31/07/2012

Onde está teu irmão?

Imagem de Destaque
O Senhor o convida a olhar para o lado
Essa interrogação é central na importante narrativa do Livro do Gênesis, capítulo cinco. Deus perguntava a Caim sobre seu irmão Abel. Caim tinha matado Abel e, ao ser interrogado, cinicamente, respondeu não saber. Essa página remete o povo de Israel a um capítulo fundamental de qualquer antropologia consistente. A narrativa tem escopo educativo que alimenta o sentido da transcendência de toda pessoa humana.

Nos tempos de hoje, essa interrogação de Deus precisa ecoar nas consciências para que sejam banidas a arbitrariedade e a violência, refletidas nas discriminações e no massacre de inocentes. Entre esses absurdos, representa um grave perigo a onda abortista, que não pode ganhar espaço e consideração lícita para que a sociedade contemporânea, por egoísmo e falta de moralidade, trate a vida como produto descartável. Com o objetivo de evitar esse caminho, é preciso redobrada atenção no acompanhamento da movimentação governamental e político-partidária para fazer contraponto às propostas de legalização do aborto, com a determinação de derrubá-las.

Outra situação preocupante, na qual cabe a pergunta central para recuperação e configuração de uma antropologia sem selvagerias - “Onde está teu irmão?”, refere-se à população de rua. É preciso sensibilidade cidadã para abominar e impedir as barbáries contra homens e mulheres que vivem nas ruas das cidades, especialmente nas regiões metropolitanas. Nesse sentido, é importante conhecer a realidade desses irmãos e irmãs mais pobres, apoiar projetos sociais sérios de investimento na integridade dessas pessoas e na constituição dos quadros próprios para a vivência de sua cidadania.

Trata-se do desenvolvimento de processos que têm lógicas e dinâmicas próprias, em contraposição a qualquer tipo de entendimento que se enquadre na lógica da “limpeza urbana”, do simples esconder para não comprometer a aparência de cidades e bairros.

Como advertência e necessidade de incluir na agenda social de todos, olhando a realidade de nossa inserção e calculando a gravidade das situações, é importante não esquecer os relatos que merecem reflexão e o posicionamento sério de cada um. São casos de homicídio ou tentativas de assassinato, como a que aconteceu em 15 de abril de 2011, com oito moradores de rua no bairro Santa Amélia, vítimas de envenenamento. Pela manhã daquele dia, oito moradores encontraram uma garrafa de pinga na praça onde dormiam e, após beberem, começaram a passar mal. Graças a Deus, não houve vítimas fatais.

Alguns meses depois, em outubro, três homens tiveram seus direitos desrespeitados ao serem levados para um suposto abrigo com a promessa de tratamento contra dependência química. No entanto, foram colocados em cárcere privado para trabalho escravo. Em julho do ano passado, um morador de rua morreu após ter o corpo queimado no bairro Ipiranga, em Belo Horizonte (MG). Um mês depois, em agosto, quatro pessoas não identificadas, em uma caminhonete preta com vidros escuros, dispararam tiros em direção a um grupo de moradores de rua. Entidades que trabalham com direitos humanos e com pessoas em situação de rua são fontes fidedignas desses e de muitos outros relatos.

Essa realidade precisa ser tratada com a consciência iluminada pelo princípio moral que reza o quinto mandamento da Lei de Deus: “Não matarás.” A vida humana é sagrada. A ninguém é lícito destruir um ser humano. O Catecismo da Igreja Católica ensina que esse quinto mandamento proíbe, indicando como gravemente contrários à lei moral, o homicídio direto e voluntário, o aborto direto, bem como a cooperação com ele; a eutanásia direta, que consiste em por fim à vida, por ato ou omissão de ação devida para com pessoas deficientes, doentes ou próximas da morte, e o suicídio.

A moralidade advinda da sacralidade da vida faz com que cada um reconheça o dever de zelar pela existência de todos. Nas grandes cidades é expressivo o número de pessoas que vivem nas ruas. Homens e mulheres que requerem cuidado especial, projetos de inclusão, participação e reinserção. Inaceitáveis são a violência e os assassinatos no tratamento dessa grave problemática social. Pelos que vivem nas ruas, por todos, ecoe nas consciências o dever de responder: "onde está teu irmão?".


Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

Fonte: Canção Nova

30/07/2012

Ler a Bíblia: prioridade diária

Imagem de Destaque
Quão doces são as Tuas Palavras ao meu paladar!

Disse Jesus Cristo: “Vós examinais as Escritura, porque julgais ter nelas a vida eterna, ora, são elas que dão testemunho de mim” (João 5,39).

Os Manuscritos do Mar Morto, descobertos no final do ano de 1947, contêm as mais antigas cópias conhecidas da Bíblia Hebraica (o Antigo Testamento). Durante décadas, os rolos foram cuidadosamente guardados e seu uso restrito, frequentemente, a um pequeno grupo de estudiosos. No esforço para preservar os antigos fragmentos e, ao mesmo tempo, ampliar o acesso a eles, a Autoridade Israelense de Antiguidades, em parceria com o Google, está disponibilizando a todos, na internet, imagens on-line em alta resolução dos rolos de dois mil anos atrás.

Essa é uma boa notícia para estudiosos e para alunos curiosos. É também um lembrete do grande tesouro que possuímos, atualmente, na própria Bíblia. Ao longo do Salmo 119, o escritor celebra a natureza eterna e a sabedoria transformadora da Palavra de Deus. “Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado vida” (v.93).

A maioria de nós teve a Bíblia durante toda a vida, mas, quanto tempo cada um investiu em lê-la e estudá-la? Com qual profundidade meditamos sobre o significado de passagens conhecidas? Pela graça do bom Deus, eu já realizei, por quatro vezes, toda leitura da Bíblia Sagrada.

“Por que não fazer da leitura da Bíblia uma prioridade diária? Peça ao Senhor para guiar, ensinar e fortalecê-lo por meio de Sua Palavra escrita. Esse maravilhoso recurso é acessível a todos e está disponível agora”, aconselha o Rev. David C. McCasland.

A verdacidade científica da Bíblia

“Quando esses escritos são reunidos, eles formam, em sua estrutura, um só livro. Não há nada, em toda a literatura, que se assemelhe a ele exatamente, ou que, sequer, chegue perto dele.” (O problema do Velho Testamento, do especialista dr. James Orr).

Lendas e mitos não mencionam lugares, datas nem nomes de personagens reais. Em contraste, a Bíblia Sagrada dá inúmeros detalhes históricos que garantem a seus leitores que suas “palavras são em tudo verdade”. – Salmo 119,160, Almeida, revista e atualizada.Um exemplo: A Bíblia conta que “Nabucodonosor, rei de Babilônia, levou [o rei judeu] Joaquim ao exílio, à Babilônia”. Mais tarde, “Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no ano em que se tornou rei, levantou a cabeça de Joaquim, rei de Judá, [libertando-o] da casa de detenção”. Além disso, “dava-se-lhe [a Joaquim] constantemente a subsistência da parte do rei, diariamente, como porção devida, todos os dias da sua vida”. – 2 Reis 24,11, 15;25,27-30.

O que os arqueológos descobriram: Nas ruínas da antiga Babilônia, os arqueólogos encontraram documentos administrativos datados do reinado de Nabucodonosor II. Eles alistam porções de alimento dadas a trabalhadores e cativos que viviam em Babilônia. As listas incluem “Yaukin [Joaquim], rei da terra de Yahud (Judá)”, e sua família. E o que dizer de Evil-Merodaque, sucessor de Nabucodonosor, será que ele existiu mesmo? Uma inscrição num vaso encontrado perto da cidade de Susa diz: “Palácio de Amil-Marduque [Evil-Merodaque], rei de Babilônia, filho de Nabucodonosor, rei de Babilônia”.

“As declarações cronológicas e geográficas são mais exatas e fidedignas do que as fornecidas por quaisquer outros documentos antigos.” (Investigação Centífica do Velho Testamento), do especialista dr. Robert D. Wilson.

Podemos ler muitos livros, mas a Palavra de Deus é o nosso “ponto inicial”, o ponto fixo de referência. O célebre pregador inglês John Wesley fez leituras generalizadas, mas sempre se referia a si mesmo como “um homem de um só livro”. Nada pode se comparar ao Livro dos livros: a Palavra de Deus. Ao permitirmos que a Bíblia seja nosso guia por toda a vida, podemos dizer com o salmista: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mal à minha boca!” (Salmos 119,103).

A Bíblia é a Palavra de Deus e contém Suas respostas aos problemas e dúvidas que são comuns a todos nós. Deste modo, se você precisa de ajuda espiritual, leia e estude a Sagrada Escritura profundamente. Você vai encontrar as maiores riquezas para sua vida, e a maior de todas é a salvação eterna.

Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja

Fonte: Canção Nova

27/07/2012

Lidando com as crises

Imagem de Destaque
Aprenda a arte de bem-viver

“A maior ciência não é descobrir novas galáxias ou novas partículas nucleares, mas a descoberta dos segredos dos corações e a sabedoria de compreendê-los”.

