30/06/2014

A quem você quer seguir?


“Anunciar Jesus sobre o telhados” é uma ordem e um envio de Deus para nós no dia de hoje. 

Amados, para ser apóstolo é preciso ter a coragem de nunca deixar de ser discípulo de Cristo. Para entender isso é preciso ler os capítulos 9 e 10 do Evangelho de São Mateus. Este Evangelho, conhecido como o “Sermão da Missão”, fala que a preparação dos discípulos de Jesus se dá na intimidade com Ele.

Em Mateus 9, 35 temos o “Sermão da Missão”, que mostra os sentimentos do Coração de Jesus para com os Seus discípulos. Quando o Senhor vê aquela multidão sente compaixão dela e não pena; compaixão daqueles que estão à margem da sociedade, como estavam os leprosos.

A partir do sentimento do Coração de Jesus se dá o discurso da missão. Ao escolher os Doze, prepara-os, instrui e capacita cada um deles, mas também os alerta sobre a perseguição pela qual eles vão passar. Jesus não enganou Seus discípulos. Não agiu com pudor para com eles. Mas disse aquilo que eles viveriam.

A partir do momento em que voltarmos para a nossa realidade, em nossa família ou no trabalho, nós vamos viver uma missão, e não podemos esquecer que as perseguições também farão parte disso. Não podemos testemunhar com medo, mas crer na profundidade que vivemos, neste dia, com o Coração de Jesus. Se você não quer mudar de vida não adianta vir a Cachoeira Paulista participar dos acampamentos!

É Jesus quem fala com os discípulos. É um discurso que cresce: "Não tenhais medo dos homens, pois o que eu vos digo na escuridão, direis no clarear do dia". A nossa noção de escuridão, por vezes, é preconceituosa; mas era lá nesta "escuridão" que o Senhor formava Seus discípulos, isto é, no silêncio e sem público. Era nesta intimidade que Ele se dava a conhecer. “O que escutais ao pé do ouvido”, parece até uma linguagem dos mineiros, não é? Isso é para nos explicar que o Senhor lhes falou tudo bem de perto e na intimidade.

Na nossa intimidade com Deus precisamos “proclamar sobre os telhados”o que aprendemos d'Ele. Se pudéssemos transmitir sobre os telhados de nossas casas tudo o que fazemos na escuridão das nossas casas ou em nossa intimidade, o que você acha que seria visto pelos demais?

Se pudéssemos escutar tudo o que as pessoas comentam ao pé do ouvido, com certeza muitas coisas seriam reveladas. Jesus confiou e ensinou tudo aos Seus discípulos na intimidade, pois Ele havia se dado a conhecer. Temos medo da intimidade, pois usamos dela para esconder aquilo que não temos coragem de mostrar para todos. Muitos fazem da sua intimidade um lugar onde vale tudo. Jesus nos pede “falai pelos telhados”, mas temos medo. As nossas cabeças duras precisam entender que intimidade não é sinal de medo. O Sagrado Coração de Jesus nos ensina que a ponte que nos leva à real intimidade é a misericórdia. O relacionamento de Jesus, com Seus discípulos, era marcado pela misericórdia.

A Palavra nos fala que no amor não há medo; pelo contrário, o perfeito amor lança fora o medo! É por isso que temos medo de que, algum dia, nossos pensamentos sejam revelados, pois estes estão cada vez mais mundanos e cheios de mentiras. Mas quando agimos com misericórdia uns para com outros não temos medo de viver a intimidade e revelar nossa verdade.

Em Jeremias 20, 10 diz: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: ‘Denunciai-o, denunciemo-lo’. Todos os amigos observam minhas falhas: ‘Talvez ele cometa um engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele’. Este é um relacionamento marcado pela miséria de quem não nos que estão ao seu lado. Estas pessoas têm medo de que sua intimidade seja conhecida. Existe qualidade nesta amizade?

"Só quem tem algo a esconder é que tem medo da intimidade", enfatiza padre Fabrício
Foto: Natalino Ueda/cancaonova.com


O sinônimo de desforrar-se é vingança, a ponto de esperar um tropeço do outro para acabar com ele. Logo que viramos as costas, somos injuriados por aqueles que trazem dentro de si o sentimento de vingança.

Você não pode ter medo de encarar a realidade. Em Jeremias 20, 11 está escrito: “Mas o Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha. Eterna infâmia, que nunca se apaga!” Este é o sinal do nível da intimidade e da confiança que Jeremias tinha por Deus.

“O perfeito amor lança fora o medo”, só teremos coragem de viver isso se não tivermos medo de viver a misericórdia. Entrar no Coração de Jesus e sair do mesmo jeito só acontecerá se entrarmos com o coração fechado. O Coração de Jesus nunca se fecha. Não espere o erro do outro para dizer-lhe: “Eu sabia que isto ia acontecer!”. Agir assim só empurra a pessoa ainda mais para o buraco.

Onde existe amor não existe vingança. Olhe como o profeta Jeremias reza diante de Deus: “Ó Senhor dos exércitos, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração, rogo-te me faças ver tua vingança sobre eles; pois eu te declarei a minha causa” (Jr 20, 12). Só quem tem o que esconder tem medo da intimidade.

Jeremias pediu a vingança ao Senhor, mas você acha que o Deus da misericórdia é capaz de vingança? O Senhor sempre usa de misericórdia para conosco. A vingança contra nosso pecado se chama misericórdia. Foi assim que Deus "se vingou" de todos aqueles que não acolheram a Sua Palavra. Leia Romanos 5, 15: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos.”

Quando Jesus é morto na cruz, a Sua misericórdia chega até nós, a todos nós. Temos a responsabilidade de ser testemunhas de tudo aquilo que experimentamos da misericórdia do Senhor.

Transcrição e adaptação: Luana Oliveira
Fonte: Canção Nova



Padre Fabrício
Sacerdote missionário da Comunidade Canção Nova

29/06/2014

A intimidade misericordiosa de Deus


“Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13, 34-35). 

Há muitos anos, quando eu ainda era seminarista, fiz a minha primeira pregação num Acampamento do Sagrado Coração, no antigo Rincão do Meu Senhor. Hoje não pertenço mais parte à Congregação do Sagrado Coração de Jesus, mas sou herdeiro de tudo o que vivi nestes bons anos.

Nesta pregação, falarei sobre o Coração de Deus; percebi que o coração, que mais se assemelha ao Coração de Jesus, é o da mulher, principalmente o da mãe. Eu conheci o Coração de Jesus por intermédio do colo da minha mãe. Foi lá que experimentei, de forma até rudimentar, a ter uma vida em Deus.

Não tenho medo de colocar à prova a verdade; nada poderá me apartar da certeza de que Deus me ama. Não porque li nos livros ou aprendi na faculdade, mas porque vivo essa certeza. Nada pode me apartar desta experiência em meu dia a dia, isso faz parte do meu ministério. Cada vez mais tenho convicção de que, para alcançar essa graça, temos de adentrar no território da intimidade com Deus e com os irmãos. Os meus amigos são aqueles que me fazem ser amigo de Jesus.

