29/11/2019

O RH de Jesus não segue os critérios humanos

Muitos são os critérios exigidos pelos empregadores para a contratação de um funcionário. Destacamos: experiência profissional, línguas estrangeiras, ser comunicativo, facilidade em trabalhar em equipe e tantas outras coisas que se encaixem a uma determinada função. De fato, é preciso contratar bem e confiar na pessoa certa, além disso, atualmente, a concorrência tem crescido de forma extraordinária, e isso tem feito com que muitos desistam até mesmo de tentar.
Refletindo um pouco sobre essa realidade, coloquei-a em paralelo ao Evangelho: Jesus tinha critérios totalmente diferentes (desses que contemplamos acima) para a escolha dos Seus amigos, discípulos e apóstolos. Um dos momentos em que Jesus quebra, de forma mais direta, a lógica, encontramos no Evangelho de São Mateus 5,27 : “Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano, chamado Levi, sentado na coletoria de impostos. Disse-lhe : Segue-Me. Deixando tudo, levantou-se e seguiu-O”.
No versículo 31, quando questionado por andar, comer e beber com pecadores, Ele deixa claro quais são os Seus critérios: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Não é a justos que vim chamar à conversão, mas a pecadores”.
O RH de Jesus não segue os critérios humanos
Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Jesus não segue os critérios humanos, quando se trata de acolher os outros, e nos leva a refletir quais critérios temos tido com os que estão à nossa volta

Não quero combater os critérios utilizados no meio empregatício, e sim convidar você a confrontar o Evangelho com a sua vida. Como eu e você temos nos relacionado com as pessoas do nosso dia a dia? Quais os critérios que utilizo no meu “RH pessoal”?
Os homens chamados de “publicanos”, que aparecem no Novo Testamento, são especialmente esses coletores subordinados aos contratadores e, por isso, geralmente eram nativos da própria região. Assim como os publicanos romanos, esses subcoletores também tinham fama de praticarem extorsões e serem avarentos e egoístas. Junto a isso, desde a antiguidade, as pessoas nunca gostaram de pagar impostos, o que sempre culminou num certo preconceito por quem era responsável pela tarefa da cobrança.
Portanto, a classe dos publicanos, no Novo Testamento, era extremamente odiada pelos judeus, pois além dessa má fama, ela também era considerada traidora de seu próprio povo ao servirem voluntariamente seus opressores, nesse caso, servirem aos romanos. Hoje, na sua vida, quem são os publicanos? Quem são as pessoas que estão todos os dias sentadas na coletoria de impostos? Na Palavra, vemos que Jesus viu Levi e depois o chamou. Eis o grande desafio para hoje: ver o outro.
Jesus trazia consigo, por onde passava, um olhar além das aparências; um olhar que ressuscita e devolve a esperança àqueles que já não acreditam mais que algo possa mudar.
Precisamos ter uma postura diferente hoje. Postura essa que não significa ser indiferente aos pecados cometidos pelas pessoas como Levi ou diante das circunstancias da sociedade atual, mas sim cultivar, no coração, e espalhar por meio dos sentidos: a esperança.

Como combater a desesperança?

Primeiro, precisamos cultivar dentro de nós a esperança de que algo pode mudar em nós mesmos. Não importam as dificuldades que travamos hoje, precisamos, acima de tudo, nos confrontar com a nossa verdade e assumir o “como estou’’ em busca de quem realmente sou chamado a ser. Com isso, enraizados na certeza de que Jesus vem ao nosso encontro porque somos pecadores, nos colocamos à disposição para fazer o mesmo por aqueles que, diante dos desafios da vida, necessitam de acolhida e de uma palavra que os devolva à vida.
Após o chamado de Levi, Jesus foi convidado pelo mesmo para jantar em sua casa. A mesa para o judeu significa intimidade, amizade, família. Jesus passou a ser “de casa” a partir daquele momento. É na intimidade que podemos, verdadeiramente, conhecer a alguém. Assim como Jesus, podemos, no dia de hoje, fazer uma experiência nova ultrapassando nossos critérios e preconceitos, tendo a coragem de investir com  naquele que considero  “diferente” .
Sejamos imitadores do Cristo, e saiamos pelas periferias chamando e acolhendo os “Levis” deste mundo. Sejamos ousados! Trabalhemos no RH de Jesus, com os critérios que Ele (e somente Ele) pode nos ensinar. Amor se paga com amor, como dizia São João da Cruz.

Autor: Saulo Macena

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