Como seria bom se – ao puxarmos a folha do calendário do dia anterior – fosse para o cesto de lixo todas as nossas maldades, problemas e tristezas vividos. Contudo, nada disso acontecerá se, ao iniciar um novo dia, não nascer também em nosso coração o desejo de traçar novas metas ou corrigir outras, nas quais não obtivemos bons resultados.

Apenas “mentalizar” as mudanças que desejamos, sem agir para que estas aconteçam, de nada resolverá.

Viver mudanças, certamente, exigirá de cada um de nós esforço e dedicação, pois, conhecemos nossas fraquezas, medos, inseguranças e incapacidades. Talvez, deixar as coisas como estão seja a atitude mais fácil, rápida, indolor e cômoda. No entanto, estabelecer vínculos de intimidade com os velhos hábitos – que nos aprisionam e nos fazem infelizes – não será uma atitude muito inteligente.

Muitos de nós arrastam situações que não prometem crescimento. Agindo dessa maneira, vamos colocar nossa vida na direção de mais um período de frustrações. A força de que precisamos – para assumir nossas mudanças – vem de Deus.

Podemos assumir novos posicionamentos apenas quando fazemos a retrospectiva sobre aquilo que temos vivido sob a luz d’Aquele em que todas as coisas têm consistência. Tomando posse dessa verdade – de que Deus fala conosco por meio dos acontecimentos e se manifesta, também, por meio de conselhos e experiência de pessoas que nos amam – precisamos convidá-Lo para fazer parte de nossa vida. Assim, as nossas crises e dúvidas agora passam a ser partilhadas com Ele.

Se quisermos que os nossos planos tenham consistência, que venham a perdurar por muitos anos e nos sintamos realizados neles, precisamos romper a casca, onde pensamos estar protegidos, e convidar o Senhor para participar dos nossos sonhos, orientando-nos e nos auxiliando a executá-los.

Saber "lidar com as crises” é também refletir sobre alguns pontos fundamentais para o bom convívio humano. Entre eles, destacamos a ciência de que um bom relacionamento é “uma via de mão dupla”, na qual um precisa respeitar o outro para que o entendimento aconteça.

Que Deus abençoe a nós todos na aventura do bem-viver.

Dado Moura
contato@dadomoura.com

Fonte: Canção Nova

26/07/2012

Livres para quê?

Imagem de Destaque
A crise de liberdade do homem

Embora a modernidade tenha aberto muitas possibilidades ao homem, poucos se comprometem, verdadeiramente, com um ideal que valha a pena. O homem moderno parece ter-se libertado de muitos obstáculos que entravavam a sua liberdade de fora, mas não consegue libertar-se das suas limitações internas.

Livres para quê?
Grande parte da atual confusão acerca da liberdade se deve ao fato de pensarmos que ela consiste na ausência de restrições externas, esquecendo-nos de que são mais importantes as limitações internas, procuradas ou aceitas, que impedem o desenvolvimento da nossa verdadeira personalidade. Trata-se essencialmente de possuir e de saber exercer um potencial interior que inclui – em íntima relação – o domínio de si, a posse de si e a realização pessoal.

"Tornas livre um homem – dizia James Farmer, destacado líder da campanha em favor dos direitos civis do negro americano –, mas ele ainda não é livre. Falta ainda que se liberte a si mesmo". E Nietzsche escreveu: "Julgas que és livre? Fala-me da raiz dos teus pensamentos, não de como te livraste do jugo. Achas que foste capaz de livrar-te dele? Muitos abandonaram todos os seus valores ao rechaçarem as suas servidões. Livre de quê? Que importa isso a Zarathustra? Olha-me nos olhos e responde-me: livre para quê?...”

O homem moderno quer ser livre, mas o seu problema consiste em não saber para quê deve ser livre. Como resultado, há o perigo de perder ou abandonar a sua liberdade, nem que seja pela simples razão de que é, cada vez menos, capaz de propor-se uma meta que valha a pena, para a qual possa orientar essa mesma liberdade.

Estancados na encruzilhada
Em última análise, de pouco serve a liberdade a um homem que careça de valores ou de ideais e, menos ainda, a quem tenha medo de comprometer-se. Ora, não há dúvida de que o homem moderno está inseguro dos seus ideais e nada disposto a comprometer-se com eles.

De pouco serve a liberdade àquele que carece de valores ou ideais, porque, não tendo, na sua vida, metas que valham a pena, as suas opções têm pouco ou nenhum valor real. Fundamentalmente, o seu problema é que não é capaz de respeitar as coisas que escolhe, porque escolheu coisas sem valor. Mesmo na hipótese de que haja mais liberdade no mundo de hoje, de que ela serve a um mundo que perdeu grande parte dos seus critérios de valor? É muito triste orgulhar-se de se ter, finalmente, aberto todos os caminhos, de se ter varrido todas as restrições que o entulhavam e, ao mesmo tempo, ter a crescente convicção de que são caminhos que não levam a parte alguma.

De que serve ter aberto todos os caminhos se, no fundo, há o medo de escolher um dentre eles ou, até mesmo, de fazer um pouco mais do que tímidas tentativas se, quando muito, ensaiam-se uns passos por determinado caminho, mas logo se está inclinado a desandá-lo por tédio ou por cansaço, para depois experimentar outro caminho (outro trabalho, outro homem, outra mulher...) e outro e outro?

O homem de hoje contempla com tanto receio à possibilidade de se comprometer que está em perigo de paralisar, voluntariamente, o seu poder de escolha, a sua própria liberdade. Escolher é comprometer-se. Toda escolha é um compromisso. Por isso, aqueles que têm medo de escolher ou se limitam às tentativas que abandonam rapidamente, contradizem e anulam a sua própria liberdade.

O homem moderno, como o homem de todas as épocas, está na encruzilhada de vários caminhos, mas enquanto tiver medo de se comprometer, ficará estancado na encruzilhada.

Cormac Burke
http://www.quadrante.com.br/

Fonte: Canção Nova

25/07/2012

Qual atitude Jesus espera de você?

Imagem de Destaque
O tempo é breve; estamos nos últimos dias!
Meus caros, contextualizando-nos com a Palavra do Senhor - "nestes dias, que são os últimos" (Hb 1, 2) -, podemos compreender melhor o que Jesus vem falar aos discípulos deste nosso tempo, os quais são chamados a cultivar características fundamentais que remetem ao estilo de vida e missão do próprio Mestre, Salvador e Senhor.

Como é belo percebermos, na revelação de Jesus, a verdade que liberta! Palavra que tem o poder de nos salvar de toda e qualquer ilusão e triunfalismo, joios semeados constantemente no campo deste mundo. O grande e mau semeador de todas as espécies de vícios já sabemos quem é. Se você não sabe, prossigamos com coisas mais importantes!

Voltando ao Bom Semeador, a Palavra nos releva, de diferentes formas, que Ele nos quer participantes ativos de Sua evangelização, sempre antiga e nova, e perseverantes em todas as circunstâncias, inclusive nas mais exigentes que podem se apresentar a qualquer momento do nosso dia. Isto não significa que temos a capacidade de nos proteger completamente, ou seja, nos autosalvarmos.

Pelo contrário, o Senhor nos aponta a vivência da humildade que precisa nos ajudar a nos percebermos «como ovelhas no meio de lobos» (v. 16). É assim que Ele nos envia, como seres vulneráveis e necessitados de guias, ou seja, de um Bom Pastor que também é Bom Semeador. Para esboçarmos um Mundo Novo, a Palavra também nos promete o Espírito Santo capaz de nos exercitar em qualidades que nos diferenciarão sempre daqueles destiladores ou semeadores dos venenos próprios dos espertos de um mundo feito na mentira.

O Senhor nos quer sim, experts em sermos «prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (v.17).

O Paráclito prometido por Jesus (cf. Jo 16) é como o cajado do Bom Pastor a nos auxiliar no deserto desta vida, num caminho ladeado por perigos. O cristão vive desta esperança e experiência já expressada pelo salmista: «Ele faz descansar em verdes prados, em águas tranquilas me conduz. Restaura as minhas forças, guia-me pelo caminho certo, por amor do seu nome» (Sl 23, 2-3).


Como pensarmos em tranquilidade e qualidade diante de um Evangelho tão dramático em várias partes? Jesus não nos aponta as hostilidades que acompanham e seguem os discípulos verdadeiros nos espaços religiosos, familiares e sociais? É verdade! Mas com o assemelhar-se radical a Cristo, vem a certeza da presença e salvação experimentada por aquele ou aquela que viveu o nome e por Ele sofreu: «Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo» (v.22).

