31/08/2015

Vigiai e orai para não cairdes em tentação

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”(Mateus 26, 41-42).
Corremos o risco de orar, mas não viver a vigilância. Por isso, que Jesus Cristo disse: “Vigiai e orai”. No dicionário a palavra vigiaisignifica: guardai, velai e observar atentamente. Jesus pediu isto aos discípulos para que não caissem em tentação. A tentação existe e ser tentado não é pecado. Eu não sei quando você vai ser tentado. Você talvez diga: “Padre eu preciso ir para o mosteiro ou para a Canção Nova”. Não é assim! O tentador tem nome e se chama diabo. Se ele tentou Jesus, nós não estaremos isentos dele.
Talvez, você diga: “No dia em que caí, foi o dia que mais rezei. Como o senhor explica isto?”. A palavra que eu posso dizer é a palavra de Jesus: “Faltou vigilância”. A profissão do demônio é nos tentar.
Podemos nos questionar: “Quais são os meios que o inimigo se utiliza para nos tentar? De onde provém as tentações?”. As tentações podem vir do diabo, de nós mesmos e do mundo; com mil propostas de pecado. Você precisa estar atento a estas realidades. Ou nós abrimos os olhos ou, constantemente, iremos cair em tentação. Quantos ministros de música que caíram na tentação, porque não houve vigilância. Se eu, que sou padre, não me vigiar, também posso cair em tentação e fazer coisas piores do que vocês, por causa da falta de vigilância.
Reze com padre Edimilson Lopes:


Eu sou padre e a pior confissão que alguém pode fazer é ficar justificando os seus pecados, não aceitar que pecou. No Evangelho de Mateus, quando Jesus estava no deserto, Ele sentiu fome e o inimigo propôs transformar a pedra em pães, mas Jesus pela Palavra, disse: “Nem só de pão vive o homem,  mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. O diabo não irá nos tentar naquilo que não gostamos, mas com aquilo que nos é agradável. Quando temos uma vida de vigilância escutaremos a voz de Deus. Coloque-se como um sentinela. Eu olho para a minha vida hoje, percebo que tem realidades concretas que já superei e não quero voltar para elas, mas com vigilância, com luta a cada dia, não voltarei.
Jesus disse: “Se o meu pai trabalha eu também trabalho”. Se vocês vigiarem e orarem vocês não cairão. Mas, se você não vigiar e não orar, você vai cair. Judas não traiu Jesus com o beijo somente, ali foi o alto da traição. Na verdade, Judas já vivia uma vida de traições. Para os doze apóstolos ele já vivia uma vida de escândalo. Como administrador da bolsa, ele já roubava o próprio grupo. Se o nosso corpo é uma das vias que o diabo usa para nos levar em tentação precisamos vigiar.
Nós temos visto, dolorosamente, casais da Igreja, da Renovação Carismática e outros cairem em pecado por falta de vigilância. Muitos consagrados maravilhosos, por falta de vigilância, viram sua consagração minar. As pessoas, que estão passando por estes processos, ficam procurando meios para se agarrarem. Mas, se elas se colocassem diante do espelho, todas as máscaras cairiam. Talvez, você pense: “Mas, é tão difícil ter uma vida de oração!”. Santa Teresinha diz: “Para mim, a oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido para o céu, um grito de agradecimento e de amor, tanto do meio do sofrimento como do meio da alegria. Em uma palavra, é algo grande, algo sobrenatural que me dilata a alma e me une a Jesus”.
Quando eu proponho para o movimento  ‘Jovens Sarados’ uma vida de oração, eu proponho como o monsenhor Jonas as cinco pedrinhas: Eucaristia, estudo da Palavra, confissão, rosário e jejum. Nós arrumamos, constantemente, desculpa para não jejuar. Se Jesus que era Jesus jejuou, você combatente precisa se colocar no lugar. Precisamos saber que a nossa luta é contra o diabo, contra nós e o mundo.
Não tem como ser combatente se não rezar e vigiar. O meu pai fundador, monsenhor Jonas Abib, fala para nós que a oração precisa ser ao ritmo da vida e que precisamos cavar tempo para rezar. Isto quer dizer que você precisará de esforço para rezar.
Tem dias que eu chego em casa depois da missão e não tenho vontade de fazer mais nada, o pique já passou, mas eu me determino a rezar. Monsenhor Jonas Abib também diz: “Quando você reza porque você quer rezar, lá no fundo, você quer agradar a sua carne. Mas, quando você reza sem vontade  você quer agradar a Deus”. Tudo pode ser motivo para você rezar e um movimento para a sua oração.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

30/08/2015

Maria está ocupadíssima no Céu intercedendo por nós!

