25/04/2013

A coragem de dizer: ser de Deus!

 

 Somos fruto da ação de Deus em nossa vida. Mesmo sem merecermos, Deus nos ama com eterno amor, e nos chama: Vem e segue-me!

 Aceitar o chamado de Deus, não consiste em apenas dizer sim, antes devo dar testemunho com a minha vida, minhas atitudes, minha vontade de ser melhor. Deixar que Deus sinta minha própria essência, sem máscaras ou até mesmo disfarces que tentamos colocar para cobrir os erros cometidos, as descrenças, a falta de fé.

Deus me ama do jeito que eu sou, ama a pessoa que sou e abomina meus pecados, minha vaidade, minha autossuficiência. Em um grande ensinamento do Monsenhor Jonas Abib através da música, ele nos diz o seguinte: "Eu não quero só dizer amém, preciso mostrar com a vida que eu creio. Eu não quero só dizer muito obrigado, minha vida vai ser um grande louvor. Deus é Deus, eu devo ser o adorador. Ele é o Rei e eu sou o servo, Ele é o Sol e eu sou o reflexo... Ele é o pão dos fortes, tenho fome Dele, Ele é o alimento dos Santos...".

Que nós tenhamos a coragem de dizer o SIM de Maria, o SIM de Jesus ao aceitar o plano salvífico do Pai, o SIM verdadeiro, SIM com a vida. Abandonar o que é mal, e fazer brotar o que é bom, revestir-nos do homem novo nascido pelo Sangue puro do Cristo libertador, Ele que faz novas todas as coisas.

“Todavia, ó Zorobabel, tem ânimo, diz o Senhor. Coragem, Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote! Coragem todos vós, habitantes da terra, diz o Senhor. Mãos à obra! Eu estou convosco - oráculo do Senhor dos exércitos.” Ageu 2,4 "Espírito Santo de Deus destrói o que é mal, e dá vida ao que é bom”.

24/04/2013

Uma nova paróquia!

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Nela, os fiéis devem encontrar o Cristo Ressuscitado

A 51ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB, em Aparecida, tem como tema central a questão paroquial. Depois de examinarmos a realidade religiosa em nosso país, na análise da conjuntura, nós nos debruçamos sobre a necessidade de encontrar meios de fazer com que as paróquias sejam comunidade de comunidades ou rede de comunidades como dizemos. O documento ainda não sairá, nesta Assembleia, pois o texto, depois de corrigido, discutido e aprovado, irá para reflexão nas comunidades para depois, em outra Assembleia, ser aprovado como documento de nossa Conferência Episcopal.

A paróquia é a casa, por excelência, de todos os fiéis, onde eles devem encontrar o Cristo Ressuscitado. A paróquia é lugar de acolhida, de orientação, de ajuda espiritual e material. É a partir da paróquia que se podem descobrir os espaços não evangelizados de um território ou as situações que demandam atenção especial: escolas, hospitais, prisões, invasões, migrantes, favelas. A paróquia deve atingir o meio cultural e proporcionar ação pastoral que alcance o mundo da cultura e das artes.

A partir das paróquias pode acontecer uma renovada evangelização. Assim sendo, nossas paróquias devem ser acolhedoras, missionárias, fomentando redes de comunidades vivas e atuantes, que sejam irradiadoras de vida e, portanto, evangelizadoras. Acolhimento e missão formando discípulos de Cristo Ressuscitado que vivam na unidade.

Devemos apostar na presença da Igreja, em forma de pequenas comunidades, em todos os cantos e recantos do território paroquial, naquilo que se chama capilaridade. As pequenas comunidades bem orientadas e unidas na caminhada de Igreja podem ser um bom caminho de renovação da paróquia, porque possibilitam responder à vocação cristã que se realiza sempre em comum.

A renovação da paróquia é fundamental para a Igreja enfrentar os desafios pastorais, a missão... Enfim, evangelizar, levar a Boa Nova de Jesus Cristo a todas as pessoas, formando pequenos núcleos pastorais, como células vivas da grande mãe, chamada paróquia. As migrações arrancaram as pessoas de suas raízes e trouxeram-nas para as cidades. Hoje, a nossa vida em geral é urbana.

Na paróquia, temos três compromissos fundamentais, os quais provêm da essência da Igreja e do ministério sacerdotal. O primeiro é o serviço sacramental. Entre os sacramentos, o que se destaca, é claro, é a Eucaristia, centro e fonte de nossa vida cristã. Porém, temos dois sacramentos que merecem uma atenção especial devido às atuais circunstâncias. Um deles é o sacramento do batismo, a sua preparação e o compromisso de dar continuidade às recomendações batismais, e que já nos colocam também em contato com quantos não são muito crentes. Temos, nesse trabalho, a importante iniciação cristã. O compromisso de preparar o batismo, de abrir as almas dos pais, dos parentes, dos padrinhos e das madrinhas à realidade do sacramento, já pode e deveria ser um compromisso missionário, que vai muito além dos confins das pessoas já "fiéis". Ao preparar o batismo, procuramos fazer compreender que este sacramento é inserção na família de Deus, pois Ele vive e se preocupa conosco. Esse sacramento nos faz aprofundar em toda a vida cristã.

Outra preocupação paroquial a ser considerada diz respeito ao sacramento do matrimônio. Também ele se apresenta como uma grande ocasião missionária, porque, hoje, graças a Deus, temos muitos que desejam se casar na Igreja, inclusive tantos que, mesmo batizados, não a frequentam muito. É uma ocasião para levar estes jovens a confrontar-se com a realidade, que é o matrimônio cristão, o matrimônio sacramental. A preparação para o matrimônio é uma ocasião de grandíssima importância, de missionariedade para anunciar, de novo, no sacramento do matrimônio, o sacramento de Cristo. Aqui se insere toda a questão da vida e família.

O segundo compromisso fundamental da paróquia é o anúncio da Palavra, com os dois elementos essenciais: a homilia e a catequese. Urge redescobrirmos que a homilia deve ser a "ponte" entre a Palavra de Deus, que é atual, e deve chegar ao coração das pessoas. Devo dizer que a exegese histórico-crítica com frequência não é suficiente para nos ajudar na preparação da homilia. Observemos que o próprio Papa Francisco, na sua celebração cotidiana na Capela da Casa Santa Marta, onde está residindo, de maneira muito atual para a vida da Igreja e de todos os batizados, está atualizando a Palavra de Deus para vivermos a nossa vocação batismal. Ele assim também se expressou à comissão bíblica internacional nestes dias.

O terceiro compromisso fundamental da paróquia é a questão social: a “charitas”, a “diakonia”. “Somos sempre responsáveis pelos que sofrem, pelos doentes, pelos marginalizados e pobres”. Pelo retrato da diocese, vejo que são numerosos os que têm necessidade da nossa diakonia e esta também é uma ocasião sempre missionária. Assim, tenho a impressão de que a ‘clássica’ pastoral paroquial se autotranscenda nos três setores e se torne pastoral missionária.

Por isso, não podemos nos descurar do respeito que devemos dar aos nossos agentes de pastoral. O pároco não tem como fazer tudo! É impossível! Hoje, quer nos movimentos, quer nas pastorais, nas associações ou nas novas comunidades que existem, temos agentes que podem ser colaboradores para a constituição de uma verdadeira rede de comunidades, para que a paróquia atinja a todos os que não são tocados pela nossa pastoral clássica.

O trabalho paroquial será enriquecido com as ideias que o documento de nossa Assembleia Geral traz para ser aprofundado e colocado em prática. É um tema necessário e atual. Tenho certeza de que nos ajudará a dinamizarmos ainda mais nossa missão de discípulos de Jesus Cristo nestes tempos de tantas necessidades.

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebatião do Rio de Janeiro (RJ)

23/04/2013

Os sentidos da Escritura

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Ler a Escritura dentro da tradição viva da Igreja
Para fazer uma boa leitura da Bíblia, a Igreja nos recomenda ter em mente vários sentidos da Escritura:

A analogia da fé – A Bíblia é um livro de verdades religiosas reveladas por Deus. Cada texto está, de certa forma, relacionado com toda ela e com a fé da Igreja. Não podemos tirar um texto ou um versículo que seja deste contexto. Aqui, entra a fundamental importância da tradição e do Magistério da Igreja. É ela quem deve ter a palavra final, a fim de evitar o perigoso subjetivismo (“eu acho que...”).

O sentido da História – Deus é o Senhor da história dos homens, e a Sua santa vontade se realiza por meio das vicissitudes humanas. O avançar da história também nos ajuda a compreender a Sagrada Escritura. Jesus mandou observar os sinais dos tempos. 

