31/08/2009

Famílias, progridam no Senhor!


O carisma de Betânia se refere ao cuidado, ao amor, a evangelização, cuidar com delicadeza da juventude, pois nossos jovens são os que mais sofrem os ataques do 'encardido' e de família. Deus quer famílias restauradas, curadas, transformadas. Deus espera que nos caminhemos na direção de uma família restaurada. A comunidade Betânia existe para acolher cada um como o próprio Cristo e sinalizar neste acolhimento a própria família.

É bom olhar para os valores que não passam da família e não desistir deles, eu quero te dizer: 'Não desista da sua família, dos seus filhos, de quem você ama, de quem Deus colocou no seu caminho.' Você não pediu, mas se veio, Deus tem um propósito, ninguém passa pela nossa vida, por acaso, por isso não desista da sua família.

Deus quer a nossa família curada, restaurada e não podemos desistir, pois o mundo quer o contrário. Vamos à palavra, pois é ela que nos dá a direção, é da palavra que tudo parte e tudo para ela precisa voltar: Tessalonicenses 4,1-12 “Enfim, irmãos, nós vos pedimos e exortamos, no Senhor Jesus, que progridais sempre mais no modo de proceder para agradar a Deus. Vós o aprendestes de nós, e já o praticais. Oxalá continueis progredindo cada vez mais. Sabeis quais são as normas que vos temos dado da parte do Senhor Jesus. A vontade de Deus é que sejais santos e que vos afasteis da imoralidade sexual. Saiba cada um de vós viver seu matrimônio com santidade e com honra, sem se deixar levar pelas paixões, como fazem os pagãos que não conhecem a Deus. Neste assunto, ninguém prejudique ou lese o irmão, pois o Senhor é vingador de todas estas coisas, como já vos dissemos e atestamos.

Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, quem rejeita esta instrução não é a um homem que está rejeitando, mas ao próprio Deus, que vos dá também o seu Espírito Santo. A respeito do amor fraterno, não é preciso que vos escrevamos, porque vós mesmos aprendestes de Deus a vos amar uns aos outros. Aliás, já tendes praticado este amor para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Por isso, contentamo-nos em vos exortar, irmãos, a fazer novos progressos. Que vos empenheis em viver tranqüilos, ocupando-vos dos vossos próprios negócios e trabalhando com as próprias mãos, como vos ordenamos. Assim, estareis levando uma vida digna aos olhos dos que não são da comunidade, e não tereis necessidade de ninguém.”


Essa carta nos ajuda a entender o que Deus espera de nós, principalmente em relação a família. São Paulo numa viagem para Grécia, escreve esta carta, no inicio do cristianismo, onde os primeiros cristão traziam o desejo de que o Senhor voltasse logo. E a fé vai alimentando a certeza de que Jesus está voltando. E ele diz aos primeiros cristãos que Jesus está voltando e por isso não tem como viver de qualquer jeito, chega de cristão que vive desajuizadamente, então ele envia esta carta, os chamando a fé e questionando-os: “em que vocês acreditam? Para quem estão olhando? Jesus está voltando”, e depois de exortá-los a certeza da segunda vinda, vai os animando na certeza daquilo que eles acreditam e dizendo: “Se você sabe que o Senhor está voltando, reveja o seu modo de viver”, não impondo um jeito de viver, mas propondo, pois ninguém obriga a nada.



São Paulo tem uma dinâmica: primeiro, ele nos exorta a olhar para aquilo que cremos, que experimentamos em Deus, o evangelho está claro que Deus é proposta, “se tu queres”, pois se não for com liberdade nada acontece, pois não é de fora pra dentro, é de dentro para fora.

Ele apresenta a fé, exorta a reavivar a chama, e depois diz: “Crês nisso?” Para nós de Betânia, essa é uma palavra forte, a pergunta “Crês nisso?” Se crês então caminha, e o convite do Senhor é este, e nesta reflexão sobre as famílias: “Enfim, irmãos, nós vos pedimos e exortamos, no Senhor Jesus, que progridais sempre mais no modo de proceder para agradar a Deus”. Muitos querem que você regrida, mas não pare, São Paulo nos diz: “progrida, não pare, pois a vontade de Deus é está, você sabe de quem ouviu, e se não sabe precisa saber, precisa experimentar.”

São Paulo nos exorta a sabedoria e a inteligência, e para família a sabedoria é muito importante, pois todas famílias tem problema, e o ataque vem de todos os lados, nunca sabemos de onde vem o 'tiro', quando nós menos esperamos, e então se não estivermos firmes, se não tivermos constância, não ficaremos de pé. E São Paulo sabendo da pressão que viviam os primeiros cristãos, que é a mesma pressão que sofre a família, nos exorta.