A missão da Rainha e Virgem, Maria, é de interceder por nós
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Monsenhor Jonas – arquivo cancaonova.com
A última estrofe do Salmo diz que nós somos filhos da Rainha e quem é filho da Rainha é príncipe e princesa. A Rainha é a nossa Mãe.
A Primeira Leitura, é a mesma da noite de Natal. A liturgia escolheu esta leitura, no dia da Festa de Nossa Senhora Rainha porque aquele menino nascido na gruta de Belém totalmente indefeso, necessitado de tudo cresceu e tornou-se o Rei dos reis, o Senhor dos senhores. É uma coisa incrível o que Jesus sofreu. Ele foi sepultado, mas como Ele mesmo havia anunciado ressuscitou com glória e poder. Quarenta dias depois subiu aos céus com um corpo ressuscitado e glorioso, esse é o nosso Deus. Nossa Senhora é Rainha, por causa de Jesus que é Rei.
No livro dos Reis, Salomão quando tomou posse do reino, no lugar do seu pai Davi, mandou buscar mais um trono, e fez a mãe, Betsabé, sentar-se a sua direita , não somente no momento festivo, mas o seu lugar era sempre ali. Ela era a rainha mãe. Exercia a função de intercessora, e em todos os casos que era necessário amor, perdão e conselho, porque Salomão era o seu filho. Se você for olhar bem, Salomão era rei, porque Betsabé era a sua mãe.
Nossa Senhora está ao lado de Jesus por toda a eternidade. Maria também morreu. O Pai quis que ela seguisse todos os passos de Seu filho Jesus. Ela morreu e foi sepultada, mas o seu corpo não foi decomposto, pois, foi ressuscitada como Jesus foi ressuscitado e glorioso. Ela está sentada ao lado do Senhor, da mesma forma que Betsabé estava ao lado de seu filho Salomão. A missão de Maria é interceder e rogar por nós. ‘Tolos’ somos nós, se não recorrermos a ela. Claro que Jesus é o Rei, mas ela é rainha e nossa intercessora.
É isso que Maria está fazendo no céu, ela está ocupadíssima, mas nós somos convidados a dar mais “trabalho” buscando sua intercessão. Se ela está a direita, de Jesus, ela está com a mão no coração do lado de Jesus. São os dois corpos gloriosos que estão ressuscitados no céu. Basta que ela toque Jesus e peça a que realize em nosso favor.
Evangelho de hoje, é bastante conhecido, porque nas Festas de Nossa Senhora, sempre é este. Eu trouxe para esta pregação uma pedra que foi tirada da casa de Maria, onde o anjo disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Eu tive uma graça muito grande de ganhar esta pedra. O reitor do Santuário da Anunciação, de Nazaré, esteve aqui em casa, e meu deu. Inclusive é autenticada. É um presente muito valioso. A guardo na minha capela, para me lembrar sempre das palavras que o reitor me disse: “A Canção Nova – casa de Maria- chegou à casa de Maria”.
O nome inteiro da Canção Nova é: Canção Nova, a casa de Maria. O reitor sabendo disto, porque ele é bem íntimo de nós, nos presenteou com esta relíquia. Eu me lembro todos dos dias, desta graça: temos aqui uma amostra autêntica, que nos diz, que realmente estamos na casa de Maria do céu. Nós não morremos ainda, mas já somos cidadãos do céu. Você é um cidadão do céu, e é da casa de Maria. Você não tem uma pedra da casa de Maria, mas você habita na casa de Maria, uma dia estaremos na santa glória como a mãe de Deus.
“Com minha mãe estarei, no céu com a virgem Maria”. Muitos dizem que esta é música de defunto: Mas esta música não é de “cemitério”, é do céu.
O Evangelho nos diz, que o anjo entrou onde a Virgem Maria estava: “Alegra-te cheia de graça”. Cheio de graça significa ter a plenitude da graça de Deus. O anjo disse a Maria que ela tinha plenitude de Deus, ela não tinha concebido ainda, mas já tinha plenitude da graça,  o Pai a convidou para que tivesse no seu ventre o menino Jesus.
O nome de Jesus, no hebraico, quer dizer: “Deus salva”. O reino de Jesus não terá fim.Tudo vai passar: dores, sofrimentos, lágrimas e decepções. Mil coisas dolorosas que enfrentamos, tudo vai passar.
Maria disse: “Como acontecerá isto, se não conheço homem algum?”. A sua preocupação era entender o que o anjo disse, porque era virgem. Tinha se guardado para José. Ela estava preocupada com o voto de castidade que fez. Com quatorze anos para quinze, ela já tinha esta maturidade.
Isabel, prima de Maria era estéril, como para Deus nada é impossível, Isabel engravidou . Uma vez que para Deus, nada é impossível, para nós também, nada será impossível pela graça d’Ele. É isso que Maria quer que experimentos. Uma vez que ela está a nosso favor, e ao lado do Senhor, com o corpo glorioso; basta que ela toque Nele com a mão do coração, e fale com Ele.
Naquele momento Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a vossa Palavra”.  Nós podemos acrescentar: “Então o verbo divino se fez carne, e habitou entre nós.”
“Viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.  Estava grávida, com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz. Viu-se outro sinal no céu; eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, sobre as suas cabeças sete diademas, sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, lançou-as sobre a terra; o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela a luz, lhe tragasse o filho. A mulher deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.” (Apocalipse 12,1-6)
Esta mulher, que a Palavra cita, é Maria. O dragão é o demônio, o grande adversário de Jesus, que queria acabar com Ele no ventre da sua mãe. O demônio também é o grande adversário da mulher, que gerou, cuidou, foi aos pés da cruz e que ressuscitada subiu aos céus. O demônio se põe como adversário da mulher. O céu fez festa e faz festa, pela vitória de Jesus e pela vitória de Maria, já para o demônio, pouco tempo lhe resta, e ele sabe disto.
A cada dia, a vinda e Jesus se aproxima. Hoje a vinda de Jesus está mais perto do que ontem, mas não tanto como amanhã, porque amanhã ela estará mais perto. A vinda de Jesus está acelerada! Não saberemos quando será, mas o Senhor está acelerando a sua vinda. Nesse tempo, enquanto Jesus não chega, o demônio está colocando todos os esforços para acabar com os nossos filhos, com os nossos casamento, com a Igreja e com você.
Nós temos um inimigo, e ele é terrível. Por isto, diz a palavra: “Cuidado!”. Este cuidado é para sermos mais cristãos ainda. Quanto mais velhos estamos, ,mais próximo de Jesus. Se Jesus não vier, eu irei! Tomo as armas espirituais e luto contra o mal. Luto para acabar com as falsas religiões, para que o pecado seja desterrado deste mundo.
Nossa luta é contra o demônio, e as forças infernais. É preciso lutar sem parar, especialmente porque a vinda do Senhor se aproxima. Entre nesta batalha e se coloque em luta, para que você seja cada vez mais cristão, e consiga mais cristãos para Deus. Temos uma Rainha Mãe, temos uma intercessora, Ela nos assiste e está ao nosso lado, mas quem luta somos nós.
Emuná é uma expressão do hebraico, que significa: um grito de fé, daquele que crê. Mais do que uma palavra expressada, é uma realidade que precisamos assumir: o grito de fé, daquele que crê, que é necessitado e precisa de Deus. Nesta batalha nossa oração a Nossa Senhora, precisa ser cheia de fé,  destemor e do profundo do coração. Cada um de nós, precisa assumir este verdadeiro clamor a Deus. Não é questão de gritar, porque não se vence pelo grito, mas é preciso que emuná em nós, se torne um verdadeiro clamor ao céu, de onde vem a graça e a vitória. Estamos no combate da oração.
Texto: Monsenhor Jonas Abib
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