Por isso não há verdadeiro discípulo sem um relacionamento crescente e crente com o Pai, pelo Filho (Mediador) e no Espírito Santo. Com Deus desejaremos, cada vez mais, as pastagens eternas da Casa do Pai, deixaremos o Bom Pastor nos conduzir numa vida de Igreja peregrina e teremos, mais e mais, a certeza de que temos a nossa disposição e em nós a Água Viva do Espírito a nos reconfortar e inspirar: «Então, naquele momento, vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não serei vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós» (v.20).

Tempos atrás, ao ouvir um bispo ameaçado de morte, ele testemunhava sobre a perseguição do pensamento de morte por assassinato, mas o quanto que o Espírito Santo não o deixava se angustiar perante esta possibilidade. Pelo contrário, dizia que, se isso acontecer, será o dia mais feliz de sua vida, pois o seu ministério Sacerdotal estará completo, pois o Bom Pastor dá a vida pelas Suas ovelhas!

Sinceramente, ao ouvi-lo, não desejei que isto acontecesse por meio de sua morte! Mas quem sou eu? No entanto, perante as exigências do Evangelho, do testemunho de muitos, ao longo da história da Igreja, e na vida do próprio Jesus, não vejo um cristão em santidade que não admita esta possibilidade. Quem não se abre a um futuro e possível dom do martírio, possivelmente, no hoje, se fechará ao desejo e ação semelhante a Cristo, Bom Pastor e Bom Semeador.

Então, como nos apresentaremos naquele dia que não tarda, como Cristo profeticamente e misteriosamente anunciou: «Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem» (v. 23). O tempo é breve, estamos nos últimos dias! É tempo de ser Igreja no mundo e para o mundo, pois o mundo novo virá!

Padre Fernando Santamaria
Missionário da Comunidade Canção Nova

Fonte: Canção Nova

24/07/2012

O que é o credo?

Imagem de Destaque
O Creio é o resumo da fé católica
Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, cujo nome é o resumo fiel da fé dos apóstolos; foi uma maneira simples e eficaz de a Igreja exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Em seus doze artigos, o 'Creio' sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como "o mais antigo Catecismo romano". É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma.

Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do 'Credo'. Santo Ireneu (140-202), na sua obra contra os hereges gnósticos, escreveu: "A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e dos seus discípulos a fé num só Deus, Pai e Onipotente, que fez o céu e a terra (...).Esta é a doutrina que a Igreja recebeu; e esta é a fé, que mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. E todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Esta fé anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. (Adv. Haer.1,9)

São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, disse: "Este símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira, de onde se recolheu o que existe de mais importante para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém, em um pequeníssimo grão, um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra, em algumas palavras, todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento (Catech. ill. 5,12)
Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja que batizou Santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do 'Símbolo dos Apóstolos', e a sua importância:

"Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé" (CIC §194)."Este símbolo é o selo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma” (CIC §197). Os seus doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com o número dos apóstolos o conjunto da fé apostólica (cf. CIC §191).


O símbolo da fé, o 'Credo', é a “identificação” do católico. Assim, ele é professado solenemente no dia do Senhor, no batismo e em outras oportunidades. Todo católico precisa conhecê-lo com profundidade.

Por causa das heresias trinitárias e cristológicas que agitaram a Igreja nos séculos II, III e IV, ela foi obrigada a realizar concílios ecumênicos (universais) para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas básicos da fé cristã foram os Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla I (381). O primeiro condenou o arianismo, de Ário, sacerdote de Alexandria que negava a divindade de Jesus; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca de Constantinopla que negava a divindade do Espírito Santo.
Desses dois importantes Concílios originou-se o 'Credo' chamado "Niceno-constantinopolitano", o qual traz os mesmos artigos da fé do 'Símbolo dos Apóstolos', porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.

Além desses dois símbolos da fé mais importantes, outros 'Credos' foram elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades ou dúvidas vividas nas Igrejas Apostólicas antigas. Um exemplo é o símbolo “Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões de fé dos Concílios de Toledo, Latrão, Lião, Trento e também de certos Pontífices como a do Papa Dâmaso e do Papa Paulo VI (1968).

O Catecismo da Igreja nos diz que: "Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar, hoje, a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela têm sido feitos" (CIC § 193).

O Papa Paulo VI achou oportuno fazer uma solene Profissão de Fé no encerramento do “Ano da Fé” de 1968. O Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis que vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.

Paulo VI falou, na época, daqueles que atentam “contra os ensinamentos da doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis”. Preocupava o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns, mesmo teólogos, para uma interpretação da revelação divina, em discordância da autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.

Sabemos que é a Verdade que nos leva à salvação (cf. CIC §851). São Paulo fala da “sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7) e afirma que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); e “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15).
Com este artigo queremos dar início a uma série de outros doze, explicando, resumidamente, cada um dos artigos do 'Credo'.


Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Fonte: Canção Nova

23/07/2012

Viva bem os momentos de descanso

Imagem de Destaque
Reflita como você tem aproveitado este tempo tão precioso
Na preparação da Jornada Mundial da Juventude, programada para o Brasil no próximo ano de 2013, realizam-se, em todo o país, eventos como a Corrida “Bote fé na vida”, que foi agendada para o domingo, dia 22 de julho. Tenho a alegria de dar a partida deste evento junto com jovens de toda a Arquidiocese de Belém, na Ilha do Mosqueiro.

Providencialmente, também Jesus, no Evangelho que a Igreja proclama, convidou seus amigos para um sadio lazer: “Os apóstolos se reuniram junto de Jesus e lhe contaram tudo o que tinham feito e ensinado. Ele lhes disse: “Vinde, a sós, para um lugar deserto, e descansai um pouco”! Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham nem tempo para comer. Foram, então, de barco, para um lugar deserto, a sós” (Cf. Mc 6,30-34).

Um dos mandamentos da Lei de Deus prescreve o descanso no dia do Senhor para prestar-Lhe culto e refazer as forças. Muitos deveriam penitenciar-se por não ter descansado bem ou não ter dedicado o dia de domingo à celebração principal da vida cristã: a Missa Dominical, quando se faz presente o mistério da Morte e Ressurreição do Senhor. Da Eucaristia Dominical podemos retirar as forças necessárias para viver bem. Domingo é, em primeiro lugar, um dia de Missa; depois, dia de família, de descanso e lazer. Sugiro que, no próximo exame de consciência, cada um de nós se pergunte a respeito de seu domingo, se descansou bem e com dignidade, inclusive para tratar melhor os outros.

Há pessoas que cultivam bem a cultura das férias regulares, hábito saudável e necessário, a ser mais valorizado entre nós, pelo que saúdo com alegria quem aproveita bem o mês de férias, desfrutando-o com a família e os amigos, repousando no corpo e na alma, para depois enfrentar as lides diárias, cada um em sua profissão e condição de vida.

O tempo de férias é ainda adequado para a prática dos esportes, para que a antiga máxima seja atualizada e o corpo e a alma sejam sadios. Desejo incentivar, especialmente, as férias vividas com a família, nas quais se refazem os laços ,muitas vezes fragmentados pela correria do dia a dia de tantas pessoas. Aliás, também o fim de semana, durante o ano, há de ser valorizado. Entre nós existem muitos almoços de família, abençoadas oportunidades de convivência e cultivo de laços de afeto e ternura.


Alguns pontos de reflexão se fazem oportunos quando se trata de férias e descanso, quem sabe para ver a outra face da moeda! A Igreja sempre considerou inadequado o cultivo do ócio e da preguiça, o viver “de papo para o ar”. São, infelizmente, comuns as situações de pessoas que vivem à toa, ocupadas em não fazer nada.

Frequentes são os casos de gente “encostada”, desfrutando o dinheiro suado de aposentados, homens e mulheres que continuam sustentando, à custa de suor e lágrimas, parentes e agregados em muitas famílias. Se heroica é a disposição de tais anciãos e anciãs, não deixa de escandalizar o modo de viver de quem se aproveita de sua generosidade. O descanso há de ser fruto do trabalho e deve encaminhar para ele, a fim de que o homem e a mulher cheguem à grande dignidade que é viver do suor do seu rosto.


O tempo de descanso seja ocupado com atividades dignas da pessoa humana e de sua vida cristã. O uso descontrolado de bebidas, a terrível praga das drogas e a total perda do sentido verdadeiro do corpo e da sexualidade, levando a ignorar todo o sentido de limites e da adequada moralidade tem incomodado a muitas pessoas. Espalha-se uma verdadeira camisa de força, na qual o argumento da sociedade laica chega a extremos inaceitáveis, fazendo com que os que desejam viver a dignidade humana e de filhos de Deus sejam reprimidos, inclusive em suas práticas sadias.

Mais ainda, nem podem manifestar suas convicções em público, pois o que deveria ser chamado “direito ao pecado” se sobrepõe a valores que, considerados conservadores, são o retrato do plano de Deus, que quer vida, dignidade, respeito, plena realização para todos os homens e mulheres, chamados a se expressarem na graça de Deus e não na iniquidade.

