Como responder às pessoas que nos perguntam se a Virgem Maria, Mãe de Deus, teve pecados?
A sã Doutrina da Igreja,
desde os primórdios do Cristianismo, ensina que a Santíssima Virgem
Maria foi concebida sem a mancha do pecado original e não teve nenhum
pecado mortal ou venial. A Virgem Santa, Nova Eva, é o verdadeiro
Paraíso Terrestre do Novo Adão1.
“Há, nesse paraíso terrestre, riquezas, belezas, raridades e doçuras
inexplicáveis que o Novo Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Nesse paraíso,
Ele achou as Suas delícias durante nove meses, operou as suas maravilhas
e ostentou as suas riquezas com a magnificência de um Deus”2.
A Mãe do Senhor é o lugar santo, a terra virgem e imaculada sem
qualquer nódoa ou mancha, da qual foi formado e se alimentou o Novo Adão
pela ação do Espírito Santo que aí habita.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O Magistério da Igreja
ensina que a concepção da Virgem Maria aconteceu, no ventre da sua mãe,
sem a mancha do pecado original. Em conformidade com a Palavra e com a
Tradição da Igreja, o dogma da Imaculada Conceição de Maria foi definido
pelo Papa Pio IX, pela Bula Ineffabilis Deus, em 8 de dezembro de 1854: “Para a honra da santa e indivisível Trindade, para adorno e ornamento da Virgem Deípara
(Mãe de Deus), para exaltação da fé católica e o incremento da religião
cristã, com a autoridade do Nosso Senhor Jesus Cristo, dos
bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo, declaramos, proclamamos e
definimos a doutrina que sustenta a beatíssima Virgem Maria, no primeiro
instante de sua conceição, por singular graça e privilégio do Deus
onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero
humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, é
revelada por Deus e por isso deve ser crida firme e constantemente por
todos os fiéis”3.
Festa da Imaculada Conceição
Naquele tempo, a festa da
Imaculada Conceição de Maria já era celebrada, no dia 8 de dezembro,
por definição do Papa Sisto IV, em 1476. A celebração desta festa, na
Liturgia da Igreja Católica, é reflexo do pensamento dos padres da
Igreja e dos Santos Doutores, que, muito antes, já defendiam a Imaculada
Conceição de Maria, pois era adequado que a Mãe do Cristo estivesse
completamente livre da mancha do pecado original para gerar o Filho de
Deus.
“A um Deus puríssimo convinha uma Mãe isenta de toda culpa”4. Além disso, “o consenso universal dos fiéis, […] o sentimento comum dos católicos é favorável a essa doutrina”5.
Favorável ao Dogma da Imaculada Conceição é também a festa da
Natividade de Maria, celebrada por causa da fé da Igreja na sua
santidade desde o ventre materno.
A Doutrina não ensina
somente que Nossa Senhora foi concebida sem o pecado original, mas
também atesta a Perpétua Virgindade de Maria. A Virgem Santa foi
preservada por Deus de todo pecado, em vista dos méritos de seu Filho
Jesus Cristo, desde o primeiro momento da sua vida. A Santa Igreja
ensina que Maria é virgem antes, durante e depois do parto. A definição
magisterial da virgindade perpétua da Mãe de Deus é o dogma mariano mais
antigo das Igrejas Católica e Oriental Ortodoxa, que afirmam a “real e
perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito
homem”6.
Este dogma foi definido pelo Concílio de Trento, em 1555, embora essa
doutrina já estivesse presente no Cristianismo primitivo, nos escritos
de São Justino e Orígenes.
Leia mais:
.: Os Dogmas Marianos
.: Seguindo o exemplo da Virgem Maria
.: Como Maria foi sempre Virgem?
.: Maria foi elevada ao céu em corpo e alma
.: Os Dogmas Marianos
.: Seguindo o exemplo da Virgem Maria
.: Como Maria foi sempre Virgem?
.: Maria foi elevada ao céu em corpo e alma
Os dogmas de Maria
Os dogmas da virgindade
perpétua e da Imaculada Conceição de Maria, definidos pelo magistério,
pelos Santos Doutores e pelo consenso de fé dos fiéis, tem como
fundamento a revelação. Ainda que não haja, nas Sagradas Escrituras,
afirmações explícitas dessas doutrinas, há vários textos que,
implicitamente, atestam essas verdades, como nos ensinam os Santos
Padres. Estes aplicam à Virgem Maria as palavras do Eclesiástico: “Eu
saí da boca do Altíssimo, a primogênita entre todas as criaturas”7.
A própria Igreja se serve desse texto na Liturgia da Solenidade da
Imaculada Conceição. Maria é a primogênita de Deus, pois foi
predestinada juntamente com o Filho nos desígnios divinos, antes de
todas as criaturas. Convinha que nem sequer por um instante ela fosse
escrava de Lúcifer, mas pertencesse unicamente a Deus: “O Senhor me
possuiu no princípio de seus caminhos”8.
Deus Altíssimo elegeu a Virgem de Nazaré para ser Mãe de Seu Filho unigênito9
e, pelo Espírito Santo, a tornou digna dessa sublime honra. Por isso,
Maria foi concebida sem o pecado original, em vista dos méritos de
Cristo, e durante a vida a “Cheia de Graça”10
não cometeu nenhum pecado mortal ou venial. Se Nossa Senhora tivesse
cometido apenas um pecado venial, ela já não seria digna Mãe de Deus.
Muito menos digna seria ainda se sobre ela pesasse a culpa original. Se
sobre ela pesasse semelhante culpa, Maria seria inimiga de Deus e
escrava do demônio. Essa reflexão levou Santo Agostinho a pronunciar a
célebre sentença: “Nem se deve tocar na palavra pecado, em se tratando
de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, o qual a
preservou de todo pecado por sua graça”11.
Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!
2SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Fraternidade Arca de Maria, 2002, 261.
3DENZINGER-HÜNERMANN. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Paulinas; Loyola, 2007, 2803.
4SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria. 3ª ed. Aparecida: Santuário, 1989, p. 241.
5Idem, p. 253.
6JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000, 499.
7Eclo 24, 5.
8Pr 8, 22.
9Cf. Lc 1, 30.
10Lc, 1, 28.
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