29/08/2015

Consagre a sua família pedindo a proteção de São Miguel Arcanjo


Consagração
Ó Príncipe nobilíssimo dos Anjos, valoroso guerreiro do Altíssimo, zeloso defensor da glória do Senhor, terror dos espíritos rebeldes, amor e delícia de todos os Anjos justos, meu diletíssimo Arcanjo São Miguel, desejando eu fazer parte do número dos vossos devotos e servos, a vós hoje me consagro, me dou e me ofereço e ponho-me a mim próprio, a minha família e tudo o que me pertence, debaixo da vossa poderosíssima proteção. É pequena a oferta do meu serviço, sendo como sou um miserável pecador, mas vós engrandecereis o afeto do meu coração; recordai-vos que de hoje em diante estou debaixo do vosso sustento e deveis assistir-me em toda a minha vida e obter-me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça da amar a Deus de todo coração, ao meu querido Salvador Jesus Cristo e a minha Mãe Maria Santíssima, obtende-me aqueles auxílios que me são necessários para obter a coroa da eterna glória. Defendei-me dos inimigos da alma, especialmente na hora da morte. Vinde, ó príncipe gloriosíssimo, assistir-me na última luta e com a vossa arma poderosa lançai para longe, precipitando nos abismos do inferno, aquele anjo quebrador de promessas e soberbo que um dia prostrastes no combate no Céu.
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate para que não pereçamos no supremo juízo.

28/08/2015

Como identificar se tenho distúrbios na sexualidade?