E a vontade de Deus é que as famílias vão de encontro aos valores aprendidos na intimidade do lar. Muitos de nós experimentamos esses valores dentro de casa, e então é preciso retomar esses valores que não passam e que fazem toda a diferença na família, pois sem isso ela não fica de pé. E é por isso que tantas famílias ficam no meio do caminho.

“Deus não nos chamou na impureza, mas para santidade”, com valores que não passam, e no que se refere a família nós estamos deixando que os contra-valores falem mais forte que os valores.Quando eu olho para esta palavra, nos exortando para mudança de atitudes diante das nossas família.

Não manche esse bem precioso que é o matrimônio. Cuidado! Pois estamos sendo cozidos com os contra-valores do mundo, você não pode desistir da sua família, dos seus valores. Você não pode permitir que ela seja cozida no caldeirão dos contra-valores.

Que a luz dos verdadeiros valores de família possamos responder a esta palavra de Deus.


Padre Vicente
Comunidade Bethânia

30/08/2009

Amor e perdão devem ser dados todos os dias

Padre André Luna
Foto: Regiane Calixto
Se eu pudesse arrancar o meu coração, porque há momentos que coração parece querer explodir, algumas vezes por alegria, outras não. A gente sente que tudo está tão bom que dá até medo que este momento passe.

Quando tomamos consciência que o maior presente que Deu já nos deu é a vida, aprendemos que é preciso falar ao Senhor pedindo que Ele pegue o nosso coração com cuidado em suas mãos, porque o nosso coração é frágil e pode quebrar, porque o nosso coração é medroso. Em outras situações é o próprio Deus quem lhe diz: Dá me o teu coração.

E nós hoje precisamos falar ao Senhor, Meu Deus eu estou aqui. Meu Deus eu tenho sido fiel mesmo que eu tenha desanimado algumas vezes, muitas vezes desmotivado mas eu estou aqui, e sei que é graça tua estar aqui, mas meu Deus eu estou aqui, nós estamos aqui.

Onde está o seu coração? O seu coração está onde está o seu tesouro. O que mais vale na sua vida? Onde está a sua garantia para o futuro? Onde está a sua esperança?

Evangelho de São Mateus 6, 19-21 Até um amor de um pai por um filho pode ser um tesouro ajuntado aqui na terra, e se este tesouro não passar primeiro por Deus, aquele pai que perde o filho, pode perder a razão de viver. Por isso não podemos colocar a nossa esperança nas coisas aqui na terra, mas tudo o que temos precisa ser levado constantemente para Deus, porque a Deus nós não o vamos perder. A única segurança que temos na vida é Deus. O que Jesus está ensinando para nós hoje, não é dispensarmos as coisas aqui da terra. Nós precisamos das coisas, precisamos do carinho uns dos outros, e não dá para dispensar o amor das pessoas, mas tudo precisa estar em primeiro em Deus.

“Ninguém pode amar a Deus se não ama o seu irmão”. E este amor precisa ser repetido todos os dias, no abraço, no servir, na oração, na confiança, no perdão, e quanto perdão precisa acontecer todos os dias na nossa vida. Quanto perdão precisamos dar na nossa casa, é quando damos esta resposta é aí que vemos que o nosso tesouro está em Deus.

Nós temos o nosso coração ferido, e todos nós usamos máscaras, e queremos mostrar aos outros somente aquilo que achamos que é bom em nós, mas em Betânia todas as nossas mascaras caem, é aí que nos colocamos em busca da nossa conversão que é diária, vamos estar a vida inteira em busca de sermos melhores.

Como é bom nos sentirmos amados, e até mesmo na correção o filho se sente cuidado. Nós precisamos todos os dias ser amados, e a melhor maneira de fazer isso e repartir tudo o que Deus tem feitos por nós. Quantos mais repartimos deste amor que Deus nos dá, mais nós recebemos. Aquilo que tenho medo de perder eu já perdi, mas aquilo que eu recebi e que foi muito, eu acho que merecia muito menos, mas porque Deus é generoso, o que recebi eu começo a repartir, então vamos percebendo o quanto somos felizes, o quanto temos mais do que merecemos. É preciso até mesmo desapegarmos de nós mesmos, é preciso pararmos de pensar só em nós mesmos. Nós sabemos que temos problemas desde que nascemos porque esta vida é uma luta, e ontem na festa do martírio de São João batista, a Igreja rezava assim conosco: “São João Batista, tu que tombaste por causa da verdade e da justiça, pela sua intercessão, Senhor Deus nos ajuda a lutar pela verdade, e a lutar até o fim”.

