31/03/2015

Celebrar a Semana Santa é celebrar a vida, a vitória para sempre

Diante de um mundo carente de esperança, celebrar a Semana Santa é fortalecer a esperança que dá a vida
O maior acontecimento da história da humanidade é a Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus feito Homem. Nada, neste mundo, supera a grandiosidade desse acontecimento. Os grandes homens e as grandes mulheres, – sobretudo os santos e santas, debruçaram-se sobre esse acontecimento e dele tiraram a razão de ser de suas vidas.
Depois da Encarnação e da Morte cruel de Jesus na cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus pela humanidade. Disse o próprio Jesus que o Senhor amou a tal ponto o mundo que deu o Seu Filho Único para que todo aquele que n’Ele crer não morra, mas tenha a vida eterna” (cf João 3,16).
Celebrar a Semana Santa é celebrara vida, a vitória para sempre
São Paulo explica a grandeza desse amor de Deus por nós com as seguintes palavras aos romanos: “”Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida”” (Romanos 5,8-10).
Cristo veio a este mundo para nos salvar, para morrer por nós. Deus, humanizado, morreu por nós. O que mais poderíamos exigir do Senhor para nos demonstrar Seu amor? Sem isso, a humanidade estaria definitivamente longe de Deus por toda a eternidade, vivendo o inferno, a separação do Pai. Por quê? Porque o homem pecou e peca desde os nossos primeiros antepassados; e o pecado é uma ofensa grave a Deus, uma desobediência às Suas santas Leis, a qual rompe nossa comunhão com Ele. Por isso, diante da justiça divina, somente uma reparação de valor infinito poderia sanar essa ofensa da humanidade ao Senhor. E como não havia um homem sequer capaz de reparar, com seu sacrifício, essa ofensa infinita a Deus, então, Ele próprio, na Pessoa do Verbo,– veio realizar essa missão.
Não pense que Deus é malvado e exige o sacrifício cruento de Seu Filho na cruz por mero deleite ou para se vingar da humanidade. Não, não se trata disso. Acontece que o Senhor é amor, mas também é justiça. O amor de Deus é justo. Quem erra deve reparar seu erro. Humanamente exigimos isso, e essa lei só não existe entre os animais. Então, como a humanidade prevaricou contra Deus, ela tinha de reparar essa ofensa não simplesmente a Ele, mas à justiça divina sob a qual este mundo foi erigido. Sabemos que, no Juízo Final, Deus fará toda justiça com cada um; e cada injustiça da qual fomos vítimas também será reparada no Dia do Juízo.
Assim, vemos o quanto Deus ama, valoriza e respeita o homem. O Verbo Divino se apresentou diante do Pai e ofereceu-se para salvar a Sua mais bela criatura, gerada “à Sua imagem e semelhança” (cf. Gênesis 1,26).
A Carta aos Hebreus explica bem este fato transcendente: “Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: ‘Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’ (Sl 39,7ss). Disse primeiro: Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado (quer dizer, as imolações legais). Em seguida, ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo.Enquanto todo sacerdote se ocupa diariamente com o seu ministério e repete inúmeras vezes os mesmos sacrifícios que, todavia, não conseguem apagar os pecados, Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus” (Hebreus 10,5-10).
A Semana Santa celebra, todos os anos, esse acontecimento inefável: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para a salvação da humanidade, para o resgate desta das mãos do demônio e a sua transferência para o mundo da luz, para a liberdade dos filhos de Deus. Estávamos todos cativos do demônio, que no Paraíso tomou posse da humanidade pelo pecado. E com o pecado veio a morte (cf. Rom 6,23).
Mas agora Jesus nos libertou, “pagou o preço do nosso resgate”. Disse São Paulo: “Sepultados com ele no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz. Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz” (Col 2,12-14).
Quando fomos batizados, aplicou-se a cada um de nós os efeitos da Morte e Ressurreição de Cristo; a pia batismal é, portanto, o túmulo do nosso homem velho e o berço do nosso homem novo, que vive para Deus e Sua justiça. É por isso que, na Vigília Pascal do Sábado Santo, renovamos as promessas do batismo.
O cristão que entendeu tudo isso celebra a Semana Santa com grande alegria e recebe muitas graças. Por outro lado, aqueles que fogem para as praias e os passeios, fazendo dela apenas um grande feriado, é porque ainda não entenderam a grandeza dessa data sagrada e não experimentaram ainda suas graças. Ajudemos essas pessoas a conhecerem tão grande mistério de amor!
O cristão católico, convicto, celebra com alegria cada função litúrgica do Tríduo Pascal e da Páscoa. Toda a Quaresma nos prepara para celebrar com as disposições necessárias a Semana Santa. Ela se inicia com a celebração da entrada de Jesus em Jerusalém (Domingo de Ramos). O povo simples e fervoroso aclama Jesus como Salvador. E grita: “Hosana!”; “Salva-nos!” Ele é o Redentor do homem. Nós também precisamos proclamar que Ele – e só Ele – é o nosso Salvador (cf. At 4,12).
Na Missa dos Santos Óleos, a Igreja celebra a Instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos do batismo, da crisma e da unção dos enfermos. Na Missa do Lava-Pés, na noite da Quinta-Feira Santa, a Igreja celebra a Última Ceia de Jesus com os Apóstolos, na qual o Senhor instituiu a Sagrada Eucaristia e lhes deu as últimas orientações.
Na Sexta-Feira Santa, a Igreja guarda o Grande Silêncio diante da celebração da Morte do seu Senhor. Às três horas da tarde, é celebrada a Paixão e Morte do Senhor. Em seguida, há a Procissão do Senhor morto por cada um de nós. Cristo não está morto nem morre outra vez, mas celebrar a Sua Morte é participar dos frutos da Redenção.
Na Vigília Pascal, a Igreja canta o “Exultet”, o canto da Páscoa, a celebração da Ressurreição do Senhor, que venceu a morte, a dor, o inferno e o pecado. É o canto da Vitória. “Ó morte onde está o teu aguilhão?”
A vitória de Cristo é a vitória de cada um de nós que morreu com Ele no batismo e ressuscitou para a vida permanente em Deus; agora e na eternidade.
Celebrar a Semana Santa é celebrar a vida, a vitória para sempre. É recomeçar uma vida nova, longe do pecado e em comunhão mais íntima com Deus. Diante de um mundo carente de esperança, que desanima da vida, porque não conhece a sua beleza, celebrar a Semana Santa é fortalecer a esperança que dá a vida. O Papa Bento XVI disse – em sua Encíclica Spe Salvi – que sem Deus não há esperança, e sem esperança não há vida.
Esta é a Semana Santa que o mundo precisa celebrar para vencer seus males, suas tristezas e desesperanças.

