11/02/2017

Por que é importante desterrar os traumas?


Os traumas são curados a partir de uma decisão pessoal


O grande poder de cura é a Palavra de Deus, pois quando ela entra em seu inconsciente começa a agir. Mesmo que você não sinta a cura, saiba que ela está agindo. Deus não nos violenta, Ele só age em nós quando permitimos. O Senhor trabalha no diálogo, curando cada situação que vamos pedindo a Ele, por isso há a necessidade de fazermos um roteiro. Precisamos nos conscientizar de quais áreas da nossa vida precisam ser equilibradas e necessitam que os traumas sejam trabalhados.


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com


Os traumas são grandes inimigos

Quando as coisas não estão bem na nossa vida, quando acontecem situações difíceis conosco, buscamos culpados ou desculpas. Fracassos não resolvidos são sementes de novos e maiores fracassos. Existem pessoas que trazem traumas desde o ventre materno, assim como há aqueles que são provocados por outras pessoas. O trauma é o nosso grande inimigo, e 99% das doenças provêm dessa perturbação, atingindo três áreas de nossas vidas: física, espiritual e psicológica.

Muitas vezes, semeamos traumas dentro de nós, os quais vêm à tona mais tarde. Existem sementes que germinam de um dia para o outro, mas existem algumas que precisam de anos para que isso ocorra. São Paulo, em sua carta, afirma que há também em nossa vida espiritual sementes de mágoas e traumas que caíram em nosso coração e foram enterradas; muitas vezes, o que tentamos fazer é esquecê-las.

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É preciso trazer à luz a experiência vivida que está guardada em nós, gerando vícios. Todos esses males têm como raiz um trauma que precisa ser desenterrado. Ele é como uma torneirinha pingando; enxugamos o local e logo está molhado novamente. Muitas pessoas fazem uma confissão sincera e, mesmo assim, continuam pecando, porque, na verdade, são portadoras de traumas e precisam ser curadas na raiz do problema. Por isso, peça que o Espírito Santo venha curar as áreas que você realmente precisa.

Todo processo de arrancar é doloroso, não é rápido nem automático. Nós estamos mal-acostumados com meios fáceis e rápidos, como o celular, o avião, o controle remoto e em tudo queremos rapidez. Corremos o risco de pensar que com as realidades espirituais e afetivas deve acontecer a mesma coisa.

Na verdade, os traumas só são curados a partir de uma decisão pessoal. As pessoas que não são capazes de fazer pequenas renúncias não farão as grandes.
Identificar os traumas

Primeiramente, você tem que tomar a decisão de querer tocar na ferida, consciente de que, se não desinfetar a área machucada, vai complicar ainda mais. Também é preciso identificar quais são os seus traumas. Use sua memória para retomar a situação de pecado que você viveu e no qual sempre caiu,e peça a Deus o discernimento para descobrir a raiz desse mal [pecado].

Artigo compilado de palestras do Padre Léo em novembro de 2005

10/02/2017

Matrimônio, caminho de santificação


Ser santo é um processo, e a pessoa casada experimenta de forma muito real essa santificação na sua vida

Quando se fala em santificação, precisa-se refletir sobre esse termo enquanto processo que temos de passar a vida toda para atingi-lo. Ser santo é um processo: o mais lindo, mas doloroso, processo de santificação. E isso acontece na nossa vida, no cotidiano de nossa existência.


Foto: Standret by Getty Images

A pessoa casada experimenta, de forma muito real, esse processo na sua vida, pois o matrimônio é um caminho certo para alcançar a santidade. Começa pelos primeiros anos de casados com a adaptação à outra pessoa: os conceitos dela, a forma de viver e se comportar que passa de um viver individual para um viver a dois; os seus defeitos e imperfeições, que se confrontam com os nossos; a saída da casa dos pais ou de sua própria casa. Todos os conflitos resultantes dessa adaptação são sofrimentos que levam à santificação.

Com o passar dos anos, começam outros processos, pois a pessoa muda de costumes e adquire outras manias e formas de pensar. Algumas delas se alienam, fecham-se em si mesmas, tornando-se egoístas e individualistas; outras se abrem demais e esquecem que estão casadas. Nascem os filhos e as dificuldades continuam a crescer: preocupações, doenças, noites sem dormir, perdem, muitas vezes, o foco no próprio matrimônio, ficando os filhos como barreiras para o encontro amoroso. Tudo isso é matéria-prima para a santificação dos cônjuges. O problema é quando a pessoa desiste de ser santa e resolve jogar fora a sua maior oportunidade de santificação: quem Deus colocou ao seu lado.