O sentido do movimento progressivo da revelação – É importante notar que Deus, na Sua paciência, foi se revelando lentamente, durante 14 séculos, e continuou a se revelar durante mais de 20 séculos pelos caminhos da Sua Igreja, pela Sagrada Tradição (transmissão oral, não escrita) que para nós católicos tem o mesmo valor das Sagradas Escrituras.

O sentido da relatividade das palavras –
As palavras são relativas, ou seja, nem sempre são absolutas. Para compreender o texto bíblico, importa saber o que elas significavam exatamente quando foram usadas pelo autor sagrado.

O bom senso e o senso crítico – A nossa inteligência e o nosso equilíbrio diante dos fatos. É bom saber perguntar diante de certas interpretações: isto tem fundamento no texto original ou é apenas o ponto de vista de alguém em desacordo com o autor sagrado?

O sentido literal –
É dado pelo significado das palavras da Escritura e descoberto pela exegese (estudo profundo do texto bíblico), o qual segue as regras da correta interpretação. São Tomás de Aquino dizia que “todos os sentidos devem estar fundados no literal” (Suma Theol. 1,1,10 ad 1). (§116)

O sentido espiritual – Graças à unidade do projeto de Deus, não somente o texto da Escritura, mas também as realidades e os acontecimentos de que fala, podem ser sinais. O sentido espiritual pode ser subdividido em alegórico, moral e anagógico.

O sentido alegórico – Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo a significação deles em Cristo; assim, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo e também sinal de batismo (cf. 1Cor 10,1-2).

O sentido moral –
Os acontecimentos relatados, na Escritura, podem conduzir-nos a um justo agir. São Paulo diz que eles foram escritos para a nossa instrução (cf. 1Cor 10,11).

Ler a Escritura dentro da tradição viva da Igreja inteira.

Conforme os ensinamentos dos Padres da Igreja, “a Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais”. Com efeito, a Igreja leva, na sua tradição, a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura (“... segundo o sentido espiritual que o Espírito dá à Igreja”) (Orígenes, hom. Lv. 5,5), (§113).

(Extraído do livro “Ciência e Fé em harmonia”)

22/04/2013

De que lado estamos?

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Precisamos estar abertos para receber a força do Alto
Não é necessário muito para que um cristão se torne o sujeito mais fraco do mundo e desista diante de qualquer obstáculo. Desse modo, precisamos estar abertos para receber a força do Alto. Como vamos fortalecer poderosamente nosso homem interior, se nos enchemos com essas "futricas" apresentadas pelo mundo? Somos chamados a coisas grandes. Se temos um projetinho pequenininho para nossa vidinha, estamos no lugar errado. Supliquemos o Espírito Santo, pois Pentecostes é para aqueles que querem ser cheios do Espírito de Deus. 

Se quisermos ser do Paráclito, temos de ser animados por Ele. Se Ele nos defende das três grandes acusações (do mundo, do pecado e do encardido), se o salário do pecado é a morte, se todos os pecadores estão privados da glória de Deus, se o encardido é o nosso acusador, de que lado estamos? Se quisermos ser cheios do Espírito Santo, temos de nos esvaziar das coisas do encardido e mudar de lado. Estamos do lado de quem defende (Espírito Santo) ou do lado de quem acusa?

O encardido sempre tem dois instrumentos no bolso: uma lista de todos os nossos pecados não confessados e uma lupa. Se nos reunirmos, em nome de Jesus, o Senhor estará presente, mas se nos reunirmos para acusar alguém, quem estará no meio dessa atitude é o encardido com sua lista de limitações e sua lupa, a fim de aumentar as acusações e diminuir o acusado. Quem nos acusa vê nossos erros ampliados e nós, ao contrário, os vemos bem pequenos.

Para sermos cheios do Espírito Santo, devemos dispensar o encardido e jogar fora sua lista. Somos pecadores, fracos, mas temos um mediador, alguém que morreu para que não sofrêssemos as consequências do nosso pecado. Esse alguém tem nome e, diante dele, todos os joelhos se dobram na terra, no céu, no inferno, e toda língua proclama que Jesus Cristo é o Senhor. É preciso coragem para se afastar de todos aqueles que não são de Deus.

“Estes são murmuradores descontentes, homens que vivem segundo as suas paixões, cuja boca profere palavras soberbas e que admiram os demais por interesse. Mas vós, caríssimos, lembrai das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: 'No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo as suas ímpias paixões; homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito'. Mas vós, caríssimos, edificai-vos mutuamente sobre o fundamento da vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo. Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Jd 1,16-21).

Tudo seja grande em nós.

Padre Léo, scj


(Extraído do livro “Renovados pelo Espírito Santo”)

19/04/2013

Obedecer a Deus antes que aos homens!

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A relação da Igreja com o mundo representa-se pelo diálogo
A "barca de Pedro", confiada a ele por amor do próprio Cristo, navega pelos mares da história, mesmo quando estes se mostram agitados (Cf. At 5,27-41; Jo 21,1-19). Os dias que vivemos revelam a grandeza atraente e contraditória do pluralismo de ideias e comportamentos, deixando, muitas vezes, confusas nossas mentes. Se de um lado bandeiras descritas como expressões de um estado laico ou da liberdade das pessoas são içadas com força cada dia maior, observamos, com honestidade, que este mesmo estado pode até criminalizar aqueles que desejam assumir comportamentos coerentes com a fé professada, relegando ao nível privado suas convicções, proibindo-lhes fermentar com o bem o ambiente social e cultural. As constituições dos diversos países asseguram direitos iguais, mas parece que alguns grupos da sociedade se consideram "mais iguais", negando justamente a quem tem raízes cristãs a possibilidade de viver coerentemente, considerando seu comportamento conservadorismo e bloqueio ao que chamam progresso da civilização.

Os cristãos entraram em contato com as diversas culturas, corajosos por serem positivamente diferentes e para melhor! As primeiras perseguições, cujos sinais se encontram nos Atos dos Apóstolos, a chamada "diáspora" - dispersão - fez com que o sangue dos mártires se tornasse semente de cristãos. Passaram as culturas que pretendiam eliminar os que professavam a fé cristã e esta permaneceu. Sucederam-se gerações de cristãos, todos convocados dentre os pecadores e não do meio dos justos, mas suas falhas e pecados não conseguiram acabar com a Igreja de Jesus Cristo.

O século passado, tempo que ainda é nosso, foi dos mais ferozes na perseguição à fé, como constatava o Beato João Paulo II no grande jubileu do ano dois mil. Naquela ocasião, convidou todos os cristãos a tomarem consciência da grandeza do testemunho de homens e mulheres que derramaram o sangue pela fé. E Papa Francisco, numa homilia do dia seis de abril, sobre a coragem para testemunhar a fé, que não se negocia e não se "vende a quem oferece mais", assim se expressou: "Para encontrar os mártires não é necessário visitar as Catacumbas ou o Coliseu; os mártires estão vivos, agora, em muitos países. Os cristãos são perseguidos por causa da fé. Em alguns países não podem usar a cruz, pois são punidos se o fazem. Hoje, no século XXI, a nossa Igreja é uma Igreja de mártires".

Ficaremos então imóveis, certos e orgulhosos de que os outros galhos da árvore cairão e nós seremos os vitoriosos? Sabemos que esta não é a atitude correta, pois queremos proclamar com a palavra e a vida que Deus ama a todos os seres humanos de nosso tempo maravilhoso e contraditório, destinatário dos bens da salvação.

Retomei com alegria a Encíclica "Ecclesiam suam", de Paulo VI, encontrando propostas muito atuais e inspiradoras que iluminam nosso argumento. Esta é a hora da Igreja aprofundar a consciência de si mesma, embora saibamos que nunca seu rosto mostrará toda a sua perfeição, beleza e santidade. Ela tem necessidade de se renovar e emendar os defeitos. Urge uma profissão de fé vigorosa, convicta e sempre humilde, semelhante à do cego de nascença: "Creio, Senhor" (Jo 9,38). Ser cristão é viver a consciência de uma "iluminação" que alumia a vida terrena e torna capaz de dirigir-se, como filho da luz, à visão de Deus.

A Igreja não pode ficar imóvel e indiferente, pois não está separada do mundo. Seus membros estão sujeitos à influência do mundo, de que respiram a cultura, leis e costumes. Se, por um lado, a vida cristã, como a Igreja a defende e promove, deve preservar-se de tudo quanto pode enganá-la, profaná-la e sufocá-la, vencendo o contágio do erro e do mal, por outro, a vida cristã deve não só adaptar-se às formas do pensamento e da moral, que o ambiente terreno lhe oferece e impõe, quando forem compatíveis com as exigências essenciais do seu programa religioso e moral, mas deve procurar aproximá-las de si, purificá-las, vivificá-las e santificá-las, o que lhe impõe revisão constante de vida, para dispor o espírito dos cristãos para obedecer a Cristo. Aqui está o segredo da sua renovação, sua conversão e seu exercício de perfeição, o "caminho estreito" (cf. Mt 7,13).

