08/12/2017

Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Comemoramos a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.
A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.
Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant’Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Mariaconcebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.
No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: “Maria isenta do pecado original”.
A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

06/12/2017

A bênção da masculinidade

O homem realiza a sua identidade mais profunda quando vive a bênção da masculinidade

O primeiro capítulo da Bíblia é um belo poema que narra o projeto original de Deus para a criação.Cada estrofe desta canção é intercalada por um refrão, que é repetido de modo insistente: “E Deus viu que tudo era bom”.
Dia após dia, o Criador diz palavras de vida que se tornam realidade. A luz, as terras, as águas, florestas, estrelas, pássaros e peixes, animais de todo tipo são criados. Após tudo criar, Deus abençoa a criação dizendo: “Sede fecundos, encham as águas dos mares e que o pássaro prolifere sobre a terra” (Gn 1,22). A primeira bênção da Bíblia é a bênção da fecundidade. Por meio dela, a obra criada continuará seu curso. A força de vida que Deus depositou em sua obra agora tem vida própria. Cada ser vivo é chamado a colaborar com o Criador, continuando a obra da vida. “E Deus viu que tudo era bom”.
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Mas no sexto dia da criação, antes de descansar, Deus criou o ser humano. O versículo 27 [Gênesis] é bastante claro: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou; criou-os macho e fêmea”. Esta é a identidade original do ser humano. Ele realiza a sua identidade mais profunda quando vive a bênção da masculinidade e da feminilidade. Deus não criou o ser humano como anjo. Criou seres sexuados. A sexualidade é uma força de vida que torna o ser humano capaz de colaborar com Deus ao continuar a obra da criação. O versículo 28 descreve a primeira bênção que a humanidade teria recebido: “Deus os abençoou e disse: ‘Sede fecundos, encham a terra’ (…)”.

A bênção da fecundidade

Após dar a bênção da masculinidade e da feminilidade, dá a bênção da fecundidade. Deus concede esta graça à criação para que o ser humano a administre com responsabilidade. Fomos nomeados “jardineiros” da criação. E, neste momento, o refrão deste belo poema muda de modo surpreendente. Deus contempla tudo o que criou e vê que não é apenas “bom”, mas “Deus viu que era MUITO bom” (Gn 1, 31).
Tudo isso é muito sério, pois hoje vivemos um tempo de “anti-bênção”, de “anti-criação”. Vivemos no meio de uma geração “mal-criada”. Nem vou gastar muito tempo em alertar para os riscos de uma “cultura gay” que já não se contenta em exigir “seus direitos”. Essa minoria autoritária não suporta ouvir críticas e cria mil maneiras de firmar-se como padrão de comportamento. A coisa é tão séria que muitos homens precisam simular uma certa homossexualidade  para não parecer fora de moda. Precisamos defender o direito de ser do jeito que Deus nos criou. É preciso exaltar a família, a sexualidade vivida de maneira serena e sadia.
É verdade que, algumas pessoas trazem o espinho da homossexualidade, e sofrem por isso. Precisam da nossa compreensão e da nossa solidariedade. Mas isso não nos faz tímidos em anunciar que o projeto original de Deus inclui a bênção da fecundidade. É preciso louvar o Criador por isso. Peço, neste dia, por tantos casais que têm dificuldades para ter filhos e que suplicam esta bênção. Peço por tantos jovens que ensaiam para serem bons maridos. Quantas mulheres esperam encontrar esta “bênção de homem”. Uma delas me disse que isso anda meio difícil! Por que será?