Tenho ouvido jovens que começam, graças a Deus, a se cansarem da libertinagem a que são estimulados e à qual, muitas vezes, se entregam. Não pode se manter uma sociedade que perde as rédeas dos impulsos e instintos, como a história nos mostra em reinos e impérios que se corroeram por dentro a partir de orgias e bacanais.


Desejo que o tempo do lazer e do descanso seja efetivamente sadio e possibilite a volta a casa de família, à escola, ao trabalho e à Igreja de “cara limpa”. Não descansa adequadamente quem recomeça seus trabalhos com peso de consciência, mas quem pode transbordar a verdadeira alegria de filhos de Deus, pela fidelidade que a Ele pedimos com a Igreja: “Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos” (Oração do Dia do XVI Domingo Comum).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Fonte: Canção Nova

20/07/2012

Um coração cheio de Deus

Imagem de Destaque
A conversão autêntica é inseparável da alegria

“Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e uma doçura que inebriam e uma luz maravilhosa que o envolve”. (Santo Cura d’Ars (1))

São Pedro Apóstolo, de forma magistral, nos aconselha: “Santificai Cristo em vossos corações” (1Pd 3,15). Sim, quando nosso coração está santificado e pronto para entronizar Cristo como Senhor (1Pd 3,15), a nossa vida está totalmente pronta para viver a alegria de Jesus (Lc 6,45).

Em nosso coração não há espaço para outra coisa senão para o amor de Jesus (Jo 14,21) que nos é derramado pelo Espírito Santo (Rm 5,5).

Desse modo, temos um novo coração (Ez 36,26) cheio de uma alegria que ninguém pode tirar de nós (Jo 16,22).

Alguém da sua casa, do seu círculo de amizades, do seu trabalho, ou da sua escola já perguntou o motivo da esperança e da alegria que você tem demonstrado (1Pd 3,15)?

Você acha estranha esta pergunta? Saiba que a nossa vida em Cristo e o nosso amor por Ele não conseguem ser mantidos apenas dentro do nosso coração santificado, pois eles se avolumam e extravasam pelo nosso corpo todo. Essa alegria transbordante flui por meio de nós (cf. Jo 7,38; 4,14) e vai contagiar esse mundo triste, ressequido e carente das águas vivificantes do Espírito Santo (cf. S1 63,2).

Amados irmãos e irmãs, vamos santificar Jesus em nossos corações (cf. 1Pd 3,15). Vamos dar testemunho, com nossas palavras e com nossas ações, da alegria que há em nossos corações (Lc 6,45). Vamos motivar as pessoas a buscar Jesus e encontrar a Sua alegria (Fm 20).

“Para São João Bosco, a conversão autêntica é inseparável da alegria; nem pode ser diferente, pois consiste em acolher Jesus e o Seu Santo Evangelho de que Deus é o nosso Pai e nos ama para sempre”.

Fonte: Canção Nova - Formação

19/07/2012

Escravos do pecado

Imagem de Destaque
Pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos mostra toda a gravidade do pecado: “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (§ 1488).São palavras fortíssimas, pois mostram que não há nada pior do que o pecado.

Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade: “O pecado está presente na história dos homens: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes” (CIC, §386).

Deus disse a Santa Catarina de Sena, em 'O Diálogo':”O pecado priva o homem de Mim, Sumo Bem, ao tirar-lhe a graça”. São Paulo, numa frase lapidar, explica toda a hediondez do pecado e razão de todos os sofrimentos deste mundo: “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23).

Tudo o que há de mal na história do homem e do mundo é consequência do pecado que começou com Adão. “Por meio de um só homem, o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5,12).

O Catecismo ensina que: “A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do homem a ser vencido” (1Cor 15, 26).

Santo Agostinho dizia que: "É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo”, e acrescentava: “O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que decide cometê-lo.” Sintetizava tudo dizendo que “pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada”. Ele dizia de si mesmo nas confissões: “Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro.”

Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado. “Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor”. (Rom 5,21)

O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado, mas Jesus vem exatamente para quebrá-la. São João deixa bem claro na sua carta: “Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3,5).

“Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3,8).

Essa “obra do diabo” é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus e nos rouba a vida bem-aventurada.Com a Sua Morte e Ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, por Sua graça, podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo nos ensina na Carta aos Colossenses: “Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Col 3,1).

Aos romanos ele garante: “Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte” (Rom 8,1).

Aos gálatas o apóstolo diz: “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gal 5,1).

A vitória contra o pecado custou a vida do Cordeiro de Deus. São João Batista, o precursor, aquele que foi encarregado por Deus para apresentar ao mundo o Seu Filho, podia fazê-lo de muitas formas: “Ele é o Filho de Deus”, ou, “Ele é o esperado das nações”, como diziam; ou ainda: “Ele é o Santo de Israel”, ou quem sabe: “Eis aqui o mais belo dos filhos dos homens”, etc.; mas, em vez de usar essas expressões que designavam o Messias que haveria de vir, João preferiu dizer: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

Aqueles que querem dar outro sentido à vida de Jesus, que não o d'Aquele que “tira o pecado do mundo”, esvaziam a Sua Pessoa, a Sua missão e a missão da Igreja. A partir daí, a fé é esvaziada e toda a “sã doutrina” (1Tm4,6) é pervertida. Eis o perigo da “teologia da libertação”, que exigiu a intervenção direta da Santa Sé e do próprio Papa João Paulo II, pois, na sua essência, esta “teologia” substitui o Cristo Redentor do pecado por um Cristo apenas libertador dos males sociais e terrenos, reinterpreta o Evangelho e o Cristianismo dentro de uma exegese e de uma hermenêutica que não é aceita pelo Magistério da Igreja.

Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem do pecado, a missão da Igreja, que é o Seu Corpo místico, a Sua continuação na história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à santificação. Fora disso, a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor. "Jesus" quer dizer, em hebraico, “Deus salva”. Salva dos pecados e da morte.

Na anunciação, o anjo disse a Maria: "… lhe porás o nome de Jesus" (Lc 1,31).

A José, o mesmo anjo disse: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2, 7),

Ele enviou o Seu Filho para salvar o Seu povo dos pecados. “Foi Ele quem nos amou e nos enviou Seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10).

“Este apareceu para tirar os pecados “ (1Jo 3,5).

Isto mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, “tirar o pecado do mundo”, e Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para isto. Agora, Vivo e Ressuscitado, Vencedor do pecado e da morte, pelo ministério da Igreja, dá o perdão a todos os homens. Jesus disse aos apóstolos na Última Ceia:

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15).

Guardar os mandamentos é a prova do amor por Jesus. Quem obedece aos Seus mandamentos, foge do pecado.O grande São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, ensina, em seus escritos, que há três formas de amar a Deus: a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda, é como escravo que obedece, por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o amor filial, daquele que obedece, porque, de fato, ama o Pai. É assim que devemos amar o Senhor; e, a melhor forma de amá-Lo é repudiando todo mal.

Os Dez Mandamentos são a salvaguarda contra o pecado. Por isso, o primeiro compromisso de quem almeja a santidade deve ser o compromisso de viver, na íntegra, os mandamentos. Diante da gravidade do pecado, o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos:

“Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4).

Nesta luta, justifica-se chegar até ao sangue, se for preciso, como Jesus o fez.

Fonte: Canção Nova - Formação

18/07/2012

Você é teimoso ou persistente?

Imagem de Destaque

É fácil identificar a diferença entre os dois
O teimoso é fechado às opiniões alheias, é rebelde e intransigente, faz tudo contrário ao que lhe é pedido. Por vezes, chega a ser avesso, simplesmente pelo prazer de contrariar. A Palavra de Deus nos apresenta os fariseus e escribas no tempo de Jesus como exemplo de teimosia.

Já o persistente tem a mente aberta às visões diferentes, por isso mesmo tem mais propriedade e sensibilidade para crer em sua intuição. Ele acata ordens, age com humildade e, quando não prevalece sua "certeza", confia que as coisas se resolverão no tempo de Deus, e não segundo sua urgência. A tenacidade que ele manifesta não é sinal de obediência cega e irracional, mas fruto da esperança evangélica, pois, ele acredita que a verdade prevalecerá.

Realmente não é fácil nos dobrarmos a um direcionamento que, a princípio, nos parece absurdo e infundado, como aquelas ordens que recebemos e sabemos que não tratam da verdade, mas sim da vontade, do bel-prazer de quem detém o poder.

A teimosia leva à incoerência e ao descrédito; já a persistência gera constância e solidez nos propósitos que trazemos no coração. Se você tem razão, se o que faz é, verdadeiramente, de qualidade, não se preocupe, porque, em algum momento, você será justificado, pois tudo provém de Deus e “Deus é verdade”.

São Francisco de Assis é um grande exemplo de persistência. Em atenção à Palavra do Senhor, ele corrigiu os erros de muitos religiosos de sua época, não por força de argumentos ou de acusações, mas por seus atos coerentes, por meio de uma fidelidade inabalavél a Deus e à Igreja. Sua convicção do que deveria ser mudado foi combustível, primeiramente, de seu próprio carisma de vida: “viver a radicalidade da pobreza”. Assim, por meio de seu testemunho, demonstrou que as igrejas deveriam, urgentemente, rever muitos de seus conceitos aplicados naquele tempo.