30/03/2015

Semana Santa: a semana da vitória da vida sobre a morte

É a semana da nossa reconciliação com Deus. É a semana da vitória da vida sobre a morte
Iniciamos hoje a Semana Santa. Semana na qual celebramos a centralidade da nossa fé, que teve início na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ou seja, a Paixão – subida de Jesus Cristo ao Monte Calvário, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para a nossa salvação; para nos resgatar das mãos do demônio e nos transferir para o mundo da luz, para a liberdade dos filhos de Deus. Jesus morre na cruz para reconciliar o homem com o Pai. É a semana da nossa reconciliação com Ele. É a semana da vitória da vida sobre a morte, do pecado sobre a graça.
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Quando os fiéis são batizados, aplica-se a cada um deles os efeitos redentores da Morte e Ressurreição de Cristo. Por isso, o cristão católico convicto celebra com alegria a cada função litúrgica da Semana Santa, que começa hoje e termina na celebração do Tríduo Pascal e da Páscoa.
Assim recomenda a Santa Mãe Igreja que todos os seus filhos se confessem para que, correndo com Cristo do pecado, possam com Ele ressuscitar, na madrugada do Domingo da Páscoa, para a vida eterna.
O tempo da Quaresma se prolonga até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é a grande introdução ao Santo Tríduo Pascoal. E este [Tríduo Pascoal] tem início na Sexta-feira da Paixão, prossegue com o Sábado de Aleluia e chega ao ponto mais alto na Vigília Pascoal terminando com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.
O Evangelho proposto para a Semana Santa, neste primeiro dia, é o de Jesus que volta a Betânia, seis dias antes da Páscoa, para manifestar Seu amor e carinho pelos amigos. Comove ver como o Senhor tem essa amizade, tão divina e tão humana, manifestada num convívio frequente. Nessa visita de Cristo a Lázaro, Maria e Marta, vejo-me também na condição de acolhê-Lo e de recebê-Lo em minha casa e vida. Jesus vem me visitar hoje e eu quero recebê-Lo com o coração aberto, alegre e agradecido por merecer Sua amizade e confiança, assim como Ele foi sempre muito bem recebido por esses amigos de Betânia, em qualquer dia e a qualquer hora, com alegria e afeto. Como havia grande respeito, atenção e caridade entre eles, assim me comprometo a fazê-lo.
São milhares os que negam hospedagem para Cristo Jesus em seu coração, mas para o mundo e suas vaidades escancaram-nos; esses vivem com a alma cheia de vícios: a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela se jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia.
“Ai da alma se lhe falta Cristo! Que a cultive com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos, terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios”, diz São Macário.
Era costume da hospitalidade do Oriente honrar um hóspede ilustre com água perfumada depois de se lavar. De forma que, mal se sentou Jesus, Maria tomou um frasco de alabastro que continha uma libra de perfume muito caro, de nardo puro. Aproximou-se por detrás do divã onde estava o Mestre recostado e ungiu os pés e secou-lhes com os seus cabelos: Trata-se de Maria Madalena que, pela segunda vez, unge o Corpo Santíssimo do Nosso Divino Salvador. O nardo era um perfume raríssimo, de grande valor, que ordinariamente se encerrava em pequenos vasos, de boca estreita e apertada. Quebrá-lo e derramar o conteúdo sobre a cabeça de alguém era, entre os antigos, sinal de grande honra e distinção.
Maria ofereceu o melhor para Cristo Jesus. Ela não ofereceu um perfume
barato, e sim, o melhor e o mais caro. E você? O que tem oferecido ao seu Senhor?Façamos também nós o mesmo; ofereçamos para Nosso Senhor aquilo que temos de melhor e mais precioso: o melhor cálice, a mais bela patena, o mais piedoso ostensório, os melhores paramentos, a nossa vida, tudo o que somos e temos. Pois, todo o luxo, majestade e beleza são poucos perante a tamanha grandeza de Jesus, nosso Mestre.
Acolhendo o mistério redentor de Cristo e Sua Palavra, meditando os acontecimentos da nossa redenção, só poderemos crescer na alegria e na paz do Deus que nos ofertou a vida. Deixemos, pois, que o Espírito de Deus tome conta de nossa existência, para que sejamos conduzidos à eterna alegria da salvação e da ressurreição.
Acolhendo o mistério central da nossa fé, desejo boa Semana Santa para você e a toda a sua família.
Autor: Pe. Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

