Cerca de 105 mil cristãos são
perseguidos todos os anos por causa de sua fé. O número de mártires nos
dois últimos séculos supera os de toda a história do cristianismo
A história do Cristianismo é mesclada
com a história de incontáveis mártires que, desde os primeiros séculos
até os dias de hoje, testemunham, com o derramamento de sangue, a fé
incondicional no Salvador da humanidade.
Já nos Atos dos Apóstolos, temos o
relato do martírio de Estevão e o apóstolo Tiago. A partir daí, o
Cristianismo é dispersado pelo mundo e chega a Roma, onde sob o
imperador Nero (64 D.C) inaugura-se uma verdadeira caça aos cristãos, a qual só terá fim três séculos depois.
“No início, os cristãos
precisavam ser bem preparados para assumirem o batismo, porque abraçar a
fé, naquela época, significava correr um perigo constante de morte”, afirma padre Carlo, professor de história da Igreja na Universidade Santa Cruz de Roma.
Quando falamos de perseguição ao
Cristianismo, nada pode se comparar ao Século XX. Só
os mártires provenientes das grandes revoluções e regimes ditatoriais
superam os de toda a história. A Revolução Russa (1917), por exemplo, levou à morte cerca de 17 mil sacerdotes e 34 mil religiosos.
O Comunismo se espalhou pelo mundo e declarou a religião como
subversiva e inimiga do Estado. Igrejas, conventos e seminários são
fechados e destruídos. São incontáveis os números de mártires em países
como União Soviética, Lituânia, Romênia, China, Vietnã, Camboja e Cuba.
Na Revolução Nacionalista espanhola
(1931), a Igreja Católica é condenada à extinção e considerada um
inimigo a ser abatido por todos os meios. Entre sacerdotes, religiosas e
religiosos, o número de mortos chegou a 6.832, sendo 13 bispos, 4.184
padres diocesanos, 2.365 religiosos, 283 religiosas e vários
seminaristas. Em 28 de outubro, Bento XVI beatificou 398 mártires desta
revolução de uma só vez, o que ficou conhecido como a maior beatificação
da história da Igreja.
Em nossos tempos, o número de cristãos
perseguidos também caminha para se igualar aos do século passado.
Segundo o sociólogo investigador David Barrett, no seu livro World
Christian Trends AD 30-AD 2200, na primeira década deste milênio foram
160 mil cristãos assassinados e, na segunda década, calcula-se o número
de 150 mil. Segundo os cálculos, um cristão é assassinado a cada
cinco minutos, um dado que os coloca no topo dos grupos mais
perseguidos do mundo.
Por que nem todos sabem destes dados?
“Não é interessante para a mídia
divulgar o martírio de cristãos”, diz a missionária do ministério Portas
Abertas, um grupo evangélico fundado por Irmão André ainda na época da
‘cortina de ferro’, o qual tem por missão dar suporte a esta Igreja
perseguida. Segundo a missionária – que já visitou países como Cuba,
Iraque e Paquistão -, os cristãos desses países não possuem, muitas
vezes, nem sequer uma Bíblia e vivem a sua fé sob a pressão de grupos
radicais islâmicos. “Estes nossos irmãos vivem uma fé autêntica,
porque ser cristãos em países hostis ao Cristianismo significa viver
sob o constante risco de morte ou tortura. Uma pessoa muçulmana que se
converte ao Cristianismo, por exemplo, morre se não voltar atrás, mas,
mesmo assim, eles não negam a fé em Jesus”, diz Elizabeth.
Um outro tipo de perseguição
A perseguição em nossos tempos não é
somente a física, ou seja, o martírio de sangue. Existe uma outra forma
de perseguição que se espalha pelo mundo e por países que, antes, eram
profundamente cristãos.
“O Papa fala hoje do martírio da
ridicularização, ou seja, se você se denomina cristão no trabalho, na
universidade ou coloca um crucifixo no peito, eles o ridicularizam. Vão
chamá-lo de alienado, de fundamentalista, medieval. Não é uma
perseguição que vem com as armas, mas com a cultura”, explica professor Felipe Aquino, professor de História da Igreja e apresentador da TV Canção Nova.
Um exemplo desta secularização e
hostilidade ao Cristianismo, sobretudo à Igreja Católica, mostra-se na
França. “Recentemente, a ministra do alojamento francês acabou de pedir,
publicamente, que a Igreja devolva imóveis e salas para colocar outras
pessoas dentro. O atual governo decidiu voltar atrás no reconhecimento
de diplomas dos estudantes sob o argumento de que estas instituições
estão ligadas à Igreja e ao Vaticano e não podem gozar dos mesmos
privilégios das instituições estaduais”, disse Louis-Marie Guitton,
responsável pelo observatório sócio-político da diocese de Toulon, na
França.
No Brasil, este laicismo também começa a dar as suas caras.
Em março deste ano, a pedido da Liga Brasileira de Lésbicas, o Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul (RS) determinou a retirada dos
crucifixos e símbolos religiosos dos espaços públicos e prédios da
justiça gaúcha. Em novembro, o Procurador Regional dos Direitos do
Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, pediu a retirada do termo “Deus seja
Louvado” das cédulas da moeda brasileira, o Real, com o argumento de que
o Estado é laico.
Um Estado laico significa negar a cultura religiosa de seu povo?
“Nós estamos num Estado cuja
maioria da população é cristã, isto significa que ter um crucifixo, por
exemplo, num prédio público é respeitar o sentimento religioso desta
maioria e também a fé cristã que está impregnada na cultura do Brasil”, diz o advogado especialista em direito civil Aleksandro Clemente.
Já para Elizabeth, da missão Portas
Abertas, é preciso que os cristãos do Brasil aprendam com os países que
se fecharam ao Evangelho. “Se nós formos ver, os países mais hostis ao
Cristianismo, hoje, são aqueles nos quais o Cristianismo era muito forte
no início, onde ele nasceu. Nós precisamos estar atentos às leis que
tramitam no Congresso, porque nenhum país se fecha ao Evangelho da noite
para o dia, as coisas vão acontecendo devagar”, disse a missionária.
Fonte: DESTRAVE
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