Há outra atitude, que a Igreja deve tomar: o seu contato com a humanidade. O cristão está no mundo sem ser do mundo (Jo 17,15-16), porém, distinção não é separação, indiferença, temor ou desprezo. O tesouro de salvação (Cf. 1 Tm 6,20) é fonte de interesse e de amor por todos. A guarda e a defesa do patrimônio da fé não são os únicos deveres da Igreja, mas também a difusão, a oferta, o anúncio: "Ide, pois, ensinar todos os povos" (Mt 28,19). Este impulso da caridade se chama diálogo, com que a Igreja se faz palavra, mensagem e colóquio.

O diálogo está no plano de Deus. Religião é enlace entre Deus e o homem, e a oração o exprime em diálogo. Deus tomou a iniciativa do diálogo! A relação da Igreja com o mundo, sem excluir outras formas legítimas, representa-se pelo diálogo. O próprio Paulo VI propôs um roteiro para entabular o contato com o mundo. Quem quer dialogar tem propósito de urbanidade, de estima, de simpatia e bondade, exclui a condenação prévia e a polêmica ofensiva. Quem dialoga sabe que não pode separar a própria salvação do interesse pela salvação alheia e anseia por difundir a mensagem que oferece.

O colóquio é arte de comunicação. Para vivê-lo, o diálogo supõe e exige clareza. Pede também mansidão, aprendida na escola de Cristo (Mt 11,29). O diálogo não é orgulhoso nem ofensivo. A autoridade lhe vem da verdade que expõe, da caridade que difunde, do exemplo que propõe; não é comando, não é imposição. O diálogo é pacífico, evita os modos violentos, é paciente e generoso. Para ser levado adiante supõe confiança. Produz confidência e amizade, enlaça os espíritos numa adesão ao bem, que exclui qualquer interesse egoísta. Enfim, ele é entabulado na prudência pedagógica, que atende às condições de quem ouve (Cf. Mt 7,6), exigindo tomar pulso da sensibilidade alheia e modificarmos nossas pessoas e modos, para não sermos desagradáveis nem incompreensíveis.

É na escola do diálogo que se realizará a união da verdade e da caridade, da inteligência e do amor. Esta é uma estrada de obediência ao mandato do Senhor! A cada cristão caberá a tarefa de concretizá-la diante dos desafios atuais.
 

18/04/2013

Não deixe Jesus sozinho!

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Enquanto houver um sacrário, não haverá solidão
Uma das nossas maiores ingratidões para com Jesus é o abandono em que O deixamos em muitos dos nossos sacrários A Igreja o chama de “prisioneiro dos sacrários”.

Jesus Eucarístico é o “amor dos amores”. Ele faz, continuamente, este milagre para poder cumprir a Sua promessa: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 20,20).

Do sacrário, Ele nos chama continuamente: “Vinde a mim vós todos que estais cansados e Eu vos aliviarei” (Mt 11,28).

Ali, Ele está como no céu, com os braços abertos e as mãos repletas de graças para aqueles que forem buscá-las com o coração aberto. São João Bosco dizia:

“Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o raramente. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Não omitais nunca a visita ao Santíssimo Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante”.

Santo Afonso de Ligório disse:

“Os soberanos desta terra nem sempre, nem com facilidade, concedem audiência; mas o Rei do céu, ao contrário, escondido debaixo dos véus eucarísticos, está pronto a receber qualquer um. Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora da morte e durante a eternidade”.

Diante do Senhor, no sacrário, podemos repetir aquela oração reparadora que o anjo, em pessoa, ensinou às crianças, em Fátima, nas aparições de Nossa Senhora, em 1917:

“Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Amém!”

Não deixe Jesus sozinho no sacrário da igreja de sua comunidade ou paróquia. Organize uma adoração, a mais constante possível, ao Santíssimo. Chame as pessoas, faça uma escala, divida o tempo para cada um: meia hora, uma hora, o quanto for possível. Podemos ter certeza que as chuvas de bênçãos descerão sobre a comunidade! Os jovens serão preservados do mau caminho, os pecadores serão convertidos, o demônio afastado, as calamidades afugentadas. Não é disto que estamos precisando?

A Igreja, desde o seu início, quis manter Jesus nos sacrários da terra para, ali, Ele ser amado e louvado, derramar sobre nós as suas bênçãos, e ser levado aos doentes.

Sempre foi ao pé do sacrário que os homens e mulheres de Deus buscaram forças e luzes para a sua caminhada. Foi, ali, que São João Vianney conquistou o coração dos seus fiéis e se tornou o grande “Cura D'Ars”. Quando, recém-ordenado padre, ele chegou a Ars e encontrou, ali, uma paróquia sem padre há muitos anos, e as pessoas longe de Deus; a primeira coisa que fez foi ajoelhar-se diante do Santíssimo durante horas, rezando o rosário. Assim, ele revolucionou aquele pequeno lugar e fez tantos prodígios.

No livro das suas "Confissões", Santo Agostinho dá um testemunho marcante. Ele afirma que se converteu, porque sua mãe, Santa Mônica, entrava na igreja, três vezes por dia, e pedia a sua conversão a Jesus sacramentado.

Não há problema, qualquer que seja, que não possa ser resolvido diante do sacrário. Deus está ali. O que mais desejar?

Chiara Lubich disse certa vez que, enquanto houver a Eucaristia, o homem não caminhará sozinho, e enquanto houver um sacrário, não haverá solidão.

Que grande riqueza a nossa de podermos viver em um país católico, no qual se pode encontrar com facilidade uma igreja, com as suas portas abertas, guardando no seu interior o Rei da Glória, que nos espera com as mãos cheias de graças!

(Extraído do livro "Entrai pela porta estreita")
 

17/04/2013

O que Deus tem para mim hoje?

Precisamos fazer a experiência do hoje em nossa vida. Muitas vezes, ficamos presos ao passado ou sonhando com o futuro, e nos esquecemos de viver o momento presente. Jesus, no Evangelho, disse-nos que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã e nos ensinou a rezar assim: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

A cada dia, o Senhor tem graças próprias para a nossa vida e nós precisamos nos apropriar delas. Em muitos momentos, encontramo-nos em situações com as quais não sabemos como proceder. Nessa hora, precisamos suplicar a graça própria para o momento. São Paulo passou por uma grande tribulação: um espinho na carne. Ele rogou ao Senhor que apartasse dele o espinho, mas Deus lhe respondeu: “Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (II Cor 12,9).

Rezemos ao longo de todo este dia: “Senhor, dá-me a Tua graça para que eu possa prosseguir”.

Jesus, eu confio em Vós!

Luzia Santiago
Comunidade Canção Nova

16/04/2013

É tempo de lutarmos pela nossa família!

Conteúdo enviado pelo internauta Vagne Bittencourt

 

Tudo tem um começo na vida, não é mesmo? Nós também fazemos parte desta regra. Um dia eu e você fomos sonhados e, num ato de amor e carinho, fomos concretizados. Que benção! Eu estou falando do amor que flui quando Deus permite a união de um homem e uma mulher, a fim de que não sejam senão uma só carne.

É deste gesto de amor e deste constante movimento de ir e vir em direção ao outro que nasce a família,  lugar sagrado, alicerce essencial para que homens e mulheres sejam formados e lapidados à imagem e semelhança de Deus.
Jesus poderia ter vindo, neste mundo, de tantas maneiras, mas escolheu vir no seio da família. 

Experimentou todas as etapas e as viveu com profundidade, aproveitando cada simples gestos de seus pais que, aos poucos, iam formando-O e preparando-O para a missão que recebeu do Pai.

Assim é a missão da família: preparar uns aos outros para o céu.
Na família é gerado o combatente dos dias atuais para lutar pela vida, pelo amor e pela santidade!
Família é rocha firme que nos abriga em meio às tempestades da vida e nos encoraja diante dos mais terríveis obstáculos aos quais precisamos ultrapassar. Se não vivermos a experiência de ser família, estaremos como que alicerçados sobre a areia.

Pare agora e reflita por um instante. Como anda o relacionamento, hoje, em sua casa, com o seu marido, com a sua esposa, com os seus filhos, com os seus pais? Há amor? Há carinho? Há perdão? Ou só está havendo desentendimento e desunião?

É tempo de nos levantarmos e lutarmos pelo tesouro que Deus nos confiou: a nossa família!

Não perca tempo remoendo o passado nem tenha medo do que acontecerá no futuro. Deus está se predispondo a ir contigo, a ganhar território e fincar a bandeira do amor, da paz e da alegria em ser família! Aleluia!

Deus os abençoe!