Vejo que os matrimônios de hoje precisam amadurecer nesta realidade: a santificação pessoal de cada pessoa: o esposo, a esposa e os filhos. Mas também isso não é desculpa para que continuem acontecendo as brigas, as discussões enormes, as agressões físicas e morais. Precisamos, sim, investir na própria concepção de pessoa: querer ser melhor para viver melhor com o outro, aprender a perdoar e a receber perdão, e acolher as dificuldades como formas de santificação que a Divina Providência nos proporciona.

Deus abençoe você.
Diácono Paulo Lourenço – Comunidade Canção Nova

09/02/2017

Deus vê o coração...


Deus vê o coração e conhece as mais profundas intenções do homem


“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos nossos olhos”. Esta frase de Antonine de Saint-Exupéry (do Pequeno Príncipe) é muito significativa, trás um ensinamento grandioso para nossa vida. Diz o profeta: “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas Deus vê o coração” (I Sm 16,7).

A tendência humana é parar naquilo que os olhos são capazes de enxergar. Como é bom saber que o olhar de Deus é diferente do nosso, Ele nos vê não somente a partir de nossa aparência, mas principalmente pelo que somos.

Michelangelo, pintor, poeta, escultor e arquiteto italiano, entre as suas obras se destacam algumas esculturas, que se tornaram conhecidas mundialmente, tais como: a Pietá, Moisés e David.

Certa vez alguém impressionado com a beleza de uma das esculturas lhe perguntou: como você, Michelangelo, é capaz de produzir tão bela escultura? Ele sorrindo respondeu: não é tão difícil como você imagina, eu não faço nada, a imagem já está na pedra, eu apenas tiro o excesso. Veja que Michelangelo ao olhar para a pedra de mármore via além da aparência da pedra, ele via a Pietá, Moisés, David que ali na pedra já estavam e que apenas precisava-se ser retirar os excessos. A partir desse exemplo podemos compreender como Deus nos vê.

Muitas vezes nos confundimos entre o que nós somos e o pecado que cometemos. Alguém que comete adultério é comum chamá-lo de adúltero; uma mulher que vive na prostituição chamá-la de prostituta; um usuário de droga chamá-lo de drogado etc. Perceba que a pessoa já não mais possui identidade, ou seja, já não é chamada pelo seu nome. O nome dessa pessoa passa a ser o do seu pecado.

Que triste perceber que as vezes este é o nosso olhar para com muitas pessoas. E em alguns momentos o olhar para nós mesmo. Em vez de olharmos para frente ficamos presos ao nosso pecado, pelo contrário, devemos lutar contra ele. Neste ano vivenciando a misericórdia, somos convidados a olhar para nós e paro o irmão, não pela aparência, mas olhar com o coração.
Somos imagem e semelhança de Deus

Na medida em que se olha com o coração, não serão os pecados a terem maior importância, mas sim aquilo que a pessoa é, sua essência. É importante compreendermos isso: Somos imagem e semelhança de Deus. Temos os nossos defeitos, mas, perceba a diferença dos dois verbos “ser” e “ter”. Os pecados nós temos, a essência é diferente, trata daquilo que somos.

Todas as vezes que chamamos uma pessoa de adultera, de prostituta ou de drogado, na verdade estamos afirmando que ele é o seu pecado. Não! Eu não sou, você não é o pecado que cometeu ou comete, somos filhos de Deus. Nossas qualidades, podem sim dizer algo daquilo que somos, enquanto que nossos defeitos descrevem simplesmente aquilo que fazemos de errado. Em outras palavras, o pecado é exatamente aquilo que nós não somos.

Retomo a frase do pequeno príncipe: só se vê bem com o coração! Nisto, quando Deus nos olha, Ele não vê nossos pecados, mas nossas virtudes, aquilo que Ele por amor sonhou, criou. Deus ama o pecador. Ao olhar para um pecador, Deus vê não os seus pecados, mas a oportunidade de transformar este pecador em um santo. Michelangelo olhava para a pedra de mármore e via dentro da pedra a imagem que ele queria esculpir. Não esqueçamos que fomos criados a imagem e semelhança de Deus.