28/03/2015

O que é o Domingo de Ramos?


A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples, que O aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”. Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia havia poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas; mas esse mesmo povo tinha se enganado no tipo de Messias que Cristo era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.
Para deixar claro a este povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande Libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, o Senhor entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo! Dessa forma, o Domingo de Ramos dá o início à Semana Santa, que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras.
Esses ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que esta é desvalorizada e espezinhada. Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a Missa, lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição. 
O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente. E nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo, mas sim na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai. A Missa do Domingo de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus: Sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o Sangue vertido com o suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os maus-tratos causados pelas mãos do soldados na casa de Anãs, Caifás; Seu julgamento iníquo diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, Sua condenação, o povo a vociferar “crucifica-o, crucifica-o”; as bofetadas, as humilhações, o caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, Seu diálogo com o bom ladrão, Sua morte e sepultura.
A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora vira as costas a Ele e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quanta falsidade há nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos deixam esse Domingo de Ramos! O Mestre nos ensina, com fatos e exemplos, que o Reino d’Ele, de fato, não é deste mundo. Que Ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas veio para derrubar um inimigo muito pior e invisível: o pecado. E para isso é preciso se imolar; aceitar a Paixão, passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la. A muitos o Senhor Jesus decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre.
Muitos pensam: “Que Messias é este? Que libertador é este? É um farsante! É um enganador merece a cruz por nos ter iludido”. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado. O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja e, consequentemente, a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei sagrada de Deus, que hoje é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses e segundo as suas conveniências. Impera, como disse Bento XVI, “a ditadura do relativismo”. O Domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é renunciar a nós mesmos, morrer na terra como o grão de trigo para poder dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do Senhor. Ele nos arranca das comodidades e das facilidades, para nos colocar diante d’Aquele que veio ao mundo para salvar este mundo.
Texto: Professor Felipe Aquino

