De corona militis 3).


Fazer o sinal da cruz já era um hábito antigo quando escreveu isso.


Há muitos textos bíblicos, que louvam e exaltam a Cruz de Cristo:


Mt 10,38: “Aquele que não toma a sua cruz e me segue, não é digno de mim” (Cf.Mc 8,34; Lc 9,23; 14,27).


Mt 16,24: “Disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.


Leia também: O Sinal da Cruz


Gl 2,19: “Pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo.”


Gl 6,14: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.”


Diz ainda Santo Hipólito de Roma (†235), descrevendo as práticas dos cristãos do século II: “Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se á feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que á um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da Cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreite para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42).




São Paulo exalta a santa cruz: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que se salvam, isto é para nós, é uma força divina.” (1 Cor 1,18)

Podemos e devemos fazer o sinal da cruz sempre que vamos rezar, conversar com Deus, pedir a sua proteção. Ao passar por uma igreja, ou outro lugar sagrado, podemos fazer o sinal da cruz, com respeito, e bem feito, para pedir a Deus a sua proteção. O importante é a intenção de rezar, “voltar-se para Deus”. 


O próprio Sinal da Cruz é uma oração. Importa que seja feito com devoção, e não como superstição. Diante do Santíssimo Sacramento, pode-se fazer o sinal da cruz, mas não é obrigatório; e sim a genuflexão. Também não é necessário fazer o sinal da cruz ao receber a sagrada Comunhão, pois já o fizemos no início da celebração.


Nota: vale a pena lembrar que no dia 14 de setembro a Igreja celebra a festa da exaltação da santa cruz.


“… Até hoje a cruz é glorificada; com efeito, é a cruz que ainda hoje consagra os reis, adorna os padres,protege as virgens, dá força aos ascetas, reforça os elos dos esposos, dá ânimo às viúvas.É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso.”Proclo de Constantinopla, bispo (c. 390-446) – Sermão para o Domingo de Ramos



Autor: Prof. Felipe Aquino
Fonte: Cleofas

22/11/2016

Por que cometemos sempre os mesmos pecados?

Saiba por que temos a tendência de cometer sempre os mesmos pecados

 

O encontro pessoal com Cristo ressuscitado provoca uma transformação em nosso interior. O amor de Deus é responsável pelo nascimento de homens e mulheres novos, gerados na água e no Espírito (cf. Jo 3,3-5). Nossas aspirações passam a ser de enveredar pelo caminho da santidade, procurar o arrependimento dos pecados, para não ofender o Senhor, que revelou o quanto nos ama.

Por que cometemos sempre os mesmos pecados
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com


A esperança renasce, uma força contagia e, principalmente, um novo conceito de si, a partir da dignidade de filho de Deus, abrange nossos corações. Porém, decorrido algum tempo, pode acontecer de voltarmos a cometer alguns pecados. Mesmo com luta e vigilância, acabamos por cair, vez ou outra, nos mesmos erros. São os chamados “pecados de estimação”.

 

O que acontece conosco?


Temos a consciência e a inspiração de não pecar, então, por que nos percebemos fracos diante de certos impulsos? A primeira coisa a entender é que o Senhor criou o homem todo no bem, para o bem e pelo bem. “E viu (Deus) que tudo era muito bom” (Gn 1,31). São Tomás de Aquino diz que “o homem, ao seguir qualquer desejo natural, tende à semelhança divina, pois todo bem naturalmente desejado é uma certa semelhança com a bondade divina”. Ainda citando São Tomás de Aquino, ele diz: “O pecado é desviar-se da reta apropriação de um bem”.


O que leva o ser humano a pecar sempre será o desejo de alcançar o bem que nele foi constituído. Pecamos quando usamos esses bens – dons e talentos depositados em nós por Deus de forma incorreta. Esse anseio pelo bem nunca será extirpado, e ainda que a forma de buscar alcançá-lo seja errada “o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1865). O dom nunca morrerá, mesmo que o estejamos usando para o pecado. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).


Se todas as nossas faculdades humanas foram criadas para o bem, mas, por nossa livre iniciativa ou porque aprendemos as coisas de forma pecaminosa, nós ainda não conseguimos nos livrar de uma prática ruim, significa que estamos lidando com um traço da nossa personalidade– criada para o bem; –porém, durante a história pessoal, foi habituado na forma de pecado e não de virtude.
Aí entra satanás, o autor do pecado com suas artimanhas. A tentação será maior em uma área do que em outra, pois o demônio conhece nossas fraquezas, ou melhor, conhece nossos traços e quer acabar com o que temos de melhor.


Jesus, no deserto, foi tentado justamente em Sua mais sagrada particularidade, naquilo que só Ele é: “Se és Filho de Deus!” (Mt 4,3-6). De Jó, o demônio pediu contas de seu maior mérito: a fé (cf. Jó 1,21; 2,9-10).


Também nossa maior luta será nas maiores características do nosso ser, no que diz respeito ao núcleo íntimo de cada um. É por isso que voltamos à prática do pecado, pois foi afetado um traço da sacra individualidade do ser, está selado em nós e não há como lançar fora o que somos. Exemplo disso: uma grande habilidade de comunicar-se, em vez de ser usufruída para levar a Boa Nova pode estar sendo desenvolvida para a maledicência.