Fonte: DESTRAVE

15/04/2013

Para tudo há um tempo


Conteúdo enviado pelo internauta Vagne Bittencourtt

Para tudo há um tempo debaixo do céu, há um momento para cada detalhe acontecer! Aos poucos, a história da nossa vida vai sendo tecida não só com a consonância de cada dia, mas também em suas dissonâncias!

 

Em cada acidente, em cada pausa, a música que somos nós vai sendo composta com a certeza de ser a primeira e a última, a única, a mais bela e especial. Por sermos únicos e especiais aos olhos de Deus, não podemos deixar que nada nem ninguém roube a certeza de sermos amados e cuidados pelo Pai.

Muitos, hoje, martirizam-se e ficam remoendo coisas que viveram no passado, situações de pecado, brigas, desentendimentos e situações que insistem em trazer à tona em seu coração. Enquanto não cortarmos o cordão umbilical com o nosso passado, não conseguimos viver bem o nosso presente.

Experimente, a partir de hoje, pedir a Deus a cura do seu passado, dos seus ressentimentos, traumas e medos.

O Senhor fez você para ser livre e para ser feliz! Tudo o que o prende e o faz chorar, hoje, o Senhor quer libertar e lhe dar um ânimo novo para prosseguir sem olhar para trás.

Faça esse propósito com Deus e peça em oração: “Senhor Jesus, eu Te dou livre acesso ao meu passado para que possas me curar e me fazer homem novo, Senhor!” Não quero mais estar preso ao que já passou, pois meu passado não é maior do que os planos que Tu tens para mim.

Hoje, é o tempo da graça. Agora é o momento de declarar: “Hoje, livre sou!”. A melhor receita para ser feliz é viver o hoje bem vivido na presença do Senhor!
Deus o  abençoe.

Fonte: DESTRAVE

12/04/2013

Um ano de fé, um ano de luta

Conteúdo enviado pelo internauta Alan Ribeiro Fernandes

Quando Bento XVI anunciou o Ano da Fé, muitos de nós não imaginávamos o que estava por vir. Um ano não somente de crer, mas de alicerçar a fé, de fazê-la frutificar, de defender a Igreja, resistindo às tentações e às mentiras deste mundo.

 

Bento XVI renunciou e, diante desta atitude de coragem, a mídia manipuladora e os operários anticristãos viram uma oportunidade, e explodiu-se, então, a perseguição sutil e inteligente contra nós e a nossa fé. Ficamos abalados e isso tornou-se o ponto fraco de muitos, o temor do que está por vir tirou muitos da fé incondicional.

Talvez, para muitos isso pareça ser exagero ou sensacionalismo, mas é preciso nos aprofundarmos na fé para termos um olhar espiritual e nos aprofundarmos no conhecimento de Deus; assim poderemos perceber a manipulação das informações que chegam até nós.

A Igreja, hoje, é alvo de acusações infundadas. Existe todo um trabalho para fazer com que seus próprios fiéis questionem seus dogmas, sua tradição e também as razões de Bento XVI; então, começam a querer fazer para si suas próprias verdades.

Questiona-se o celibato utilizando como desculpa a falha de alguns com a pedofilia. Questiona-se o matrimônio, alegando-se não ser necessário “gastar tanto dinheiro” (como se o sacramento necessitasse de tanto luxo); defende-se o aborto com a desculpa do direito da mulher sobre o próprio corpo, quer-se obrigar os padres a não dizerem mais que é pecado o homossexualismo com desculpa de ser homofobia; quer-se convencer de que não é necessário uma Igreja para crer e que Deus quer que amemos a todos, mas o amor que se prega, na verdade, é desculpa para a aprovação do pecado a qualquer custo. 

Diante disso, vamos percebendo que há todo um investimento em minar a fidelidade do povo a Cristo por meio da Igreja.

Nossos combates pessoais têm aumentado consideravelmente. A recusa da fé, também em nosso meio, tem crescido. Aumenta o número dos que se dizem ateus, seitas se multiplicam, supertições, medos, perseguições familiares, tudo parece estar contra nós. Será necessário que se sobreponha a nossa fé e a fidelidade.

O Ano da Fé, na realidade, revelou-se um ano de desafio para os cristãos, um ano em que precisaremos ser firmes na fé e mergulhar na doutrina da Santa Igreja, na fidelidade ao sucessor de Pedro, no conhecimento do Evangelho. É um tempo de conversão autêntica a Cristo Jesus.

Que se levantem apologetas (defensores da fé), levantem-se profetas, jovens castos, famílias santificadas pela oração, homens e mulheres de fogo e vigilantes; levantem-se autênticos cristãos para esse tempo de luta e fé, pois nossa luta precisa ser, mais do que nunca, intensa e verdadeira; somente assim veremos a vitória final de Jesus e a salvação definitiva de cada um de nós e nossas famílias.

Nas palavras santas e inspiradas de monsenhor Jonas Abib: “Ou santos ou nada!”.

“É isso o que constitui a vossa alegria, apesar das aflições passageiras a vos serem causadas ainda por diversas provações, para prova a que é submetida a vossa fé (mais preciosa que o ouro perecível, o qual, entretanto, não deixamos de provar ao fogo) redunde para vosso louvor, para vossa honra e para vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar. Esse Jesus vós o amais, sem o terdes visto; credes nele, sem o verdes ainda, e isso é para vós a fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque vós estais certos de obter, como preço de VOSSA FÉ a salvação de vossas almas” (IPedro, 1, 6-9).
Amém.

Fonte: DESTRAVE

11/04/2013

O laicismo e a perseguição à religiosidade do Brasil

O laicismo ideológico tem mostrado sua cara no Brasil e perseguido a religiosidade que faz parte da cultura deste país. Será o início de uma perseguição religiosa na Terra de Santa Cruz?

Nos últimos anos, o Brasil vem assistindo a uma série de atos que visam excluir a religião e o discurso religioso das esferas públicas. Logo que aparece uma discussão na sociedade como o aborto, a política, o casamento homossexual, um pequeno – mas barulhento – grupo de ideólogos, dizem: “o Brasil é laico, a religião deve ser algo privado e não pode interferir nestes assuntos”.

Dr Aleksandro Clemente "Estado laico não quer dizer laicista"

Sim, o Brasil é um Estado laico, mas isso significa que a religião está excluída de debater e interferir no que acha essencial para a sociedade?

“Nós não podemos confundir Estado laico com laicista. Estado laico significa que ele não confessa uma religião e não é regido por normas religiosas. O contrário disso é o laicismo, uma espécie de ideologia que prega o racionalismo, ou seja, tudo o que não é racional ou possui um pouco de expressão religiosa é desprezado”, diz o advogado Aleksandro Clemente, membro da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB/SP, professor de Bioética e Biodireito.

O laicismo tem emergido em muitos lugares do mundo como uma afronta ao Cristianismo e, muitas vezes, assumindo formas hostis de perseguição. No Brasil, ele tem avançado e estendido seus tentáculos por meio de pequenos grupos ideológico-políticos, como por exemplo a Liga Brasileira de Lésbicas que, em março de 2012, pediu à justiça do Rio Grande do Sul (RS) a retirada de crucifixos dos prédio públicos – decisão acatada pelo mesmo órgão – com o argumento de que o Estado brasileiro é laico.

“Quando se fala de Estado laico não significa negar a cultura religiosa de seu povo. O Brasil tem uma cultura impregnada de religiosidade. Basta vermos o nome de nossas cidades e Estados como São Paulo, Santa Catarina, São João da Boa Vista e tantos outros. Será que teríamos que demolir o Cristo Redentor, símbolo cristão?”, diz Aleksandro.

Para o advogado, a decisão de retirada de símbolos religiosos de repartições públicas é uma grave ofensa à democracia do nosso país, uma clara ação do laicismo que quer implantar sua doutrina em terras brasileiras. “Num Estado democrático, o poder emana do povo; e numa sociedade, na qual a maioria se diz religiosa, este sentimento deve ser respeitado, portanto, ter um crucifixo num órgão público não é um desrespeito a quem não acredita, mas expressa o sentimento religioso da maioria. Tirar o crucifixo como o fez a Justiça gaúcha é uma ofensa gratuita ao sentimento religioso desta maioria da população”, conclui Aleksandro.

Fonte: DESTRAVE

10/04/2013

Cristãos perseguidos

Cerca de 105 mil cristãos são perseguidos todos os anos por causa de sua fé. O número de mártires nos dois últimos séculos supera os de toda a história do cristianismo

Imagem manchada com sangue de cristãos em atentado no Egito


A história do Cristianismo é mesclada com a história de incontáveis mártires que, desde os primeiros séculos até os dias de hoje, testemunham, com o derramamento de sangue, a fé incondicional no Salvador da humanidade.
Já nos Atos dos Apóstolos, temos o relato do martírio de Estevão e o apóstolo Tiago. A partir daí, o Cristianismo é dispersado pelo mundo e chega a Roma, onde sob o imperador Nero (64 D.C) inaugura-se uma verdadeira caça aos cristãos, a qual só terá fim três séculos depois.