Autor: Padre Joãozinho

05/12/2017

Advento um tempo para recuperar a sintonia com Deus

O tempo do Advento é o momento de unirmos o nosso coração ao coração de Deus

Os cristãos se preparam para a celebração do Natal de Jesus em um tempo chamado advento, com momentos de espiritualidade e celebrações que recuperam a sintonia dos corações com o coração de Deus. Um tempo de esperança, que pode fecundar um futuro melhor sonhado por todos, particularmente quando se avalia o peso dos muitos percalços vividos na contemporaneidade – a desolação provocada pelos esquemas de corrupção, as irresponsabilidades e o gravíssimo descaso pelo outro, que é um irmão. De modo muito especial, o advento da vinda do Messias tem propriedade para reavivar sensibilidades perdidas, o gosto pelo bem, e sedimentar a convicção da importância de todas as pessoas, sem distinções.
Isso pode parecer mera teoria diante da dificuldade para se vivenciar a beleza e a delicadeza deste tempo, pois há uma avalanche de apelos nessa época para estimular o consumismo e as festas. Convive-se com a fantástica e ilusória sensação do belo, a partir de luzes e cores com fugacidade própria – logo após esse período vem a realidade com seus desafios. A força necessária para todos vem justamente do amor e da experiência de se encontrar com Jesus Cristo. Ora, o que define a vida e as pessoas não são as circunstâncias, nem mesmo os desafios da sociedade. Acima de tudo, o que define a autenticidade da condição humana e os rumos novos da história é o amor. E o amor torna-se realidade na experiência de se buscar Jesus Cristo. Eis o sentido da celebração do Natal, oportunidade singular e inigualável para se desenhar um horizonte diferente, conferir à vida uma orientação decisiva.
advento um tempo para recuperar a sintonia com Deus (2)
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Se aproxime do Messias

A alegria que nasce do encontro com Jesus não é artificial, diferentemente das que são produzidas por mecanismos ilusórios, efêmeros. É a felicidade que nasce da experiência de aproximar-se da fonte inesgotável do amor de Deus, Pai misericordioso, que transforma, recria e salva. Sem esse encontro, não há como passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido profundo da existência, do desalento para a esperança. Não aproximar-se do Messias Salvador é perder a chance de se qualificar como ser humano e, assim, contribuir para melhorar a sociedade. Distante dessa necessária espiritualidade profunda, que deve ser experimentada na dimensão existencial – longe de misticismos ou fundamentalismos – a humanidade não avançará rumo aos avanços almejados. As estatísticas serão sempre vergonhosas, revelando que a sociedade adoece cada vez mais, convivendo com o medo e o desespero. Permanecem as dinâmicas que levam ao desrespeito, à violência e à desigualdade social.
Sem o encontro com Cristo, que promove transformações nas pessoas, a humanidade continuará regida pela economia da exclusão, pela falta do compromisso com a solidariedade e com a busca pelo bem da coletividade. A idolatria perversa do dinheiro será sempre doença incurável e o povo permanecerá carente de governantes competentes, com sólida moral. Somente com uma profunda espiritualidade, temperando todas as práticas, será possível promover reformas fundamentadas na ética.
O convite permanente, com força singular no tempo do advento, é fixar o olhar n’Ele, Cristo, o Messias Salvador. Conhecê-Lo, dialogar com Ele, deixar-se transformar por suas propostas e lições – os valores do Evangelho. Essa experiência espiritual qualifica a existência, as ações e escolhas do ser humano. Por isso, é hora de aceitar a proposta de se encontrar com Jesus Cristo – abertura ao advento de um novo tempo.

Autor: Dom Walmor Oliveira de Azevedo

04/12/2017

Advento, tempo de preparação para a vinda do Senhor

A nossa alma também está à espera, nesta expectativa pela vinda do Senhor; uma alma aberta que chama: “Vem, Senhor”

Quando falamos do mês de dezembro, vem logo à nossa mente a celebração do natal. Este mês de dezembro inteirinho, a liturgia nos prepara para a grande festa, o nascimento do Menino Jesus. As quatro semanas que antecedem o Natal, geram em nossos corações a feliz expectativa para a vinda do Senhor que irá nascer.
Foto: Gama5 / by Getty Images
Tendo em vista esta função do Advento: preparar para o Senhor Jesus que virá; vale recordar as maneiras que Cristo vem até nós.
São Bernardo define em três. “A primeira, quando Ele veio por Sua Encarnação; a segunda é cotidiana, quando Ele vem a cada um de nós, pela sua graça; e a terceira, quando virá para julgar o mundo” (São Bernardo de Claraval, Obras completas de São Bernardo, Madrid: BAC, 1953, p. 177).
Vejamos então, a partir do pensamento de São Bernardo em consonância com o Magistério da Igreja sobre as “vinda do Senhor”.