Alguns distúrbios na sexualidade são facilmente detectados; outros não são tão óbvios 
Tanto se ouve falar sobre os distúrbios sexuais! Muitas vezes, olhamos para esse assunto com preconceito, achando que são distorções graves e bizarras, de pessoas com traumas intensos e claros desequilíbrios afetivos sexuais. Isso é parcialmente verdade.
Como identicar se tenho disturbios na sexualidade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Realmente alguns traumas sexuais são facilmente detectados quando se manifestam em vícios ou desejos por coisas que fogem dos padrões (animais, crianças, agressividade entre outros). Porém, algumas pessoas vivem sendo guiadas por seus traumas, com distúrbios na sexualidade, sem perceberem isso claramente. Desenvolvem padrões de relacionamento destrutivos, mas não tão óbvios para a sociedade. Isso pode se manifestar em ciúme excessivo, dependência emocional, dificuldade de assumir compromisso, manutenção de vícios mesmo sendo casado (masturbação e pornografia), tendência à traição ou na escolha de namorados sempre com características semelhantes e ruins.
Esses padrões de relacionamentos, muitas vezes, só são percebidos por meio de erros repetitivos. Por exemplo: alguém que foi traído em todos os namoros que teve ou sempre perde o “encanto” pelo outro quando passa a paixão inicial; quando sente necessidade de estar com pessoas que controlem excessivamente sua vida, sendo dependentes emocionais desse relacionamento.
Para avaliar um pouco se seus relacionamentos são saudáveis ou se há algum tipo de distúrbio sexual, é interessante pensar em dois aspectos. Primeiro, o histórico. Olhando para todos os relacionamentos que você teve, consegue perceber alguma repetição? Traição, término do relacionamento, quando começa a exigir compromisso; tendência à agressividade ou ao alcoolismo; perda da individualidade e dependência emocional? Isso pode ser um mau sinal de que os seus traumas familiares estão mal resolvidos dentro de você, e, por causa deles, você tem se apaixonado por pessoas com o mesmo perfil. É como um quebra-cabeça. Nós acabamos atraindo pessoas que se encaixam no nosso padrão afetivo. Se não mudarmos a nossa forma de amar, podemos até mudar a peça, mas o encaixe será sempre o mesmo.
Outra pergunta importante é como esse relacionamento tem influenciado na sua personalidade. Tenho me tornado uma pessoa melhor, mais madura, com autonomia e realizado? Estar com o outro me transformou em uma versão melhor do meu eu? Ou me anulei, escondi-me, fragilizei-me em minha autoimagem, perdi características importantes de minha personalidade, fui afastada de outras pessoas importantes para mim (família, amigos)? Quando um relacionamento é saudável, ele potencializa o que temos de melhor, ajuda-nos a evoluir naquilo que é defeito e nos estimula a desenvolver o que é bom.
O amor não aprisiona, não degrada, não exige exclusividade afetiva (exige fidelidade sexual). O amor verdadeiro nos aproxima de quem realmente somos, dá-nos a oportunidade de ser o melhor que podemos ser em todas as áreas. Um bom relacionamento nos ajuda a equilibrar todos os nossos laços afetivos – com amigos, família, trabalho, comida, comigo mesmo, com Deus…
Tenha coragem de parar para avaliar um pouco sua forma de amar e ser amado. Até que ponto seus traumas ainda têm manipulado seus relacionamentos? Será que é amor ou é um acúmulo das carências que você tem direcionado para o outro? Amar é doar-se. Será que você já se possui o suficiente para poder se relacionar de maneira verdadeira? Deixe Deus passear com você pela sua intimidade e preencher seus vazios. Só Ele pode entrar nesse lugar, só Ele tem amor suficiente para saciar traumas e assim podermos amar como precisamos.
Para aprofundar nesse assunto, recomendo ler meu livro “A verdadeira realização sexual”. Acredito que possa ajudá-lo muito a se conhecer e a desenvolver uma maturidade afetiva.