27/03/2015

Sejamos jovens e profetas com a vida


Sejamos jovens e profetas com a vida
Padre Roger Luís. Foto: Arquivo/cancaonova.com
Jovens, que as pessoas vejam que a sua vida é uma profecia!
Meditação da Palavra: 2 Tm 3
Eu creio que nós, como ‘Jovens Sarados’, precisamos dar passos muito importantes na confiança em Deus. E o caminho para a santidade passa por quatro vias:
Primeiro - Não confiar em si mesmo;
Segundo - Viver a confiança total em Deus;
Terceiro - Ter a consciência de quem é e deixar-se passar por uma transformação das suas fraquezas;
Quarto - Viver a intimidade com Deus e a vida de oração.
Ao ver o testemunho do profeta Jeremias, percebo a dificuldade que temos de assumir o projeto de Deus em nossa vida. Um dia, o Senhor chamou o profeta Jeremias e o tirou da acomodação para profetizar àquele povo que estava levando uma vida errada.
As palavras que Jeremias proclamava era duras, pois ele falava de um Deus que puniria aquele povo por causa da infidelidade deles ao Senhor. Hoje, vemos o profeta revelando a trama que faziam para destruir a sua vida, porque ele estava sendo fiel a Deus. “Senhor, avisaste-me e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles. Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: ‘Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado”'( Jr 11,18). Jeremias colocava um caixote e subia em cima da corte para gritar as profecias que Deus lhe revelava. Jeremias foi o profeta mais odiado. Sabe por quê? Porque ele fazia a vontade de Deus.
Se nós cristão propusermos algo a mais para viver a santidade, as pessoas já começarão a nos olhar diferente. Jovens Sarados, nós precisamos lutar, cada vez mais, para fazer a vontade de Deus. Vocês são uma profecia para o mundo, não deixem de lado a proposta inicial. Esta palavra “sarados” é muito importante quando a olhamos pelo lado espiritual, na vida que buscamos neste século XXI. Gosto de São Francisco de Assis, porque ele diz: “Pregue sempre, mas use as palavras às vezes”. Precisamos pregar com a vida.
O homem moderno encanta-se com o nosso testemunho. Que nós, servos de Cristo, exalemos o perfume d’Ele. No Sermão da Montanha, Jesus disse: “Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,1).
Veja, o mundo secular quer nos colocar no exílio. Os meios de comunicação e o talentos que os artistas têm são usados para transformar o povo, a fazê-lo viver o exílio, viver longe de Deus. Mas o desejo que o Senhor tem para nós é que vivamos como profetas neste tempo, que não tenhamos medo de estar do lado da verdade. Quando estamos do lado da verdade, estamos do lado da cruz. Somos provados, porque as pessoas estão começando a deixar de acreditar em Deus.
A perseguição hoje é velada em ideologias, nas escolas, nas mídias seculares que seduzem de forma muito sutil. Quantos começaram tão bem a sua caminhada e hoje abandonaram a sua fé? Muitos vão nos dizer como a Passagem de hoje nos diz: “Vocês também estão sendo enganados?Você acredita ainda neste negócio de castidade?”.
Fica sabendo que, nos últimos dias, sobrevirão momentos difíceis, mas aguente firme, porque Deus o chamou, Ele tem um projeto para você. Não desista! Deus quis contar com você, quis contar com esta geração de ‘Jovens Sarados’ para testemunhar na dor, no sofrimento e mostrar para o mundo que é possível ser de Deus sem estar na Babilônia.
Se você está com vontade de desistir, saiba que o Senhor continua contando com você! Como é bom voltar no lugar secreto da intimidade e ver onde Ele nos resgatou.
Diante do mundo atual, precisamos nos posicionar profeticamente. “O novo milênio será o milênio dos mártires”, (João Paulo II). Olha o que estamos vendo, principalmente no Estado Islâmico, uns sendo queimados e tantas coisas acontecendo. O auge do testemunho de um cristão é o derramamento de sangue. Mas nós somos chamados ao martírio branco, incruento, ao martírio da castidade e da honestidade.
“O sangue do mártires é semente de novos cristãos” (Tertuliano). Se o diabo pensa que está vencendo, ele está enganado, porque está sendo derrotado pelo sangue dos mártires.
Precisamos ser profeta com a vida. Se você não tem um microfone, suba no caixote e deixe as pessoas verem que você é diferente. Não podemos nos orgulhar, porque nada é nosso, tudo é de Deus.
Pregue com a sua vida, pregue nas escolas e faculdades. A cruz é o lugar para aqueles que decidem fazer a vontade de Deus. É por isso que estamos vendo, no Evangelho, aquela confusão. Jesus é Aquele que primeiro nos amou, Ele se entregou por nós. Qual vai ser a sua resposta diante de um mundo que clama por profetas?
“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino.Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás” (Jeremias 1,5-7).
Precisamos fazer memória da nossa primeira conversão para perseverarmos. Eu quero dizer para você que tem sentido um chamado de Deus mais especial: não tenha medo de dizer ‘sim’! Você, que tem o chamado para ser padre, não diga: “Eu não sei falar!”. Não tenham medo de Deus, Jovens Sarados. Que as pessoas vejam a sua vida como uma profecia.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