Encarnação

A primeira vinda do Senhor é a mais conhecida, por se tratar do Natal. “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação”. (prefácio do Advento I). Esta oração rezamos no tempo do Advento como forma de celebrar o mistério da encarnação. Deus totalmente Espírito, assume um corpo humano, uma alma humana. É um Deus que não quis permanecer inacessível; não restringiu-se à sua Glória celestial, mas quis passar pela experiência humana, a ponto de ser em tudo igual a nós, exceto no pecado (Hb 4, 15).
O Concílio de Nicéia acontecido no século IV esclareceu essa realidade. Jesus possui duas natureza, a humana e a divina. Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
Podemos nos perguntar, por qual razão ele se fez homem? Poderíamos nomear várias razões pelas quais Deus se fez homem e veio habitar no meio de nós, mas uma merece destaque particular, para nossa salvação.
No Credo Niceno-Constantinopolitano rezamos: “Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”.
Como vimos, essa é a principal razão: à nossa salvação. Por isso, na Solenidade de Natal somos convidados a mergulhar nossa vida neste mistério. Deus por seu imenso amor se humanizou para nos divinizar.

Cotidiano

A segunda vinda do senhor, conforme São Bernardo, é aquela que acontece no cotidiano da vida, em especial, por meio dos sacramentos.
Nos ensina o Papa Francisco: “O Senhor todos os dias visita a sua Igreja! Visita cada um de nós e, também, a nossa alma. Ela se assemelha à Igreja, a nossa alma se assemelha a Maria. Os Padres do deserto dizem que Maria, a Igreja e a nossa alma são femininas e o que se diz sobre uma, analogamente, se pode dizer da outra. A nossa alma também está à espera, nesta expectativa pela vinda do Senhor; uma alma aberta que chama: ‘Vem, Senhor’ ”.
A segunda vinda dá-se cotidianamente. Podemos dar, aqui, um destaque todo particular para três realidades: a Eucaristia, a escuta atenta da Palavra de Deus e Santa Missa.
Sobre essa segunda vinda podemos falar de um “Natal permanente”.

Vinda gloriosa

A terceira vinda do Senhor deve ser compreendida no plano escatológico, isto é, na consumação dos tempos onde Jesus virá revestido de poder e glória para julgar os vivos e os mortos. “Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda”. (CATECISMO, n. 524).
Nos recorda o prefácio do Advento que, Jesus “revestindo de Sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos, que hoje, vigilantes esperamos” (Prefácio do Advento I).
Portanto, a vigilância assume um papel importante no advento definitivo do Senhor.
É preciso estar vigilante, porque o senhor pode chegar a qualquer instante.
Em cada Santa Missa, quando respondemos a Oração Eucarística, recordamos esta realidade escatológica: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”. (Oração Eucarística IV).