Entretanto, diante das dificuldades e dos julgamentos, São Francisco podeira ter virado as costas para a Igreja Católica e fundar sua própria, como fizeram tantas pessoas ao longo dos séculos. Porém, preferiu se manter obediente, pois, se assim procedesse, estaria acatando o pedido do Senhor: “Francisco, reconstrua a minha Igreja”.

“A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”, afirmava o saudoso beato Papa João Paulo II. Desta forma, para vivermos a vontade de Deus devemos ter persistência, "esperança", principalmente nos relacionamentos, no trabalho, na escola... Enfim, em todos os momentos de nossa vida.

Possamos assim, mesmo diante das injustiças ou simplesmente do não reconhecimento dos dons que trazemos, sermos fiéis àquilo que Deus nos pede ou confia a nós.

Acredite que a intuição e o talento que lhe são dados pelo Senhor terão mérito um dia. Mas para isso é preciso ser persistente, mas não teimoso!

São Francisco de Assis, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova - Formação

17/07/2012

Esperar em Deus não é loucura

Em todas as etapas da vida somos confrontados a falar de nossas conquistas, sejam elas materiais, pessoais e/ou intelectuais. O mundo nos cobra uma postura e posição de destaque em meio a tudo. Mas quando essas expectativas são frustradas por parte de quem as faz, há um julgamento cruel. Somos rotulados de inutilidade, excluídos do “grande grupo”.


Somos diferentes. Os filhos de Deus nasceram para dar certo, mas que certo é esse?

Geralmente, a escala usada como medida hoje é aquela que a sociedade nos impôs como sinônimo de realização. É bem sucedido aquele que tem mais dinheiro, fama, popularidade, bens materiais, ou seja, os que vivem os “prazeres da vida”. A cada dia surgem novos indicadores de “sucesso”. A corrida desenfreada para conseguir tudo isso em curto prazo não resulta no objetivo que antes era primordial: a felicidade.


Vivemos nos projetando para os outros em palavras de autopromoção, acreditando em uma verdade que, muitas vezes, não é a nossa, que não nos faz bem. O pensamento imediatista faz da vida um anseio constante para o que nos é ofertado diariamente, uma busca sem fim por “coisas” que nunca nos contentam.

Prazer imediato = “felicidade” passageira.

É natural haver crescimento e prosperidade em meio a tudo o que fazemos quando colocamos Deus no centro de nossa vida, porque nossos projetos não são nossos, mas é o plano do próprio Deus para nós. O “dar certo”, sob uma visão cristã, é bem diferente da visão deturpada da sociedade.

Muitas vezes, nós cristãos temos de esperar em Deus para receber a resposta ou a bênção que tanto pedimos, pois Ele prepara o caminho para a que a graça chegue no momento certo. Quando somos agraciados, sabemos reconhecer a obra do Senhor e a desfrutamos em sua plenitude.

Esperar em Deus não é loucura, mas agir na certeza de que acontecerá o melhor no tempo certo. Contudo, hoje muita gente prefere correr para o mundo do que esperar em Deus.

“Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.”
(cf. Romanos 8, 28.)

Sabe aquele vazio que não preenchemos com dinheiro, coisas nem pessoas? Pois é, Deus preenche! Essa cobrança desleal dos padrões de ostentação atual nos inferioriza e coloca nossa vida em segundo, terceiro…último plano.

Deus está em que colocação em nossos anseios? Não coisifiquemos nossa vida nem a do outro, pois somos filhos de Deus, capacitados, dotados de inteligência, dons e carismas com um potencial imenso para fazer a diferença no ambiente que estamos inseridos. Não somos iguais, temos natureza divina.

Deus, mesmo sabendo o caminho que nos faria feliz, deu liberdade para nossas escolhas. Não deixe que alguém roube isso de você. Tenha certeza de que o Senhor suprirá suas necessidades, pois nem tudo que pedimos é o que precisamos. Ele certamente vê e chega exatamente onde nos falta.

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimos” (Mateus 6, 33).

Muitos procuram a chave para felicidade em lugares errados, e, às vezes, tem-se a ilusão de tê-la encontrado. No entanto, logo damos conta de que algo ainda nos falta, e a procura continua. A felicidade é algo complexo, abrange uma plenitude que contempla todas as particularidades do nosso ser. Eis que há uma chave-mestra, responsável por unir todos os segredos e combinações em uma única solução: Deus. Eis o caminho:

“Ser aquilo que Deus quer”! Ele sempre quer o melhor para nós e sabe, ao certo, a glória que está guardada para Seus filhos. “Pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3,3).

Tenhamos a certeza de que nossa vida está em Deus, e o melhor: na vida eterna!

Fonte: DESTRAVE

16/07/2012

Oração e trabalho

Neste mês de julho, a Igreja celebrou no dia 11, a memória de São Bento. Ele nasceu em Núrsia, no ano 480, e faleceu em 547. Foi enviado por sua família para estudar em Roma e, diante de tanta decadência moral e espiritual da sociedade e do Império, o jovem Bento não se deixou conformar com a perversidade daqueles tempos, mas escolheu fazer a diferença nadando contra a correnteza.

A vida de São Bento foi profundamente marcada pela radicalidade, profundíssima espiritualidade, prodígios extraordinários e destemida batalha espiritual.

Depois de três anos vividos em uma afastada gruta, ele desperta o interesse de vários seguidores, os quais foram orientados com uma austera regra de vida inspirada em São Pacômio e São Basílio, o que mais tarde daria a São Bento o título de pai do monaquismo.

"O nosso trabalho não pode ser desculpa para não estarmos rezando", adverte monsenhor Jonas


A Regra Beneditina forma os monges e cristãos por meio do seguimento dos ensinamentos de Jesus e da prática dos mandamentos e conselhos evangélicos, principalmente com a máxima “Ora et labora” (Oração e trabalho). São Bento aproximou a oração e o trabalho sem que um roubasse o tempo e a qualidade do outro.

Para nós que vivemos atualmente nesses tempos de imensa agitação, no qual se trabalha muito e quase não sobra tempo para a oração, esse princípio da 'Oração e Trabalho' se torna um manual de sobrevivência para nós cristãos.

O nosso trabalho não pode ser desculpa para não estarmos rezando, assim como nossa vida de oração não pode ser um obstáculo para a nossa vida profissional. É completamente possível que nós, trabalhando tanto, também possamos conciliar nossa vida de oração, para não rezarmos menos do que trabalhamos.

Muitos, hoje, acabam vivendo essas duas realidades de modo desigual, exagerando em uma e faltando na outra. Porém, aprendamos com São Bento que é possível conciliar oração e trabalho. Assim como uma moeda tem sempre dois lados (cara e coroa), nossa vida deve estar marcada por essas duas realidades: oração e trabalho.

Falo, aqui, desde os trabalhos no lar até a vida profissional na sociedade, da oração pessoal até a sua ativa participação na sua paróquia. Assim como não existe moeda que só tenha um lado, não podemos ser cristãos que ou só rezam ou só trabalham. Podemos, dentro de nossas realidades, desde as mais simples até as mais exigentes, conciliar as duas atividades.

Assim, juntos, peçamos a intercessão deste santo para que nos eduque nessa realidade de Oração e Trabalho. Juntos, temos muito que rezar e trabalhar pela Evangelização. Agradeço a sua fidelidade e o incentivo a perseverar! A toda Família Canção Nova, deixo aqui, como dica de oração, para você, neste mês, a poderosa oração da medalha de São Bento:

A cruz sagrada seja a minha luz
Não seja o dragão o meu guia
Retira-te satanás,
nunca me aconselhes coisas vãs
É mal o que tu ofereces
Bebe tu mesmo os teus venenos.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

13/07/2012

Bateu aquela tristeza?

Imagem de Destaque
Não se perca em seus sentimentos
As expressões "estou triste" ou "estou deprimido" parecem tão comuns em nossos dias, mas pouco paramos para pensar no que nos leva a esses “estados de tristeza”. Mais ainda: algumas pessoas pensam tanto nela, que alimentam, eternamente, um sentimento que, usualmente, representaria e expressaria apenas uma fase passageira de sua vida.

Situações difíceis e estressantes exigem de nós uma capacidade de adaptação que nos permite voltar a alcançar um estado emocional normal. Pensar naquilo que é positivoé uma forma de superar os momentos de tristeza sem negá-los, mas, também, sem valorizar fortemente tal situação. Buscar atividades sociais, esportivas e de lazer também são formas externas de lidar com este sentimento.

Estar triste e sentir tristeza são condições psicológicas que fazem parte da vida humana, e não há por que temer vivenciar tal estado. Sentir dor pela perda, viver o luto, terminar um namoro, ter frustrações nas amizades e experimentar que a vida não é feita só de alegrias é o conjunto dinâmico e equilibrado da vida. Porém, muitas vezes, desenvolvemos respostas emocionais negativas e, a partir delas, tudo se torna uma tristeza constante; ou mesmo criamos nossos filhos deixando-os “protegidos” de qualquer ameaça.