26/03/2015

Papa pede fiéis misericordiosos e Igreja de portas abertas

Ao reiterar a necessidade de misericórdia, Francisco deixou um alerta: “Aquilo que o Espírito Santo faz no coração das pessoas, os cristãos com psicologia de doutores da lei destroem”
Da Redação, com Rádio Vaticano
Na Missa de hoje, Papa pede que fiéis sejam misericordiosos e não fechem as portas da Igreja / Foto: L'Osservatore Romano
Na Missa de hoje, Papa pede que fiéis sejam misericordiosos e não fechem as portas da Igreja / Foto: L’Osservatore Romano
A Igreja é “a casa de Jesus”, uma casa de misericórdia que acolhe a todos. Sendo assim, não é um lugar onde os cristãos podem fechar as portas. Esse foi o teor da homilia do Papa Francisco, na Missa do dia 17 de Março, na Casa Santa Marta.
Francisco já evidenciou outras vezes esse conflito entre Jesus, que abre as portas a quem quer que O procure – mesmo que seja distante d’Ele – e os cristãos, que, muitas vezes, fecham as portas da Igreja na cara de quem bate à sua porta. É um conflito entre a misericórdia total de Cristo e a escassez demonstrada por aqueles que creem n’Ele.
A reflexão do Papa começou pela água, protagonista das leituras litúrgicas do dia. Ele se concentrou no Evangelho de João, que descreve a cura de um paralítico triste – e para Francisco um “pouquinho preguiçoso” –, que nunca soube se imergir quando as águas se mexiam e, assim, encontrar a cura. Jesus curou esse homem, o que desencadeou a crítica dos doutores da lei, porque a cura aconteceu num sábado. “Uma história – observou o Papa – que acontece muitas vezes hoje”.
“Um homem, uma mulher, que se sente doente na alma, triste, que cometeu muitos erros na vida, em algum momento sente que as águas estão se movendo, é o Espírito Santo que move algo, ou ouve uma palavra ou … ‘Ah, eu quero ir! “… E toma coragem e vai. E quantas vezes hoje, nas comunidades cristãs, encontra as portas fechadas! ‘Mas você não pode, você não pode. Você errou aqui e não pode. Se você quiser vir, venha à Missa no domingo, mas fique ali, mas não faça nada mais’. E aquilo que o Espírito Santo faz nos coração das pessoas, os cristãos com psicologia de doutores da lei destroem”.
“Faz-me mal isso”, afirmou em seguida Francisco, destacando que a Igreja tem sempre as portas abertas, é a casa de Jesus e Ele acolhe, vai encontrar as pessoas. Se elas estão feridas, disse o Papa, Jesus não as repreende, mas as carrega nos ombros. Isso se chama misericórdia, explicou, dizendo que quando Deus repreende seu povo – ‘Desejo misericórdia, não sacrifício!’ –, fala exatamente disso.
“Quem é você que fecha a porta do seu coração a um homem, a uma mulher que tem vontade de melhorar, de voltar a ser parte do povo de Deus após o Espírito Santo ter movimentado seu coração?”.
Que a Quaresma, conclui o Papa, ajude a não cometer o erro de quem desprezou o amor de Cristo pelo paralítico somente porque era contrário à lei. “Peçamos ao Senhor, na Missa, para cada um de nós e para toda a Igreja, uma conversão em direção a Jesus, uma conversão em Jesus, uma conversão à misericórdia de Jesus e, assim, a Lei será completamente realizada, porque a Lei é amar a Deus e ao próximo, como a nós mesmos”.

25/03/2015

Solenidade Anunciação do Senhor

Solenidade Anunciação do Senhor
Hoje a Igreja festeja o anuncio da Encarnação do Filho de Deus, e assim damos mais uma passo para o Grande Jubileu do Ano 2000 onde solenemente celebraremos Encarnação do Verbo no ceio da Virgem Maria. O tema central desta grande festa é Jesus que não assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.

Com alegria contemplamos o Mistério do Deus Todo-Poderoso que na origem do Mundo Cria todas as coisa com sua Palavra, porém desta vez escolhe depender da palavra de uma frágil ser humana , Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:


“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus…a uma jovem…Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus…Não temas , Maria…engravidarás e darás à luz um filho…e lhe darás o nome de Jesus.
Maria disse ao anjo: Como se fará isso?

O anjo lhe respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti Maria disse então: Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua Palavra!” ( Lc 1,26-38).

Sendo assim hoje é o dia de fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, pois:


“O Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós”( Jo1, 14).