Os sinais dos últimos tempos

O Papa Francisco, no dia 15 de Novembro de 2015, no Angelus disse: “Sobre quando acontecerão os sinais dos últimos tempos não devemos nos preocupar, mas sim nos prepararmos diariamente para nos encontrarmos com Jesus. O núcleo central em torno do qual gira o discurso de Jesus é Ele mesmo, o mistério da sua pessoa e da sua morte e ressurreição, e o seu retorno no fim dos tempos. A nossa meta final é o encontro com o Senhor ressuscitado”.
Em complemento a essas palavras sua Santidade, o Papa, ainda fez algumas perguntas: “Gostaria de perguntar-lhes quantos de vocês pensam nisso? Haverá um dia em que eu encontrarei o Senhor face a face. Esta é a nossa meta, esse encontro. Não esperamos um tempo ou um lugar, mas caminhamos ao encontro de uma pessoa: Jesus.”
Portanto, explicou o papa, “o problema não é ‘quando’ acontecerão esses sinais premonitórios dos últimos tempos, mas o fazer-se encontrar preparados para o encontro. E não se trata nem mesmo de saber ‘como’ se darão essas coisas, mas ‘como’ devemos comportar-nos, hoje, à espera desse encontro”.
Por fim, vale recordar que a segunda vinda, conforme São Bernardo, por meio dos sacramentos nos preparam para a terceira e definitiva vinda de Jesus.
Aqueles que vivem santamente os sacramentos estão preparados para se encontrarem com Jesus na sua vinda gloriosa.
Neste Advento, que nosso coração esteja preparado para receber Jesus que vai nascer, com a certeza que Ele já está no meio de nós por meio dos sacramentos, porém, esperançoso de sua vinda definitiva, onde virá com poder e glória para julgar os vivos e os mortos.
Juntos possamos rezar:
Maranatha, vinde Senhor Jesus!

Autor: Elenildo Pereira

03/12/2017

São Francisco Xavier, grande santo missionário

São Francisco tornou-se cofundador da Companhia de Jesus

A Igreja que na sua essência é missionária, teve no século XV e XVI um grande impulso do Espírito Santo para evangelizar a América e o Oriente. No Oriente, São Francisco Xavier destacou-se com uma santidade que o levou a ousadia de fundar várias missões, a ponto de ser conhecido como “São Paulo do Oriente”. Francisco nasceu no castelo de Xavier, na Espanha, a 7 de abril de 1506, sofreu com a guerra, onde aprendeu a nobreza e a valentia; com dezoito anos foi para Paris estudar, tornando-se doutor e professor.
Vaidoso e ambicioso, buscava a glória de si até conhecer Inácio de Loyola, com quem fez amizade; e que sempre repetia ao novo amigo: “Francisco, que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?” Com o tempo, e intercessão de Inácio, o coração de Francisco foi cedendo ao amor de Jesus, até que entrou no verdadeiro processo de conversão; o resultado se vê no fato de ter se tornado cofundador da Companhia de Jesus.
Já como Padre, e empenhado no caminho da santidade, São Francisco Xavier foi designado por Inácio a ir em missão para o Oriente. Na Índia, fez frutuoso trabalho de evangelização que abrangeu todas as classes e idades, ao avançar para o Japão, submeteu-se em aprender a língua e os seus costumes, a fim de anunciar um Cristo encarnado. Ambicionando a China para Cristo, pôs-se a caminho, mas em uma ilha frente a sua nova missão, veio a falecer por causa da forte febre e cansaço.
Esse grande santo missionário entrou no Céu com quarenta e seis anos, e percorreu grandes distâncias para anunciar o Evangelho, tanto assim que se colocássemos em uma linha suas viagens, daríamos três vezes a volta na Terra. São Francisco Xavier, com dez anos de apostolado, tornou-se merecidamente o Patrono Universal das Missões ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.
São Francisco Xavier, rogai por nós!

27/11/2017

Virgem Maria, a Senhora das Graças!