Depressão é muito mais do que uma tristeza, mas esta, se for cultivada e excessivamente valorizada, pode se tornar uma doença. Ficar triste faz parte da vida, não precisa de tratamento e nos permite experimentar o lado bom e o ruim da vida. Muitas pessoas evitam, a todo custo, o sofrimento ou mesmo evitam que as pessoas ao seu redor sofram. Com isto, apenas alimentam uma vida de conto de fadas. O tempo da tristeza é relativo e está bastante relacionado ao tipo de situação que vivemos.

Por outro lado, pense no seguinte: nosso tempo nos coloca um ritmo para que vivamos os processos da vida sem dor, sem sofrimento e com muita rapidez. Não admitir a amargura é um mecanismo de defesa, algo que nos protege, que faz com que evitemos as situações.

O que a tristeza tem para nos ensinar? Nem toda melancolia é depressão, nem tudo é curado com remédios. Encarar as situações negativas com serenidade, observando os fatos e as consequências é muito importante. Quando admitimos que somos parte de um problema, podemos rever nossas atitudes e crescer. Ao fazer o papel de vítima – que pode ser mais confortável e bastante cômodo – não assumimos nossas culpas e “terceirizamos” nossos os problemas. Sempre haverá um culpado, uma situação difícil ou coisa assim.

Mas vale lembrar também o quanto algumas pessoas têm uma visão extremamente negativa de si, sem perceber nada de positivo no que fazem, olhando o mundo por um olhar altamente crítico, negativo; apenas valorizando as desolações.


A satisfação é feita de frustrações, de perdas e dores. Evitar o sofrimento é como “negar” uma parte importante da vida e experimentar apenas o imediato, a necessidade urgente de estar melhor, as alegrias de um mundo que cultiva o imediatismo e o prazer de uma vida fácil. Nesta reflexão, faço a você um novo convite: que possamos dar um significado às tristezas da vida sem fugir delas, mas saindo fortalecidos desta batalha, superando as dificuldades do momento, valorizando as experiências e retomando o ciclo normal de nossas vidas.

Não há solução fácil, mágica ou imediata, mas é algo possível a partir da nossa iniciativa e nosso empenho, com uma forma diferente de encarar a vida.

Fonte: Canção Nova - Formação

06/07/2012

Os transtornos da beleza: vale a pena?

Uma jovem francesa seguiu a carreira de modelo desde seus 12 anos, mas foi aos 25 que ficou famosa. A fama não veio tanto por sua profissão, mas por se deixar fotografar, em 2005, pesando apenas 25kg nos seus 1,65 metro de altura. Estamos falando da modelo Isabelle Caro, que morreu em novembro de 2010, vítima de anorexia nervosa, uma doença que altera a percepção da figura corporal. Isso ocorre quando a pessoa está com a forma corporal esquelética, mas, mesmo assim, se enxerga acima do peso (gorda).

Casos como o de Isabelle não são fatos isolados, sobretudo entre mulheres adolescentes, quando a atenção e a preocupação com alguma parte do corpo é comum nesta etapa do desenvolvimento humano.

A modelo Isabelle Caro foi símbolo da luta contra a anorexia

Especialistas da área de saúde mental se preocupam com um fator social que desencadeia a doença, sobretudo, entre jovens. São os chamados padrões de beleza corporal da modernidade; para ser mais claro, as chamadas “mulheres cabides” que aparecem na mídia com todo glamour, fama e dinheiro, ou seja, a carreira tão desejada pelas jovens quanto o futebol pelos rapazes.

Com resultado disso, a anorexia é apenas uma das muitas enfermidades que surgem dentro da busca por um corpo “perfeito” e “rentável”. Hoje, com a cultura do corpo ideal aparecem novas doenças, frutos desta sociedade moderna e seu estilo de vida.

“Nós temos aí a bulimia e a anorexia que são mais conhecidas pelos casos que vemos na mídia, mas já começam a surgir novas doenças como a ortorexia, que é uma busca incontrolável por comida saudável. A pessoa come algo e fica sempre preocupada em quantas calorias consumiu, quantas calorias tem isso ou aquilo”, revela o psicólogo Élisson Santos.

Segundo o psicólogo, os padrões de beleza da modernidade vão fazendo com que muitos jovens desenvolvam certos tipos de patologia em busca de um físico perfeito. “Nós temos o caso de outra doença que é a vigorexia, a busca compulsiva por exercícios físicos. Muitos jovens estão chegando ao consultório médico com este tipo de doença”, afirma Santos.

vigorexia e ortorexia

Vigorexia: cumpulsão por exercícios físicos.

Ortorexia: obsessão em comer comidas 'saudáveis'

Os transtornos alimentares têm sua origem geralmente na fase púbere e juvenil (adolescência), pois os jovens enfrentam, nesta etapa, as mudanças corporais e alterações psíquicas. Além disso, o adolescente se preocupa de forma particular com a sua imagem estética, porque está exposto num certo grupo e tem necessidade de aceitação. A maioria dos casos de bulimia e anorexia, segundo pesquisas, tem início nessa fase (dos 13 aos 25 anos).

Com o apelo midiático de um corpo supermagro ou escultural é preciso ficar atento quando parentes, amigos e familiares começam a tender para o exagero, a fim de atender este estímulo da ditadura da beleza. Os “transtornos” alimentares são patologias psíquicas e merecem ser tratados com especialistas da área (psiquiatras e psicólogos). É importante salientar que, como toda enfermidade, a pessoa precisa ser acolhida, compreendida e amada, nunca julgada e condenada.

ONEIOMANIA - compulsão por comprar

ONEIOMANIA - compulsão por comprar

Um outro transtorno que vai ao extremo no cuidado com o corpo é a vigorexia. Apesar de não ser considerada um transtorno alimentício, a vigorexia está relacionada com alguns sintomas da anorexia como baixa autoestima, dificuldade de se integrar à sociedade e de aceitar a própria imagem corporal. Esse transtorno começa a ser mais comum entre os homens que, em nome de um corpo escultural, se submetem à compulsão por musculação e outras atividades do chamado “Body (corpo) Designer”.

Outro transtorno decorrente da ditadura da beleza é o consumismo compulsivo (ONEIOMANIA). A pessoa precisa comprar, comprar e comprar para ficar feliz. Especialistas comparam o prazer que a pessoa sente ao adquirir um bem com o de pessoas viciadas em álcool, nicotina e até mesmo cocaína. A pessoa que sofre desse tipo de compulsão apresenta quadros de ansiedade, depressão, frustração, além de arruinar o orçamento familiar. Estima-se que de 2 a 8% da população mundial sofra deste mal, tudo pelo estímulo exagerado da cultura do material e em nome da beleza.

Mas quando detectar estes exageros?

“A pessoa sabe que não está bem, mas precisa atender aos apelos da mídia. Geralmente, ela se isola do convívio social, deixa os relacionamentos de lado, torna-se uma pessoa intolerante com os outros e gasta mais dinheiro com a beleza do que com a vida social”, declara o psicólogo.

os sintomas da anorexia e bulimia

Fonte: Destrave

05/07/2012

A verdadeira amizade tem valor de eternidade

O Salmo 132,1 diz assim: “Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos”.

Com certeza, todos nós podemos contar lindos momentos de partilha, de festa, de alegria, de convivência com os irmãos, não apenas com os biológicos, mas com todas as pessoas que Deus põe no nosso caminho ao longo da vida e que se tornam grandes amigos e companheiros.

São momentos inesquecíveis com sabor e valor de eternidade, mas sabemos que há também os desencontros causados por nossa humanidade fragilizada. No entanto, com a graça de Deus, temos um excelente remédio para que nada nos impeça de viver o amor aos nossos irmãos.

Jesus nos ensina hoje: “Quando tu estiveres levando tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmãos” (Mt 5,23-24). Talvez, num momento de alegria e confraternização, alguém tenha nos magoado sem querer, ou nós tenhamos magoado alguém e nos afastado dele a ponto de nos tornarmos inimigos.

Hoje, é dia de darmos um passo em direção a estas pessoas e retomar a amizade delas. A vida é breve, e não podemos deixar o tempo passar, porque, no fim, seremos julgados pelo amor.

Senhor, dê-nos, hoje, a graça de começar tudo de novo.

Jesus, eu confio em Vós!

Luzia Santiago Comunidade Canção Nova

Fonte: Canção Nova

04/07/2012

Eutanásia: qual é a hora de morrer?


Padre Anísio Baldessin, atual capelão do Hospital das Clínicas em São Paulo,
nesta reportagem especial sobre assuntos relacionados à bioética, o tema em questão é a eutanásia. Se por um lado defende-se essa prática por ela abreviar o sofrimento de um doente em estado terminal, por outro os contrários a ela argumentam que, com doença ou não, trata-se de uma vida que não pode ser tirada.