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A pedra do adultério, da prostituição, da droga e de outros pecados, Deus olha e vê não a aparência dessa realidade, mas enxerga a imagem e semelhança do filho que ali se encontra. É um pecador, mas que pode ser santo. É preciso fazer simplesmente, como Michelangelo: tirar os excessos e deixar transparecer a imagem escondida na pedra.

Através de uma boa confissão, da participação na Santa Missa, que são meios de uma vida de comunhão com Deus, somos capazes de tirar os excessos que são os nossos pecados e voltarmos àquilo que somos de verdade, imagem e semelhança de Deus.




Autor: Elenildo Pereira

08/02/2017

Santa Josefina Bakhita - A primeira santa africana



Santa Josefina Bakhita, testemunhou com a própria vida a alegria de servir a Cristo

Santa irmã morena, como era conhecida, nasceu no Sudão, em 1869. Santa Josefina, como muitos naquele tempo, viveu a dureza da escravidão. Bakhita, que significa “afortunada”, não foi o nome dado a ela pelos pais, mas por uma das pessoas que, certa vez, a comprou.

Por intermédio de um cônsul italiano que a comprou, ela foi entregue a uma família amiga deste de Veneza. Ali, ela tornou-se amiga e também babá da filha mais nova deles que estava nascendo.

Em meio aos sofrimentos e a uma memória toda marcada pela dor e pelos medos, ela foi visitada pelo amor de Deus. Porque essa família de Veneza teve de voltar para a África, em vista de negócios, tanto a filha pequena quanto a babá foram entregues aos cuidados de irmãs religiosas de Santa Madalena de Canossa. Ali, Santa Bakhita conheceu o Evangelho; conhecendo a pessoa de Jesus, foi se apaixonando cada vez mais por Ele.

Com 21 anos, recebeu a graça do sacramento do batismo. Livremente, ela O acolheu e foi crescendo na vida de oração, experimentando o amor de Deus e se abrindo à ação do Espírito Santo.

Quando aqueles amigos voltaram para pegar Bakhita e a criança, foi o momento em que ela expressou o seu desejo de permanecer no local, porque queria ser religiosa. Passado o tempo de formação, recebeu a graça de ser acolhida como religiosa. Isso foi sinal de Deus para as irmãs e para o povo que rodeava aquela região.

Santa Josefina Bakhita, sempre com o sorriso nos lábios, foi uma mulher de trabalho. Exerceu várias atividades na congregação. Como porteira e bordadeira, ela serviu a Deus por intermédio dos irmãos. Carinhosamente, ela chamava a Deus como seu patrão, “o meu Patrão”, ela dizia.

Conhecida por muitos pela alegria e pela paz que comunicava, ela, com o passar dos anos, foi acometida por uma grave enfermidade. Sofreu por muito tempo, mas na sua devoção a Santíssima Virgem, na sua vida de oração, sacramental, de entrega total ao Senhor, ela pôde se deixar trabalhar por Deus, seu verdadeiro libertador. Ela partiu para a glória e foi canonizada pelo Papa João Paulo II no ano 2000.

Santa Bakhita, rogai por nós!

Você já fez promessa? É bom fazer promessa?


O que a Igreja sobre o hábito de fazer promessa


As pessoas me perguntam: “O que a Igreja diz sobre as promessas?”. A Igreja as aprova quando realizadas adequadamente. Os santos faziam promessas. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que “em várias circunstâncias, o cristão é convidado a fazer promessas a Deus. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Ele este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação etc. A fidelidade às promessas feitas ao Senhor é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel”” (CIC § 2101).

Há passagens bíblicas que contêm promessas. Jacó faz uma promessa a Deus: ““Se Deus for comigo, se ele me guardar durante essa viagem que empreendi e me der pão para comer e roupa para vestir, e me fizer voltar em paz casa paterna, então o Senhor será o meu Deus. Essa pedra da qual fiz uma estela será uma casa de Deus, e pagarei o dízimo de tudo o que me derdes”” (Gn 28,20-22).

Reflexões

Ana, a mãe do profeta Samuel, fez um voto: “”E fez um voto, dizendo: Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, e a navalha não passará pela sua cabeça”” (1Sm 1,11).

Alguns salmos exprimem os votos ou as promessas dos orantes de Israel (Sl 65; 66,116; Jn 2,3-9).

“Se oferecerdes ao Senhor alguma oferenda de combustão, holocausto ou sacrifício, em cumprimento de um voto especial ou como oferta espontânea” (Nm 15,3).