“No início, os cristãos precisavam ser bem preparados para assumirem o batismo, porque abraçar a fé, naquela época, significava correr um perigo constante de morte”, afirma padre Carlo, professor de história da Igreja na Universidade Santa Cruz de Roma.
Quando falamos de perseguição ao Cristianismo, nada pode se comparar ao Século XX. Só os mártires provenientes das grandes revoluções e regimes ditatoriais superam os de toda a história. A Revolução Russa (1917), por exemplo, levou à morte cerca de 17 mil sacerdotes e 34 mil religiosos. O Comunismo se espalhou pelo mundo e declarou a religião como subversiva e inimiga do Estado. Igrejas, conventos e seminários são fechados e destruídos. São incontáveis os números de mártires em países como União Soviética, Lituânia, Romênia, China, Vietnã, Camboja e Cuba.

Na Revolução Nacionalista espanhola (1931), a Igreja Católica é condenada à extinção e considerada um inimigo a ser abatido por todos os meios. Entre sacerdotes, religiosas e religiosos, o número de mortos chegou a 6.832, sendo 13 bispos, 4.184 padres diocesanos, 2.365 religiosos, 283 religiosas e vários seminaristas. Em 28 de outubro, Bento XVI beatificou 398 mártires desta revolução de uma só vez, o que ficou conhecido como a maior beatificação da história da Igreja.

Em nossos tempos, o número de cristãos perseguidos também caminha para se igualar aos do século passado. Segundo o sociólogo investigador David Barrett, no seu livro World Christian Trends AD 30-AD 2200, na primeira década deste milênio foram 160 mil cristãos assassinados e, na segunda década, calcula-se o número de 150 mil. Segundo os cálculos, um cristão é assassinado a cada cinco minutos, um dado que os coloca no topo dos grupos mais perseguidos do mundo.

Por que nem todos sabem destes dados?
“Não é interessante para a mídia divulgar o martírio de cristãos”, diz a missionária do ministério Portas Abertas, um grupo evangélico fundado por Irmão André ainda na época da ‘cortina de ferro’, o qual tem por missão dar suporte a esta Igreja perseguida. Segundo a missionária – que já visitou países como Cuba, Iraque e Paquistão -, os cristãos desses países não possuem, muitas vezes, nem sequer uma Bíblia e vivem a sua fé sob a pressão de grupos radicais islâmicos. “Estes nossos irmãos vivem uma fé autêntica, porque ser cristãos em países hostis ao Cristianismo significa viver sob o constante risco de morte ou tortura. Uma pessoa muçulmana que se converte ao Cristianismo, por exemplo, morre se não voltar atrás, mas, mesmo assim, eles não negam a fé em Jesus”, diz Elizabeth.

Um outro tipo de perseguição
A perseguição em nossos tempos não é somente a física, ou seja, o martírio de sangue. Existe uma outra forma de perseguição que se espalha pelo mundo e por países que, antes, eram profundamente cristãos.

“O Papa fala hoje do martírio da ridicularização, ou seja, se você se denomina cristão no trabalho, na universidade ou coloca um crucifixo no peito, eles o ridicularizam. Vão chamá-lo de alienado, de fundamentalista, medieval. Não é uma perseguição que vem com as armas, mas com a cultura”, explica professor Felipe Aquino, professor de História da Igreja e apresentador da TV Canção Nova.

Um exemplo desta secularização e hostilidade ao Cristianismo, sobretudo à Igreja Católica, mostra-se na França. “Recentemente, a ministra do alojamento francês acabou de pedir, publicamente, que a Igreja devolva imóveis e salas para colocar outras pessoas dentro. O atual governo decidiu voltar atrás no reconhecimento de diplomas dos estudantes sob o argumento de que estas instituições estão ligadas à Igreja e ao Vaticano e não podem gozar dos mesmos privilégios das instituições estaduais”, disse Louis-Marie Guitton, responsável pelo observatório sócio-político da diocese de Toulon, na França.

No Brasil, este laicismo também começa a dar as suas caras. Em março deste ano, a pedido da Liga Brasileira de Lésbicas, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul  (RS) determinou a retirada dos crucifixos e símbolos religiosos dos espaços públicos e prédios da justiça gaúcha. Em novembro, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, pediu a retirada do termo “Deus seja Louvado” das cédulas da moeda brasileira, o Real, com o argumento de que o Estado é laico.

Um Estado laico significa negar a cultura religiosa de seu povo?

“Nós estamos num Estado cuja maioria da população é cristã, isto significa que ter um crucifixo, por exemplo, num prédio público é respeitar o sentimento religioso desta maioria e também a fé cristã que está impregnada na cultura do Brasil”, diz o advogado especialista em direito civil Aleksandro Clemente.

Já para Elizabeth, da missão Portas Abertas, é preciso que os cristãos do Brasil aprendam com os países que se fecharam ao Evangelho. “Se nós formos ver, os países mais hostis ao Cristianismo, hoje, são aqueles nos quais o Cristianismo era muito forte no início, onde ele nasceu. Nós precisamos estar atentos às leis que tramitam no Congresso, porque nenhum país se fecha ao Evangelho da noite para o dia, as coisas vão acontecendo devagar”, disse a missionária.

Fonte: DESTRAVE

09/04/2013

Eucaristia, manjar de vida

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Ela nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo
É muito belo, meus irmãos, passar de uma festa para outra, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da Santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado.

Do Seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma delicia-se com o Sangue precioso de Cristo como numa fonte. Contudo, temos sempre sede desse Sangue, sempre O desejamos ardentemente, mas o nosso Salvador está perto daqueles que têm sede, e na Sua bondade, convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7,37). 

Sempre que nos aproximamos d'Ele para beber, Ele nos mata a sede; sempre que pedimos, podemos nos aproximar do Senhor. A graça é própria desta celebração festiva, não se limita apenas a um determinado momento; nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam, dia e noite, sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o Salmo proclama feliz quando afirma: “Feliz aquele homem que não anda conforme o conselho dos perversos; não entra no caminho dos malvados nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2).

Por outro lado, amados irmãos, o Deus que, desde o princípio, instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte Seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano.

Esta festa nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. Conduz-nos a uma única assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar, concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como deve-se fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade: congrega, nesta festa, os que estão longe e reúne, na unidade da fé, os que, porventura, encontram-se fisicamente afastados.

Santo Atanásio, Bispo – Século IV
(Trecho extraído do livro “Alimento Sólido” de Prof. Felipe Aquino

08/04/2013

Salvos pela obediência a Deus!


Ricardo Sá
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com
Bom dia a todos! Seguimos com o livro de Isaías, no capítulo 53: “Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca)” (Is 53,7).

Hoje é mais um dia para deixarmos Deus agir em nós. Dia de silenciarmos para ouvir a Deus.

Todos nós nos colocamos diante deste mistério, e somos invadidos pelo mundo que enche a nossa cabeça com mentalidades humanas. Pensamentos que entram dentro de nós e nos impedem de entrarmos neste mistério de nosso Senhor, impedindo, assim, de que se realize em nós as graças. É na cruz que encontramos nossa essência.

Com certeza, vivemos bem nossa Quaresma. Entretanto, não estamos ainda prontos para deixarmos a graça desse Mistério Pascal entrar em nossa vida. Meu Cristo, ajuda-nos a sermos cristãos!

Para nós não existe o Mistério da Páscoa, sem o derramamento do Sangue de Cristo. É preciso que eu e você entremos neste Mistério, para que vivamos com intensidade essa Paixão de nosso Senhor.

É possível que você se sinta assim: ferido pelos pecados que cometeu. Mas o Sangue do Senhor nos lava, nos purifica. Ele nos liberta! Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras.
Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras para a salvação de nossas famílias. Não há, não houve e não haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido.

Cristo morreu por você, pela sua família, pelos nossos antepassados. A Igreja nos ensina sobre a entrega livre de nosso Senhor.

Ontem, celebramos a Ceia de nosso Senhor e Jesus que antecipou sua oferta de vida a nós. A Eucaristia será sempre o memorial da Sua entrega.

“Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos” (Rm 5,19).

O Catecismo da Igreja Católica vem nos dizendo: “Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.” (CIC §615). Jesus, ensina-me a obedecer!

Chega de desobedecer a Deus! A nossa desobediência já tem nos levado longe demais. É hora de obedecer a Deus custe o que custar. Você precisa obedecer a Deus!

Qual deve ser nosso comportamento para agradar a Deus?

O Espírito Santo não nos deixa “na mão”! Ele é sempre ágil e vai nos indicando o caminho para a obediência. É hora de obedecer a Deus! Busque ajuda a quem poderá verdadeiramente lhe ajudar. Busque a Deus!

Jesus é nosso modelo de obediência. Ele foi obediente até a sua morte de Cruz, por amor a nós. Quando eu desobedeço, acabo rompendo a vida de graça com o Senhor.

"Jesus é nosso modelo de obediência! Ele foi obediente até a sua morte de cruz" (Ricardo Sá)
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com


Acabamos desobedecendo as leis de Deus. Tratando mal as pessoas, não vivendo os mandamentos de Deus. Temos que ser pessoas orantes, que se dobram na presença de Deus.

Obedecer é seguir os comandos. Quais são os comandos de Deus na sua vida? Dê um basta à desobediência!

Obedecer é se submeter à vontade de alguém, à execução de um ato. Reze! O que você tem a oferecer a nosso Senhor hoje?

O Sangue do Senhor nos lava nesse dia. Ele está nos livrando de toda desobediência.

O que acontece com você agora nesse momento é salvação! O Sangue de Jesus recai sobre nós. Fiquemos nesse dia debaixo dos pés da Cruz de nosso Senhor, para que toda a desobediência se afaste de nós.

Para terminar, quero trazer o que o Catecismo nos fala sobre nossa Mãe, Maria Santíssima, participativa do mistério da dor de seu Filho Jesus: “Isto realiza-se de maneira suprema em sua Mãe, associada mais intimamente do que qualquer outro ao mistério de seu sofrimento redentor” (CIC §618).

Fonte: Canção Nova

05/04/2013

O silêncio de Deus ressucita!


Padre Fabricio
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com
“De fato, o próprio Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus. Ele sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito” (I Pd 3,18).

Cristo morreu por causa do meu pecado, do seu pecado, do nosso pecado. Jesus foi enviado pelo Pai para nos conduzir ao Pai. Ele é o condutor da humanidade ao Pai. Ontem, hoje e sempre!

Na Sexta-feira Santa Cristo morreu. E hoje, Ele desce à mansão dos mortos, para amanhã ressuscitar.

No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, na resposta nº 125, é dito que “Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a sua morte, ter vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14), libertou os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu”.

Jesus não veio só para o grupo contemporâneo d'Ele, mas para todos. Cristo, como a Cabeça da Igreja, desce à mansão dos mortos e sobe com todos aqueles que esperavam pela Salvação.

Deus dilata os limites da Salvação até à escuridão da mansão dos mortos, pois todos somos participantes da Redenção. Se Deus foi na mansão dos mortos e estendeu a mão para Adão, hoje, nesse Sábado Santo, Ele estende a mão para você, na situação em que você se encontra.

A descida de Jesus à mansão dos mortos está provando, hoje, a você, que Jesus pode lhe alcançar.

O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio de Deus. O silêncio de Deus é dinâmico, fecundo. Ele está trabalhando a nosso favor.

Entre a Sexta-feira da Paixão até o momento de sua ressurreição, Jesus não viveu um “feriadão”... Ele silencia e trabalha a nosso favor. Deus estende a mão para salvar no silêncio.

Vá comigo no Livro do Profeta Ezequiel: “Pois bem! Profetize e diga: Assim diz o Senhor Javé: Vou abrir seus túmulos, tirar vocês de seus túmulos, povo meu, e vou levá-los para a terra de Israel. Povo meu, vocês ficarão sabendo que eu sou Javé, quando eu abrir seus túmulos, e de seus túmulos eu tirar vocês. Colocarei em vocês o meu espírito, e vocês reviverão. Eu os colocarei em sua própria terra, e vocês ficarão sabendo que eu, Javé, digo e faço - oráculo de Javé" (Ez 37, 12-14).
Sábado Santo não é um feriado dentro do Mistério Pascal
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com


"Sábado Santo não é um feriado dentro do Mistério Pascal! Não existe “folga” para Jesus. Quando Ele silencia, Ele trabalha também.

Porque Deus se “cala” você acaba procurando outra Igreja. Quando Deus se cala, Ele não tranca o coração. Somos nós que nos trancamos!

Deus lhe conhece. Não se esconda na sua condição de pecado. Ele não o condena. Ele conhece você e estende a Sua mão. Segura na mão de Deus!

Neste silêncio Deus estende a mão e nos liberta, pois o silêncio de Deus está trabalhando a nosso favor.

Nós estamos proclamando o Senhorio de Jesus neste Sábado Santo! Mesmo quando achamos que o Senhor se cala, Ele está vindo em nosso socorro. Hoje, o Senhor nos liberta de todas as amarras que nos impedem de avançar. O Senhor estende a mão para você!

"Deixe Deus o cure e o salve nesse silêncio fecundo."

Fonte: Canção Nova

04/04/2013

O amor de Deus foi derramado em nossos corações


Eugênio Jorge
Foto: Fotos Arquivo CN
Acalme-se nessa hora. Desacelere nesse momento. Peça o Espírito Santo sobre você, para que Ele tranquilize o seu coração. Calma! Tenha fé em Deus. Tenha paz em seu coração. Serenidade e paz. A morte vai passar, a enfermidade, a dor... Tudo vai passar! Descanse seu coração em Deus neste Sábado Santo.

Por um instante, silenciemos o nosso coração. Deixemos que o Espírito Santo, que é a potência de Deus, tome conta deste lugar e nos envolva, nos visite, nos alcance e mude o rumo da nossa vida.

Queremos reviver, Espírito Santo! Precisamos de Ti, Espírito Santo! Queremos vida nova. Vem com a Sua plenitude, ó Divino Consolador. Completa a obra de Jesus em nós. Esta obra que Ele realizou com o Seu Sangue derramado na Cruz.

Cante no Espírito. Deixe que Ele o envolva nessa hora.

No princípio, diz a Palavra de Deus, só havia o caos. Não havia nada, a não ser o caos. E o Espírito Santo estava ali, sobre o caos. Monsenhor Jonas nos ensina que o Espírito Santo estava sobre o caos da mesma forma como a galinha fica sobre os ovos que ela está chocando. Assim fica mais fácil para compreendermos. E, deste caos, Deus realiza a sua criação. E Deus cria o homem e a mulher. Isso é maravilhoso! Do nada, Deus faz surgir tudo o que existe.

Mas hoje acontece algo ainda maior: Deus invade com a sua luz o sepulcro. E o Pai dá a mão ao Seu Filho amado, através do Espírito Santo. E Ele se levanta. “Me dê a sua mão, Jesus!”, diz o Espírito. E depois que Cristo se levanta, os homens já não são mais os mesmos...

E a partir da Ressurreição de Jesus, o Espírito Santo faz nascer a Igreja. A Igreja que somos nós. Cada um de nós.

O tema desta minha pregação está em Romanos 5,5: “Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Que maravilha experimentarmos isso, meus irmãos!

Vale a pena lermos todo este trecho da Carta aos Romanos:

“Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por ele é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus. Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida. Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde agora temos recebido a reconciliação!”

"O Espírito Santo levanta todo aquele que está caído", afirma Eugênio Jorge
Foto: Fotos Arquivo CN


A Igreja nos esclarece, na Lumen Gentium, sobre o Espírito Santo dizendo:

“Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra (cfr. Jo. 17,4), foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (cfr. Ef. 2,18). Ele é o Espírito de vida, ou a fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo. 4,14; 7, 38-39); por quem o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até que ressuscite em Cristo os seus corpos mortais (cfr. Rom. 8, 10-11). O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo (cfr. 1 Cor. 3,16; 6,19), e dentro deles ora e dá testemunho da adopção de filhos (cfr. Gál. 4,6; Rom. 8, 15-16. 26). A Igreja, que Ele conduz à verdade total (cfr. Jo. 16,13) e unifica na comunhão e no ministério, enriquece-a Ele e guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos e adorna-a com os seus frutos (cfr. Ef. 4, 11-12; 1 Cor. 12,4; Gál. 5,22). Pela força do Evangelho rejuvenesce a Igreja e renova-a continuamente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo (3). Porque o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: «Vem» (cfr. Apoc. 22,17)! Assim a Igreja toda aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Lumen Gentium, 4)

Meus irmãos, eu preciso dizer a vocês: a força do Espírito Santo é infinitamente maior do que a força daqueles que combatem contra nós e contra a Igreja do Senhor! O Espírito Santo levanta todo aquele que está caído. Ele pode e quer fazê-lo!

Nenhuma força pode ser comparada à força do Espírito Santo. Ele é a potência de Deus. E Ele quer levantar este povo prostrado e cansado.