A experiência religiosa que nos transforma é a experiência de intimidade. Você sabe muito bem o que é ser íntimo de alguém. “A misericórdia de Deus não comporta pudor”, foi o que nos ensinou o padre Joãozinho em sua pregação. Mas o que é o pudor? É a experiência de reter o que nos é íntimo e não o expor totalmente para todos.

O pudor é positivo para nos preservarmos e não nos expormos demais. Em muitas situações da nossa vida o pudor nos impede de chegar às pessoas e de fazermos o que não devemos. Por vezes, ele nos faz reavaliar nossos atos por medo do que as pessoas vão pensar de nós. Mas o pudor também pode nos impedir de agir com misericórdia. Por que não temos coragem de ir até os mais necessitados e excluídos da sociedade? Muitas vezes temos medo de andar ao lado de pessoas diferentes de nós, como os drogados, os ladrões e as prostitutas. Muitas vezes, nós também erramos e pecamos, mas somos muito orgulhosos para assumir o erro e pedir perdão ao outro. Quanto mais nós julgamos e humilhamos o outro, tanto mais nós nos escondemos de nossas fraquezas.

O Evangelho de hoje parte de uma revelação do amor de Deus por nós. É pelo amor de um para com o outro que testemunharemos o amor de Deus por nós. Você entende isso? Amados, amar significa sair da própria “tenda” para entrar na “tenda” do outro.

"Nós temos perdido muito tempo com as vaidades do mundo!", alerta padre Fábio
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

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Quando percebemos que o outro entendeu e se preocupa com o que estamos vivendo, somos confortados, não é mesmo? Nós nos apaixonamos por quem entra em nossa “tenda”, em nossa intimidade. Jesus sabe que a única forma de seguimento que contagiará o mundo é pela capacidade de amar. Quem não entra na “tenda” do outro não aprende a amá-lo verdadeiramente. Só sabemos que existe amor de verdade quando há a disposição de entrar na “tenda” do outro. O seguimento que nos diferencia uns dos outros é o tanto que nós nos amamos. Qual foi a grande missão de Jesus no mundo? A de nos resgatar do pecado, certo? Sim. Mas, antes de tudo isso, o Senhor se dispôs a nos amar.

Em razão do pecado original, nós sempre vamos querer saber da intimidade de quem amamos e admiramos; contudo, nem sempre vamos saber lidar bem com isso. O que deveria nos impressionar não é a intimidade do outro, mas quem realmente ele é. Irmãos, não podemos ser “cristãos de quinta categoria”! Devemos mover dentro de nós uma mudança de vida. O que deve nos interessar na vida do outro não é aquilo que todos veem, mas aquilo que aquela pessoa é por dentro, em seu ser.

Devemos conhecer o Coração de Deus cada vez mais, e isso só vai acontecer quando nós entrarmos, com a ajuda do Espírito Santo, na Tenda do Seu Sagrado Coração. Jesus não é teoria, mas uma verdade.

Fico impressionado ao refletir sobre a atitude dos amigos de Jesus, na Última Noite do Senhor, que dormem diante no momento mais importante. Mas, quando olhamos para esses cinco amigos, nós também percebemos que temos chance de nos salvar, não é mesmo? Somos assim, vivemos de forma banal e perdemos tempo com as banalidades do mundo e nos privamos de entrar na intimidade com o Pai. Precisamos adentrar no Coração de Jesus para conseguirmos mudar de vida.


"Mergulhe no Coração de Jesus para fugir das banalidades da vida!", exorta padre Fábio
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Quando vivemos de forma superficial a nossa religião podemos fazer com o que o contexto cristão permaneça adormecido dentro de nós. O Cristianismo nunca será uma religião supérflua. Aqueles que banalizam o Cristianismo pecam contra o Evangelho! Fique de olho em seu discipulado porque ele pode estar sendo banalizado. Cuidado com sua maneira de ser católico! Cuidado por insistir naquilo que não nos salva! Mergulhe no Coração de Jesus para fugir das banalidades da vida!

Não pode haver uma devoção ao Sagrado Coração sem a ação da misericórdia para com o outro. Amar não é brincadeira; requer um esforço constante para que não reduzamos nem banalizemos o amor. Você não será reconhecido pelo bem que você fizer no silêncio da sua vida, mas você verá que a salvação não é gerada em momento públicos, mas sim quando os holofotes estão apagados. Talvez você nem seja citado no fim da história. O amor pode ser cruel, mas é salvífico.

Se você quiser conhecer a intimidade com o Senhor ouse conhecer a sua própria intimidade. Investigue em seu próprio coração aquilo que é capaz de o converter. Só se pode conhecer o Coração de Jesus por intermédio da humildade!

Transcrição e adaptação: Luana Oliveira
Fonte: Canção Nova



Padre Fábio de Melo
Padre que evangeliza como cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

28/06/2014

É preciso amar e perdoar para recomeçar a vida!


Ter um coração manso e humilde


“Sagrado Coração de Jesus”, um coração que tem misericórdia, um coração que, em nenhum momento, deixa de acreditar em nós!

Já vivemos a experiência de atender os pedidos de nossos filhos, contudo, alguns pedidos feitos por eles não podemos atender por saber que estes não lhes trarão nenhum benefício.

Que alegria quando um filho chega e manifesta carinho pelos pais! Muitas vezes, eles pedem algo aos pais por intermédio das mães. Percebemos algumas mudanças radicais quando fazem algum pedido. Como é bom quando um filho nos pede algo que nós queríamos dar a ele, desse modo, percebemos sinais concretos de que, aquilo que ele nos pediu, é realmente o que Deus queria lhe dar!

Hoje vamos pedir a Deus Pai um coração como o d'Ele, para que nos tornemos fortes para vencer qualquer situação. Jesus quer dar um coração novo a cada um de nós, mas Ele não faz mágica. O momento atual da nossa vida é fruto das escolhas que fizemos e, para Jesus fazer uma obra nova em nossa vida, Ele precisa entrar no mais íntimo de nossa alma. Muitas vezes, para que a mudança aconteça em nossa vida, Deus a [mudança] realiza primeiramente na vida de pessoas próximas a nós. Hoje nós não temos paciência para nada, queremos que as coisas aconteçam rápido demais, como se elas fossem um “micro-ondas”. Precisamos nos abrir e nos dispor a ajudar o Senhor a operar a mudança em nossa vida.

Muitos de nós trazemos feridas em nosso corpo e em nossa alma; algumas estão há muito tempo em nós, elas são um convite para que Deus entre em nossa casa e em nossa vida. Muitos casais cristãos vivem crises em seus casamentos, mas nem sempre essas crises são maléficas, pois muitas delas podem agir como peneiras e levar embora tudo o que é mau. Desse modo fica nessa peneira somente aquilo que é bom. Louvado seja Deus pelas crises, pois são a oportunidade para revermos nossa história e para que Deus nos cure. O Todo-poderoso vai usar da nossa história para realizar a mudança de que precisamos. Precisamos aprender a pedir perdão, não da boca para fora, mas sim do coração. A ironia é o sorriso do diabo, e não é a postura de alguém que está buscando a santidade.