As primeiras discussões sobre eutanásia surgiram com os ingleses por volta de 1900. O atual capelão do Hospital das Clínicas em São Paulo, padre Anísio Baldessin, explicou que, nesta época, avaliava-se mais a questão do custo-benefício em manter um doente. Já na sociedade atual, a prática assume outra conotação.

“A conotação que a eutanásia assume hoje é de solucionar um problema, porém seria solucionar o problema de quem: da pessoa ou da sociedade?”, disse. O padre comentou ainda a diferença entre eutanásia, distanásia, ortotanásia e suicídio assistido, além de deixar um conselho para as famílias de doentes em estado terminal. Veja abaixo a íntegra da entrevista:

noticias.cancaonova.com - Desde quando existe a polêmica em torno da eutanásia e como ela foi sendo compreendida ao longo do tempo?

Pe. Anísio Baldessim–
A eutanásia começa a ser discutida pelos ingleses por volta de 1900, em que se tinha a questão da Teoria da Evolução, de Darwin. Ele acreditava que abreviar a vida das pessoas que eram consideradas inúteis, ou seja, que não tinham uma perspectiva de colaboração para a sociedade, era benéfico para a sociedade. Alguns apoiavam, outros se questionavam se quem era inútil era a pessoa ou a sociedade. Então podemos dizer que, no começo, foi mais relacionado à questão de custo-benefício; era visto como se isso fosse proporcionar um bem para a sociedade, uma vez que não traria custos, ou seja, se a pessoa não pode produzir como é que a sociedade vai ter que arcar com os custos que essa pessoa produz? Hoje, para nós, isso veio à tona, em se tratando de hospitais e de questões de doenças, com o advento das Unidades de Tratamentos Intensivos (UTIs), a partir da década de 1950, em que a tecnologia começou a prolongar a vida. A conotação que a eutanásia assume hoje é de solucionar um problema, porém seria solucionar o problema de quem: da pessoa ou da sociedade? É o que se discute hoje.

noticias.cancaonova.com - Os pesquisadores utilizam também os termos distanásia e ortotanásia para determinar o fim da vida no caso de doentes terminais. Alguma dessas práticas é considerada correta sob o ponto de vista da bioética?

Pe. Anísio –
Distanásia é o contrário da eutanásia. Eutanásia é tomar uma atitude que venha abreviar o sofrimento da pessoa. A distanásia é o prolongamento, seriam as chamadas “terapias inúteis”, que não vão proporcionar bem estar algum às pessoas e isso também é questionável. Aliás, hoje o que se discute muito é o que se pratica nos hospitais: a eutanásia ou a distanásia? Com o advento da tecnologia, o que se prolonga hoje é o sofrimento, e isso é decorrente do novo processo do morrer. Então hoje o que a gente percebe na nossa realidade é mais a distanásia do que propriamente a eutanásia. Falando num contexto bioético, o que seria correto é a ortotanásia, ou seja, a morte no momento certo. É preciso distinguir sim entre eutanásia e distanásia. Distanásia seria prolongar a vida de maneira indeterminada com sofrimentos e a ortotanásia seria não prolongar e nem abreviar, mas saber a hora certa. O grande desafio, e isso é o que os bioeticistas discutem, é qual é o momento certo de parar, existe esse momento? Na visão bioética, o correto seria nem a eutanásia nem a distanásia, mas sim a ortotanásia, a morte tranquila, sem sofrimento, sem abreviar e também sem prolongar deliberadamente.

"A melhor coisa é fazer com que a pessoa possa morrer perto daqueles que são importantes para ela", aconselha pe. Anísio


noticias.cancaonova.com -
Qual a diferença entre eutanásia e suicídio assistido? As pessoas confundem esses dois termos?

Pe. Anísio –
Existe muita confusão. A eutanásia, na verdade, seria uma atitude direta, ou seja, dar um medicamente para que a pessoa morra mais rápido. É como o que o Dr. Morte fazia, ele fazia um procedimento que iria levar a pessoa à morte num período curto de tempo. O suicídio assistido seria o paciente desejar morrer e tomar algumas atitudes, como não comer, não beber, não tomar os remédios. A pessoa que cuida estaria vendo essa atitude, porém não tomaria nenhuma decisão, ficaria omisso diante de uma atitude que o próprio paciente está fazendo. Isso é considerado ético? Você não está provocando diretamente, você está assistindo o processo do morrer, é uma questão bastante complexa, porque quando a pessoa não quer viver, muitas vezes ela praticamente se entrega, talvez não tomando uma atitude direta, mas interiormente vai se desligando e se deprimindo e com isso acaba morrendo. Eu não sei se, concretamente, a pessoa que a assiste tem alguma coisa a fazer nesse sentido. Então eu acho que não dá pra saber se realmente é uma atitude ética aí nessa questão.

noticias.cancaonova.com - A explicação para a eutanásia acaba sendo o fim do sofrimento do paciente. Dessa forma, a morte acaba sendo encarada como uma solução. Esse entendimento que se tem da morte condiz com o significado cristão da morte?

Pe. Anísio –
Para muitos realmente é a explicação. Agora se nós partirmos do princípio cristão, a morte pode ser uma solução de um problema, pode solucionar o problema do sofrimento. Esse entendimento está certo? Se nós recordarmos o próprio Papa João Paulo II, ele pediu para não ser levado para o hospital nos últimos momentos, porque ele queria morrer em casa. Aí nós podemos entender isso como uma eutanásia, uma abreviação da vida? Do ponto de vista cristão, e nisso a Igreja é até um pouco avançada, ela diz que, mesmo que a pessoa tenha todos os recursos, quando os recursos que serão usados trarão mais sofrimentos do que benefícios, você deveria deixar a pessoa, ou seja, quando os recursos tecnológicos trouxerem mais malefícios, mais sofrimento do que benefício, então isso seria correto.

noticias.cancaonova.com - A ética utiliza um termo técnico que é o chamado princípio do “duplo efeito”, em que a pessoa, movida por uma única intenção, pode ter um efeito desejado e um para-efeito indesejado. É o caso, por exemplo, em que se ministra uma alta dose de medicamento visando sanar o sofrimento do paciente, mas isso pode acabar causando a morte da pessoa. Isso é aceito pela Igreja? Como distinguir esse princípio do duplo efeito da eutanásia?

Pe. Anísio –
Essa é uma questão muito complicada, porque a primeira intenção daquele que coloca em prática o princípio do duplo efeito é não provocar a morte, mas sim proporcionar um bem estar para aquele que sofre. Porém o primeiro efeito é inseparável do segundo. Ou seja, vai-se aplicar um medicamento para aliviar a dor e sofrimento, mas ao mesmo tempo ele pode antecipar um pouco a morte, porém, na visão cristã, com essa atitude não se está querendo abreviar a vida. Este é o princípio que está sendo levado adiante: não fazer o mal. Mas ao tentar fazer o bem, você pode causar um certo mal, mas nesse caso seria o que a gente chama de um cuidado paliativo, a pessoa não vai agir diretamente, mas sim de acordo com aquilo que é possível. Mas é uma questão muito complicada, porque você pode mascarar uma realidade.

noticias.cancaonova.com - O senhor, como atual capelão do Hospital das Clínicas de São Paulo, lida diretamente com doentes e também com suas famílias. Que conselho o senhor daria para que pessoas que enfrentam enfermidades possam lidar melhor com a situação, em especial no caso de doenças terminais?

Pe. Anísio –
Isto é uma coisa importante. Nesse ano em que a Campanha da Fraternidade fala sobre saúde, tem uma parte em que ela fala “aprender o bem morrer”. O que nós precisamos entender é que a morte faz parte da vida. O meu pai, por exemplo, morreu fora do hospital, longe das tecnologias e eu achei isso muito bom, porque na verdade o que se prolonga não é a vida, mas sim o sofrimento da pessoa. Sempre que eu tenho a oportunidade de conversar com as famílias, eu digo que a melhor coisa é fazer com que a pessoa possa morrer perto daqueles que são importantes para ela. É claro que há esperança, mas em meio à esperança há sofrimento, eu sempre enfatizo muito isso para as famílias. Eu acho que nós precisamos entender que o morrer faz parte do processo natural da vida e nós temos que dar o direito para que a pessoa possa morrer, mesmo quando se trata daquele que amamos, deixar as pessoas dizerem adeus. Muitas pessoas me perguntam: “padre, mas será que é a hora do meu pai morrer, da minha mãe morrer?”. Para nós que amamos as pessoas nunca é hora. Nós precisamos aprender a arte do “bem morrer”. Nós fomos preparados e esperados para nascer e eu acho que nós precisamos aprender também a arte de “bem morrer”.

Fonte: Notícias Canção Nova

03/07/2012

Ser inteiramente Seu

Padre Paulo Ricardo
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O tratado à Devoção a Virgem Maria é um atalho para que nós cristãos vivamos o nosso batismo. Mas para isso nós precisamos ter, verdadeiramente, Deus como nosso Senhor.