"Quem um dia foi amado, voltará um dia a quem o amou" Padre André Luna
Foto: Regiane Calixto
Se for preciso nós também abraçamos o martírio, e nós derramamos o sangue quando nos decidimos por Deus a cada dia, porque todos os dias somos tentados, somos provados, e provocados a abandonar tudo. Nós vivemos um martírio não de sangue mas de muitas lágrimas e de muitas lutas.

Quem um dia foi amado, voltará um dia a quem o amou. O amor maior tem que ser por Deus, por isso dentro das nossas famílias precisamos entender que quando a gente se sente amado, nós encontramos forças para lutar, porque muitas coisas virão contra a nós, mas se sabemos onde está o nosso tesouro, ninguém nos tirará este tesouro. Quando temos Deus dentro do nosso coração, somos capazes de amar muito mais.


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Padre André Luna, SCJ
Padre do Sagrado Coração de Jesus, faz parte da Comunidade Bethânia, fundada pelo Padre Léo, que tem como carisma o trabalho de recuperação de dependentes químicos.

29/08/2009

Milagres Eucarísticos: LANCIANO

O milagre Eucarístico e a Ciência

Nossos sacrários mantêm entre nós a realidade da Encarnação: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós..." E habita ainda verdadeiramente presente entre nós, não somente de uma maneira espiritual, mas com seu próprio Corpo – "Ave verum corpus, natum de Maria Virgine" canta a Igreja diante do SS. Sacramento: "Salve verdadeiro corpo, nascido da Virgem Maria, corpo que sofreu verdadeiramente e foi verdadeiramente imolado pela salvação dos homens".

Esta presença real da carne de Cristo (é uma carne viva, unida à alma e a divindade do Verbo, pois Jesus esta hoje ressuscitado) é admiravelmente manifestada pelo milagre de Lanciano. Um milagre que dura 12 séculos e que a ciência acaba de examinar, e diante do qual, ela teve que se inclinar.

Sim, um milagre, e bem destinado ao nosso tempo de incredulidade. Pois, como diz São Paulo, os milagres são feitos não para aqueles que crêem, mas para os que não crêem. Ora, hoje em dia, um certo número de cristãos da Presença Real, mesmo depois que o Papa Paulo VI, no documento " Mysterium Fidei", recordou-lhes claramente este dogma. Querem admitir, a exemplo dos protestantes, apenas um presença espiritual do Cristo na alma daquele que comunga; mas os sinais sacramentais do pão e do vinho consagrados seriam puros símbolos, tal como a água do batismo, que não é e não permanece senão simples água, ainda que significando e realizando pela palavra que a acompanha – a purificação da alma.


Depois da comunhão, as hóstias que não houvessem sido consumidas, dizem eles, não seriam mais, nesse caso, senão pão, podendo ser atiradas fora como coisas profanas... A própria discrição com que, em certas igrejas, cercam o sacrário, já manifesta esta falta de fé profunda na presença real, e portanto, na palavra onipotente do Cristo: "Isto é meu Corpo! Isto é meu sangue!" Eis porque Deus permitiu para todos que duvidam da presença eucarística do Cristo ou que a negam, que um milagre, que dura há mais de 12 séculos, fosse nos últimos anos, posto em evidência e verificado pela própria ciência.

Por minha parte, eu ouvira falar do milagre de Lanciano, mas o fato me havia parecido tão forte, que desejei tomar conhecimento dele e julgá-lo por mim mesmo no próprio local. A pequena cidade Italiana de Lanciano nos Abrozzes encontra-se a 4 km da estrada de rodagem Pescara-Bari, que contorna o Adriático, um pouco ao sul da Pescara e de Chies. Em uma igrejinha desta cidade, igreja dedicada a S. Legoziano ( que se identifica com S. Longiano, o soldado que transpassou o coração de Cristo com a lança na cruz), no VIII século, um monge basiliano durante a celebração da Missa, depois de ter realizado a dupla consagração do pão e do vinho, começou a duvidar da presença na hóstia e no cálice, do Corpo e do Sangue do Salvador.