Fonte: Acidigital

A loucura da cruz

Deixe o Senhor te dar a alegria e a força do Espírito Santo para que possa sentir uma mão que te ajuda a levantar. O Senhor é o Deus que cura!

Peça a Deus a unção do Espírito Santo para que possa viver um verdadeiro Pentecostes e testemunhe com grande alegria os seus ensinamentos. Para sermos pessoas felizes é preciso estar próximos do Senhor, por isso não fique desanimado. Não existe benção maior do que a cruz, por isso é importante olharmos para a cruz de Cristo e fazermos uma reflexão sobre a nossa vida e a forma como estamos vivendo. Temos que ter o amor de Deus no coração, pois isso é viver a verdadeira religião.

Devemos fazer a experiência de estar próximos do Senhor, pois Ele nos aceita como somos! Diante das fraquezas não podemos desanimar, mas sim olhar para Deus e pedir o seu auxilio.

A mãos de Cristo é sempre a mão do Senhor, portanto ao rezar por alguém peça as bençãos para esta pessoa e para que ela possa sentir a voz de Deus no seu coração.

Todo cristão precisa ter nas mãos a Bíblia, porque Jesus fala conosco através da Palavra. Por isso, é importante abrir o seu coração e permitir que a Palavra do Senhor possa falar e tocar a sua alma. Precisamos viver a real experiência de encontro com Jesus, porque o que o Senhor deseja é que realmente sejamos tocados pelo amor de Deus. Coloque a sua confiança em Deus!

Uma das maiores necessidades do nosso milênio é perceber o que realmente é essencial no cristianismo. Quantos foram os batizados que se perguntam e questionam sobre o que está faltando na sua vida. Logo muitos acabam se perdendo pelo meio do caminho, porque buscam as respostas para insatisfação do coração em outros lugares.


'A cruz é a porta para o céu e a vitória de nós cristãos', disse padre Gambarini
Foto: Wesley Almeida/Cancaonova.com

A cruz é a porta para o céu e a vitória de nós cristãos. Quando nós olhamos para a cruz temos a impressão de estarmos diante de um derrotado, mas é deste sinal que brotou a vida. Porque aquele que tinha que morrer ali não era Jesus, mas era para nós estarmos ali e o Senhor estava em nosso lugar. Quantos cristãos correm atrás de tudo, mas não vão atrás da cruz de Cristo.

Quantas vezes nós vemos o pecado crescer em nossa vida e a diferença crescendo na Igreja, porque deixamos de pregar este poder que transforma vidas que é a mensagem da cruz. Nós cristãos precisamos entender a dimensão da nossa fé porque não é apenas um conjunto de atos religiosos, mas sim precisamos entender o verdadeiro sentido da cruz nossa vida. O diabo não gosta que os cristãos levem a mensagem da cruz, pois ela é capaz de converter o homem do pecado.

É na cruz que esta o modo brilhante de Deus amar os seus filhos. Devemos ser como o discípulo amado que estava ao lado de Jesus. Devemos acordar diante do pecado! A nossa fé deve estar naquele que morreu na cruz por nós.

É preciso que cada um de nós entenda que o Senhor vendo todo aquela situação de decepção e humilhação que passou quando estava na cruz pediu para o Pai perdoar todas aquelas pessoas. Quem não tem a experiência do amor de Deus não tem ternura, bondade e não sabe perdoar como Jesus perdoou. Não importa o que você tenha feito, mas Jesus te ama. Quando vivemos o amor de Deus verdadeiramente nós não permitimos que a magoa e o rancor entre no seu coração.

O que Deus não quer é que sujemos com o pecado o mundo que foi criado para ser um lugar bom. O Senhor não quer que dentro da Igreja tenham aqueles que ficam correndo atrás do destaque, mas cristãos que busquem servir a Igreja com naturalidade.

Devemos aprender a acreditar na Palavra de Deus, portanto não podemos deixar os ensinamentos do Senhor de lado porque é desta forma que o pecado vai invadindo o nosso coração. A Palavra do Senhor é a força para cada um de nós, portanto deixemos o pecado de lado e renovemos o nosso coração em Cristo.