"Deus usa da nossa história para realizar a mudança de vida de que precisamos!", ressalta Dunga


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Como é bom encontrarmos pessoas que se arrependem verdadeiramente do erro cometido e não se revoltam quando colhem a consequência do mal que fizeram. O sentimento que você causa na pessoa, ao lhe pedir perdão, é uma grande oportunidade para que ela seja livre e feliz. O perdão não é somente para reconhecer se estamos certos ou errados. Somos santos recheados de coisas boas e não tão boas, por isso podemos pedir sem medo: “Jesus, manso e humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao Vosso!”

Não vivemos isolados em uma ilha ou em nossas casas; da mesma forma, não mudamos de vida sozinhos, mas sim, em uma luta diária ao convivermos com as pessoas a quem nós amamos. Precisamos nos perdoar todos os dias. O que você está esperando para recomeçar a vida? Precisamos do coração manso e humilde de Jesus para recomeçar. O recomeço é sempre uma nova descoberta.

A vida é assim: as cicatrizes nos fazem nos lembrar da maneira como Deus agiu em nossa vida e nos curou. Ao longo da nossa vida as marcas, mesmo as ruins, permanecem em nós. Deus usa da nossa história para realizar a mudança de vida de que precisamos. Deus quer nos dar um coração novo.

Transcrição e adaptação: Karina Aparecida
Fonte: Canção Nova




Dunga
Comunidade Canção Nova

27/06/2014

O julgamento cabe somente a Deus

Julgar os outros cabe somente a Deus, a nós cabe ajudar, ter misericórdia, paciência e, sobretudo, não rotular as pessoas. Quantas vezes, nós olhamos os problemas dos outros, falamos dos outros e não olhamos o que nós mesmos somos! 
“Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho?” (Mateus 7, 3).
Hoje nós somos chamados por Deus a rever a forma como olhamos uns para os outros; na verdade, essa palavra se chama “julgamento”. Quem de nós não julga o outro e a forma do outro proceder, agir, falar e se comportar? Isso está no nosso consciente e no nosso inconsciente; Nós somos e nos comportamos, muitas vezes, como juízes dos nossos irmãos. Você pode dizer: “Não, eu estou só vendo. É o que todo o mundo está vendo”.
Aquele que julga demais torna-se cego para si mesmo, aquele que vê demais a vida dos outros não enxerga a própria vida. É aquela história do vizinho que vê a telha da casa do seu vizinho caindo e não percebe que seu telhado já está todo no chão.
Quantas vezes, nós olhamos para os problemas dos outros, falamos dos outros e não enxergamos o que nós mesmos somos. O problema do julgamento é que ele nos faz pessoas cegas. Sim, cegas para nos mesmos, pois não somos capazes de nos enxergar.
Quando nós temos a humildade de nos conhecer, de nos voltarmos para dentro de nós mesmos e de analisarmos com mais seriedade, profundidade e serenidade os nossos próprios atos, nós somos mais misericordiosos ao julgar os outros. Na verdade, nós aprenderemos que julgar os outros cabe somente a Deus, a nós cabe ajudar, ter misericórdia, paciência e, sobretudo, não rotular as pessoas.
Há algo muito sério quando nós julgamos, analisamos e falamos da vida de todos e não olhamos para a nossa própria vida. É um sério risco que nós corremos em tudo aquilo que nós fazemos, pois a nossa vida se torna um enrosco só e nos enchemos de problemas e dificuldades, porque nós passamos muito tempo tomando conta da vida dos outros e não sabemos cuidar da nossa própria vida.
Deus é nosso amigo, Ele está conosco, quer nos ajudar, Ele só quer nos pedir uma coisa: Deixemos de julgar os outros e permitamos que o justo Juiz nos ajude a ver com clareza aquilo que somos verdadeiramente.
Deus abençoe você!

26/06/2014

Somos seduzidos por fraqueza ou escolhemos pecar?

Nossa consciência, lugar onde Deus habita, nos inquieta; ainda assim, muitas vezes, fazemos o mal. Isso é resultado de nossa fraqueza ou de nossa livre escolha?
Dizer ‘não’ ao pecado é uma luta presente na vida de todo cristão que leva a sério sua caminhada. É real perceber que sinais  antecedem o ato de pecar, pois somos acometidos pelos desejos e pelas paixões que não controlamos ou que escolhemos não controlar. Para que o ato seja pecaminoso precisa haver um processo consciente, uma decisão. Se não é consciente, ou seja, se a pessoa não tem a capacidade de escolher entre fazer ou não, isso não caracteriza pecado. Nesse contexto, existe uma realidade que permeia todas as situações de pecado: a concupiscência.
No Catecismo da Igreja Católica, lê-se que a concupiscência “desregra as faculdades morais do homem e, sem ser nenhuma falta em si mesmo, inclina o homem a cometer pecado” (CIC 2515). Ou seja, é um ato da razão que antecede o pecar, podemos dizer que é “planejar” o pecado.
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No texto bíblico que meditamos, vemos que Caim se chateia com a preferência de Deus à oferta feita por seu irmão Abel. O Senhor, ao perceber isso, o questiona: ”Por que andas irritado e com o rosto abatido?” (Gn 4,6). Deus tem a intenção de mudar o coração de Caim, mas ele não se abre ao Senhor, esconde-se. Dentro dele, havia o desejo de matar seu irmão, e nem mesmo Deus o alertando sobre as consequências, o faz mudar de ideia.
Quantas vezes nos encontramos em situações diante das quais percebemos, claramente, que estamos a ponto de cometer um ato inconsequente que resultará em pecado? Um homem que se sente atraído por uma mulher casada, por exemplo, ao perceber que pode ser correspondido, insiste, mesmo sabendo que deve evitar, pois aquilo lhe agrada de alguma forma. Há dentro do ser humano esse alerta, mas, nós, muitas vezes, o ignoramos, passamos por cima dele, agimos e pecamos. Nossa consciência, lugar onde Deus habita, nos inquieta diante dessas circunstâncias, mas o homem não enxerga ou finge que não vê e prossegue com sua inclinação ao mal.
Basta olharmos para nosso último pecado e refletirmos um pouco. Vejamos o que foi gerado dentro de nós antes do pecado. Sabíamos que a situação nos levaria ao erro; mesmo assim, prosseguimos. Deixamo-nos seduzir por fraqueza ou, simplesmente, pecamos por livre escolha?
Caim convida seu irmão a ir ao campo – aqui vemos que ele pensou no que fazer, trata-se de um ato premeditado, o primeiro homicídio relatado pela Bíblia. Esse fato também quer nos ensinar que em nós há essa postura de planejar o pecado e enganar Deus; muitas vezes, enganamos a nós mesmos, numa atitude consciente e premeditada.
Nossa leitura termina com uma frase que cria em nós um impacto se pararmos e refletirmos sobre ela: “A ti vai seu desejo, mas tu deves dominá-lo” (Gn 4,7). Essa frase de Deus dirigida a Caim revela que o Senhor sabia da intenção do coração dele, tanto que, se lermos todo o versículo sete, onde Deus fala ao nosso personagem, veremos que Ele vê a sua aparência, sinal claro de que “o pecado o estava espreitando à porta” (cf. Gn 4,7). Sim, o ser humano dá sinais claros de que vai pecar; nesses sinais, temos a oportunidade de lutar contra o pecado, de firmar nosso coração em Deus e declarar: “PHN! Por hoje não, por hoje não vou pecar”. Esses sinais nos dão a chance de escolher entre bem e o mal.
Então, encontraremos uma chave na luta pela santidade, uma arma que o próprio Deus nos deu. Como vemos no Catecismo da Igreja Católica (CIC), a concupiscência não caracteriza o pecado em si mesmo, é o intervalo entre o estímulo que recebemos e a nossa reação. Assim, podemos dizer que, neste intervalo, podemos nos controlar e deter nossa reação. Portanto, é possível dominar o desejo, dominar a concupiscência!
Não fomos criados para ser escravizados por nossos desejos, e precisamos nos convencer de que sozinhos não os podemos dominar. Deus coloca pessoas ao nosso lado, coloca leituras, palestras e muito mais à nossa disposição para que cresçamos no autoconhecimento e também no dia a dia. Ele nos dá a possibilidade de escolher o que devemos fazer diante dos estímulos externos que recebemos. E uma capela, uma igreja, é o lugar ideal para derramarmos todas as nossas angústias, para estarmos diante de Jesus e pedir a Ele o socorro necessário, pois o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza (cf. Rom 8,26). Isso requer treino, isso requer esforço e luta!
Deus nos abençoe nesta batalha pela santidade.