Leia mais:
:: Todo pecado confessado na Missa é perdoado?
:: Doenças espirituais causadas pelos pecados capitais
:: Que pecados nos impedem de comungar?
:: Como você reage diante do pecado do outro?


Se uma fraqueza persiste, há ali um forte traço da nossa humanidade. É um valioso dom, mas não o percebemos como riqueza, pois estamos lutando para sufocá-lo, já que está manifesto na forma de pecado. O homem que enterrou seu único talento, no fim perdeu-o, exatamente por não ter investido corretamente (cf. Mt 25, 14-30). O livro “Pecados e Virtudes Capitais”, do professor Felipe Aquino, salienta que os erros e os bens capitais têm todos uma mesma raiz, apenas que um é inverso do outro.


O que se deve fazer agora é direcionar essas forças para o bem, descobrindo em que ponto nos apropriamos, aprendemos ou canalizamos essa característica individual de forma errada e potencializá-la de maneira que venha à tona toda riqueza que o Altíssimo deu a cada um de nós.
Também é essencial não lutarmos sozinhos! Tanto para detectar em que ponto da nossa vida o dom foi se inclinando para o pecado como para bem canalizá-lo será importante a ajuda de uma outra pessoa. Busque auxílio: biológico (se for patologia ou vício), psicológico e espiritual (alguém ministeriado).


Nessa descoberta, que é permeada pela luta, acima de tudo devemos ter paciência conosco. Sendo humanos, somos limitados e sempre conviveremos com nossas misérias, porém, não podemos nos render a elas. A busca da santidade não é atingir a perfeição, mas lutar contra nossas fraquezas. Nisso o ser humano avança, torna-se humanamente melhor e mais próximo de Deus.


São Francisco de Sales ensinava: “Considerai os vossos defeitos com mais dó do que indignação, com mais humildade do que severidade, e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno”.
Caiu? Levante-se! Não se conforme com o pecado nem desanime. Você vai vencer! O Catecismo da Igreja Católica afirma, no número 943: “os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo”. Além de o Senhor dotar-nos com essa força interior, que é mais potente que nossas faltas, ainda podemos recorrer à Sua graça. “Mas Ele [Jesus] me disse: Basta-te a minha graça”.


Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, necessidades, perseguições e no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. “Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (II Cor 12,9a-10).


A graça de Deus também se manifesta em nossa pobreza. Quando nos percebemos impotentes diante de um fato, só podemos recorrer à Misericórdia Divina, que, neste mundo, manifesta-se por excelência no sacramento da confissão. Confessar-se será sempre a melhor via de libertação.




Autor: Sandro Arquejada
Fonte: Canção Nova

21/11/2016

Apresentação de Nossa Senhora no Templo

Apresentação de Nossa Senhora no Templo 

Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada


A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado proto-evangelho de Tiago, livro de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém.


Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada.

Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:


“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.


A Beata Maria do Divino Coração dedicava devoção especial à festa da Apresentação de Nossa Senhora, de modo que quis que os atos mais importantes da sua vida se realizassem neste dia.


Foi no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.


Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!



Fonte: Canção Nova

Não quero abortar, mas não tenho condições de criar um filho...

Saiba o que fazer para não abortar seu filho


Em minha vida de padre, sobretudo de professor de bioética (por isso muitas situações que envolvem aborto vieram até mim), deparei-me com vários casos de mulheres que, estando grávidas, com consciência moral cristã, por várias circunstâncias eram “forçadas” a buscar pelo aborto. Dentre os motivos apresentados para pensar nessa possibilidade, um deles é a não condição de criar um filho: “Não quero abortar, mas não tenho condições de criar um filho”.


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Foto: Copyright: selvanegra


Procuram-me aquelas mães que, diante da gravidez e da falta de condições para criar um filho, sofrem a angústia da dúvida. Um detalhe que me preocupa é que, raramente, elas vêm acompanhadas por seus parceiros ou algum parente. Trata-se de um problema real e grave, que afeta a vida de milhares de mulheres que vivem o drama entre o aborto, a consciência moral e a criação do filho. Em muitas situações, a mãe tem consciência da moralidade do ato de abortar, estão grávidas e, por isso, já vivem o dom da maternidade; porém, vivem o medo da incapacidade, seja por motivos econômicos, afetivos ou sociais para criar o filho.


Minha experiência fez-me conhecer bem os condicionamentos que levaram muitas mulheres a tomar a decisão de abortar. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por essa angústia sofrida e dolorosa.


Em uma mulher com convicções normais, seja com fé ou sem fé, a decisão de abortar é um processo complicado e doloroso. Existe uma tendência natural nas mulheres de continuar a maternidade começada com a concepção do novo indivíduo. A decisão de abortar pode gerar uma crise por diversos fatores externos e/ou internos, que conflitam o psicológico da mulher, como o peso que ela vê na criação do filho, especialmente se já tem outros filhos. Essa situação pode desembocar em um autêntico conflito interior enfrentado pela mulher com a necessidade de tomar uma decisão.