A ousada confiança da  jovem Maria

Ao aparecer à jovem Maria, o Arcanjo Gabriel, faz a seguinte saudação: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor é contigo”. (Lc 1,28). Maria é cheia de graça, é agraciada pelo dom de trazer em si a maior de todas as graças, a Divina Graça, o Filho de Deus Encarnado, Jesus.
Ao dizer o seu sim a Deus: “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38), Maria passa a ser portadora do Portador de todas as graças para a humanidade. Deus quis que assim fosse, em vista dos méritos de Cristo, ela foi pensada cheia de graça, foi preservada assim, realidade que se plenificou ainda mais na liberdade do seu sim.
Mesmo antes de surgir uma devoção, propriamente dita, poderíamos pensar o seguinte. Uma vez que, o Arcanjo Gabriel não a chamou de Maria, mas de Cheia de Graça, descrito com o termo grego κεχαριτωμένη/ kekaritomenê por São Lucas em seu Evangelho, poderíamos pensar, juntamente, com o que outros já expressaram: Cheia de Graça é o novo nome de Maria, nome que expressa a função espiritual d’Ela para a humanidade. Deus a agraciou, preferiu e a fez assim.
Reflitamos agora sobre como se deu o surgimento da devoção à Maria, com o título de Nossa Senhora das Graças.
Nossa Senhora das Graças/ Fonte: vivanossasenhora.blogspot.com

Leia mais:

A devoção à Nossa Senhora das Graças

Esta devoção surgiu na França por meio de uma noviça da Congregação das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Seu nome era Catarina Labouré.
No dia 27 de novembro de 1830, em Paris, Catarina, na Capela, teve uma visão com a Virgem que se revelou a ela com esse título: ”Nossa Senhora das Graças”.
Na aparição Catarina também contemplou uma espécie de moldura oval, em cuja frente haviam os dizeres: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Quando a moldura virou-se, atrás havia a letra M com uma Cruz na parte superior e, embaixo, as imagens do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria.
Na aparição Nossa Senhora diz que, as Graças precisam ser pedidas e manda reproduzir medalhas como o modelo visto por Catarina Labouré e diz: “As pessoas que a trouxerem, com devoção, hão de receber muitas graças”. Todos esses relatos foram feitos por Santa Catarina Labouré, que foi canonizada no dia 27 de julho de 1947 pelo Papa Pio XII.
Na França, um surto de peste incurável começou a desaparecer nas pessoas que utilizavam a medalha, um dos exemplos da eficácia do uso da Medalha em atitude de fé, como foi a ordem de Nossa Senhora. E por esse motivo ela foi apelidada de A Medalha Milagrosa.

A devoção hoje

Fé é o que se espera de toda devoção, fé em Deus, fé em Seu Filho, o Mediador por excelência e fé no Espírito Santo. A Trindade é a fonte de todas as graças. E a mais repleta de todas essas graças é Nossa Senhora, e Ela, como Mãe, é a medianeira das Graças que precisamos para amar mais a Deus.
Mas, o que obedecer e pedir à Nossa Senhora das Graças? Precisamos obedecê-la mudando nossa conduta, no empenho pela busca da conversão. Sim! Precisamos nos converter, renunciar as situações de pecado, porque esse é contrário à vontade de Deus. Precisamos obedecê-la vivendo a oração, a penitência e a reparação.
Reparar é buscar contribuir para que o mundo padeça menos as consequências do pecado, por conta do seu afastamento de Deus. Contribuir por meio de nossas orações e ajuda de Nossa Senhora. Ela nos ajude em nossa caminhada cristã.
Peçamos à Nossa Senhora das Graças o cuidado sobre nossas escolhas, sobre nossa vida com Deus e nossas necessidades. Encerro este artigo convidando você a rezar:
“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

Deus abençoe você!

Padre Edison de Oliveira
Comunidade Canção Nova

26/11/2017

Por que celebramos, na Igreja, a Festa de Cristo Rei?

Conheça e saiba sobre a simplicidade dor rei Jesus

A solenidade deste último domingo, do ano litúrgico da Igreja, nos coloca frente à realeza do rei Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambiguidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-Lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem, Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da Paixão de Jesus para contemplar Sua realeza.
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Quando Jesus foi rei?