25/06/2014

O que a Igreja diz sobre casais em segunda união

Os casais em segunda união e o acesso aos sacramentos
Na Exortação Apostólica Familiaris Consortio (Sobre a família), o Papa João Paulo II deixou a posição da Igreja sobre os casais em segunda união; e o Catecismo da Igreja registra a mesma posição.
Casais-segunda-uniao
O Papa disse que, por motivos diversos, como incompreensões recíprocas, dolorosamente alguns matrimônios válidos sofrem uma fratura, muitas vezes, irreparável. A comunidade, diz o Papa, deve ajudar o cônjuge abandonado, com estima, solidariedade e compreensão, de modo que lhe seja possível conservar a fidelidade e a disponibilidade para retomar, eventualmente, a vida conjugal anterior.
É também o caso do cônjuge vítima de divórcio. Conhecendo bem a indissolubilidade do vínculo matrimonial válido, ele não se deixa arrastar para uma nova união, empenhando-se, ao contrário, unicamente no cumprimento dos deveres familiares e na responsabilidade da vida cristã.
João Paulo II diz que a Igreja, instituída para conduzir à salvação todos os homens, não pode abandonar aqueles que, unidos já pelo vínculo matrimonial sacramental, procuraram passar a novas núpcias.
O Papa pediu que a comunidade de fiéis ajude os divorciados, para que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, ou melhor, devendo, enquanto batizados, participar da vida dela. “Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para, assim, implorar, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança”.
O Santo Padre disse também: “A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir a comunhão eucarística aos divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, no momento em que o seu estado e condição de vida contradigam objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se essas pessoas forem admitidas à Eucaristia, os fiéis serão induzidos ao erro e à confusão acerca da Doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio.
A reconciliação pelo sacramento da penitência, que abriria o caminho ao sacramento eucarístico, pode ser concedida só àqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da aliança com Cristo e da fidelidade a Ele, estejam sinceramente dispostos a uma forma de vida não mais em contradição com a indissolubilidade do matrimônio. Isso tem como consequência, concretamente, que quando o homem e a mulher, por motivos sérios – por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar, «assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges».
O Catecismo da Igreja diz que:
“A Igreja, por fidelidade à Palavra de Jesus Cristo – “Todo aquele que repudiar sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira; e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério” (Mc 10,11-12) –, afirma que não pode reconhecer como válida uma nova união se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados tornarem a casar-se no civil, ficarão numa situação que contrariará objetivamente a lei de Deus; portanto, não poderão ter acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar essa situação. Pela mesma razão, não poderão exercer certas responsabilidades eclesiais” (n.1651).
A Igreja sabe que é grande o sofrimento desses casais. Há, no entanto, a possibilidade de se verificar, nos  Tribunais da Igreja, se o primeiro casamento rompido foi válido ou não.
Prof. Felipe Aquino - Comunidade Canção Nova

24/06/2014

Saiba qual é o segredo do cristianismo

Jesus passou chamando, um por um, Seus discípulos. Ainda hoje, Ele continua a passar e a chamar muitas pessoas. Podemos testemunhar esse fato no Evangelho de João:

"No dia seguinte, João se achava de novo no mesmo lugar com dois dos seus discípulos. Fixando o olhar em Jesus que caminhava, ele disse: 'Eis o cordeiro de Deus!'" (Jo 1,35-36).

João apresentou, com tanta determinação, o Cordeiro de Deus, que seus discípulos já se puseram a seguir Jesus. E um passava a mensagem para o outro. André, tocado por Jesus, começou a segui-Lo e falou com seu irmão, Simão Pedro. Assim, falando um com outro, passaram a seguir o Mestre.

Hoje, Jesus está passando e chamando você; e você, chamado por Jesus, vai passando a mensagem para os outros. Na verdade, não é você quem os chama. Apenas lhes dá a notícia. Assim como Tiago disse a João e André disse a Pedro, você também diz a seus irmãos o que aconteceu, o que Jesus fez por você, como sua vida foi transformada. Dá testemunho, fala a respeito d'Ele, do entusiasmo que causou em você: Jesus, Sua Palavra, Sua vida. As pessoas também vão procurar pelo Senhor. Ele as chama por meio de você e elas O seguem. É assim que se engrossam as fileiras de cristãos.

Jesus precisa, hoje, de muitos seguidores. Ele precisa de discípulos.

A palavra "discípulo" tem uma força especial, pois se trata de alguém que aprende com o Mestre e age como ele, alguém que vive como o Mestre vive. O mundo precisa de pessoas que vivam como Jesus. Não é algo impossível! Aí está o segredo do Cristianismo: pessoas vivendo como Jesus.


 
"Aí está o segredo do Cristianismo: pessoas vivendo como Jesus", diz monsenhor


Essa é a obra do Espírito Santo, que tem sido derramado numa multidão de pessoas, não apenas para que recebam carismas, mas para que vivam como Jesus viveu. O mundo precisa, os homens necessitam disso. Precisam urgentemente de pessoas que vivam como Jesus viveu.