Cinquenta dias após sua Ressurreição, Jesus envia sobre os apóstolos o Espírito Santo. Mas eles tiveram que ficar cinquenta dias em oração e na expectativa. Houve quem desanimou, quem abandonou o barco... Era difícil para eles a ausência física do Mestre. Até mesmo os apóstolos decidiram voltar a pescar. Voltar àquela vida anterior ao chamado. Mas eis que, após cinquenta dias, Jesus envia o Espírito Santo sobre aqueles homens reunidos no Cenáculo com Maria. E eles passaram a evangelizar com toda intrepidez.

A obra de Jesus passa pela Cruz, pela Ressurreição e se completa com o envio do Espírito Santo sobre a sua Igreja. Não podemos ser tolos. Precisamos pedir constantemente o Espírito Santo, pois o homem sem Deus é uma tragédia. É uma tragédia o homem sem o Espírito Santo! Longe de Deus, meus irmãos, somos uma tragédia.

Mas cheios do Espírito Santo, conduzidos e transformados por Ele, nós somos uma bênção! E o nosso testemunho – mais do que nossas palavras – causam impacto na vida das pessoas ao nosso redor.

Quando dizemos: “Vem, Espírito Santo!”, estamos dando ao Senhor a liberdade de agir em nossa vida. Porque Ele espera pelo nosso “sim” livre. Ele aguarda ouvir, de cada um de nós, o “faça-se”. Sim, meus irmãos: que se faça em cada um de nós a vontade de Deus, para que sejamos verdadeiramente uma potência de amor.

E quando você estiver cheio do Espírito Santo, o seu cônjuge se alegrará. Os seus pais se alegrarão! Os seus filhos também. Porque o mundo está carente de homens e mulheres repletos do Espírito Santo. É por isso que presenciamos tanta maldade e violência em nosso meio: porque o mundo está carente de homens e mulheres cheios do Espírito de Deus.

Ore comigo: “Eu! Eu mesmo! Quero ser este homem cheio do Espírito Santo, para dar testemunho de que Jesus ressuscitou e está vivo em nosso meio. Ressuscita-me também, Espírito de Deus! Mova-me. Molda-me. Não me deixe mergulhado na velhice deste mundo. Quero ser uma nova criatura. Não quero me conformar com o homem velho. Com a sua ação em minha vida eu serei nova criatura. Eu digo 'sim'! Autorizo o Senhor agir em minha vida para transformá-la”.

Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira (@alexandrecn) 

Fonte: Canção Nova

03/04/2013

Deus trabalha na Igreja mesmo no silêncio


Padre Roger Luis
Foto: Fotos CN/ Maria Andreia
Hoje é um dia de silêncio e recolhimento. Neste dia, voltemo-nos para o Santo Sepulcro: aquela voz que havia acalentado a tantos, agora já não mais existia, aquele Corpo que visitara a tantos, agora estava inerte, aquele Coração que acolhera aos pecadores e aos que sofrem, agora já não batia mais, aquele olhar que curara a tantos, já não brilhava mais... O Corpo de Cristo estava sepultado.

Já ouviu falar em silêncio “sepulcral”? Pois é! É deste silêncio que estamos falando.

Mas eu acredito que, dentre todos aqueles que estavam tristes pela morte de Jesus, havia alguém que estava num silêncio repleto de esperança: Maria Santíssima. Ela vivia num silêncio profundo! De forma alguma um silêncio superficial.

Quero apresentar a Virgem Maria como este modelo de uma fé profunda, jamais superficial. Este dia de silêncio fecundo é um tempo oportuno para amadurecermos na fé e não desistirmos quando vier o sofrimento e a dor.

A palavra desse Sábado Santo, para cada um de nós, chama-se: esperança. Desistir jamais! Este silêncio, daqui a pouco, será substituído pelo som festivo da Ressurreição de Jesus! Mas, no momento, precisamos silenciar e aguardar, a exemplo de Maria.

Em Lucas 24, 17- 24 vemos como aqueles homens [discípulos de Jesus] se encontravam ante a notícia da morte de Cristo:

“Então Jesus perguntou: 'O que é que vocês andam conversando pelo caminho?' Eles pararam, com o rosto triste. Um deles, chamado Cléofas, disse: 'Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?' Jesus perguntou: 'O que foi?' Os discípulos responderam: 'O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo, e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus'”.

Veja: eles estavam tão cegos por causa da morte de Jesus, tão vazios de esperança, que não se recordavam mais das palavras que o Mestre havia dito, e nem mesmo O reconheceram naquele primeiro momento.

Precisamos viver a experiência do silêncio que produz a esperança. É engano, viver como certas “Igrejas” que afirmam: “Venha para cá e não sofra mais!” Meus irmãos, o sofrimento faz parte da nossa experiência enquanto seres humanos. Infelizmente, não sabemos usar com sabedoria o nosso livre arbítrio. Um exemplo disso é um jovem que entra para o mundo das drogas: ele acaba se viciando porque é livre. “Ah! Mas Deus poderia controlar essa pessoa!”, pensamos. Mas não é essa a vontade de Deus: Ele nos criou livres. Infelizmente, usamos mal a nossa liberdade.
É no seu sofrimento, meu irmão, que Deus se faz presente ao seu lado. Ele nos carrega no colo nas horas de dor. Mas não enxergamos isso. Achamos que Ele nos abandonou diante da experiência do Seu silêncio. Mas Ele nunca nos abandona e jamais nos abandonará!

Em Mateus 16,21 está escrito: “E Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém, e sofrer muito da parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos doutores da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”.

Veja: Jesus havia dito isso aos seus discípulos. Mas eles não se lembravam mais dessas palavras do Mestre. A tristeza os cegou.

Meus irmãos, precisamos compreender este silêncio de Deus. Compreender que este silêncio está inserido num desígnio divino.

Jesus tentou educar aqueles discípulos para compreender que, após sua morte, a sua ressurreição permitiria agora que Ele se fizesse ainda mais presente na vida daqueles homens.

"Não existe experiência com Cristo sem experiência com a Igreja", afirma padre Roger
Foto: Fotos CN/ Maria Andreia


Essas palavras do Mestre, no dia de hoje, devem encher o nosso coração de esperança. Quando vier o silêncio, a dor, a morte, aquele sentimento de que “tudo está perdido”, você precisa alimentar a sua alma com a esperança da Ressurreição.

“No terceiro dia Eu ressuscitarei”, disse Jesus. Estas palavras precisam ecoar em nosso coração no momento do sofrimento. Que durante este dia de silêncio, esta Palavra ecoe em nosso coração e alimente a nossa fé e esperança.

Ore comigo: “Eu creio, Senhor! Eu creio nesta grande esperança que a Igreja vive neste dia. Eu creio que o Senhor jamais me abandona e, no silêncio, trabalha por mim, para a minha salvação”.

Quero trazer uma boa notícia a você: nesses dias de Semana Santa, Deus está trabalhando intensamente a seu favor. Se você abrir o seu coração, saiba que você nunca mais será a mesma pessoa.
Eu me recordo de quando participei pela primeira vez (anos atrás) do Acampamento de Semana Santa na Canção Nova. O silêncio de Deus, naquele acampamento, mudou o meu coração. E eu lhe digo – pois um dia estive sentado aí nessa cadeira como você: “Eu abri meu coração a Cristo durante aquele acampamento, e Ele mudou meu coração. O mesmo Ele fará a você, no dia de hoje, se você se deixar converter pelo silêncio fecundo desse dia”.

Quantas vez muitos de nós, sem fé - quando perdemos alguém que amamos - entramos numa depressão, nos desesperamos. E por quê? Porque nos esquecemos desta Palavra: “No terceiro dia Eu ressuscitarei”.

Meus irmãos, o pecado dispersa. E a Igreja veio para congregar. Esta palavra “congregar” é uma palavra católica. Sabia disso? Temos medo de usá-la, pois achamos que estamos falando como nossos irmãos evangélicos. Mas não. A Igreja existe para congregar, enquanto o pecado dispersa as criaturas humanas.

É por isso que a Igreja tem tantos inimigos, meus irmãos! Muita gente trabalha para afastar os filhos de Deus da Igreja. Há uma verdadeira “Cristofobia”. Trabalham para gerar essa dispersão, para você não estar “congregado”. Compreende isso? Querem a qualquer custo, gerar uma insegurança, um medo, uma incerteza em relação à Igreja.

Satanás odeia a Igreja. E dizem por aí que a Igreja é uma instituição que caminha para sua decadência... Pois bem, quero trazer alguns dados a você: se a Igreja fosse uma “empresa de educação”, ela seria a maior empresa do mundo por causa de suas escolas e universidades. Se fosse uma “empresa de saúde”, também seria a maior do mundo devido a seus hospitais. E se a Igreja fosse uma “ONG”, ela seria a maior ONG que existe, devido a tantos serviços de cunho social que ela promove.

Meus irmãos, não existe experiência com Cristo sem experiência com a Igreja.
Criticam tanto a nossa Igreja... Mas eu dou é risada, minha gente! Numa sociedade de tantos tablets, smartphones, celulares, etc, o mundo inteiro ficou parado diante de uma chaminé esperando pela fumaça branca!