27/08/2015

Família, esperança de Deus para o mundo

Se a família é a esperança de Deus para o mundo, que tal investir tudo nesse relacionamento?
Em uma época de crises em campos como educação, economia e diplomacia, tomar consciência de que existe algo em que vale a pena apostar nossas energias é muito animador, não é mesmo? Mas qual é o segredo para ter um matrimônio feliz?
Familia, esperança de Deus para o mundo - 1600x1200
“Quando alguém me pergunta sobre o segredo do matrimônio, respondo que as estatísticas dizem que é rezar juntos. Sei que parece muito estranho, mas a oração é fundamental; outro ingrediente que indicaria é o sexo”, defende o casal australiano, Ron e Marvis Pirola.
Casados há 55 anos, o casal partilhou seu testemunho durante o Sínodo Extraordinário da Família, realizado em outubro de 2014, no Vaticano. “Devemos admitir que o sacramento do matrimônio é sexual, pois expressamos plenamente nossa espiritualidade no sexo, o qual faz parte do grande dom de Deus para nós. Por isso, considero que faz parte desse segredo”, afirmam os australianos.
Considerada “célula originária da sociedade humana”, a família é a mais antiga instituição. Querida por Deus, foi o berço escolhido por Jesus Cristo para assumir nossa humanidade. Obediente ao Pai, o Filho se encarnou no ventre de Maria por obra do Espírito Santo e cresceu em um lar sob a educação de José, Seu pai adotivo. “Um homem e uma mulher que se casam constituem uma família com os seus filhos”, ensina a Igreja Católica.
Consciente da importância da instituição familiar, o Papa Francisco iniciou, no dia 10 de dezembro de 2014, uma série de catequeses sobre esse tema. “Quando perguntavam à minha mãe qual era seu filho preferido, ela respondia: ‘Eu tenho cinco filhos, como cinco dedos. Se me batem neste, faz-me mal; se me batem neste outro, faz-me mal. Faz-me mal em todos os cinco. Todos são filhos meus, mas todos diferentes como os dedos de uma mão’. E assim é a família! Os filhos são diferentes, mas todos filhos”, disse o Santo Padre ao recordar o lar onde cresceu ao lado de quatro irmãos, na Argentina.
Bergoglio acredita que ser filho segundo o desígnio de Deus significa levar em si a memória e a esperança de um amor que se realizou iluminando a vida de um outro ser humano, original e novo. Para os pais, cada filho é único, diferente e diverso. Tal aprendizado nos proporciona valores que levamos para a vida toda. Se as pessoas se reconhecessem como irmãos, muitas barrerias não existiriam. As relações seriam menos complicadas e a solidariedade teria voz mais ativa diante da necessidade do nosso próximo.
Por que razão não conseguimos olhar, perceber e agir considerando o outro nosso irmão? A experiência fraterna é aprendida na família. Em nossos dias, novos modelos tentam se impôr na tentativa de ditar comportamentos. Tais vínculos são muito frágeis, carentes do equilíbrio próprio que apenas um lar com pai, mãe, irmãos pode oferecer. Se invertermos o título desse texto “Família, esperança de Deus para o mundo”, constatamos que a sociedade presente tem esperança de que a garantia do futuro da humanidade é a instituição familiar.
Nessa busca diária por sermos melhores para com aqueles que vivem mais perto de nós, que são os membros da nossa família, o Papa Francisco, como bom jesuíta, indica-nos o exercício do exame de consciência com as seguintes perguntas: “Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Sonhei com o amor do meu esposo, da minha esposa, sonhei com meus pais e avós que fizeram a história também? É tão importante sonhar! Primeiro de tudo, sonhar em uma família. Não percam essa capacidade de sonhar”.

Rodrigo Luiz - Canção Nova

26/08/2015

Conquistar a liberdade interior


A liberdade interior é um longo processo de descoberta


A verdadeira liberdade começa dentro de nós, não fora. Ela não depende tanto do fato de estarmos ou não limitados por algemas e grades, mas é uma realidade que acontece a partir da forma como organizamos as circunstâncias e experiências dentro de nós.
Há, por exemplo, quem esteja fisicamente livre pelo fato e não estar confinado em uma cadeia, mas que, todavia, sente-se constantemente aprisionado – mesmo não estando “atrás das grades” – a muitas coisas que lhe roubam a liberdade e a espontaneidade, isso a partir de seu interior.
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Inúmeras são as pessoas que não conseguem ser realmente livres para realizar suas escolhas, e, para bem expressarem-se em seus relacionamentos. Seres humanos que não sabem exercer em plenitude a própria identidade, tornando-se dependentes da aprovação dos outros que precisarão, em tudo, impor o que elas devem ser e fazer.
É como se tais pessoas sempre falassem e tentassem se expressar… mas, não conseguissem ser ouvidas nem devidamente compreendidas e interpretadas.
Isso, muitas vezes, acontece, porque a real identidade se encontra “sufocada” sob o peso de inúmeros entulhos e feridas emocionais, que são um fruto de complicadas experiências presentes na própria história e nas raízes do coração.
Pessoas assim não são capazes de trazer à tona sua mais genuína verdade, e vivem apenas para corresponder ao que os outros deles esperam e exigem. Essa é uma complexa trama emocional, que aos poucos esgota a pessoa e lhe rouba o contentamento e a liberdade de expressar o que verdadeiramente é.
Necessário será buscar compreender-se, olhando para a própria história de vida e para os fatos que a compõem. Assim será possível entender quais são os condicionamentos e feridas presentes em nós, que nos roubam a espontaneidade e não nos deixam progredir (sobretudo em nossos relacionamentos).
A partir de tal constatação, precisaremos nos lançar com empenho e assertividade, na concreta atividade de curar as raízes de nossa história a fim de que nossas reais possibilidades e dons possam emergir.
Muitos são os talentos que descansam dentro de nós, inúmeras vezes, soterrados por mágoas, feridas e complexos. Precisaremos retirar esses impedimentos, estimulando o que em nós há de bom, para assim podermos realmente avançar rumo às realizações que a vida quer nos confiar.
Fomos feitos para superar limites e condicionamentos, e para nos construirmos com liberdade e serenidade no coração. Por isso precisaremos cada vez mais lutar para alcançar a devida força interior, que nos possibilitará conquistar novas metas e realizar os muitos sonhos com os quais Deus deseja nos abençoar em nossa trajetória pela vida.
Não nos acomodemos e invistamos neste lindo processo, tornando-nos “bandeirantes” dentro de nós mesmos. Empenhemo-nos para curar as raízes de nossa história e assim expressar o que realmente somos: trazendo à tona a genuína identidade que em nós depositou o Criador.