Jesus mesmo disse: "Somos o sal para esta terra". Sem sal, as coisas se corrompem. Este mundo vai se corrompendo, porque falta sal. Você, cristão, é que será esse sal. Não apenas por sua presença, mas porque a vida de Jesus se manifesta em sua vida.

O Senhor disse: "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5,14). Este mundo precisa de luz. Quando você vive como Jesus, quando realiza os atos comuns de sua vida à maneira de Cristo, quando realiza os atos comuns de sua vida à maneira d'Ele, o mundo vai sendo iluminado. É um maravilhoso segredo!

A maior necessidade que o mundo tem é de Jesus. Mas quem vai refleti-Lo para o mundo é você.

A lua não tem luz própria; sua luz é a do sol. Mas, à noite, você precisa é da "luz da lua". Da mesma forma, na noite deste mundo, você precisa da luz de Cristo, que se irradia por meio dos cristãos. O mundo será iluminado graças a eles. A luz de Jesus se reflete neles e assim, refletida, chegará aos homens. Os homens verão a luz de Cristo em você.

Não se trata de colocar um jugo em suas costas. É possível viver, hoje, a vida de Jesus. É possível, hoje, amar, ser delicado, cordial como Jesus. Você pode ser manso, paciente, agir e reagir como Jesus diante dos acontecimentos.

Você pode ser puro, simples, agir com seus filhos, com seus pais, agir com seu marido, com sua mulher, como Jesus agiria. Pode agir com seus colegas de serviço, com aqueles que são seus patrões, seus mestres ou também com aqueles que são seus funcionários, seus empregados, como Jesus agiria. Quem faz isso em você é o Espírito Santo. É disso que o mundo mais precisa: discípulos de Jesus. Homens e mulheres que vivam como Ele. Essa é a obra que o Espírito quer fazer em você.

Muita gente, quando ouve dizer que Jesus passa e chama Seus discípulos, pensa logo que Ele vai chamá-lo para ser padre, para ser religioso, para deixar sua casa e ir para um convento, para um seminário. Não é isso. Há os que são chamados para esse tipo de vida; o mais comum, porém, é ser chamado a ser discípulo, seguidor de Jesus. Seu chamado é para viver como Ele viveu.

Aqueles que são chamados a ser religiosos, religiosas, padres, também precisam aprender a ser discípulos de Jesus. Só serão eficientes em sua vocação se viverem como Ele viveu. A maioria das pessoas como pais, mães de família, operários, funcionários, jovens são chamados a viver, hoje, no comum da vida deles, aquilo que Jesus viveu. Não é difícil, mas se você for dócil à ação do Espírito Santo, deixando-se transformar por Ele, isso será possível.

Artigo extraído do livro 'O Pão da Palavra 2', de monsenhor Jonas Abib.

Fonte:  Canção Nova

21/06/2014

Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?

 200x150-PequenoÉ preciso aprender a dividir o tempo entre trabalhar e descansar 
Se você prestar atenção no tempo que consegue conversar com seus amigos e familiares sem falar a respeito do trabalho que realiza ou de situações relacionadas a ele, fica fácil perceber se está vivendo para trabalhar ou trabalhando para viver.
A Palavra de Deus, em Eclesiástico 3, afirma que “grande sabedoria é viver bem cada coisa a seu tempo”. Com relação ao trabalho, creio que não é diferente. Precisamos ser bons profissionais, cumprindo com responsabilidade nossa missão, mas também devemos ter o discernimento e a coragem de separar “as coisas”, deixando o que é próprio do trabalho, no seu setor, e levando para casa somente seus bons frutos. E não é que seja proibido falar com quem convivemos a respeito das nossas lutas e vitórias vivenciadas no trabalho, a questão está no equilíbrio com que lidamos com isso.
Na Comunidade Canção Nova, da qual faço parte, vivemos algo que considero interessante nesse sentido. Naturalmente, também nós missionários, quando voltamos para casa, depois de um dia de atividades, temos a tendência de continuar falando a respeito do que vivemos em cada setor da missão. Porém, monsenhor Jonas [fundador da comunidade] nos ensina que, quando agimos assim, é como se não nos desligássemos do trabalho e não conseguíssemos descansar nem viver tantas outras coisas boas que a vida fraterna tem a nos oferecer. Com isso, quando percebemos que o centro de nossas conversas está sendo o trabalho, alguém do grupo deve ter a iniciativa de mudar de assunto até que os demais o acompanhe. É que existe um tempo para cada coisa: “tempo para trabalhar e tempo para descansar”. Se continuarmos, no tempo de descanso, a nos referir ao trabalho, poderemos até ser refeitos no físico, mas a cabeça continuará trabalhando e, consequentemente, virá o degaste geral. Será que não é essa a razão pela qual temos encontrado tantas pessoas cansadas?
Admiro quem trabalha com dedicação e ama o que faz. Eu mesma sinto-me privilegiada por fazer o que gosto, mas uma coisa é certa: preciso estar atenta para separar o que faço do que sou, pois sei que, quando nos identificamos demais com o que fazemos, podemos facilmente nos esquecer de quem somos, e isso é um sério problema.
Se nos esquecermos da nossa real identidade de filhos amados de Deus, passaremos a nos autoidentificar e valorizar por aquilo que fazemos e possuímos, e, muitas vezes, dessa atitude nascerá o desequilíbrio com relação ao “viver para trabalhar”. A pessoa foca seu esforço em ‘ter cada vez mais’, pensa que, aí, está o seu valor, por isso trabalha, cada vez mais, sem nem mesmo perceber que está vivendo cada vez menos.
Muitos de nós já descobrimos que as coisas que realmente valem a pena, nesta vida, não têm preço. Outro dia, li um relato que me fez pensar sobre isso. A história falava de um menino que sentia a falta do pai, pois este estava trabalhando cada vez mais e ficando cada vez menos em casa. O pai pensava estar fazendo o bem para sua família, dando-lhe um melhor “padrão” de vida com sua exigente profissão, mas era um grande engano. O filho mais novo sentia tanto sua falta que, certa noite, quando ele voltara tarde para casa, perguntou-lhe: “Papai, quanto você ganha por hora no trabalho?”. O pai ficou aborrecido com a pergunta, mas, enfim, respondeu. A partir daquele dia, o menino começou a guardar todo dinheiro que ganhava até chegar ao valor equiparado a um hora de serviço de seu pai. Depois, o chamou para brincar e foi logo avisando: “não se preocupe com o tempo papai, eu lhe pagarei o valor de uma hora para brincar comigo”. Abrindo uma pequena caixa, na qual havia guardado as moedas, entregou o dinheiro ao pai, que, já em lágrimas, pediu que explicasse como o havia conseguido.
O garoto explicou que estava juntado todo o dinheiro que ganhou por várias semanas, inclusive o doado pelo próprio pai. Não sei se a história é real, mas fico imaginando como ficou o coração daquele homem e qual foi atitude dele a partir daquele dia.
Na Carta Encíclica Laborem exercens, São João Paulo II esclarece que o trabalho é uma das características que distinguem o homem do resto das criaturas, pois somente ele tem a capacidade para realizá-lo, preenchendo, ao mesmo tempo, a sua existência sobre a Terra. Este é o meio pelo qual o homem deve procurar o pão cotidiano, ou seja, o trabalho é sinal de bênção e merece ser valorizado.
Todos nós sabemos que é graças ao empenho e dedicação de tantos homens e mulheres trabalhadores, ao longo dos tempos, que, hoje, temos condições de vida bem melhores do que nossos antepassados. O que não nos convém é permitirmos que a cultura do consumismo nos domine e nos leve a fazer de nossa atividade profissional o centro de nossa vida.
Acredito que seja oportuno, hoje, pensar a respeito do lugar que o trabalho tem ocupado em sua vida e quais são os frutos que ele tem lhe proporcionado. Considerando que vai permanecer, no fim de tudo, o amor que damos e recebemos, não tenhamos medo de fazer escolhas que irão nos proporcionar viver bem para trabalhar melhor, deixando nossa marca de sucesso não apenas no mercado, mas, principalmente, no coração que Deus lhe confiar, por onde passar, inclusive dentro de sua própria casa.