A Igreja é forte. Perseguem tanto a Igreja Católica, porque ela não volta atrás em seus princípios. Ela não se deixa levar pela opinião daqueles que a julgam e nem pela pressão da mídia.

Desculpe quebrar o silêncio desse dia... Mas eu peço que você aplauda com força o nosso Papa emérito Bento XVI, pois ele merece!

Depois que ele renunciou, Deus então nos concedeu o Papa Francisco. O mundo inteiro se surpreendeu com a sua eleição (inclusive eu). E o que o Papa Francisco fez logo em sua primeira aparição na Praça de São Pedro? Num gesto belíssimo, ele pede que a multidão, num instante de silêncio, ore por ele e pelo seu pontificado.

Ali, meus irmãos, Deus disse a todos nós católicos: “Sou eu, o Senhor, que caminho à frente da Minha Igreja”.

Permaneça nessa Igreja até o fim. Esta Igreja nos foi dada por Jesus para que, nela, façamos a experiência da Salvação.

Concluo com as palavras de Bento XVI em sua última catequese, no dia 27 de fevereiro de 2013: “O Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la”.

Assumamos o compromisso de jamais abandonar a essa Igreja. A Igreja de Jesus Cristo, a Igreja Católica. Quem permanece na Igreja, permanece com Cristo! E as forças do inferno jamais vencerão aquele que permanece na Igreja.
Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira (@alexandrecn) 

Fonte: Canção Nova

02/04/2013

Deus não grita nem empurra!

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Deus é amor e só deseja nos guiar
Enquanto revejo minha vida, em dias de descanso, percebo que há dez anos eu não fazia a mínima ideia de como as coisas iriam acontecer para eu estar onde estou nem como estou hoje. No entanto, percebo também que, infelizmente, continuo iludida de que tenho o controle de minha própria vida.

Gosto de tomar as decisões segundo meus objetivos e busco sempre a vitória em tudo que faço. Mas, enquanto estou ocupada com meus interesses, torno-me insensível à ação do Espírito de Deus em mim, o qual me mostra direções quase sempre bem diferentes das minhas.

Como faz bem parar um pouco e dar espaço ao silêncio e à solidão em nossos dias!

Quando nos permitimos ouvir a voz de Deus, Ele nos faz conscientes de Suas inspirações divinas. Seu Espírito é calmo e sereno como uma voz suave ou uma ligeira brisa. O Senhor não grita nem empurra, mas respeita nosso processo e anseia pelo momento certo de falar ao nosso coração. Mas por que temos tanta dificuldade em ouvi-Lo? Existem algumas razões, destaco duas: medo de sermos conduzidos para situações e lugares diante dos quais julgamos que vamos perder nossa liberdade ou, talvez, porque pensamos em Deus como um inimigo que exige de nós algo que julgamos não ser o melhor para nós, ou seja, ainda não confiamos plenamente no Seu amor de Pai.
Deus é amor e só deseja nos guiar para lugares onde os anseios mais profundos do nosso coração possam ser satisfeitos.

Recordo-me de uma época em que eu estava bastante sofrida com o fim de um relacionamento, mas hoje percebo que não havia nada para dar certo. Lembro-me que, numa manhã, entrei na capela para fazer adoração ao Santíssimo Sacramento, como faz parte da nossa espiritualidade na Canção Nova - comunidade católica à qual pertenço -, e lá encontrei uma amiga. Conhecendo minha dor, ela dispôs-se a rezar por mim.

Durante a oração, Deus deu a ela uma palavra, a qual foi proclamada com autoridade sobre a minha vida. A palavra é essa: "O Senhor tem para ti desígnios de felicidade". A Palavra parecia contraditória para o momento, mas eu a acolhi e passei a rezar com ela. Durante muitos dias, em meio às lágrimas, eu dizia diante do Santíssimo: "O Senhor tem para mim desígnios de felicidade. Meu Deus, eu não vejo nada, mas eu creio!" Hoje compreendo, ao menos em parte, o que Deus estava me dizendo com aquela passagem da Sagrada Escritura e só posso testemunhar que Seus desígnios são realmente plenos de felicidade para a vida de cada um de nós. Ele não exclui, já neste mundo, as lágrimas e as dores próprias do crescimento, mas tem o melhor para nossa vida e quer nos conduzir até lá, porque o Senhor é amor e o amor só deseja o bem.

Muitas vezes, nem nós mesmos sabemos o que realmente queremos; somos, na verdade, levados por nossos sentimentos feridos, nossa cobiça ou impulsos humanos, e partimos do ponto de vista errado de que esses sentimentos nos dizem o que realmente queremos. Mas Deus vai além dos sentimentos, Ele nos conhece por inteiro, sonda-nos por completo como diz o Salmo 138 e quer nos conduzir sempre pelos caminhos eternos.

Hoje, tenhamos a coragem de ouvir a suave e calma voz de Deus que nos diz: "Não tenha medo de deixar de lado a necessidade que você sente de controlar a sua própria vida. Deixe que eu preencha os vazios mais profundos do seu coração. Eu tenho também para você desígnios de felicidade".

Confiemos, portanto, no amor misericordioso de Deus que é Pai e não nos abandona jamais. Ele é fiel cumpridor das Suas promessas.

01/04/2013

1º de abril, um dia para se falar a verdade!

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Precisamos testemunhar a verdade
O folclórico dia da mentira tem sua origem na confusão de um calendário. O fato ocorreu por volta do século XV, quando o então rei da França Carlos IX decretou o início do ano corrente como o 1º de Janeiro, seguindo o calendário gregoriano.

Alguns camponeses e povoados mais distantes do rei não acreditaram no decreto e continuaram a celebrar o início do ano em 1º de Abril, isso fez com que passassem a ser ridicularizados pelo restante da população com brincadeiras de notícias mentirosas. Estas “peças” passaram a fazer parte da celebração do 1º de Abril que, ao longo do tempo, tomou conta de toda a França e do mundo, ora com o nome de “dia da mentira”, ora como o “dia dos tolos”.

Hoje, o dia da mentira é tido como uma brincadeira. Com a globalização, a data ganhou destaque em importantes meios de comunicação e, com o advento da internet, agências de notícias famosas fizeram circular notícias bizarras como forma de celebração desse dia.

Brincadeiras e folclore à parte, a verdade é que mentira pode provocar consequências desastrosas para um País, para uma família, uma empresa, uma pessoa. Como dizia Gandhi: “assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.”

No Brasil, por exemplo, sofremos há anos as consequências da falta de transparência de nossos governantes. A mentira está a serviço da corrupção, que é a maior vilã de nossa sociedade. Os princípios que regem a mentira, o juízo falso de valores e o engano proposital são os geradores de grande parte das mazelas sociais que os brasileiros já testemunharam. A impunidade, a violência, principalmente nas cidades de porte médio, antes locais seguros, só têm crescido na última década, ao mesmo tempo em que os investimentos na saúde pública são ainda desproporcionais à demanda, e a educação não é vista como prioridade para o desenvolvimento do país.

A nossa sociedade está sofrendo também as consequências do abandono e do esquecimento da verdade e dos valores cristãos. No dia da mentira é verdade que não temos mais tempo para nossos filhos, é verdade que não nos reunimos em família, não temos tempo para ir à Igreja, é verdade também que a dignidade e o direito mais básico, o de viver, já não faz tanto sentido. De fato, temos aqui muitos motivos para neste 1º de Abril lamentar as consequências da mentira em nossas vidas.

Mesmo que no dia 1º de Abril contemos alguma mentiras para não deixar passar em branco esta “brincadeira”, a verdade é que temos sede de sinceridade, queremos a confiança, queremos reciprocidade, queremos nos manifestar tal como somos, pois não aguentamos por muito tempo a dissimulação, a falsidade e a corrupção. Algo dentro de nós grita pelo verdadeiro e autêntico. No fundo, todo homem anseia viver em comunidade para partilhar a verdade e a justiça.

Jesus disse: “E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João 8, 32). Aprendamos que só a verdade nos torna pessoas livres, o bem mais precioso para o homem. É na liberdade que começa e termina todos os nossos caminhos, ela é a pérola do nosso querer.

No dia da mentira precisamos redescobrir a nossa vocação de testemunhar e comunicar a verdade. Não suportamos mais o que o Papa Bento XVI classificou como a “ditadura do relativismo”, queremos mesmo é a liberdade que vem pela verdade. Vivemos tempos de desconfiança e opressão pela mentira, ora lá, ora cá, nos perguntamos se não estamos sendo enganados, pois quem sabe nos acostumamos com o falso...

No dia da mentira só me resta dizer: Brasil, lute pela verdade!