“Se uma mulher fizer um voto ao Senhor ou se impuser uma obrigação na casa de seu pai, durante a sua juventude, os seus votos serão válidos, sejam eles quais forem. Se o pai tiver conhecimento do voto ou da obrigação que se impôs a si mesma, será válida. Mas se o pai os desaprovar, no dia em que deles tiver conhecimento, todos os seus votos ficarão sem valor nenhum. O Senhor perdoar-lhe-á, porque seu pai se opôs” (Nm 30,4-6).

No entanto, havia a séria recomendação para que se cumprisse o voto ou a promessa feita. “Mais vale não fazer voto, que prometer e não ser fiel à promessa” (Ecl 5,4). São Paulo quis submeter-se às obrigações do voto do nazireato: “Paulo permaneceu ali (em Corinto) ainda algum tempo. Depois, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria e com ele Priscila e Áquila. Antes, porém, cortara o cabelo em Cêncris, porque terminara um voto” (cf. At 18,18).

“Disseram os judeus a Paulo: “Temos aqui quatro homens que fizeram um voto. Purificar-te com eles e encarrega-te das despesas para que possam mandar rapar a cabeça. Assim todos saberão que são falsas as notícias a teu respeito, e que te comportas como observante da Lei” (At 21,23s).
Deus sabe o que é melhor para nós

É certo que as promessas não obrigam Deus a nos dar o que Ele não quer dar, pois sabe o que é melhor para nós, mas essas podem obter do Senhor, muitas vezes, por meio da intercessão dos santos, graças de que necessitamos. Jesus mandou pedir e com insistência.

As promessas nada têm de mágico ou de mecânico, nem podem ser um “comércio” com Deus; pois não se destinam a “dobrar a vontade do Senhor. Às vezes, os fiéis prometem até coisas que não conseguem cumprir por falta de condições físicas, psíquicas ou financeiras, e ficam com medo de um castigo de Deus Pai. Pior ainda quando alguém faz uma promessa para que outro a cumpra, sem o seu consentimento. Os pais não devem fazer promessas para os filhos cumprirem.

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Ao determinar que nos daria as graças necessárias nesta vida, o Todo-poderoso quis incluir no Seu desígnio a nossa colaboração mediante a oração, o sacrifício, a caridade etc. Deus quer levar em conta as orações que Lhe fazemos. Sob essa ótica, as promessas têm valor para Deus e para nós orantes, pois alimentam em nós o fervor, estimulam nossa devoção, exercitam em nosso coração o amor a Deus; e isso é valioso. Uma promessa bem feita pode nos abrir mais à misericórdia do Senhor.
Se não conseguir cumprir a promessa?

Quando não se puder cumprir uma promessa feita a Deus, procure um sacerdote e peça-lhe que troque a matéria da promessa. Essa solução está de acordo com os textos bíblicos que preveem a possibilidade da mudança dos votos (ou promessas) por parte dos sacerdotes: ““Se aquele que fizer um voto não puder pagar a avaliação, apresentará a pessoa diante do sacerdote e este fixá-la-á; o valor será fixado pelo sacerdote de acordo com os meios de quem fizer voto”” (Lv 27, 8; cf. Lv 27,13s.18.23).

Procure prometer práticas não somente razoáveis, mas também úteis à santificação do próprio sujeito ou ao bem do próximo. Quanto aos ex-votos (cabeças, braços, pernas de cera), que se oferecem em determinados santuários, diz Dom Estevão Bettencout que “podem ter seu significado, pois contribuem para testemunhar a misericórdia de Deus derramada sobre as pessoas agraciadas, assim levarão o povo de Deus a glorificar o Senhor; mas é preciso que as pessoas agraciadas saibam por que oferecem tais objetos de cera, e não o façam por rotina ou de maneira inconsciente” (PR, Nº 262 – Ano 1982 – Pág. 202).

Entre as melhores promessas estão as três clássicas que o próprio Jesus propôs: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-18). A Santa Missa é o centro e o alimento por excelência da vida cristã. A esmola “encobre uma multidão dos pecados” (cf. 1Pd 4,8; Tg 5,20; Pr 10,12); o jejum e a mortificação purificam e libertam das paixões o ser humano. Jesus disse que certos males só podem ser eliminados pelo jejum e pela oração.

Se a prática das promessas levar o cristão ao exercício dessas boas obras, então é salutar. As promessas nada têm a ver com as “obrigações” dos cultos afro-brasileiros, mas são expressões do amor filial dos cristãos a Deus.



Autor: Prof. Felipe Aquino