Se necessitar de conselho, o que lhe darão, em grande parte dos casos, a empurrará ao aborto, especialmente se, em seu caso, a lei civil o ampara, a medicina o garante e para a sociedade é indiferente.


O acompanhamento de mulheres nessa situação é uma arte a favor do bem e da vida. É assegurar para a mãe que o bebê é um dom de Deus, um sinal da providência, e que nunca deverá ser visto como um problema a mais na vida dela. O feto é um ser humano, igual a qualquer um de nós, e parte integral da comunidade humana, que tem dignidade. Agora, a destruição de uma vida humana não é solução para o que, basicamente, é um problema econômico e social. Consiste em ajudar essa mãe a perceber que nunca estará sozinha, a ser corajosa na decisão de não abortar.


Todas as experiências abortivas são automaticamente “estressantes” e angustiantes; e o que a mulher pensa ser a solução para um problema, no caso a situação econômica, acaba se tornando outro problema maior ainda: encarar a realidade da consciência de, um dia, ter provocado um aborto e que aquele filho poderia estar com ela na luta pela vida. O aborto de um filho nunca poderá ser olhado como solução para um problema social.


O aborto não é definitivamente uma “solução fácil” de um grave problema, mas um ato agressivo, que terá repercussões contínuas na vida da mulher; e é nesse sentido que ela é vítima da sua própria decisão. A maioria das mulheres que conheci, e que se submeteram a abortos, teriam preferido outra solução para o problema.


Muitas mulheres praticam o aborto em uma situação desesperadora de medo ou insegurança. Por mais “liberta” que a mulher esteja dos padrões morais e religiosos, por mais consciente da impossibilidade de levar a termo sua gestação, por mais indesejada que tenha sido a gravidez, abortar é uma decisão que, na grande maioria das vezes, envolve angústia e drama de consciência. Os fatos comprovam que o aborto não é uma solução para dificuldades psicossociais, pelo contrário, após o aborto persiste a crise e se acrescenta o risco de novas e mais graves consequências psíquicas.


Algumas atitudes práticas para ajudar uma mulher a não abortar e escolher a vida para o bebê é, primeiro, ter a mesma atitude de Jesus, aproximar-se sem julgar ou condenar. Acolher a mãe em sua história, angústia e conflito; demonstrar compaixão, sentir a dor daquela mãe, demonstrar confiança. Ouvir a história da mulher que pensa em abortar, porque ouvir é acolher, é respeitar e ter carinho. Procure saber como ela está, deixe a pessoa falar. Para ajudar é preciso ouvir; e foi dessa forma que Jesus agiu com os discípulos de Emaús, primeiro os escutou. Deixe a mãe contar o que está acontecendo, quais as razões que levam essa mulher a pensar em abortar. Por que ela pensa que o aborto vai solucionar o problema?


O apoio afetivo é muito importante. A mulher precisa perceber que não está sozinha. É preciso manifestar solidariedade para com ela. A mulher precisa perceber que alguém se importa com ela e está disposto em ajudá-la. Mostre que ela é forte e capaz de superar aquele momento, que ter um filho não é o fim do mundo; pelo contrário, é um dom de Deus, é uma notícia a ser celebrada com alegria. As tribulações passam, as crises se superam, mas para o aborto não existe volta, e ele pode marcar a vida da mulher para sempre. O filho que ela espera é uma vida a ser acolhida e cuidada. Nesse momento, uma amizade sincera e verdadeira é muito importante. Converse um pouco sobre o aborto, suas consequências e sequelas.


Busque exemplo nas mães que enfrentaram os dissabores da gravidez inesperada e hoje estão felizes, com paz de consciência por terem feito a opção de não abortar.


Para certas situações, não bastam somente palavras, é preciso ter propostas concretas. Busque, em sua cidade e comunidade, formas de ajudar essa mulher que pensa no aborto. Ela pode estar precisando de ajuda médica, material, psicológica e espiritual. De imediato, você pode não saber onde encontrar esses serviços, mas se prontifique a procurar e entrar em contato com ela o mais rápido possível.


O drama pessoal pelo qual passa a gestante não pode ser superado com a eliminação do mais “fraco”, “não se pode tentar resolver o que é dramático com o trágico! No dramático existe a possibilidade de uma positividade, no trágico só a destruição”. A vida deve ser acolhida como dom e compromisso. Como afirma o Papa Bento XVI, “o amor de Deus não faz diferença entre o neoconcebido, ainda no seio de sua mãe, e a criança, o jovem, o homem maduro ou o idoso. Não faz diferença, porque em cada um deles vê a marca da própria imagem e semelhança” (cf. Gn 1,26).


“Tu modelaste as entranhas do meu ser e formaste-me no seio de minha mãe. Dou-te graças por tão espantosas maravilhas; admiráveis são as tuas obras. Conhecias até o fundo da minha alma”, como reza um Salmo (Sl 139 [138], 13-14), referindo-se à intervenção direta de Deus na criação de cada novo ser humano.



Autora: Fernanda Soares Zapparoli
Fonte: Canção Nova