O batismo é a entrega total a Deus, é quando renunciamos ao pecado e a satanás para seguir o Senhor. Viver este sacramento é se esforçar para viver uma aliança com o Pai, e o tratado é o conselho da Mãe para vivermos essa tarefa tão árdua e difícil de deixar Deus ser o nosso Senhor.

Vemos duas figuras bem distintas de Deus no Velho e no Novo Testamento, mas isso não quer dizer que Ele tenha mudado. Na verdade, quem mudou foi Seu povo, porque, a partir do momento em que aceitamos o senhorio d'Ele em nossas vidas, conseguimos vislumbrar Sua face misericordiosa e amorosa.

Precisamos entender que, com Deus, nós fazemos uma aliança. Ele não se interessa por um contrato, pois não quer suas coisas nem seu dízimo; Ele quer tudo, quer você.

Assim também acontece no sacramento do matrimônio, pois este não é um contrato, mas sim uma entrega por inteiro. Nele, você jura devoção, fidelidade e, acima de tudo, entrega total para que a união do casal seja fonte de grandes obras para o Senhor. Da mesma forma deve ser nossa relação com Ele no batismo. Ninguém quer ser feliz pela metade, por isso o Pai também não nos quer pela metade. Só nos entregando por inteiro a Ele seremos capazes de ser plenamente felizes.

O mesmo acontece na parábola do filho pródigo, pois ele só volta à vida quando se entrega ao pai como um escravo, tendo este como seu senhor. Essa nova vida gera alegria ao filho, pois seu progenitor o trata de forma única, vestindo-o com as melhores roupas, colocando um anel em seu dedo e preparando-lhe um banquete.

A escravidão de que falamos aqui é a do amor, aquela que acontece com confiança, amor e compreensão de quem reconheceu o melhor para sua vida e já não consegue viver longe d'Aquele que o amou primeiro.
Deus quer nos dar a Sua glória, mas para isso precisamos ser escravos d'Ele. Agora, já sabemos como, porém, a tarefa mais difícil é colocar em prática tudo isso que aprendemos.

"Deus quer nos dar a sua glória." diz Padre Paulo Ricardo
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Maria é exemplo de quem seguiu e devotou toda sua vida ao Senhor. Tudo o que ela tinha e possuía foi entregue a Ele, inclusive Seu Filho.

Hoje, estou celebrando vinte anos do meu sacerdócio e também de minha entrega total a Deus, a quem entreguei meu futuro e todo meu ser. Naquele momento em que fui ordenado, não tinha ideia do que estava fazendo, pois entregava a Ele um papel em branco com a minha assinatura.

O futuro não nos é mostrado por Deus, porque não seríamos capazes de assumi-lo. Em Sua sabedoria, o Pai nos mostra apenas o hoje para que tenhamos força suficiente para trilhar no Seu caminho.

O Senhor, em Seu infinito, nos constrange, pois somos incapazes de vislumbrá-lo. Foi exatamente por isso que Ele nos deu a Virgem Maria, reflexo de Seu amor, bondade e humildade. Assim como a lua, que nada mais faz do que refletir a grandiosidade do sol.

Jesus, do alto da cruz, já nos entregou a Sua Mãe, assim como fez com João, o apóstolo amado. Então, aceitemos os desígnios de Deus e nos entreguemos também a Maria, pois ela estará sempre ao nosso lado, guiando-nos nesse caminho para que sejamos capazes de assumir tudo o que escolhermos viver por meio do batismo.
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza

Fonte: Canção Nova

--------------------------------------------------------------

Padre Paulo Ricardo
Sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá (MT)
www.padrepauloricardo.org

02/07/2012

De que necessito para ser um cristão de fibra?

"Então, agora, filhinhos, permanecei nele. Assim poderemos ter plena confiança, quando ele se manifestar, e não seremos vergonhosamente afastados dele, quando da sua vinda" (I Jo 2,28).

João foi o apóstolo que mais se demorou em vida. O Senhor precisava que fosse assim, que o apóstolo permanecesse para dar força, coragem e base à Igreja, porque a perseguição foi se tornando cada vez mais terrível. Esta começou logo após o Pentecostes. João já percebia, nos vários anticristos que estavam surgindo para acabar com a Igreja, o próprio anticristo. Portanto, ele já nos mostra a visão do fim.

"Quem quiser ser cristão de fibra, siga-me, porque, na verdade, estou seguindo Jesus e lutando para permanecer n'Ele"


A Palavra de Deus é muito clara quando diz que o Senhor acabará com o inimigo com o sopro da Sua boca. Mas não precisamos ter medo, embora saibamos que a Igreja vai sofrer muito, como sofreu no começo.

Todos os apóstolos morreram como mártires. No tempo da grande perseguição romana contra os judeus, todos os governadores estavam perseguindo e "acabando" com os cristãos. São João foi preso em Éfeso e depois mandado para realizar trabalhos forçados na ilha de Patmos, onde se fazia a extração de cobre. É por isso que, quando ele escreve o Livro do Apocalipse, ele se intitula de "vosso companheiro de tribulação". Foi de lá, nessa ilha, que este grande apóstolo, mesmo correndo risco de vida, mandava os trechos do Apocalipse para um dos discípulos, e este os passava para outros, em sigilo. Dessa forma, esse grande santo da Igreja se torna uma fortaleza para outros cristãos que também estão sendo perseguidos.

"Escrevo isto a respeito dos que procuram desencaminhar-vos" (I Jo 2,26). Além das perseguições externas à Igreja, naquele tempo também começam as heresias, pois o inimigo percebeu que o sangue dos mártires não estava conseguindo acabar com o Cristianismo. Ao contrário, estava fortalecendo os cristãos. Por outro lado, os que não aguentaram a perseguição, começavam a desanimar, e assim, eles incentivavam seus irmãos a desanimar também.

Também nesse tempo começam a surgir as heresias para minar a Igreja por dentro, causando uma "hemorragia interna" nela. Essas heresias são erros contra aquilo que os apóstolos ensinaram, contra aquilo que Cristo nos ensinou. É por isso que São João nos apresenta, por diversas vezes, o verbo "permanecer". Uma coisa que nos parece estranha e que João nos diz: "Quanto a vós mesmos, a unção que recebestes da parte de Jesus permanece convosco, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. A sua unção vos ensina tudo, e ela é verdadeira e não mentirosa. Por isso, conforme a unção de Jesus vos ensinou, permanecei nele" (I Jo 2,27).

João diz que tudo o que eles aprenderam no começo, quando tiveram a conversão e foram batizados no Espírito Santo, deixou-os cheios da unção do próprio Cristo. Todos os primeiros cristãos, naquela época, usavam os dons, era coisa comum entre eles. Pena que hoje, na Igreja, muitos cristãos não queiram saber disso. Na necessidade dos nossos tempos de hoje, para a Igreja poder aguentar a perseguição externa e as heresias que estão surgindo, ela precisa do Espírito Santo e de homens e mulheres que, tendo os dons, usem-nos para evangelizar e tornar outras pessoas também cheias do mesmo Espírito de Deus.

Grandes pregadores e escritores que falam sobre o derramamento do Espírito nos têm mostrado que, se nós não nos abrirmos à graça do batismo [no Espírito Santo de Deus] e aos dons, a Igreja sofrerá muito.

Meus irmãos, de maneira muito clara, vemos como a Igreja está sofrendo na China, onde há cristãos que professam a fé às escondidas, mas cheios de vigor. Precisamos de uma nata de cristãos e só conseguimos isso pelo Espírito Santo de Deus.

São João nos coloca com os "pés no chão" e nos mostra que a nossa missão é a mesma de João Batista. O precursor também foi cercado e teve de dizer que era a voz que "gritava no deserto" e que veio preparar o mundo para a primeira vinda de Jesus Cristo. João Batista já vê, naquele tempo, o anticristo.

Agora, meus irmãos, estamos, a cada dia mais, perto do fim, da vinda gloriosa de Jesus, do nosso encontro com Ele. Por essa razão, nós também precisamos dizer que a nossa missão é preparar o caminho do Senhor. Não nos sentindo egoístas, porque temos a unção e vamos ser arrebatados, mas como missionários, como João que, reunindo os discípulos, conversava com eles e escrevia para que outros cristãos, que não estavam em Patmos, pudessem ler.

Senhor, obrigado, porque nos traz esta Palavra e esta mensagem. Por intermédio de João Evangelista e de João Batista, o Senhor nos põe com os "pés no chão". Eu quero viver assim. Os corajosos, os que querem aguentar firmes, sigam-me. Eu sou pequenininho, mas quero seguir Jesus, permanecer com Ele. Quero ser cristão de fibra! Quem quiser ser cristão assim, siga-me, porque, na verdade, estou seguindo Jesus e lutando para permanecer n'Ele. Que assim seja com você.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Fonte: Canção Nova