Transcrição e adaptação: Alessandra Borges

24/03/2015

Em Deus você terá a vitória


Márcio Mendes Missionário da Canção Nova/  Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Márcio Mendes, missionário da Canção Nova/ Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Efésios 6,11-13).
Quando achamos que podemos viver a nossa vida sem Deus, essa é a primeira vitória do demônio. Precisamos acreditar no Espírito Santo, acreditar que Deus quer intervir na sua vida e na vida da sua família através de você.
O Senhor age, todos dias, em nossa vida de forma humana. Ele se revela quando nos abrimos à Sua ação.
Muitas vezes, temos dificuldade de aceitar nossa história de vida, dificuldade de aceitar o fracasso. Sofremos e não entendemos por que Deus nos ama, mas permite que soframos. E corremos o risco de viver a vida reclamando d’Ele, porque estamos decepcionados. A decepção é uma armadilha que nos prende em uma vida de culpa.
Quem não supera as tristezas do passado dificilmente consegue conduzir sua vida. Você quer viver uma vida feliz? Então, acredite na graça de Deus. Aceite sua vida do jeito que ela é, assuma-a e entregue-a ao Senhor. Não importa a família, não importa a condição financeira, sempre haverá situações que poderíamos ter evitado. Não existe família perfeita, não existe pai e mãe infalíveis, não há casamento sem dificuldade; mas são essas dificuldades que temperam nossa vida e nos fazem amadurecer.
O amor humano não é perfeito; ao contrário, ele nos decepciona. Por isso, precisamos buscar a cura no Espírito Santo! Diante das dificuldades, sempre há algo que podemos fazer: recorrer a Jesus!
Nosso Senhor tem o poder de acalmar a tempestade em sua vida, e a primeira tempestade que ele quer acalmar é a do seu coração. É preciso ter fé, confiança, porque Deus está agindo sobre suas dificuldades. Se Jesus estiver no barco da sua vida, pode acontecer o que for, seu barco não afundará. Mas sem Ele você é um derrotado!
Márcio Mendes Missionário da Canção Nova/ Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Márcio Mendes, missionário da Canção Nova, prega no ‘Abraça São Paulo’. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Deus nos mostra o exemplo de Davi. Ele era fraquinho, nasceu estranho, era o oitavo filho de seus pais. Todos os outros filhos eram morenos, mas Davi era ruivo. Ele se ofereceu para enfrentar Golias, que era um grande lutador, e lutou com ele.
Havia duas formas de lutar naquela época: dois exércitos se combatiam ou os dois melhores homens desses exércitos. Os filisteus já haviam escolhido o seu quando Davi se ofereceu para lutar.
O Rei mandou que dessem sua armadura a Davi, mas ele não a usou, porque era fraco. Davi tirou a armadura e lutou com o que sabia, seu estilingue. Então, escolheu cinco pedras. Era impossível a vitória de Davi! E Golias, com sua espada, foi para cima dele.
Davi disse ao filisteu: “Você vem contra mim com espada, com lança e dardo, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos.
Quando invocamos o Senhor, ele dá força aos nossos esforços. Davi não estava sozinho, ele era obediente a Deus, e sua força estava na graça do Pai. Davi foi capacitado por causa da sua entrega ao Senhor.
Deus coloca, diante de nós, a vida e a morte. Saul era forte, mas apegado a si mesmo, à sua força; por outro lado, Davi era um homem desprezado e fraco, mas confiou em Deus.