Jesus foi Rei, durante sua vida, em apenas dois momentos: ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na Paixão, revestido com manto de ”púrpura-gozação e capacete de espinhos”; e Rei ao morrer despido, com o peito transpassado na cruz. Rei da paz e Rei do amor sem limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deuspor toda a humanidade e por toda a criação.
Essa festa é a ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o ”poder dominador”, o ”poder opressor”, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isso se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de Sua Ressurreição.

Deus é o criador

Essa festa se torna, então, reveladora de um tríplice fundamento para a nossa esperança de que as promessas de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa esperança.
Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania d’Ele vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que, a evolução da matéria atingiu seu ponto ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque n’Ele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.
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O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes nem pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser d’Ele mesmo.
O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para sermos reis e rainhas; no sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetizas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus revelada em Seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.

Os gestos de Jesus

No sacerdócio de Jesus, nos unimos à Sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A esperança posta no sacerdócio de Jesus, é também, certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia (…)”, cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos comove para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é o Senhor mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso que é ter esperança: esperar Deus mesmo!

A Festa de Cristo Rei

A festa de hoje, nos faz contemplar a existência do universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus, oferecido para toda a criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, cabeça e coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na esperança, mas sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros, que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da graça de Deus.

Autor: Padre Anderson Marçal

Será que o tempo cura?

O tempo pode, até mesmo, anestesiar um pouco a dor. Mas, os dias passam e a agonia continua

Todos conhecemos as frases: “Com o tempo passa” e “Depois de casado sara”. Até parece mesmo que esses chavões são consolos para quem está sofrendo. No entanto, o tempo não cura absolutamente nada. O tempo pode, até mesmo, anestesiar um pouco a dor. Mas, os dias passam e a agonia continua. O tempo pode jogar o sofrimento para seu subconsciente ou inconsciente, fazendo-o crer que o problema foi superado.
Na realidade, o tempo não cura. Basta um acontecimento qualquer para, de repente, fazer a dor antiga voltar à superfície. Ainda que o tempo nada possa curar, Deus pode curar com o tempo. No poder do Espírito Santo, Deus pode curar o coração ferido, pode dar vida novamente a um casamento, pode livrar o sofredor de suas penas.
Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com
É claro que, no pior momento da dor, é importante partilhá-lo com alguém de confiança. É importante também aceitar a ajuda oferecida por amigos, profissionais da saúde psíquica, moral e espiritual. Compreensão, consolo e apoio podem trazer alívio em momentos difíceis. Mas o mais importante é curar as raízes e as causas do sofrimento. E isso é possível pela cura interior, que acontece quando deixamos Deus agir em nós. Portanto, precisamos descobrir e tomar posse do infinito amor que Deus derramou e continua derramando sobre a humanidade.
Do coração de Jesus nasce o homem de coração novo, nasce a possibilidade de cura interior, porque Jesus nos leva a crer e a experienciar que o amor d’Ele é infinitamente maior que nossas misérias e pecados. Muitas vezes, as pessoas ficam protelando sua felicidade, afirmando: “Só vou ser feliz quando resolver este meu problema.” Um problema interior, não pode ser um obstáculo para vivermos bem e procurarmos com nossas limitações, servir àqueles que, de nós, necessitam.

Feridas da vida

As feridas da vida, que alteram nossa afetividade, não são os pecados, as culpas, nem as maldades espirituais. Não são coisas que dependam muito de nossa vontade. A demasiada preocupação em sanar essas feridas pode consumir, ”em nosso próprio eu”, todas aquelas energias que poderíamos empregar na ajuda aos outros, em trabalhar bem, dentre outros.
A oração de cura interior tem por objetivo curar-nos e libertar-nos, para podermos amar melhor o próximo. A cura interior nos permite expressar melhor o amor. Faz com que nossas atitudes não prejudiquem os outros, faz com que nos sintamos melhor, e assim, apoiemos outras pessoas com o amor sadio, alegre e comunicativo.
(Artigo extraído do livro – Seja feliz todos os dias – de Pe. Léo, scj)