Djanira Silva
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova

20/06/2014

O que é oração?

O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe
Antes de começarmos a falar sobre oração, precisamos adentrar no seu significado, se é que podemos defini-la. Mas vamos buscar clareza sobre o tema e o modo como a oração pode fazer parte da vida do cristão.
A definição de oração pode ser expressa por palavras, mas o jeito de rezar e o relacionamento com Deus é diferente para cada pessoa. Porém, não podemos inventar o jeito próprio de rezar, mas seguir aquilo que a Igreja já determinou com seus séculos de experiência; contudo, a aplicabilidade é diferente.
 Vamos tentar definir oração:
 Diziam os Padres do Deserto que a oração é o espelho da alma. Em hebraico, oração é tefillah, que significa “juízo”: [...] a oração é a possibilidade de julgar com Deus, de realizar um discernimento sobre a própria vida, sobre a relação com os outros, sobre o próprio relacionamento com as criaturas. É assim que se ordena e se aprofunda a própria interioridade, que se mede o próprio caminho humano, o próprio amadurecimento como crescimento interior adequado à própria idade e situação. (Livro: Onde está Deus? – Padre Reinaldo)
 Perceba que a oração não é nossa, mas de Deus. O próprio Senhor nos concede o dom de orar. Por isso, na oração, precisa entrar o julgamento de d’Ele. Nós precisamos nos submeter a Ele na oração. O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe.
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 Sobre a oração pessoal, padre Francis Cardeal Arinze nos ensina:
A oração pessoal é insubstituível, porque chega um tempo em que cada um é chamado a encontrar Deus frente a frente, no encontro espiritual. Isso pode acontecer na intimidade do próprio quarto, diante do sacrário, debaixo de uma árvore, no alto de um monte ou à beira-mar. Pode acontecer mesmo ao volante do carro ou em algum momento da Missa, como enquanto a preparamos, antes da coleta, após a leitura ou na homilia, sem dúvida após a santa comunhão e na ação de graças, após a Celebração Eucarística.
A nossa oração privada há de ser realmente pessoal: há de brotar do coração. Podemos exprimi-la com ou sem palavras; não podemos nos limitar a repetir preces escritas por mestres espirituais e por santos, ainda que tais fórmulas nos ajudem a entrar na oração pessoal.
 A oração deve ser incessante e continua. Por isso, requer dois pontos:
  1. Qualidade da oração: buscar rezar com o coração para, assim, gerar uma contínua e ininterrupta perseverança. Orai sem cessar (1 Ts 5, 17).
  1. Oração pura e sincera: ser feita com fervor – evitar as inquietações e preocupações. Deixar Deus entrar no santuário do meu coração.”
Para concluir o sentido e o significado do que é oração, fixemos nosso olhar na graça de Deus. E a Igreja a define assim:
 “A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”. (CIC 2558).


Padre Reinaldo Cazumbá
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova

19/06/2014

Corpus Christi



A Festa de Corpus Christi é a celebração em que solenemente a Igreja comemora a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas. Propriamente é a Quinta-feira Santa o dia da instituição, mas a lembrança da Paixão e Morte do Salvador não permite uma celebração festiva. Por isso, é na Festa de Corpus Christi que os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

A Festa de Corpus Christi surgiu no séc. XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra do sacramento da Eucaristia.

Aconteceu, porém, que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, aconteceu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Alguns dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.


O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, informado do milagre, então, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, teria então pronunciado diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.

Em 11 de agosto de 1264 o Papa emitiu a bula "Transiturus de mundo", onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido a Beata e percebido a luz sobrenatural que a iluminava e a sinceridade de seus apelos.

Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de "Lírio das Catedrais". Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então, em toda o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.

Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. A celebração normalmente tem início com a missa, seguida pela procissão pelas ruas da cidade, que se encerra com a bênção do Santíssimo.

Tradição dos tapetes

Todo católico deve participar dessa Procissão por ser a mais importante de todas que acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo. Tudo isto tem muito sentido e deve ser preservado.

Começaram assim as grandes procissões eucarísticas e também o culto a Jesus Sacramentado foi incrementado no mundo todo através das adorações solenes, das visitas mais assíduas às Igrejas e da multiplicação das bênçãos com o Santíssimo no ostensório por entre cânticos cada vez mais admiráveis. Surgiram também os Congressos Eucarísticos, as Quarenta Horas de Adoração e inúmeras outras homenagens a Jesus na Eucaristia. Muitos se converteram e todo o mundo católico.

O culto eucarístico não começou no século XIII, pois começou desde o Cenáculo, quando Jesus instituiu a sagrada Eucaristia. Mas faltava, porém, uma festa especial para agradecer ao "Prisioneiro dos Sacrários" esta presença inefável que o faz contemporâneo de todas as gerações cristãs. Era necessário, realmente, uma data distinta para que se manifestasse um culto especial ao Corpo e Sangue de Cristo, atraindo d’Ele novas graças e bênçãos para os que caminham neste mundo.
Milagre Eucarístico

Por volta dos anos 700, na cidade italiana de Lanciano, viviam no mosteiro de São Legoziano os Monges de São Basílio, e entre eles havia um que se fazia notar mais por sua cultura mundana do que pelo conhecimento das coisas de Deus. Sua fé parecia vacilante, e ele era perseguido todos os dias pela dúvida de que a hóstia consagrada fosse o verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho o Seu verdadeiro Sangue. Mas a Graça Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar continuamente para que esse insidioso espinho saísse do seu coração.

Foi quando, certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da Consagração, ele viu a hóstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo. Sentiu-se confuso e dominado pelo temor diante de tão espantoso milagre, permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:

"Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!"