23/03/2015

Onde não há misericórdia não há justiça, diz Papa em homilia

Francisco voltou a abordar o tema da misericórdia durante a Missa da manhã desta segunda-feira na Casa Santa Marta
Rádio Vaticano
Em homilia, Francisco fala sobre necessidade de misericórdia / Foto: L'Osservatore Romano
Em homilia, Francisco fala sobre a necessidade de misericórdia / Foto: L’Osservatore Romano
Onde não há misericórdia não há justiça. Tantas vezes, o povo de Deus sofre um julgamento sem misericórdia. Essa foi, em síntese, a homilia do Papa Francisco durante a Missa desta segunda-feira, 23, na Casa Santa Marta.
Francisco falou de três mulheres e de três juízes: uma mulher inocente, Susana; uma pecadora, a adúltera; e uma pobre viúva necessitada. “Todas as três, de acordo com alguns Padres da Igreja, são figuras alegóricas: a Santa Igreja, a Igreja pecadora e a Igreja necessitada”, explicou.
Os três juízes são ruins e corruptos, observou o Papa. Escribas e fariseus julgaram a mulher adúltera, tinham dentro do coração a corrupção da rigidez; sentiam-se puros, porque observavam rigorosamente a lei. Mas essa rigidez os leva a uma vida dupla, explicou Francisco.
“Esses que condenavam essas mulheres, depois, iam procurá-las, em segredo, para se divertir um pouco. Os rígidos são – uso o adjetivo que Jesus lhes deu – hipócritas: eles têm vida dupla. Aqueles que julgam a Igreja – todas as três mulheres são figuras alegóricas da Igreja – com rigidez têm vida dupla. Com a rigidez nem mesmo se pode respirar”.
Depois, há os dois juízes idosos que chantageiam uma mulher, Susana, para que se entregasse a eles, mas ela resistiu. Tais juízes tinham a corrupção do vício, neste caso, a luxúria. Por fim, o outro juiz interpelado pela pobre viúva. Ele era um homem de negócios e não temia a Deus, não se preocupava com ninguém. Francisco destacou que os três juízes não conheciam a misericórdia.
“A corrupção os distanciava da compreensão da misericórdia, de serem misericordiosos. E a Bíblia nos fala que, na misericórdia, se encontra o justo do juízo. E as três mulheres – a santa, a pecadora e a necessitada, figuras alegóricas da Igreja – padecem desta falta de misericórdia. Hoje, também o povo de Deus, quando encontra estes juízes, é julgado sem misericórdia, seja no civil, seja no eclesiástico. E onde não há misericórdia não há justiça”.
Francisco lembrou, por exemplo, que quando o povo de Deus se aproxima voluntariamente para pedir perdão, muitas vezes, encontra alguém assim: os viciados, que são capazes de tentar abusar deles, e este é um dos pecados mais graves; os mercadores, que não dão esperança; e os rígidos, que punem nos penitentes aquilo que escondem na própria alma. Tudo isso se chama “falta de misericórdia”, afirmou o Papa.
“Queria somente dizer uma das palavras mais bonitas do Evangelho que me comove tanto: ‘Ninguém te condenou?’ – ‘Não, ninguém, Senhor’ – ‘Tampouco eu te condeno’. ‘Tampouco eu te condeno’ é uma das palavras mais bonitas, porque está cheia de misericórdia”.

Evangelho, crucifixo e fé são caminhos para ver Jesus, diz Papa

Francisco cita o Evangelho, o crucifixo e a fé como caminhos para aqueles que ainda querem ver Jesus e estão à procura do rosto de Deus
Da redação, com Rádio Vaticano
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No Angelus deste domingo, 22, Francisco então chama à atenção para a expressão “queremos ver Jesus”
Assim que assumiu à janela dos apartamentos apostólicos, Papa Francisco agradeceu aos milhares de fiéis que, apesar do frio e da chuva, marcaram presença na Praça de São Pedro para acompanhar a Oração Mariana do Angelus. “Vocês são muito corajosos”, disse o Papa.
A reflexão de domingo, 22, teve como base o evangelho de João, no qual alguns gregos judeus pedem ao evangelista para ver Jesus em Jerusalém.
Francisco chama à atenção para a expressão “queremos ver Jesus”. “Estas palavras, como tantas outras no Evangelho, vão além do episódio particular e expressam algo universal; revelam um desejo que atravessa os tempos e as culturas, um desejo presente no coração de tantas pessoas que ouviram falar de Cristo, mas não o encontraram ainda”, disse.
Hora da Cruz
Em uma resposta profética de Jesus àquele pedido, Ele revela sua verdadeira identidade. ““É chegada a hora em que será glorificado filho do Homem”. (Jo 12,23). “É a hora da derrota de Satanás, príncipe do mal, e do triunfo definitivo do amor misericordioso de Deus”, lembrou o Papa.
O Santo Padre acrescentou dizendo que Cristo declara que será “elevado da terra” e que essa expressão é de duplo significado. “Elevado porque crucificado, elevado porque exaltado pelo Pai na Ressurreição, para atrair todos a si e reconciliar os homens com Deus e entre eles. A hora da Cruz, a mais escura da história, é também a fonte da salvação para aqueles que acreditam n’Ele”.
Caminhos para ver o rosto de Jesus
O Pontífice prosseguiu dizendo que para àqueles que ainda querem ver Jesus e estão à procura do rosto de Deus podem ser oferecidas três coisas: “O Evangelho, o crucifixo e o testemunho da fé, pobre mas sincera.”
Ele explica que no Evangelho é que se pode encontrar, escutar e conhecer Jesus. O crucifixo é sinal do amor de Jesus por todos. A fé é aquela que se traduz em simples gestos de caridade fraterna.
Ao concluir sua reflexão, o Papa Francisco pediu a Maria Mãe Santíssima que ajude todos a seguir Jesus na via da cruz e da ressurreição.
Lembrando uma antiga tradição da Igreja em que no período da Quaresma são distribuídos evangelhos para quem se prepara ao batismo, o Pontífice anunciou a doação de exemplares aos presentes na Praça São Pedro. O Santo Padre agradeceu ainda a recepção que teve em Nápoles, no sul da Itália, durante visita pastoral no Sábado, 21.