Padre Adriano Zandoná - Canção Nova

25/08/2015

Como o celular pode desconectar o seu relacionamento

O problema do celular é o exagero que nos torna desconectados nos relacionamentos
– Amor, você ouviu o que eu disse?
– Anh?
– O que você acha sobre isso?
– Uhun…
– Uhun o quê, amor? Você entendeu?
– Peraí amor, só preciso responder umas mensagens aqui…
Como o celular pode desconectar o seu relacionamento
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat são parte das inúmeras ferramentas que possibilitam encontros virtuais entre as pessoas por meio do celular. Elas facilitam muito a vida, são usadas até no trabalho, atualizam-nos sobre o cotidiano de quem não vemos todo dia, reaproxima quem passou pela nossa infância, quem tem as mesmas necessidades que nós, enfim, muitas possibilidades de relação aparecem nessa vida conectada. Contudo, em que medida temos nos refugiado nessas conexões virtuais e nos desligado das pessoas que convivem conosco?
A realidade sem wi-fi nem sempre é tão maravilhosa e deslumbrante como as pessoas postam freneticamente nessas mídias sociais virtuais, mas é a realidade na qual se vive e é onde Deus nos plantou para que florescêssemos. E não é justo que nós negligenciemos nossos relacionamentos com quem está ao nosso lado, à espera da resposta no “zapzap”, do comentário naquela foto ou forjando um cenário para o próximo selfie.
Quer estragar um momento romântico, divertido e espontâneo? Pare tudo o que está fazendo e prepare a cena para a foto, montada para que apareçam no melhor ângulo. E repita isso várias vezes, a cada paisagem. Lá se foram minutos preciosos da viagem, do almoço e do passeio. Do que a gente estava falando mesmo? Nem importa, afinal, a foto já teve dezenas de curtidas! Ou ignore completamente quem está a sua volta, porque, afinal, você precisa se manifestar, agora, na internet, sobre esse tema que está todo mundo comentando, e comentar também, nem que seja um KKKKK, mesmo que discorde da situação, só para se mostrar engajado.
Eu não sou contra tecnologia, de jeito nenhum, sou casada com um esposo que trabalha nessa área, e lá em casa a gente está em todas essas redes e muito mais, mas me preocupa a dose diária de virtualidade que a vida vem adquirindo. Quando se percebe, é muito natural deixar as pessoas falando sozinhas enquanto você fita a tela do celular. “Desculpa, pode repetir? Eu não estava prestando atenção…”
Será que não estamos preterindo quem está ao nosso lado em busca de um ativismo virtual? Há famílias na qual todos os membros se comunicam pelo WhatsApp. Bacana, desde que isso não substitua a convivência fraterna dessas pessoas, o carinho mútuo, o amor, o afeto, o cuidado e também o compartilhamento ao vivo de tristezas, dores e dificuldades. Para provocar uma guerra, basta esquecer o carregador do celular.
Minha gente, vivemos bem sem isso, não é? Não precisamos nos fazer escravos do mundo conectado!
Eu já fiz um teste e recomendo: passe um dia completamente desconectado. Inicialmente, parecerá uma tortura, mas, ao fim do dia, você perceberá o quanto pôde cuidar das pessoas e das situações que estavam ao seu lado no dia a dia. Depois, teste ficar dois ou três dias, talvez até uma semana longe das redes virtuais. Você verá como seu tempo foi empregado em observar e agir na realidade mais próxima a você.
Ao dar um tempo nesse ambiente conectado, você voltará a ele com mais senso crítico, menos afetado pelas opiniões extremadas, e poderá dosar mais o seu tempo on-line, para que tenha também tempo de qualidade desconectado. Já percebeu como os nossos sentimentos ficam mais aflorados e acalorados na internet? Nós nos sentimos até mais corajosos para nos manifestar, dizer o que bem queremos e entender os demais à nossa maneira, levando tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, combatendo as opiniões contrárias como se estivéssemos em guerra, como se não houvesse amanhã e, muitas vezes, magoando quem está dentro e fora do mundo virtual.
Estar on-line não é problema, o problema é o exagero que nos faz escravos da conexão virtual, negligenciando nossos relacionamentos.
Se estiver difícil vencer essa escravidão em casa, desligue a internet e pratique a frase que um restaurante divulgou bastante nas redes sociais: “Não temos wi-fi. Conversem entre vocês”.
Autora: Mariella Silva - Canção Nova

24/08/2015

Deus nos ama tanto que não nos esconde a verdade


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Padre Roger Luis – arquivo cancaonova.com
Jesus não muda a Palavra para agradar, o critério é sempre a verdade
Toda a Igreja medita estes textos da liturgia neste dia. Percebemos neste acampamento que todo o combate na oração é uma resposta ao amor de Deus. O encerramento deste encontro nos coloca dentro de todo movimento que a liturgia da Palavra nos traz. A liturgia de hoje nos traz uma palavra muito forte: decisão. Josué está reunido numa assembleia, e é colocado contra a parede e precisa decidir-se pelo Senhor.
Josué era secretário de Moisés, atravessou o deserto e pode ver como Deus se manifesta àquele povo através de sua caminhada. Deus manda o Maná, codornizes, uma nuvem para os proteger.
Na caminhada para o deserto, chega um momento em que Moisés escolhe 12 homens um de cada tribo, que vão a terra prometida espionar para saber se, realmente, é a terra que brota leite e mel. O povo volta para prestar contas para Moisés, 10 deles afirmam que realmente era uma terra boa com água e bons frutos, mas começam dizer das questões negativas daquela terra e param no que é ruim. Mas Josué e Caleb se levantam diante daqueles homens dizendo que Deus daria aquela terra a eles mesmo diante de qualquer situação. Deus decide que aquela geração não entraria na terra prometida, nem mesmo Moisés, porque duvidou da palavra de Deus.
Josué e Caleb entraram, Josué como líder. Deus o havia preparado durante a travessia no deserto. Precisamos olhar para as situações da vida e vê-las como um treinamento que Deus dá para o que Ele tem para nossa história.
Quando eles entram na terra prometida Josué vê os sinais de Deus. O Senhor cumpre a promessa: “Josué, onde a planta dos teus pés pisarem contigo estarei”. Chega uma hora que o líder tem que colocar os liderados na parede, foi a hora de Josué no texto da leitura de hoje.
Naqueles dias, Josué reuniu em Siquém todas as tribos de Israel e convocou os anciãos, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Então Josué falou a todo o povo: ‘Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor’. 
Evangelho também fala de decisão: “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
Deus não mascara nada, Ele sempre nos apresenta a  verdade. Ele é honesto, não esconde as causas verdadeiras. A atitude de Josué é de perguntar se querem seguir os ídolos que são fáceis de manejar ou ao Senhor. Assim fez Jesus. Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta de quantos o querem, não se deixa manipular para ter maior número de seguidores. Deus não tá preocupado com número, nem em perder, foi Ele mesmo quem decidiu nos dar livre arbítrio. Ele quem quis nos dar liberdade. Segundo o Papa Bento XVI a Igreja não trabalha para agradar aos outros, não está a serviço da popularidade.
Deus o ama, e o amor Dele é tão grande a ponto de respeitar sua decisão de não querer segui-lo. Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências das escolhas que fizer.
Depois que alguns discípulos tomaram a decisão de deixar Jesus, Ele vai aos mais íntimos e pergunta: “Quereis vós também retirar-vos? ” Pedro lhe responde: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”
Deus te deixa livre para decidir, mas não o quer preso às coisas do passado, Jesus está nos dando a liberdade de ficar com Ele ou não, mas não nos quer pela metade. Ele nos convida a tirar da nossa bagagem pecados, situações que ainda nos prende às trevas do pecado. Tirar os contatos que nos levam a pecar, sinais que estão em nossa casa e são de cultura pagã. A condição que o Senhor nos dá para ficar é de sermos inteiros Dele e comungar do Seu corpo e do Seu sangue.
Você sabe qual o seu preço?
Jesus valoriza você com seu preço que é o sangue Dele. O comprou por alto preço. Ele dá realce na Palavra à comunhão com Seu corpo e sangue. Aquele que não estiver disposto a contemplar o Senhor na cruz também não estará disposto a comungá-lo em seu Corpo e Sangue. “O espírito é o que vivifica, a carne para nada se aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.” (João 6,6)
Jesus não muda a Palavra para agradar, o critério é sempre a verdade. Muitas vezes, queremos que Deus se converta a nós, e não nos convertemos a Ele. Nunca foi esse o comportamento de Jesus.
Bento XVI diz que sem a verdade a fé não salva, não torna seguro os nossos passos. Meus irmãos, esta é a maneira de agir de um Deus que nos ama tanto, e por nos amar não esconde a verdade.
O espírito é que dá a vida, a minha razão nem sempre vai querer acolher as verdades de Deus. Mas é o Espírito Santo quem nos educa, é Ele quem vai nos levar a adesão total de Jesus e da doutrina da Igreja.
A quem você quer servir?
É preciso ter coragem para dar uma resposta ao Senhor. Na Eucaristia está a fonte de libertação e da graça santificante. É no banquete do Senhor que nos alimentamos para nos tornar mais parecidos com Jesus, é nele que encontramos a força e generosidade. A
Eucaristia é o lugar do combatente. Como rezamos no Pai-Nosso a Eucaristia deve ser o pão nosso de cada dia!

Padre Roger Luis - Canção Nova
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair

23/08/2015

A lei da vida

Temos uma nova lei a implantar, primeiro em nossos corações, para depois contagiar outras pessoas e a sociedade
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 34; Jo 15, 12). Ao saberem do mandamento que agrada mais a Jesus, seus discípulos de todos os tempos se surpreendem e descobrem horizontes abertos e antes inimagináveis para sua vivência do seguimento de Jesus. A novidade e o segredo se encontram numa palavra, “como”! Nosso Senhor não lhes oferece normas de bom comportamento ou civilidade, ou regras para o trânsito da vida, numa convivência respeitosa. Em nosso tempo, há sociedades extremamente organizadas, com os limites bem definidos em direitos e deveres, e que ao mesmo tempo se tornam frias e secas no relacionamento humano.
É que as fontes das decisões ficaram restritas à terra, sem que as pessoas se abram ao transcendente, à vida que vem do céu! A pretendida laicidade do Estado tem produzido muitos frutos negativos. Já o Concílio Vaticano II (Gaudium et Spes, 36), alertava: “Se com as palavras ‘autonomia das realidades temporais’ se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem as ordenar ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais assertos. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste. De resto, todos os crentes, de qualquer religião, sempre souberam ouvir a sua voz e manifestação na linguagem das criaturas. Antes, se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece”.
Se praticamente todos os seres humanos, em algum momento, reconhecem a existência de Deus, há um valor que só pode ser experimentado por revelação, o fato de sermos filhos de Deus. Só aquele que é o Filho eterno do Pai, desde toda eternidade compartilhando a alegria do amor que é o Espírito Santo, pode anunciar e abrir as portas para que a humanidade compartilhe este valor único, “somos filhos de Deus”. E é do alto, por dom de Deus, que desce gratuitamente o presente do amor da Santíssima Trindade, para que nos amemos na terra como fomos amados. Jesus traz consigo uma “cultura” diferente das lutas pelos interesses individualistas presentes na humanidade, cujos resultados são sobejamente conhecidos, e têm nomes como guerras, opressão, violência e muitos outros.
Podemos pedir licença e entrar na casa da Santíssima Trindade, verificando como vivem as pessoas divinas, com a ajuda dos ensinamentos da Igreja (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 45-48): “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.
Jesus Cristo nos revela que Deus é Pai, não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, ‘resplendor da sua glória, e imagem da sua substância’ (Hb 1, 3). O Espírito Santo, que Jesus Cristo nos revelou, é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele procede do Pai (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho, pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja ‘ao conhecimento da Verdade total’ (Jo 16, 13). A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho”.
O Pai vive “fora de si”, gerando e amando o Filho, desde toda a eternidade. O Filho vive totalmente para o Pai e o Espírito Santo é amor do Pai e do Filho. A lei é esta! Não se vive para si, mas na doação contínua, desde a eternidade. “Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo, o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Catecismo da Igreja Católica, 255).
Jesus propõe nada menos do que esta vida para seus discípulos, quando propõe como “seu” mandamento o amor recíproco. É que trazia dentro de si a experiência da eternidade vivida na comunhão da Santíssima Trindade! E ele diz que este mandamento é novo. “Eu vos dou um novo mandamento”. Novo significa: feito para os tempos novos. Então, de que se trata? Veja: Jesus morreu por nós. Portanto, amou-nos até a medida extrema. Mas que tipo de amor era o seu? Certamente não era como o nosso. O seu amor era, e é, um amor divino.
Ele disse: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo” (Jo 15,9). Ele nos amou, portanto, com o mesmo amor com qual Ele e o Pai se amam. E com esse mesmo amor nós devemos nos amar mutuamente para realizar o mandamento novo. Na realidade, porém, você como homem, como mulher, não possui um amor dessa natureza. Mas se alegre porque, como cristão, você o recebe. E quem é que o doa? É o Espírito Santo que o infunde no seu coração, nos corações de todos os que têm fé. Existe, então, uma afinidade entre o Pai, o Filho e nós cristãos, graças ao único amor divino que possuímos. É esse amor que nos insere na Trindade. É esse amor que nos torna filhos de Deus. É por esse amor que o céu e a terra estão unidos como que por uma grande corrente. Por esse amor a comunidade cristã se insere na esfera de Deus e a realidade divina vive na terra lá onde existe o amor entre os que creem” (Chiara Lubich, 25 de abril de 1980).
Temos uma nova lei a implantar, primeiro em nossos corações, para depois contagiar outras pessoas e a sociedade, “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Não se trata de fazer uma cruzada para forçar pessoas à conversão, mas testemunho corajoso de valores diferentes. Quem assume como própria esta lei começa a ouvir mais, vai ao encontro dos outros para servir, toma sempre a iniciativa do amor, espalha o perdão, tem calma suficiente para não atropelar os passos no relacionamento com os outros, valoriza o que é diferente e tem ideias novas. Olhando para o céu, enxerga mais e melhor a terra, para transformá-la segundo plano de Deus.