A estas palavras os fiéis se precipitaram para o altar e começaram também a chorar e a pedir misericórdia. Logo a notícia se espalhou por toda a pequena cidade, transformando o Monge num novo Tomé. A Hóstia-Carne apresentava, como ainda hoje se pode observar, uma coloração ligeiramente escura, tornando-se rósea se iluminada pelo lado oposto, e tinha aparência fibrosa; o Sangue era de cor terrosa (entre o amarelo e o ocre), coagulado em cinco fragmentos de forma e tamanhos diferentes.

As relíquias foram agasalhadas num tabernáculo de marfim mandado construir pelas pessoas mais credenciadas do lugarejo. A partir de 1713 até hoje, a Carne passou a ser conservada numa custódia de prata, e o Sangue, num cálice de cristal. Aos reconhecimentos eclesiásticos do Milagre, a partir de 1574, veio juntar-se o pronunciamento da Ciência moderna através de minuciosas e rigorosas provas de laboratório.

Foi em novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais, sob cuja guarda se mantém a Igreja do Milagre (desde 1252 chamada de São Francisco), decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois médicos de renome e idoneidade moral a análise científica das relíquias. Após alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório contendo os resultados das análises:

"A Carne é verdadeira carne, o Sangue é verdadeiro sangue. A Carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago). A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sangüíneo (AB) e pertencem à espécie humana. No sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os seguintes materiais: cloretos, fósforos, magnésio, potássio, sódio e cálcio. A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por 12 séculos e expostos à ação de agentes atmosféricos e biológicos, permanece um fenômeno extraordinário".

Antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas realizadas em Arezzo, os Doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades um telegrama nos seguintes termos: "E o Verbo se fez Carne!". É assim que o Milagre de Lanciano, desafiando a ação do tempo e toda a lógica da ciência humana, se apresenta aos nossos olhos como a prova mais viva e palpável de que "Comei e bebei todos vós, isto é o meu Corpo que é dado por vós".

Mais do que uma simples simbologia como possa parecer, é o sinal divino de que no Sacramento da Comunhão está o alimento da nossa esperança nas Promessas de Cristo para nossa Salvação: "Aquele que come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6,55).

18/06/2014

Por que intercedemos?

“A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus” 
Quando falamos de oração de intercessão, é possível nos lembrarmos de grandes homens e mulheres da Bíblia, dos santos e da nossa própria oração. Já reparou que sempre rezamos por alguém? Sempre nos pedem oração ou a pedimos para alguém?
Primeiramente, ao falar de intercessão, lembremo-nos de Abraão. A cidade de Sodoma estava para ser destruída, mas devido à intervenção e à intercessão desse homem que “negocia” com Deus – “Se houver cinquenta justos… quarenta… dez justos” –, o Senhor lhe responde: “Por causa dos dez não a destruirei”(cf. Gn18,16-33). Assim, graças à intercessão de Abraão, a cidade não foi destruída.
O grande Moisés foi outro homem que se colocou em defesa do povo. Deus o havia chamado para ir à frente, para libertar os filhos de Israel da escravidão do faraó. Primeiro, Moisés, em nome do Senhor, foi até o faraó e pediu a liberdade de seu povo (cf. Êx 5,1). Vários sinais foram realizados para que ele se convencesse de que aquela era a vontade de Deus: o cajado que se transformou em serpente, a água que virou sangue, além de pragas como rãs e gafanhotos (cf. Êx 7-12). Apenas com a morte do seu primogênito o faraó deixou o povo partir, mas, depois, o perseguiu (cf. Êx 14).
Num segundo momento, Moisés já não mais pedia ao faraó, mas passou a pedir a Deus pelo povo. Após a libertação, infelizmente, esse manifestou a sua ingratidão a Deus e a Moisés, pois passou a murmurar por causa do alimento (16,3), reclamar pela falta de água. Moisés clamou ao Senhor e, então, puderam beber da água (17,2-7). O profeta intercedia, pedia e colocava-se diante do Senhor em favor de seu povo.
Temos também mulheres que intercederam, que se colocaram em favor do povo, como Ester que orou pelos seus (cf. Est 4, 17n-17kk). Judite fez o mesmo (cf. Jd 9). Maria, na festa das bodas em Caná, disse: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (cf. Jo 2,5).
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“A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus” (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2634). “Ele é o único intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens” (cf. Rm 8,34). Ele é o Cristo, o enviado de Deus para interceder por todos até as últimas consequências ao viver a Paixão. Jesus intercedeu tanto por nós, que deu a vida d’ele para que vivêssemos.
Ora, os intercessores foram homens e mulheres que se colocaram diante de Deus em favor dos necessitados, como fez Jesus. Assim, se pedirmos oração ou se orarmos pelo outro, já estaremos vivendo a intercessão. Temos ainda a riqueza, como nos ensina a Igreja, de pedir a intercessão daqueles que morreram santamente, que estão com Deus: os santos. Na profissão de fé, rezamos “creio na comunhão dos santos”, ou seja, esses que estão com o Senhor podem pedir por nós que estamos aqui, e é necessário deixar bem claro que é sempre Jesus quem realiza os feitos.
Por fim, a oração de intercessão é confiante e dirigida ao Senhor em favor do outro, do necessitado. Foi isso o que os homens da Bíblia fizeram e, por excelência, Jesus fez por nós pecadores. Fomos salvos ou somos salvos pela intercessão d’Ele junto ao Pai.
Por que intercedemos? Primeiro, para imitar Cristo, que intercede por nós junto do Pai. Ele quer a nossa salvação e, uma vez que fomos alcançados e amados por Ele, passamos a segui-Lo e imitá-Lo.
Mas como O imitamos? Intercedendo pelo nosso próximo, confiando que Ele pode tudo, que nada Lhe é impossível (cf. Lc 1,37). Oramos em favor do outro, porque também entendemos que não devemos pedir apenas para nosso próprio benefício. A oração de intercessão não é passiva – o necessitado lá e eu aqui –, mas ativa como Jesus, que ia ao encontro de Seus semelhantes, que nada quis para si, mas se entregou pelo outro, “amou-os até o fim” (cf. Jo 13,1). Ativamente, intercedamos pelo próximo indo ao encontro dele.


Padre Márcio
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova

17/06/2014

Há um futuro promissor para a humanidade?

Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão?
As cenas de violência, que acompanham as manifestações de protesto das mais diversas bandeiras, multiplicam-se por toda parte. Ao mesmo tempo, a humanidade fica chocada com acidentes de toda ordem, desastres naturais, a grande chaga da guerra e o desentendimento entre pessoas, grupos e culturas. Aquela que uma vez foi chamada de aldeia global se mostra diariamente em nossas casas. Há inclusive meios de comunicação que se comprazem em mostrar, ao vivo e a cores, a miséria humana, tirada do fundo do baú, aquela que outrora se encontrava escondida na sarjetas da vida ou dissimulada através de mil truques. E o que dizer da exposição das pessoas e seus eventuais deslizes, através das chamadas redes sociais? Para muitos, a tentação que vem à tona é a do desânimo. Pode ser ainda a banalização da vida das pessoas e de sua dignidade. Outros são levados inclusive ao desespero.
Há um futuro promissor para a humanidade? Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão? Bem perto de nós, como serão os próximos meses com os eventos esportivos e políticos que se avizinham? Seremos capazes de nos manter serenos e fiéis? Jesus, conversando com seus discípulos, reunidos no Cenáculo, por ocasião da última Ceia, pronunciou palavras de fogo, garantindo-lhes as forças necessárias para a caminhada neste mundo. Temos certezas que nos permitem ir ao encontro dos outros sem receios, ajudando a todos na descoberta dos sinais de vida e de esperança.
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Para os cristãos existe um ponto de referência, projetado pela esperança, uma virtude teologal. Virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade (Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 384-387), são aquelas que têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas com a graça santificante, tornando-nos capazes de viver em relação com a Trindade, fundamentam e animam o agir, consolidando e vivificando as virtudes humanas. Elas são a garantia da presença e da ação do Espírito Santo em nós. Pela fé, cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos. Pela esperança, desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena. A caridade, por sua vez, é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é o vínculo da perfeição (Cf. Cl3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela “não sou nada” e “nada me aproveita”, afirma São Paulo (Cf. 1Cor13,1-3).
A vida cristã tem sua origem em Deus, que nos chama a partilhar de sua vida e nos oferece a salvação. Quer dizer que a vida, quando começa no alto, tem sentido e rumo. Há uma meta a alcançar e esta é a felicidade plena na eternidade, com Deus e com os irmãos. De fato, Deus nos fez para chegar a esta realização completa e a maldade ou o pecado não têm a última palavra.
Para manter viva a esperança, é necessário acreditar que Deus tem algo a ver com a humanidade e pode, sim, intervir na história humana e na vida das pessoas. Só Ele pode fazê-lo sem violentar a liberdade, dom com que todos foram criados. Há um percurso a fazer, para que se mantenha viva a certeza de sentido na vida humana nesta terra, tantas vezes “vale de lágrimas”, mas destinada a ser lugar de felicidade, “um novo céu e uma nova terra, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu esposo, a morada de Deus-com-os-homens. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Estas coisas serão a herança do vencedor, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21, 1.3-6).
O ponto de chegada é muito alto, mas não é complicado caminhar até lá! Basta seguir a receita do Evangelho: Quem ama enxerga e entende o que deve fazer: “Quem me ama será amado por meu pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Não é apenas conversa, pois “quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama” (Jo 14, 15-21). Trata-se de praticar os mandamentos! Depois, quem compromete assim sua liberdade e sai de si para amar a Deus e cumprir os mandamentos, tem a certeza de que o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, permanece sempre dentro de si e a seu lado. Sabendo que o Espírito Santo prometido age no mundo e na Igreja, não desfaleceremos no caminho e a esperança permanecerá acesa.
Uma das consequências é o testemunho a ser oferecido diante das pessoas. Mesmo quando aparece o sofrimento, é melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Cristo morreu, justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus, mas recebeu nova vida no Espírito (Cf. 1 Pd 3, 15-18). Quando alguém quer saber os motivos da esperança que está em nossos corações, começamos com o Céu, mostramos o rumo futuro, a meta da esperança, mas também olhamos para a terra, enxergando os sinais de Deus existentes no momento presente, ao identificar o bem que é feito e a bondade que se espalha ao nosso redor. Há muita caridade vivida, há muitos gestos gratuitos e generosos, assim como tanta doação de vida. Há pessoas acendendo sinais verdes de esperança, ao invés de se armar com o amarelo do semáforo do medo ou interromper a caminhada com o vermelho que interrompe o trânsito da vida. Que nossa vida corresponda à fé, esperança e caridade que nos foram dadas de presente.


Dom Alberto Taveira Corrêa
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova

16/06/2014

Não concordo com o que a Igreja ensina. O que faço?

Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre “toda a verdade”?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que quem não concorda com o que a Igreja ensina, não conhece bem o que Jesus ensinou, fez e mandou que fizéssemos. Ele fundou a Igreja sobre São Pedro e os apóstolos para que ela fosse a “porta voz” d’Ele na Terra. Disse o Senhor a eles: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (cf. Lc 10,16). Quer dizer, quem não ouve a Igreja, não ouve Jesus! Quem não obedece a Igreja, não O obedece.
Jesus ainda lhes disse: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino”. (São Lucas 12, 32). E foi à Igreja que Jesus mandou: “Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16,15). Como, então, não concordar com a palavra da Igreja? E mais: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados” (João 20.22). O Pai mandou o Filho para salvar o mundo; o Filho enviou a Igreja. Ela é o “sacramento universal da salvação” (LG, 4), a Arca de Noé que nos salva do dilúvio do pecado.
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Na Santa Ceia, na despedida dos apóstolos, Jesus fez várias promessas à Igreja, ali formada por Seus discípulos. Entre muitas coisas que São João narrou, em cinco capítulos do seu Evangelho (13 a 17), Jesus prometeu à Igreja:
“Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós”. “Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (João 14,15.25). Ora, como a Igreja poderia ensinar algo de errado se o Espírito Santo permanece sempre com ela e lhe “ensina todas as coisas”?
Jesus ainda lhes disse: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade,ensinar-vos-á toda a verdade…” (João 16,12-13). Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre “toda a verdade”?
Além disso, o próprio Jesus está na Igreja, pois Ele prometeu, antes de subir ao céu: “Eis que Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mateus 28,20). Foi a última palavra d’Ele aos discípulos. Ora, como a Igreja poderia errar se Jesus está com ela todo tempo? É impossível! É por isso que São Paulo disse a São Timóteo: “A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Então, a Igreja detém a verdade que Jesus disse que nos liberta.
É por causa de tudo isso que o nosso Credo tem 2 mil anos e nunca mudou nem vai mudar; porque é a expressão da verdade que salva. A mesma coisa acontece com os sacramentos, os mandamentos e a liturgia. A Igreja já teve 266 Papas e nunca um deles cancelou um ensinamento doutrinário que um antecessor tenha ensinado. Já realizou 21 Concílios universais, e nunca nenhum deles cancelou um ensinamento de um anterior. A verdade não muda, e está na Igreja. O Espírito Santo não se contradiz.
Logo, como não concordar com o que Igreja ensina? Isso seria por causa da ignorância de tudo o que foi relatado acima; ou, então, seria um ato de orgulho espiritual da pessoa, que acha que sabe mais do que a Igreja, assistida por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Longe de nós isso!
Podemos até não conseguir viver o que a Igreja nos ensina e nos manda viver – isso é compreensível por causa de nossa fraqueza –, mas jamais poderemos dizer que ela está errada ou que eu não concordamos com o que ela ensina. A Igreja não ensina o que quer, mas o que o Seu Senhor lhe confiou.


Prof. Felipe Aquino
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova