30/11/2013

PLC 122: o projeto de destruição da família



O Projeto de Lei da Câmara n. 122/2006, conhecido nos meios cristãos como lei da "mordaça gay"01 e originariamente apresentado pela deputada Iara Bernardi (PT-SP) modificando várias normas do Direito brasileiro e criminalizando a chamada "homofobia", recebeu um substitutivo, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) – que seria submetido à votação no dia 20 de novembro, mas, graças às ligações e mensagens do povo brasileiro aos seus parlamentares, teve sua apreciação adiada02.

O relatório do parlamentar petista pretende colocar panos quentes em toda a discussão gerada pelo projeto original. "Ouvimos todos e não entramos na polêmica da homofobia. Essa foi a primeira mudança para elaboração desse relatório"03, diz o texto do novo projeto. No entanto, mesmo sem entrar "na polêmica da homofobia", o novo PLC 122 traz uma arma perigosa e ainda mais letal: a ideologia de gênero.

O instrumento para ludibriar a população continua sendo a manipulação da linguagem, pelo qual é inoculado em termos aparentemente inofensivos um conteúdo ideológico e revolucionário. Assim, se o antigo texto disfarçava sob a expressão "homofobia" qualquer discordância da agenda homossexual, o novo texto esconde a ideia de que as pessoas não apenas recebem sua sexualidade como um dado biológico, mas são responsáveis por construir sua "identidade de gênero" – o termo aparece 5 vezes no substitutivo do senador Paulo Paim. Ou seja, embora a ênfase tenha mudado, a perversão continua.

As modificações introduzidas no texto do projeto de lei integram um script pré-concebido para desestabilizar totalmente a família tradicional. Ao contrário do que os meios de comunicação mostram, este processo de subversão não é algo "automático", como se o reconhecimento de "novas configurações" de família fosse uma expressão do zeitgeist ("espírito dos tempos") ou do "progresso" da civilização.

Trata-se de um programa de ação sistemática idealizado justamente para destruir a família, já que esta, da forma como é concebida pela moral judaico-cristã, é um empecilho para que aconteça a revolução comunista tanto querida por Karl Marx. Para identificar isto, basta que se leia o famoso "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", iniciado por Marx, mas concluído por Engels; basta que se procurem as obras dos ideólogos de gênero, para descobrir quais são seus verdadeiros intentos.

Já que a família tradicional não está tragicamente fadada a desaparecer, a menos que os seus defensores fiquem de braços cruzados, é importante que os cristãos e conservadores deste país se juntem neste esforço político comum: combater a implantação da agenda de gênero na sociedade brasileira.

Católicos, protestantes, judeus, espíritas ou quaisquer homens de boa vontade são chamados a fazer uma coalizão a fim de defender o patrimônio moral que moldou o Ocidente, independentemente das diferenças que existam entre si, por maiores que sejam. O adversário – a esquerda – sabe perfeitamente qual o esquema para vencer: colocar os conservadores – especialmente os cristãos – uns contra os outros.

Ora, é evidente que os católicos, acatando as posições morais e doutrinárias da Igreja Católica, continuarão tentando converter os protestantes – e vice-versa. No entanto, é preciso que todos aqueles que creem em Cristo tomem consciência do perigo maior que ronda a sociedade neste momento. Não se pode brigar por causa de um "arroz queimado" na cozinha quando a casa inteira está sendo incendiada. É preciso, antes, apagar o fogo da casa, para, depois, discutir o arroz. Da mesma forma, ao invés de lançar brigas no seio do movimento conservador, é necessário que os cristãos se unam contra o inimigo comum; se não, ambos serão destruídos.

O que os socialistas realmente querem é a destruição da moral judaico-cristã, e não o reconhecimento de supostos "direitos homossexuais". Os marxistas estão a utilizar os homossexuais como "ponta de lança", pois é sabido que, nos regimes comunistas de Stálin, Mao e Fidel Castro, foram justamente os homossexuais os primeiros a morrer, ora fuzilados em "paredões", ora oprimidos em campos de concentrações. Isto explica por que, diante de padres e pastores tentando ser fiéis à sua religião, o movimento gayzista faz um alarde, mas, diante dos crimes perpetrados pelas ditaduras socialistas contra os homossexuais, eles se calam: o movimento LGBT é amplamente subvencionado pelo marxismo cultural.

A votação do PL 122 na Comissão de Direitos Humanos não foi cancelada, mas apenas adiada. Por isso, é importante que a população brasileira continue enviando e-mails e telefonando ao Senado Federal, para mostrar que não quer a agenda de gênero implantada em nosso país. Os telefones e e-mails dos senadores da referida Comissão estão disponíveis no site do articulista Julio Severo04.

Material de Estudo

  1. A agenda de gênero - Redefinindo a igualdade

  Referências

  1. Ao final de 2011, o padre Paulo gravou uma aula sobre os perigos deste projeto. Cf. Aula Ao Vivo n. 9: PL 122, a lei da mordaça gay.
  2. "A pressão sobre o PLC 122 foi tão grande que o senador Paulo Paim, autor de uma mudança no PLC 122 que supostamente deixava o projeto "inócuo," teve de retirá-lo da pauta da votação, que seria hoje", segundo o blog do Julio Severo.
  3. Substitutivo do Projeto de Lei da Câmara nº 122, de 2006 – Senado
  4. Urgente: PLC 122 pode ser aprovado nesta quarta-feira, dia 20 | Julio Severo

Fonte: Padre Paulo Ricardo

29/11/2013

Somos bons ou maus ladrões?

 


Um antigo hino do poeta cristão Veneziano Fortunato, Vexilla regis, exalta Jesus com estas palavras: 


"Regnavit a ligno Deus".


Deus reina desde o madeiro. É com esta realidade que nos confrontamos na narrativa de São Lucas, no evangelho do último domingo - Solenidade de Cristo, Rei do Universo. Deus surge crucificado, mas, ao mesmo tempo, glorioso. Sua coroa são os espinhos; seu trono é a cruz; seu manto é o seu sangue. Uma imagem desafiadora: Cristo Rei e Sacerdote a se doar por inteiro na glória de sua paixão.

Que sentimento deve nos causar essa cena? Nós, supostamente católicos, que todos os dias vamos à missa, estamos conscientes de que a chave para o Reino de Deus chama-se cruz?
Duas outras imagens particulares destacam-se também no calvário. Ao lado de Cristo vemos as figuras dos malfeitores. De um lado São Dimas, o bom ladrão; do outro, o escarnecedor. Este blasfema contra o Céu e contra a Terra, exigindo de Jesus um milagre que salve a Ele e os demais. Aquele, reconhecendo a realeza do Deus que se fez vítima imolada, pede apenas o inacreditável: uma lembrança, uma lembrança e nada mais - "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado" (Cf. Lc 23, 42).

A realidade destes dois personagens é quase que um resumo de nossa vida. Para um deles, o Reino de Cristo já se faz presente aqui na Terra; para o outro, não. Ambos vivendo a mesma tragédia, a mesma desgraça física, e somente um é capaz de experimentar já nesta vida o reinado de Cristo, ao passo que o outro vive o inferno.

Durante todo o texto que se segue, São Lucas repete as palavras "Cristo" e "Rei" quatro vezes. E é na boca dos que zombam de Jesus que o evangelista as coloca. No letreiro: "rei dos judeus". Entre os algozes: "Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!" (Cf. Lc 23, 36). E para o mau ladrão: "Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!" (Cf. Lc 23, 39).

Mais do que insultos, as palavras desses escarnecedores são preces de incrédulos: são blasfêmias. Não por acaso elas aparecem em outra ocasião na vida de Cristo, mas desta vez, nas tentações do diabo: "Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se transformem em pão" (Cf. Mt 4, 3).

Bento XVI, no livro Jesus de Nazaré, lembra que "esta exigência a respeito de Deus, de Cristo e da Igreja tem sido constantemente mantida ao longo de toda a história"01. Trata-se de um materialismo piedoso. O homem, confrontado pela dor e pela cruz, exige de Deus pequenos milagres que aliviem seus sofrimentos. Ele não pensa no céu, na eternidade. Ele quer a salvação aqui e agora. Quer transformar as pedras em pães; e por isso mesmo acaba gerando pedras em vez de pães. Essa atitude, certamente, não leva ao paraíso terrestre, mas conduz ao inferno que já não está muito longe.

Em São Dimas, por outro lado, encontramos outra realidade. Reconhecendo suas falhas e a inocência do que jaz ao seu lado, pagando por um crime que não cometeu, pede apenas a recordação. Ele sabe que, no meio da tragédia em que vive, uma simples lembrança de Deus é o suficiente para apaziguar qualquer angústia e tribulação. O Pai nunca esquece de seus filhos. Com efeito, numa intimidade bastante particular, suplica ao Filho deste mesmo Pai que se recorde dele quando estiver em seu reino.

"Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso" (Cf. Lc 23, 43). É a resposta de Cristo para o bom ladrão. Com sua simplicidade, São Dimas roubou o céu. Eis o destino de todo cristão: viver antecipadamente aqui na Terra a salvação eterna por meio da docilidade para com Deus, ou então, virando as costas para o céu, praguejar contra a cruz do dia a dia, trazendo para dentro de sua casa as chamas do inferno.

De fato, resta-nos o que diz o Senhor no livro de Deuteronômio: "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição" (Cf. Dt. 11, 26).
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

 

Referências

  1. RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré. São Paulo: Planeta, 2007.


Fonte: Padre Paulo Ricardo

27/11/2013

27/11 - Dia de Nossa Senhora das Graças

 
A Devoção à Nossa Senhora das Graças
da Medalha Milagrosa
 
     Foi na segunda aparição a 27 de novembro de 1830, em Paris, na França; que Nossa Senhora apareceu a uma das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, à humilde noviça Santa Catarina Labouré. Ela descreve como lhe foi revelada a Medalha da Imaculada Conceição:           
            
  A Virgem apareceu sobre um globo, pisando uma serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecendo-o à Deus, num gesto de súplica.
 
 
Enquanto A contemplava, Catarina ouviu uma voz que lhe disse:
 
 
"Este globo que vês representa o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em particular. Os raios são o símbolo das Graças que derramo sobre as pessoas que Me as pedem. Os raios mais espessos correspondem às graças que as pessoas se recordam de pedir. Os raios mais delgados correspondem às graças que as pessoas não se lembram de pedir.“
 
  
A ORAÇÃO:

Enquanto Maria estava rodeada duma luz brilhante, de repente, o globo desapareceu e suas mãos se estendem suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz. Formou-se assim um quadro oval, rodeado pelas palavras em letras de ouro:
 
 
"Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".

 
Virou-se então o quadro, aparecendo, no reverso, um " M" encimado por uma cruz e, embaixo, os corações de Jesus e de Maria. E a Santíssima Virgem lhe pede:

 
 
 
          
A PROMESSA:   
  
’'Manda cunhar uma Medalha por este modelo; as pessoas que a trouxerem indulgenciada, receberão grandes graças, mormente se a trouxerem ao pescoço; hão de ser abundantes as graças para as pessoas que a trouxerem com confiança. “
 
 E assim foi cunhada, em Paris, esta medalha, que logo s espalhou pelo mundo inteiro, derramando graças tão numerosas e extraordinárias que o povo, espontaneamente, passou a chamá-la: " A Medalha Milagrosa".
 

 
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 Súplica - Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao comtemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).
         Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas.
         E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém.
 
Rezar 3 Ave-Marias.
 
- Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
 
Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.


NOVENA DA VIRGEM IMACULADA DAS GRAÇAS
DA MEDALHA MILAGROSA
            

Ato de Contrição- Meu bom Jesus que por mim morrestes na cruz, tende piedade de mim, perdoai os meus pecados e dai-me a graça de nunca mais pecar.
         
  
1º Dia - 1º Aparição - Contemplamos a Virgem Imaculada, em sua primeira aparição a Santa Catarina Labouré. A piedosa noviça guiada por seu Anjo da Guarda é apresentada a Imaculada Senhora. Consideremos sua inefável alegria. Seremos também felizes, como Santa Catarina, se trabalharmos com ardor na nossa santificação.
            
Súplica a Nossa Senhora - Ó Imaculada, Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe ao contemplar-nos de braços derramando graças sobre os que vos pedem cheios de confiança na Vossa poderosa intercessão inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas numerosas culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor durante esta Novena as nossas prementes necessidades...( um instante de silêncio ). Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa este favor que confiantes vos solicitamos para maior glória de Deus, engrandecimento do Vosso nome e bem de nossas almas e para melhor servirmos ao Vosso Divino Filho, inspirai-nos um profundo ódio ao pecado e dai-nos a coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém – Rezar 03 Ave-Marias.
            
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.
         
Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e de espírito a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.
            

2º Dia - Lágrimas de Maria - Contemplemos Maria, chorando sobre as calamidades que viriam sobre o mundo, pensando que o Coração de seu Filho seria ultrajado, a cruz escarnecida e seus filhos prediletos perseguidos. Confiemos na Virgem compassiva e também participaremos no fruto de suas lágrimas.
 
            
3º Dia - Proteção de Maria - Contemplemos nossa Imaculada Mãe, dizendo em suas aparições a Santa Catarina: " Eu mesma estarei convosco, não vos perco de vista e vos concederei abundantes graças. Sede para mim, Virgem Imaculada, o escudo e a defesa em todas as necessidades.
            

4º Dia - 2º Aparição - Estando Catarina Labouré em oração a 27 de novembro de 1830, apareceu-lhe a Virgem Maria, formosíssima, esmagando a cabeça da serpente infernal; nesta aparição vemos seu desejo imenso de nos proteger sempre contra o inimigo de nossa salvação. Invoquemos a Imaculada Mãe com confiança e amor!
            

5º Dia - As Mãos de Maria - Contemplemos, hoje, Maria, desprendendo de suas mãos raios luminosos. "Estes raios, disse ela, são a figura das graças que derramo sobre todos aqueles que me pedem e aos que trazem com fé minha medalha".
Não desperdicemos tantas graças! Peçamos com fervor, humildade e perseverança, e Maria Imaculada no-las alcançará.
            

6º Dia - 3º Aparição - Contemplemos Maria, aparecendo à Santa Catarina, radiante de luz, cheia de bondade, rodeada de estrelas, e mandando cunhar uma medalha, prometendo a todos que a trouxerem com devoção e amor, muitas graças. Guardemos fervorosamente a Santa Medalha e como escudo, ela nos protegerá nos perigos.
            

7º Dia - Súplica - Ó Virgem Milagrosa, Rainha excelsa, Imaculada Senhora, sede meu refúgio nesta terra, meu consolo nas tristezas e aflições, minha fortaleza e advogada na hora da morte.
            

8º Dia - Súplica - Ó Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa, fazei que esses raios luminosos que irradiam de vossas mãos virginais, iluminem minha inteligência para melhor conhecer o bem, e abrazem meu coração com vivos sentimentos de fé, esperança e caridade.
            

9º Dia - Súplica - Ó Mãe Imaculada, fazei que a cruz de vossa Medalha brilhe sempre diante de meus olhos, suavize as penas da vida presente e me conduza à vida eterna.



 
 
Súplica à Virgem Santíssima das Graças
200 dias de indulgência

Celeste tesoureira de todas as graças, Mãe de Deus e minha Mãe, Filha Primogênita do Eterno Pai, cuja Onipotência está em tuas mãos, tem piedade de minha alma e concede-me a graça que te suplico com todo fervor. Ave-Maria...

Misericordiosa distribuidora das graças divinas, Maria Santíssima, tu que és Mãe do Verbo Encarnado, tu que foste coroada com sua imensa sabedoria, considera a minha dor e concede-me a graça de que tanto necessito. Ave-Maria...

Misericordiosa distribuidora das graças divinas, Imaculada esposa do Espírito Santo Eterno, Maria Santíssima, tu que recebeste um coração participando das misérias humanas e consolando todos os que sofrem, tem compaixão da minha alma e dá-me a graça que espero, com toda confiança, da tua imensa bondade. Ave-Maria...

Sim, minha Mãe, Tesoureira de todas as graças, Refúgio dos pobres pecadores, Consoladora dos aflitos, Esperança dos desesperados, Auxílio poderoso dos cristãos, eu deposito em ti toda minha confiança e creio firmemente que obterás de Jesus a graça que desejo com toda esperança para o bem de minha alma. Salve Rainha...

 
Oh! Maria concebida sem pecado, rogai ao Pai para (pede-se a graça).
 
Oh! Maria concebida sem pecado, rogai a Jesus para (pede-se a graça).
 
Oh! Maria concebida sem pecado, rogai ao Espírito Santo para (pede-se a graça).



26/11/2013

Homilia de Hoje...

Nem tudo o que parece ser bom é bom, nem tudo o que fala de Deus é, realmente, d’Ele, nem tudo o que faz milagres, significa que é ação do Senhor.

“Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’” 
 (Lc 21,8a).

Queridos irmãos e irmãs, ouvindo a Palavra de Deus que vem ao nosso coração, no dia de hoje, vemos como é importante pedirmos a Deus que nos dê sabedoria e discernimento, porque é tão fácil sermos enganados. Quando vivemos na dúvida, na penumbra, nas incertezas da vida, o que mais vemos é engano e ilusão. No mundo religioso, é muito fácil enganar e iludir, é muito fácil persuadir as pessoas para que elas se enveredem pelos caminhos que não levam à vida.

Nem tudo o que parece ser bom é bom, nem tudo o que fala de Deus é, realmente, d’Ele, nem tudo o que faz milagres, significa que é ação do Senhor. Por isso, meus irmãos, no tempo em que nós vivemos, no qual existem tantas confusões religiosas, peçamos ao Senhor que nos dê sabedoria e discernimento.

Eu gosto do diálogo ecumênico, trabalho para que isto aconteça, gosto de dialogar, viver coisas boas em outras Igrejas e religiões. Mas me dói o coração ver tantas pessoas de boa vontade serem enganadas, iludidas, persuadidas a irem pelos caminhos errados, por falsas filosofias, falsas religiões, falsos pregadores e falsos profetas.

Quando você vir uma religião, que fala mais de dinheiro do que de Deus; quando você vir uma Igreja, que prega mais sobre o demônio do que sobre Deus; quando você vir, até no meio de nós, a nossa pregação falar mais em cura do que em Deus, algo está errado!

O que nós pregamos é Jesus o Senhor. O que devemos pregar é Cristo crucificado, Aquele que é a salvação para a humanidade. Não podemos nos deixar levar por aquilo que vem do falso, da ilusão em nome de Deus, nem nos deixar atemorizar por pregações, filosofias, conceitos que, muitas vezes, só nos enganam e nos desviam do único Senhor de nossas vidas.

Jesus é o nosso Salvador! Permaneçamos firmes e que Ele nos ajude sempre a andarmos pela estrada certa, porque só Ele é o caminho, a verdade e a vida.

 Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo 

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador 
do Portal Canção Nova.  Facebook Twitter

23/11/2013

Vida em Cristo - Aridez Espiritual

Para entender a vida nova em Cristo, tomemos o texto da Carta de São Paulo aos Romanos, capitulo 12.

O que Paulo está exortando é que nos ofereçamos, sem reservas, sem medidas, que nos entreguemos a Deus. O grande problema é que nós nos oferecemos a Deus, mas impomos condições.

Paulo vai mais alem, ofereçais os vossos corpos, porém às vezes dizemos: “Senhor eu te entrego meu coração”, mas Deus nos quer de corpo inteiro. Ofereçamos-nos por inteiro como Nossa Senhora fez.

Quando Maria disse: “Eis aqui a escrava do Senhor”, estava se oferecendo sem reservas ao Senhor, porque o escravo não tinha direitos, estava completamente na mão do seu dono, que tinha sobre ele o poder da vida e da morte.Como Maria, somos chamados, hoje a dizer: “Senhor, eu sou teu escravo, eu me ofereço por inteiro de forma santa e agradável.” Este é o verdadeiro culto espiritual a Deus. Oferecer-se como hóstia viva, é a vida em Cristo.

A maturidade de uma vida em Cristo é conseguir viver, o quanto mais plenamente, as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Então, a maturidade na fé é crer, esperar e amar.A meta e a busca, o ideal do cristão batizado é ser uma pessoa que crê, que espera, e que ama.O grande problema é que perdemos o referencial, a impressão que temos é que não existe um modelo a ser seguido, cada um cria o seu próprio modelo. Jesus deve ser nosso referencial de vida. Jesus é o homem maduro na fé, porque viveu na plenitude as virtudes teologais ele é o homem que crê, que espera, e que ama.

Em nosso itinerário espiritual, essa é a referencia, sempre partir desse ponto: eu quero, eu busco eu almejo, eu tenho sede de ser uma pessoa que crê, que espera, e que ama. Porem, mesmo a partir desse referencial, temos muita dificuldade para viver essa maturidade, por causa de algumas patologias espirituais, porque perdemos os senso do pecado, porque não nos oferecemos a Deus.



No nosso itinerário espiritual, na nossa vida com Cristo, nós vamos com reservas, não nos jogamos, não nos lançamos, não entregamos tudo, por isso, não progredimos na fé.

Na nossa condição natural de ser humano, precisamos de Deus, temos uma sede de algo mais. Porem, podemos perceber que alguns estão com a alma vazia, outros estão com a alma em aridez, outros estão com a alma sedenta.

O objetivo ultimo do ser humano, na sua natureza é Deus. A religião não é um ópio, não é alienação.

O verdadeiro culto a Deus não engessa, não nos faz puritanos, não nos leva a uma patologia, pelo contrario o verdadeiro culto a Deus nos potencializa, nos expande, nos transborda. Com isto digo que, se há muita tristeza, desejo de suicídio, angustia melancolia, neurose pode ser emocional, mas com certeza é a ausência da água que dessedenta, que Jesus prometeu dizendo: “Quem beber dessa água não terá mais sede” (Jo 4, 14). Então, estou afirmando que a maioria daqueles que se dizem iniciados na fé, que a maioria dos que comungam e se dizem cristãos, estão doentes na vida espiritual.

Há tantas pessoas inseguras na fé, porque estão sentindo um vazio do tamanho de Deus. O vazio que sentimos só pode ser preenchido por Deus.


Alma vazia

As almas vazias, demonstra uma falta de conversão, isso significa que a pessoa esta destituída de Deus, esse vazio interior, essa angustia, é uma alma vazia.O grande erro é que a maioria das pessoas, se sentindo vazios, preenchem de coisas, as vezes numa luta desenfreada por dinheiro, sexo, e poder.
 Uma pessoa que se dispôs a fazer o mal é uma alma vazia, sobre isso São Paulo escreve: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber” (Rm 12, 20). Uma alma vazia não consegue fazer isso.

Uma alma vazia é capaz de ficar horas e horas articulando, maquinando bem maquiavelicamente uma vingança. Santo Agostinho afirmou: “Tu nos criastes por ti mesmo, e nossos corações vivem inquietos enquanto não acharem repouso em ti”. O que ele quis dizer é que em nossa natureza humana tendemos a Deus, porém uma alma vazia abandou Deus. Sempre buscando essa satisfação, numa tristeza que não passa, porque o apego aos bens materiais faz sofrer, uma pessoa egocêntrica sofre muito. Uma pessoa avarenta está doente, não com uma doença física, mas com uma doença espiritual e tem que buscar a cura, tem que enfrentar o problema.

Às vezes não damos atenção a isso, e nosso itinerário não sai do primeiro passo. Podemos freqüentar grupos de oração, ter momentos fortes de louvor intensos, mas não santificantes. Podemos entrar numa histeria, num frenesi, num psique coletivo, mas que são momentos que não santificaram, não edificaram, não levaram a maturidade espiritual, e isso pode acontecer com todos nós, comigo como padre.

Uma alma vazia jamais consegue preencher o vácuo, porque só Deus pode preencher.

Uma pessoa com a alma vazia é perpetuamente insatisfeita, mas sobre as coisas de Deus, vive de aparência. Uma pessoa fingida é uma alma vazia. Nosso Senhor nunca tolerou o fingimento, às vezes nós somos fingidos com o próximo, e fingidos com Deus. Encontramos um exemplo de alma vazia numa parábola contada por Jesus, em que um homem rico diz: “Recolherei toda a minha colheita e os meus bens. E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? “ (Lc 12, 16-20).

Sede de Deus

O Salmo 41, diz: “A minh´alma tem sede de Deus, pelo Deus vivo anseia com ardor” (Sl 42, 3). Significa que a alma na sua natureza tem sede de Deus. A terceira alma é uma alma sedenta. Jesus era o homem sedento, era o homem completo que acreditou, esperou e amou. Tenho sede (Jo 19, 28)

Uma alma sedenta por incrível que pareça nunca estará saciada sempre vai querer mais, só se saciará quando estiver face a face com Deus.


Aridez espiritual

Num primeiro momento, muitos poderão se identificar, como uma alma Arida, e, isso é ruim. A aridez espiritual é dolorosa, mas necessária.

São João da Cruz fala da aridez, como a noite escura da fé, não uma noite traiçoeira, mas noite escura que muitos de nós estamos passando. Ela é necessária é importante para a vida espiritual, porque purifica a nossa sensibilidade, nos faz crescer no verdadeiro amor. A noite escura, o momento de aridez é quando rezamos e parece que nossa oração foi uma porcaria. É quando nos sentimos o pior dos seres humanos, choramos os próprios pecado, e vivemos uma parte dolorosa, que eu não desejo a ninguém, que é o silencio de Deus. O silencio que leva às vezes a uma angustia mortal. Lembremo-nos do Getsêmani onde Jesus passou na noite em que foi traído por Judas, a bíblia nos diz que sua alma viveu uma tristeza mortal, aridez, noite escura.

Só que tem um detalhe, Jesus viveu uma tristeza mortal, mas não se entregou, não teve medo, teve uma angustia mortal na alma, suou sangue, mas Ele se levantou e enfrentou dizendo aos guardas: “Sou eu”.

Um dos sintomas da aridez é a perda da alegria, e a sensação de angustia, mas não podemos confundir noite escura e angustia com depressão. A angustia no contexto da vida espiritual é uma renovação, a angustia é positiva, o que não tem nada haver com depressão, não tem nada haver com autodestruição, perda do sentido de viver. A angustia é um elemento de crise, e a crise não é um elemento negativo, é sinal de crescimento.

O momento que entramos numa aridez, pode ser o momento de profundo progresso espiritual, se ao caminharmos na noite escura, dizermos como Madre Tereza: “Senhor seja a minha luz”.O objetivo de uma noite escura é levar-nos a nos despojar, a nos despir do nosso ego, de nossas vaidades, até na oração.

Santo Inácio, também fala sobre aridez espiritual, mas não usa a palavra noite, ele chama de momento de desolação, só que Santo Inácio fala que no momento de desolação nós somos guiados pelo mau espírito, por isso, devemos permanecer firmes, resistindo às tentações e na desolação,não devemos tomar.

A diferença entre uma alma vazia e uma alma arida é que, a alma vazia nunca bebeu a água, então não sabe o gosto. Enquanto que, alma arida é uma alma que já provou do lado aberto do Cristo o rio de misericórdia, já provou do Cristo a água que jorra para a eternidade. É como a samaritana, a quem Jesus disse: “Se soubesses quem te pede de beber, você é quem pediria (Jo 4, 10).

Nossa alma pode passar por um momento de aridez, de não sentir a consolação, não sentir a água jorrar do lado aberto de Cristo. Esse momento de aridez pode vir por algumas razões:

- Podemos estar bebendo da água que o mundo oferece. Podemos viver bebendo água contaminada, e nos acostumar com essa água de baixa qualidade, nos saciando com coisas erradas.

- Podemos entrar num estado de aridez, para que nos purifiquemos, e isso não é negativo. Um estado de aridez, uma noite escura provoca em nós a purificação dos desejos, a purificação do prazer.

São João da Cruz fala da gula espiritual, que é vivermos a nossa relação com Deus apenas para nossa satisfação. Rezamos, porque nos sentimos bem. Mas não é porque nos sentimos bem que rezamos, ou rezo é por Deus? Valorizamos demais as emoções, e a fé não é sentimento, fé sem razão é fanatismo. Cuidemos para não fazer de nossos ritos religiosos apenas um estado emocional, apenas uma busca de satisfação, apenas uma compensação de nossas neuroses. Ai é que entra o estado de aridez, uma noite escura para que o que nos motive, não seja nosso prazer, mas aquele que nos dá a consolação.

Então, não somos motivados pelo sentimento, pelo estado de felicidade, mas somos motivados por aquele que nos dá a felicidade, Deus. Às vezes Deus nos priva da consolação para que não nos motivemos pela emoção e sentimento, mas ajamos pela fé. Na noite escura da fé, Deus tem que nos conduzir, isso significa que não vamos a Ele unicamente pelos nossos méritos. Não chegamos a Deus só pelo nosso esforço, só pela nossa vontade. Dizer que o pensamento é tudo, está errado, o que conta é a graça e a gratuidade do amor de Deus. Ele nos ama, não porque somos bons, mas nos ama incondicionalmente.

Às vezes, por estarmos demasiadamente no pecado, nos saciamos no pecado. Por isso, volto ao texto de Romanos 12, 2: “Irmãos, não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito.”

Percebamos que não é a nossa vontade, não é só o que queremos para nós, mas qual a vontade de Deus para nós. E como saber o que Deus quer para nós? Como chegar a essa resposta? O espírito não está na razão, é também parte, mas o espírito onde Deus fala está no profundo do nosso ser. É de lá que vamos ouvir o que Deus quer para nós.

São João da Cruz foi uma pessoa que procurou muito Deus fora, e foi encontrar Deus dentro de si mesmo. Isso não é individualismo, não somos nós por nós mesmos, mas é buscarmos Deus num espírito que transborda. Se ficarmos num egocentrismo não é Deus.

- O que também pode provocar uma aridez espiritual é uma prolongada fadiga física, o stress, o ativismo pode levar a uma aridez espiritual, e todos nós somos em potencial sujeitos a isso.

Muitas pessoas rezam a vida inteira, para não sofrer, mas o sofrimento é inevitável, o importante é como vivemos o sofrimento. Numa doença mal vivida, se não soubermos lidar na espiritualidade, pode ser nossa própria condenação, mas se soubermos trabalhar, administrar essa doença, pode ser nossa redenção. Não sublimar, não é negar, mas é administrar na fé, administrar na cruz de Cristo. É partir do principio do discipulado da cruz, tomar a cruz e seguir.

Uma estafa, um ativismo, uma fadiga prolongada, uma doença prolongada pode gerar uma aridez espiritual. Emoções muito fortes, perdas dolorosas também podem gerar.

Quando estamos nessas condições, só a água viva de Deus é que nos satisfaz. Outras coisas podem nos distrair, mas são paliativos. Santa Tereza D’Avila, passou 20 anos de noite escura, a ponto de ter dúvidas da presença real de Jesus na eucaristia, mas nunca deixou de comungar.

Madre Tereza de Calcutá, também viveu uma longa aridez espiritual que durou em torno de 50 anos. Chegou a questionar a existência de Deus, mas em nenhum dia deixou de sair pelas ruas reconhecendo o rosto do Cristo, no rosto dos pobres, nunca deixou de cuidar dos pobres e de ser pobre no meio dos pobres.

E nós como lidamos com nossa aridez, com nossas angustias, com nossa noite escura?

Há épocas que rezamos mais, outras menos, isso não é aridez espiritual, isso é fraqueza na fé. Significa que não estamos maduros, porque temos que rezar sempre, na mesma quantidade, não importa se sentimos prazer ou não.

Nos momentos de consolação a nossa oração flui, não sentimos o tempo passar, a pratica das virtudes fica mais fácil. Sentimos a presença de Deus, e esse fato nos leva a rezar com gosto, com dedicação, com fervor. Quando entramos numa aridez e quem não entrou se prepare, pois todos podem entrar a qualquer momento, nós entramos num estado de secura, de desanimo, de esfriamento da fé, e às vezes uma sensação de ter perdido a fé, não perdemos, mas temos essa sensação, e os momentos de oração se tornam enfadonhos.

Se voltamos para traz e diminuirmos o tempo de oração estamos guiados pelo espírito mau, se deixamos de ir à missa, porque estamos presos em nossas satisfações em nossos prazeres e não no criador do prazer, não estamos pela fé. Não podemos ter uma expressão de fé só baseada, só buscando satisfação momentânea.

São Francisco de Sales escreve em seu livro Filotéia: “É um erro medir a nossa fé através das consolações que experimentamos. A verdadeira piedade, o caminho para Deus consiste em ter uma vontade resoluta, em fazer tudo o que agrada a Deus.” Mesmo não compreendendo, fazer tudo o que nós sabemos que é de Deus, mesmo não nos dando satisfação, mesmo não encontrando consolação.

A alma arida tem que ter consciência, como uma criança que gosta do colo do pai, mas mesmo que ela não esteja no colo do pai, sabe que pode contar com ele. É esse o espírito com Deus, já experimentamos o colo do Pai, e mesmo que não nos sintamos em seu colo não significa que Ele não esteja presente. Ele está presente no amor que Ele nos fez experimentar, no amor que Ele sente, capaz de dar a vida por nós. É essa relação que temos que ter com Deus, nem sempre estamos no colo de Deus, às vezes não sentimos a presença de Deus, mas podemos sentir o amor de Deus. Isso é diferente e importantíssimo.

Se, sentimos que Deus está distante, estamos cometendo um erro em nossa espiritualidade, Deus não se distancia, nós é que não estamos sentindo o amor. Ele pode não estar presente, é o silencio de Deus, que dói demais, mas não quer dizer que Deus não está no amor.

São Paulo nos diz: “Seja sincera a vossa caridade “(Rm 12, 9), uma pessoa que não ama, não consegue ser caridosa, quem não ama não tem misericórdia, quem não ama finge para si mesmo e acaba destruindo a vida dos outros. Quem não ama acaba se envenenando com seu próprio veneno, quem não ama não tem qualidade de vida.

Na noite escura, aprendemos a amar a Deus por ele mesmo, e não pela consolação, ou pelo que Ele pode nos dar. Aprendemos Crer em Deus, confiar, esperar em Deus, mas esperar em Deus é esperar trabalhando, esperar contribuindo, esperar lutando, esperar rezando, esperar vigiando, esperar comungando e amando.

Madre Tereza de Calcutá, morreu com 66 anos, e quem olha para sua imagem vê um rosto enrugado, de quem foi uma santa em vida. Mas, ela viveu um profundo silencio de Deus, uma longa noite escura. No começo de sua vida espiritual ela estava indo a um retiro, e na estação ferroviária, ela teve uma experiência com os mais pobres dos pobres, como ela diz, e teve um momento de consolação tão grande com o próprio Jesus, que lhe pediu que começasse a trabalhar com os mais pobres entre os pobres. “Recusará?”, perguntou Jesus.”. Esse momento de profunda consolação foi tão forte que a levou a fundar uma congregação. Interessante que mal ela fundou a congregação, entrou numa aridez, a ponto de escrever a seu diretor espiritual, e isso em nada coloca em duvida ou interfere em sua santidade, mas ela escreveu dizendo: “Onde está a minha fé, aqui no mais profundo não há nada em mim. Meu Deus, que dolorosa está pena desconhecida, eu não tenho mais fé”.

Anos depois Madre Teresa de Calcutá, vivendo uma tortura de desolação, ela teve vontade de pegar o microfone e dizer a todo mundo, segundo estudos: “Eu sou uma hipócrita”. Mas, naquele momento Deus suscitou nela que se fizesse chamaria a atenção sobre si mesma, e não para Deus, e ela resolveu ficar no silencio de suas torturas.

Torturada a ponto de dizer: “Não há fé no meu coração, não há amor, não há confiança, há tanta dor, a dor de desejar, de não ser querida – amo a Deus com toda a força da minha alma” , mas não sentia consolação.

Madre Teresa nos lembra que na noite escura, podemos crescer na vida espiritual, podemos atingir a maturidade, podemos ser misericordiosos, e que a santidade está ao alcance de todos, inclusive daqueles que têm dúvidas.

Discernimento

O atributo do Pai é ser criador, do Filho é ser Redentor, do Espírito é ser santificador. E, o atributo diabo é ser enganador. Foi assim com os primeiros pais no paraíso. O diabo fez parecer bom algo que era ruim. Fez com que Adão e Eva fossem enganados. A maior ação do inimigo entre nós é nos enganar, nos ludibriar, fazer parecer bom algo que é ruim. É nos enganar também na busca de Deus.

Sabemos o que é o mal, o que é o pecado, mas o vivemos porque nossa vontade está destruída, nossa força foi diminuída, porque o inimigo nos pegou pela parte dos sentidos. Então, precisamos do discernimento, que é fundamental para quem quer crescer na maturidade espiritual.

São Paulo, na armadura de Deus, vai dizer que é a espada do Espírito que vem pela Palavra. A espada corta, desmascara e tira a falsa representação do mal. A espada do Espírito mostra e faz vir a tona a verdade daquilo que realmente somos e não como diz Romanos 12, aquela idéia falsa que criamos de nós mesmos.

Um dos pontos para o discernimento é observar o começo do pensamento, o meio do pensamento e o fim do pensamento.Ou seja, temos que perceber se o principio, o meio, e o fim de um pensamento, de uma obra, e de uma intenção são puros. Isso nos revelará se quem está nos movendo é o Espírito de Deus ou espírito mundano. Mesmo na caridade, devemos ponderar o “porquê” de nosso gesto, senão, podemos ficar nus, dar toda a roupa para alguém, mas se for por vaidade pessoal, para ser aplaudido, isso é espírito do mal.

Devemos dar muita atenção ao curso dos nossos pensamentos e de nossas obras. Se o principio o meio e o fim é inteiramente bom, inclina-nos para o bem, esse é o anjo bom. Mas, se o curso dos pensamentos, das ações termina numa coisa má ou menos boa do que se havia proposto fazer, ou se no meio da ação, perde-se a paz a tranqüilidade, a quietude, é sinal que esta agindo pelo mau espírito, e o inimigo esta colocando em risco a nossa salvação.

Por isso é preciso vigiar, é preciso discernir e para sabermos se estamos enganados pelo inimigo devemos checar as nossas verdades e as verdades de Cristo. Deus nos convida a um banquete onde podemos sentar à mesa, e às vezes nós ficamos só com os farelinhos. Não fiquemos com as migalhas quando temos um banquete a nossa disposição.

Deus quer nos dar mais, Deus quer nos saciar. Deus quer mais conosco. Deixemos Ele agir.

22/11/2013

Carta de uma criança que não nasceu


Ontem foi meu aniversário e eu iria completar um mês de vida.

Pensei que você, mamãe, fosse dar-me uma festinha, como todas as mães fazem quando descobrem que estão grávidas.

Pensei que você fosse dar no papai, o beijo que gostaria de dar em mim.
Porém a festinha não foi tão alegre como eu esperava.
De fato você foi a farmácia, comprou um presente, pena que este presente tenha causado a minha morte.
E você... não chorou nem um pouquinho...
Por que mamãe?
Por que logo no meu aniversário?
Eu sabia que por alguns mesês eu iria estragar a sua elegância, porém eu havia prometido a mim mesmo que ficaria apertadinho para não lhe prejudicar.
Eu deixaria para crescer depois que nascesse para o mundo.
Eu sabia que em seu ventre a escuridão seria grande, entretanto, mais tarde, eu iria lhe contar a minha 
felicidade em tê-la como minha mamãe.
Olha, eu iria conversar com você quando estivesse triste, fazendo tudo para ver a alegria brotar novamente em seus lábios, com aquele sorriso que as vezes, só você sabe dar.
Eu faria tudo para que essa alegria durasse.
Sabe, planejei tanta coisa...
Queria crescer bastante e depois de jovem lutaria com todas as forças para que a guerra acabasse e renascer a paz no mundo.
Eu queria tanto nascer, mamãe, queria crescer para que o perfume da minha existência e de muitas rosas, que eu iria ajudar nascer, embriagassem homem e mulher, e os deixassem incapazes de fábricar máquinas que matam uns aos outros.
Sim, eu queria muita coisa...
E você não sentiu, você me assassinou. 

Engraçado... pensei que os pais amassem seus filhos, a ponto de dar a própria vida por eles, contudo, você não me deixou viver a vida que eu mal começava.
Olha... este era meu plano, quando estava em seu ventre, hoje não posso planejar nada, pois faço parte dos muitos que nunca cheiraram o perfume das rosas e nem sentiram o sabor da vida.
Espero que você, mamãe, tenha se arrependido, para que isso não aconteça com meus irmãozinhos que estão para vir ao mundo.

Eu lhe perdoo apesar de tudo. 

E se de tudo fica um pouco, espero que tenha ficado um pouco de mim em Você...

Jesus vai voltar?



Renovamos nossa espera na liturgia eucarística

A história da salvação acontece em diversas etapas. Deus criou e organizou o homem na face da Terra, depois escolheu um povo a partir de Abraão. Com essa escolha, o Senhor passa a ter um povo sobre a Terra. Logo depois, o Seu povo, por meio de Moisés, recebe a Lei, ou seja, o modo como viver neste lugar. Tudo isso apontava para o dia mais importante da nossa salvação: a chegada de Jesus.

Paulo descreve em Gálatas: "Chegada a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher" (Gl 4,4). Jesus vem, cumpre Seu papel de revelar o Pai, redime a humanidade morrendo na cruz, forma Sua Igreja enviando o Espírito Santo e estabelece um tempo para essa Igreja até que Ele volte.

Portanto, a espera da segunda vinda de Cristo é renovada todos os dias, no mundo inteiro, na liturgia eucarística, pela Igreja, ao dizer "todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda".

Nenhum teólogo ou Igreja cristã tem dúvida quanto à segunda vinda do Senhor. Quando os primeiros cristãos perguntaram se era o momento de Jesus restaurar Jerusalém - como encontramos no livro dos Atos dos Apóstolos -, Ele respondeu: "não cabe a vós saber o dia e a hora, não cabe a vós vos preocupardes com este momento" (At 1,7-8). Porém, Jesus não negou esse momento, Ele não disse que a Igreja não deveria se preocupar com esse assunto.

Vejamos: a Igreja acabara de nascer, tinha, agora, a missão de levar o Evangelho até os confins da terra como descrito no versículo 8 de Atos dos Apóstolos: "Descerá sobre vós o Espírito Santo, que lhes dará força e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia e na Samaria e até os confins da terra".

A preocupação central da Igreja recém-nascida era levar a mensagem da salvação ao mundo inteiro. Para isso, seria revestida da força do Espírito Santo e não deveria preocupar-se tanto com a segunda vinda do Senhor.

Mas apesar de os primeiros cristãos estarem focados em levar o Evangelho até os confins da terra, suas pregações traziam a visão escatológica. O capítulo 3 de Atos dos Apóstolos narra o milagre realizado por Pedro e João a caminho do templo. Esse fato assombrou o povo, que, atônito, acercou-se dos dois. Pedro, então, aproveita o momento para anunciar Jesus e convidá-los a crerem n'Ele, a se arrependerem e a se converterem, a fim de que os pecados lhes fossem apagados. Imediatamente, fala-lhes da segunda vinda do Senhor quando afirma:"Então enviará Ele o Cristo, que vos foi destinado, Jesus, a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas" (At 3,20b-21).

Também o apóstolo Paulo, na primeira das diversas cartas que escreveu, no livro mais antigo do Novo Testamento, já demonstrava preocupação com a segunda vinda do Senhor, como podemos constatar no capítulo 5,23 da primeira epístola aos Tessalonicenses: "O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."

Tanto Pedro, o apóstolo dos judeus, como Paulo, o apóstolo dos gentios, trabalharam esse tema em suas pregações e escritos. Ao lermos Mateus - "e este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro como testemunho para todas as nações. E então virá o fim" (Mt 24,14) -, percebemos que há um tempo estabelecido para a vinda do Senhor. Este tempo está compreendido entre o início da propagação do Evangelho e a chegada dessa mensagem ao mundo inteiro.

Em Atos, os anjos afirmam que, do mesmo modo que viram Jesus subir, o verão descer dos céus: "Os anjos disseram: 'Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu'" (At 1,11). Também no final dos Evangelhos vemos Jesus dizendo de sua segunda vinda gloriosa e dos diversos sinais que antecedem esse evento.

Os primeiros cristãos cumpriram a missão de levar o Evangelho e advertiram a Igreja sobre a vinda gloriosa do Senhor. Cabe à Igreja dos dias atuais - ao identificar os diversos sinais precursores e constatar que o Evangelho está chegando aos confins da terra - se deter sobre este assunto com mais profundidade.

Miguel Martini
Fundador da Com. Renovada Santo Antônio de Pádua
Belo Horizonte (MG)


(Conteúdo extraido do livro "A Segunda Vinda de Cristo" da autoria de Miguel Martini)

21/11/2013

A importância da cura interior


Uma chave para a cura total da pessoa

Em resposta àquilo que Jesus e a Igreja fazem por nós, duas ações devem ser realizadas. Jesus, primeiro, foi a todas as cidades e aldeias da Galileia, e a todos os lugares para pregar a Boa Nova a todas as pessoas. Jesus também disse para os seus irem a todos para lhes conceder cura e libertação e, se precisassem, também cura espiritual e cura física.

A cura interior profunda é muito importante e necessária para que sejam descobertas e sanadas as fontes mais significativas de todos os males que nos afligem. Muitas vezes, a pessoa não consegue cura espiritual, sem antes passar por uma cura interior; caso contrário, permanece naquilo que chamamos de hábitos compulsivos de pecar. Com frequência, por exemplo, um viciado em drogas não receberá cura a menos que seja curado interiormente das causas que o levaram ao vício da droga.

Satanás condena; Jesus cura. A cura interior é uma espécie de chave para a cura total da pessoa. Da mesma forma, sem a cura interior, não é possível ser curado de doenças físicas, tampouco experimentar a libertação. Deus quer que sejamos totalmente curados. São Paulo diz, na Carta aos Tessalonicenses, que Deus não nos quer curados parcialmente, mas por completo; não superficialmente, mas em profundidade. Ele nos quer perfeitos em corpo, mente e alma. "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11,28).

No entanto, vale ressaltar que a cura física é a menos importante. Já ouviu falar sobre Helen Keller? Ela era cega, surda e muda, mas foi uma das grandes filósofas do século passado. Qunado damos muita ênfase à cura física, isso não vem de Deus. Jesus disse: "É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9,43). Você já ouviu isso? Eis o motivo pelo qual Jesus não afirmou: "Vinde a mim você que quer cura física". Isso não é o mais importante, mas sim a cura espiritual, a experiência de perdoar todos os pecados, como o que acontece no sacramento da confissão, para que possamos experimentar o "poder perdoador" de Deus, o abraço do Pai.

A importância da cura interior se deve também às limitações da medicina e da psiquiatria. Acreditamos que a cura aconteça por meio da medicina e da oração, mas quando nos deparamos com os limites de ambas, então é Deus que vem e ultrapassa esse conhecimento. Todos os dias, encontro pessoas que me relatam a incapacidade dos médicos de fornecer um diagnóstico preciso.

No processo de cura interior, nada pode ser desvalorizado, tudo deve ser levado muito a sério, pois disso depende uma vida de plena liberdade.

Padre Rufus Pereira

* 06/05/1934
+ 02/05/2012

20/11/2013

Orai sem cessar


“ Que ninguém pense, meus caros irmãos em Cristo, que o dever de orar incessantemente é somente dos sacerdotes e dos monges, mas não dos leigos. Não, não; todos nós, cristãos, temos o dever de estarmos sempre em estado de oração. Ponderem no que o santo Patriarca de Constantinopla, Filoteu, escreveu na vida de São Gregório de Tessalônica.

Este hierarca tinha um amigo amado cujo nome era Jó, um homem simples mas de boas obras. Certa vez eles estavam conversando, e o bispo disse que todos os cristãos deveriam sempre se esforçar em oração, e deveriam orar constantemente, conforme o Apóstolo Paulo exortara: Orai sem cessar (I Tessalonicenses 5:17); e conforme o Profeta David dissera de si próprio [a despeito de ser rei e de governar todo um reino]: Tenho contemplado o Senhor sempre diante de mim (Salmo 15:8), isto é, com meu olho da mente eu sempre vejo o Senhor diante de mim em oração. E São Gregório, o Teólogo, ensina a todos os cristãos que eles devem invocar o nome de Deus mais vezes do que respiram.

Tendo dito isto e muito mais, o hierarca ainda acrescentou a seu amigo Jó que não somente devemos obedecer ao mandamento dos santos, isto é, de sempre orar, mas que devemos ensinar aos demais a fazer o mesmo; a todos, sem distinção – monges e leigos, cultos e incultos, homens e mulheres, e crianças – devemos exortá-los a orar sem cessar.

O velho Jó, ao ouvir essas coisas, achou que se tratava de inovações, e começou a argumentar, dizendo ao hierarca que orar incessantemente era tarefa de ascetas e monges, ‘que viviam fora do mundo e de suas preocupações, e não de leigos, que possuem muitas preocupações e atividades’. O hierarca trouxe ainda mais evidências em favor desta verdade e novas provas irrefutáveis, mas, mesmo assim, o velho Jó não se deixou convencer. Então, a fim de evitar contendas e discussões, o santo Gregório calou-se, e cada um foi para sua cela.

Mais tarde, quando Jó estava orando sozinho em sua cela, apareceu-lhe um anjo enviado de Deus, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade (I Timóteo 2:4), e repreendeu-o por ter discutido com São Gregório e por ter negado uma verdade tão evidente, da qual depende a salvação dos cristãos. Ele anunciou do próprio Deus que, no futuro, ele deveria prestar atenção e tomar cuidado para não dizer nada contrário a esta questão salvífica e para não resistir à vontade de Deus, e que até mesmo em sua mente ele não deveria sustentar qualquer pensamento contrário a isto, não se permitindo pensar em nada que negue o que São Gregório havia dito. Então, o simples e velho Jó correu até São Gregório e, ajoelhando-se, pediu perdão pela discussão, revelando-lhe tudo o que o anjo de Deus havia dito.

Ora, vedes, meus irmãos, como todos os cristãos, do menor ao maior, devem sempre orar dentro de seus corações: “Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim!”, a fim de que suas mentes e corações sempre tenham o hábito de pronunciar estas santas palavras. Ponderem o quanto isso é agradável a Deus e o bem que isso gera, quando, em Seu infinito amor pela humanidade, Ele enviou um anjo do céu para revelar isso a nós, de maneira que ninguém mais tenha dúvidas a respeito.

Mas o que dizem os leigos? “Estamos sobrecarregados de coisas para fazer e preocupações mundanas; como conseguiremos orar sem cessar?”

Eu lhes responderia que Deus não nos manda fazer o impossível, mas somente aquilo que somos capazes de fazer. E, portanto, isso pode ser feito por qualquer um que busque fervorosamente a salvação de sua alma. Se isso fosse impossível, então seria impossível a qualquer um que vivesse no mundo e não haveria tantas pessoas, em meio ao mundo, que estivessem rezando incessantemente como se deve. Entre estas muitas pessoas, podemos citar o exemplo do pai de São Gregório de Tessalônica, o impressionante Constantino, que, apesar de estar envolvido na vida da corte, sendo chamado de pai e tutor do Imperador Andrônico e ocupado diariamente com questões estatais e familiares – ele tinha uma grande propriedade com muitos servos, uma esposa e filhos – apensar de tudo isso, ele era tão inseparável de Deus, e tão apegado à oração mental incessante, que frequentemente se esquecia o que o Imperador e seus ministros estavam discutindo e frequentemente lhes perguntava a mesma coisa. 

Os ministros, sem entender o porquê das perguntas insistentes, irritavam-se e o reprovavam por ser tão esquecido e por molestar o Imperador com perguntas repetitivas. Mas o Imperador, sabendo a razão por trás disso tudo, vinha em sua defesa e dizia: “Constantino tem seus próprios pensamentos que, às vezes, não lhe permitem prestar total atenção ao que estamos dizendo”.

Há inúmeras pessoas que, vivendo no mundo, se entregaram à oração incessante, conforme a história atesta. Portanto, meus caros irmãos em Cristo, eu vos exorto – eu, juntamente com São João Crisóstomo – pelo bem da salvação de vossas almas, não negligencies essa oração. Imiteis o exemplo daqueles de quem falei, e sigais seu exemplo o quanto puderes. Em princípio, pode parecer algo muito difícil, mas assegurai-vos, como se isto viesse do Deus Altíssimo, de que o próprio nome de nosso Senhor Jesus Cristo, incessantemente invocado por vós, ajudar-vos-á a superar todas as dificuldades e, com o tempo, vós estareis acostumados e desfrutareis da doçura do nome do Senhor. Então, sabereis por experiência que esta atividade não é impossível nem difícil, mas possível e fácil. É por isso que São Paulo, sabendo muito mais do que nós o grande benefício que esta oração traz, exorta-nos a orar sem cessar. 

Ele não teria exigido isso de nós se fosse algo assim tão difícil e totalmente impossível, sabendo de antemão que, fosse esse o caso, sendo impossível cumprir a tarefa, seríamos inevitavelmente desobedientes a seu mandamento e nos tornaríamos transgressores dele e, por causa disso, dignos de julgamento e punição. Mas esta não poderia ter sido a intenção do Apóstolo Paulo.

Para orarmos dessa maneira, temos de ter em mente o método da oração, como é possível orar sem cessar, isto é, orar com a mente. Sempre é possível fazer isso, se quisermos. Enquanto nos ocupamos com trabalhos manuais, enquanto falamos, enquanto comemos ou bebemos – sempre é possível orar com a mente, ou a oração agradável a Deus, a verdadeira oração. Trabalhemos com o corpo, mas com a alma, oremos. 

Que o homem exterior desempenhe todas as atividades corporais, mas que o homem interior esteja completamente entregue ao serviço de Deus e nunca cesse a atividade espiritual da oração mental, conforme Jesus, o Deus-Homem, mandou no Santo Evangelho: Tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto (Mateus 6:6). O aposento da alma é o corpo: a porta são os cinco sentidos do corpo. A alma entra em seu aposento quando a mente não perambula aqui e ali, em busca de coisas mundanas, mas quando encontra seu lugar no coração. Os sentidos se fecham e mantêm-se assim quando não lhes permitimos que se apeguem a coisas sensuais exteriores, e, dessa forma, a mente permanece livre de todos os apegos mundanos e, por meio da oração mental oculta, une-se a Deus seu Pai.

E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente, continua o Senhor. Deus, que conhece tudo o que está oculto, vê a oração mental e recompensa com grandes e manifestos dons. Pois esta é a verdadeira e perfeita oração que enche a alma com a graça divina e com dons espirituais – como mirra que, quanto mais estiver contida em um vaso, tanto mais esse vaso exalará fragrâncias. É assim com a oração: quanto mais compartimentada estiver no coração, tanto mais abundará com a graça de Deus.

Bem-aventurados os que se acostumaram com essa atividade celestial, pois através dela vencem todas as tentações dos espíritos malignos, assim como David venceu o orgulhoso Golias. Dessa maneira, eles sufocam os desejos desordenados da carne, assim como os três jovens sufocaram as chamas da fornalha. Por meio da oração mental, as paixões são domadas, assim como Daniel domou as bestas selvagens. Ela traz o orvalho do Espírito Santo ao coração, assim como as orações de Elias trouxeram chuva ao Monte Carmelo. 

A oração mental alcança o próprio trono de Deus, onde é entesourada em taças douradas e, como um incenso, exala uma doce fragrância diante do Senhor, exatamente como São João, o Teólogo, viu em sua revelação: Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa, e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos (Apocalipse 5:8). A oração mental é a luz que ilumina a alma do homem e inflama seu coração com o fogo do amor a Deus. É a corrente que une Deus ao homem e o homem a Deus. Ó, não há nada que se compare com a graça da oração mental! Ela faz do homem um eterno dialogador com Deus. Ó verdadeira excelência e excelentíssima tarefa! Em corpo vós estais com as pessoas, mas mentalmente conversais com Deus.

Os anjos não possuem vozes audíveis, mas mentalmente rendem louvor constante a Deus. Eis sua ocupação; toda sua vida é dedicada a isso. E tu também, irmão, quando entrares no teu aposento e fechares a porta, isto é, quando tua mente não mais perambular por aí, mas entrar nos recessos interiores do teu coração, e teus sentidos forem trancados e afastados das coisas do mundo, e dessa maneira tu sempre orares, então serás como os santos anjos, e teu Pai, que vê tua oração secreta que rendes a Ele dos tesouros do teu coração, conferirá a ti grandes e manifestos dons espirituais.

E o que mais tu desejas disto, quando, conforme eu disse, mentalmente tu estás sempre na presença de Deus e conversas com Ele incessantemente – tu conversas com Deus, sem O qual nenhum homem jamais será abençoado aqui ou na outra vida.”

São Gregório Palamás

19/11/2013

Perdão graça Divina



O perdão é assunto complicado. Para muitas pessoas é difícil e dolorido conceder o perdão. Para dar o perdão é preciso compreender os motivos do outro, o que não significa concordar com o que ele fez, mas aceitar com caridade o motivo. E é o motivo, que nos faz muitas vezes querer negar o perdão. Conceder o perdão é um exercício diário, é a busca contínua de seguir o exemplo do próprio Cristo.

Imagine o quanto Cristo sofreu pela remissão dos nossos pecados. Ele nos perdoou de todas as nossas faltas, pelo sacrifício na Cruz.Às vezes, mesmo pensando neste sofrimento não sentimos vontade de perdoar, mas, é preciso tomar cuidado, a amargura pode nos paralisar de modo que ao invés de perdoar procuremos punir ou procurar vingança.

Perdoar é o ato de livrar o ofensor do pecado, libertá-lo da culpa. Este é o verdadeiro sentido pelo qual Deus se “esquece” quando perdoa, é necessário seguir o que está escrito em Mateus (6,12): “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam”.
Se perdoamos, porque não esquecemos de fato as faltas cometidas contra nós?

Simplesmente porque o perdão foi concedido da boca para fora. No intuito de estar com a consciência tranquila diante de um pedido de perdão, dizemos que perdoamos para simplesmente nos livar do causador de tal ofensa.

É necessário lembrar que todos nós somos pecadores e necessitamos recorrer por vezes ao perdão de Deus. Seja compassivo e bondoso para com o seu ofensor, principalmente com aqueles que demonstram profundo arrependimento.

A falta de perdão prejudica a relação entre as pessoas e a nossa relação com Deus. Quem precisa de perdão contra uma falta cometida, se sente ferida assim como feriu o próximo. O perdão é necessário para curar espiritualmente os corações.

Pode até parecer que o perdão tem um preço muito alto, mas maior ainda é a misericórdia e o amor de Deus, como nos diz Eclesiástico 17,28: “Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o perdão que concede àqueles que para ele se voltam”.

Senhor, daí-nos um coração generoso, sempre inclinado ao perdão. Afastai de nós o ódio, o desamor e tornai-nos benevolentes para com os nossos irmão. 

Que a vossa graça esteja sempre conosco. 

Amém!

18/11/2013

A força dos nossos gestos



Um homem de muita idade, que não acreditava em Deus, procurou um sacerdote. Esperava ser ajudado a resolver os seus problemas de fé. Não conseguia acreditar que Jesus houvesse realmente ressuscitado. Procurava provas da verdade da ressurreição. Quando entrou na casa paroquial, alguém estava sendo atendido. O padre viu o homem em pé no corredor, e imediatamente, sorrindo, levou uma cadeira.

Quando o outra pessoa saiu, o padre fez o homem entrar. Conhecidas as suas dúvidas, o sacerdote começou a explicar a Palavra de Deus e a doutrina da Igreja. No final da conversa o homem decide participar da Igreja, pede para confessar e assim receber a santa comunhão.

O sacerdote diante de mudança inesperada pergunto: ” Qual o argumento de nossa conversa que o convenceu sobre a certeza da ressurreição de Cristo?”. “O gesto de trazer a cadeira sorrindo.”, respondeu o homem idoso.

Vivemos em um mundo onde as palavras já não tem mais credibilidade. Pelos meios mais diferentes ouvimos palavras prometendo paz, segurança, prosperidade, harmonia…. e daí a pouco tempo tornam-se somente palavras jogadas ao vento. O discípulo de Cristo é homem e mulher da Palavra. Esta Palavra é uma pessoa: Jesus.

Quem acolhe a Palavra, acolhe Jesus. Se Jesus esta no coração do discípulo, este já não pode mais andar na mentira. Permanecer na mentira significa andar pelo caminho das trevas. Neste sentido, quando de fato temos a Jesus como Senhor, nossos atos refletem a quem seguimos. “Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.”(Jo 8,36)

A verdade de nossa fé é testemunhada por gestos que refletem a transformação operada pelo poder de Deus. Um gesto de amor, vale mais do que mil palavras. As vezes, os cristãos perdem muito tempo criticando uns aos outros, e para isso usando até a Palavra, ao invés de praticar a misericórdia divina. Para Jesus, um copo de água dado com amor vale o Paraíso. A fé se traduz em obras capazes de testemunhar quem age em nossa vida.

Padre Alberto Gambarini

17/11/2013

Dia de Cristo Rei




Será que você tem deixado Cristo ser o Senhor e o dono de sua vida?
A Igreja canta, neste dia, na sua oração: "Cristo Rei, sois dos séculos Príncipe, Soberano e Senhor das nações! Ó Juiz, só a vós é devido julgar mentes, julgar corações".

Muito significativo para nós este dia em que proclamamos em alta voz: Jesus Cristo é o Rei no Universo, da Igreja e de nossas vidas. Nada e ninguém pode tirar isto de nós! Mas será que a nossa vida diz e expressa que Jesus é o Rei e o Senhor, Aquele que tem a realeza e supremacia sobre nós? Pergunta que cabe a cada um de nós responder ao próprio Jesus.

Contudo, queremos entender o significado desta festa para a Igreja.

Hoje, último domingo do Ano Litúrgico, celebra-se a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Desde o anúncio do nascimento do Senhor, o Filho unigênito do Pai, que nasceu da Virgem Maria, é definido "rei" no sentido messiânico, ou seja, herdeiro do trono de David, segundo as promessas dos profetas, para um reino que não terá fim (cf. Lc 1, 32-33). A realeza de Cristo permaneceu totalmente escondida até aos seus trinta anos, transcorridos numa existência comum em Nazaré. 

Depois, durante a vida pública, Jesus inaugurou o novo Reino, que "não é deste mundo" (cf. Jo 18, 36) e, no final, realizou-o plenamente com a sua morte e ressurreição. Ao aparecer ressuscitado aos Apóstolos, disse: "Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra" (Mt 28, 18). Esta autoridade brota do amor, o qual foi plenamente manifestado por Deus no sacrifício do seu Filho. O Reino de Cristo é dom oferecido aos homens de todos os tempos, para que todo aquele que acredita no Verbo encarnado "não morra, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).

A realeza de Cristo, que nasce da morte no Calvário e culmina no acontecimento dela inseparável, a ressurreição, recorda-nos aquela centralidade, que a ele compete por motivo daquilo que é e daquilo que fez. Verbo de Deus e Filho de Deus, primeiro que tudo e acima de tudo, «por Ele — como em breve repetiremos no Credo — todas as coisas foram feitas», Ele tem um intrínseco, essencial e inalienável primado na ordem da criação a respeito da qual é a suprema causa exemplar. E depois que «o Verbo se fez homem e habitou entre nós» (Jo 1, 14), também como homem e Filho do homem, adquire um segundo título na ordem da redenção, mediante a obediência ao desígnio do Pai, mediante o sofrimento da morte e conseqüente triunfo da ressurreição.

Por isso, precisamente no último Livro da Bíblia, o Apocalipse, o Senhor proclama: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim" (Ap 22, 13).


Falando de algo pessoal. Será que você tem deixado o Cristo ser o Senhor e o dono de sua vida, de sua vontade? E até que ponto você tem deixado Aquele que é o centro, o Rei e tem o controle de todos as coisas, dirigir sua vida? Isso não nos constrange, mas nos leva a refletir qual o lugar que temos dado ao Senhor em nossa vida.

Que você tome a linda decisão de assumir em suas ações, sua vida e, principalmente, sobre sua vontade o Cristo, que é Rei e Senhor.

Padre Reinaldo C. da Silva

16/11/2013

Deus está presente em tudo que é bom

A Palavra meditada, hoje, está em São João 8,29-36. 


“Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que agrada a ele." Nós nunca estamos a sós quando fazemos o bem, o amor, quando realizamos a vontade do Pai. 

Às vezes, a tentação nos confunde, pois quando resolvemos fazer o bem a alguém, algo de errado acontece. Mas não podemos pensar que não vale a pena fazer o que é bom, porque diz Jesus que quando nos dispomos a fazer uma coisa boa, Ele sempre está conosco e nós sentimos a presença d’Ele quando fazemos o que é da Sua vontade.

Deus está em tudo o que é bom, santo, certo, justo, nobre, puro, feito com amor, de coração limpo e consciência tranquila. Agora, o que é feito na maldade, na mentira, na fofoca, na ganância e na inveja, afasta-nos da presença do Pai, porque fecha o nosso coração para o amor e para a vida. Não dá para percebermos a presença do Senhor se estamos de coração fechado.

O Senhor diz àqueles que acreditaram n’Ele, naquela época, e também aos que, pela fé, tomam posse da Sua Palavra hoje: “Se vocês guardarem a minha palavra, de fato, serão meus discípulos; conhecerão a verdade e a verdade libertará vocês".

O que nos liberta é a verdade. Ela nos cura e nos enche de felicidade, mesmo que esta doa. Dói, porque ninguém gosta de ser corrigido, mas quando é dita com amor e para o nosso bem, liberta e traz de volta a nossa alegria.

A Palavra de Deus nos fortifica, fecha nossas feridas e nos reconduz para o caminho certo. Ela nos firma no bem e nos coloca para frente. Como fica diferente a pessoa que passa a ouvir a Palavra do Senhor! Mas aquele que se afasta da verdade e coloca sua fé nos ensinamentos que prometem uma vida sem lutas, esse fica enfraquecido, desanimado, imprudente e desprotegido, porque a hora que se deparar com uma tribulação não vai saber o que fazer.

Todo cristão passa por uma vida de lutas, mas, sendo de Jesus, deve ouvir e seguir Seus ensinamentos, colocar tudo em prática para conseguir passar pela porta estreita e chegar à vida eterna.

Ser discípulo de Jesus é obedecer aos Seus conselhos. E o melhor conselho que Ele nos dá é para seguirmos Seus passos e passarmos pela porta estreita, assim como o Senhor, enfrentando a nossa cruz, sabendo que ela não é o fim, mas o começo de uma vida eterna.

Quando seguimos Jesus, há duas coisas que precisamos fazer: a primeira é ficarmos firmes naquilo que é certo. Firmes na verdade, no bem e na justiça. A segunda coisa é nos prepararmos para a tentação, que vai nos desviar da verdade.

Apegue-se ao que é justo e verdadeiro, resista ao pecado, porque ele vai tentá-lo em suas fraquezas. Nessa hora, fique firme e tenha a certeza de que Deus estará com você e o livrará de todas as provações se o seu coração não voltar atrás.

Jesus sofreu e morreu para lhe fortalecer e lhe mostrar como enfrentar a dor e a morte. Confie em Deus e na Sua Palavra. Não tenha medo de ser contrariado, porque Ele o amparará. Fique firme na justiça e sempre pronto a lutar, pois uma hora a tribulação que você está vivendo vai passar. Nessa vida tudo passa, menos o amor de Deus. Ele permanece com você, em Jesus.

Repita essa frase: “Aquele que me enviou está comigo, Ele não me deixa sozinho, porque sempre faço o que é do Seu agrado. Fazendo a Sua vontade, conhecerei a verdade e ela me libertará”.

Que Jesus liberte seu coração e o encha de alegria neste dia.

Márcio Mendes
Membro da Comunidade Canção Nova