Foi então que se realizou o milagre: diante dos olhos do Padre, a hóstia se tornou um pedaço de carne viva; e no cálice o vinho consagrado torna-se verdadeiro sangue, coagulando-se em cinco pedrinhas irregulares de formas e tamanhos diferentes. Conservaram se esta carne e este sangue milagrosos, e no correr dos séculos várias pesquisas eclesiásticas foram realizadas.

Quiseram, em nossos dias, verificar a autenticidade do milagre, e 18 de novembro de 1970, os Frades Menores Conventuais que têm a seu cuidado a igreja do Milagre decidiram, com a autorização de Roma, a confiar a um grupo de peritos a análise científica daquelas relíquias, datadas de doze séculos.As pesquisas foram feitas em laboratório, com estrito rigor, pelos professores Linoli e Bertelli, este último da Universidade de Siena. A 4 de março de 1971, estes cientistas davam suas conclusões, que em inúmeras revistas de ciência, do mundo inteiro divulgaram em seguida.

Ei-las:

"A Carne é verdadeiramente carne. O Sangue é verdadeiro sangue. Um e outro são carne e sangue humanos. A carne e o sangue são do mesmo grupo sangüíneo (AB). A carne e o sangue são de uma pessoa VIVA. O diagrama deste sangue corresponde a de um sangue homano que tenha sido retirado de um corpo humano NAQUELE DIA MESMO. A Carne é constituída de tecido muscular do CORAÇÃO (miocárdio). A conservação destas relíquias, deixadas em estado natural durante séculos e expostas à ação de agentes físicos, atmosféricos e biológicos, permanece um fenômeno extraordinário".

Fica-se estupefato diante de tais conclusões, que manifestam de maneira evidente e precisa a autenticidade deste milagre eucarístico. Antes mesmo de as darem a conhecer de modo oficial, os peritos, no fim de sua analises, enviaram aos Padres Franciscanos de Lanciano o seguinte telegrama: " Et Verbum caro factum est" (E "o Verbo se fez carne.") Telegrama este, que é um ato de fé.

Outro detalhe inexplicável: pesando-se as pedrinhas de sangue coagulado (e todos são de tamanhos diferentes) cada uma delas tem exatamente o mesmo peso das cinco pedrinhas juntas! Deus parece brincar com o peso normal dos objetos.

Inútil dizer-vos que nesta igreja, celebrei a Missa votiva do Santíssimo Sacramento com uma fé renovada: o senhor, por meio de tal milagre vem, verdadeiramente, em socorro de nossas incredulidades.

E depois que foram conhecidas as conclusões dessa pesquisa científica, os peregrino vem de toda a parte venerar a Hóstia que se tornou carne e o vinho consagrado, que se tornou sangue.

Quanto a mim dois fatores me espantam. O primeiro é que se trata de carne e sangue de uma pessoa VIVA, vivendo atualmente, pois que esse sangue é o mesmo que tivesse sido retirado, naquele dia mesmo, de um ser vivo!

É bem uma prova direta de que Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente, que a Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Cristo glorioso, assentado a direita do Pai e que, tendo saído do túmulo na manhã da Páscoa, não pode mais morrer. Tantas tolices tem sido ditas, nesses últimos anos, contra a ressurreição do Cristo! Algum, desejariam, com emprenho que essa ressurreição não fosse senão um símbolo, elaborado como que um mito pela piedade muito ardente dos primeiros cristãos!...

Ora, eis eu a ciência vem de certo modo, em nosso socorro. Foi verdadeiramente na carne que o Cristo morreu e foi verdadeiramente também na carne, que Jesus ressuscitou no terceiro dia. E a mesma Carne –verdadeira carne nos é dada vida na Eucaristia, para que possamos viver da vida de Cristo! Não é a carne de um distante cadáver, mas uma carne animada e gloriosa. Portanto, vendo a Hóstia consagrada, posso dizer como o Apóstolo Tomé, oito dias depois da Páscoa quando colocou os dedos nas chagas de Cristo " Meu Senhos e meus Deus" é bem a carne viva do Deus vivo!"

Um segundo fato impressiona-me ainda mais: a Carne que lá esta é a carne do Coração. Não a carne de qualquer parte do Corpo adorável de Jesus, mas a do músculo que propulsiona o Sangue – e por tanto a vida – ao corpo inteiro, do músculo que é também o símbolo mais manifesto e o mais eloqüente do amor do Salvador por nós. Quando Jesus se entrega a nós na Eucaristia, é verdadeiramente seu próprio Coração que ele nos da a comer, é ao seu amor que nós comungamos, um amor manso e humilde como esse Coração mesmo, um amor poderoso e forte mais que a morte, e que é o antídoto dos fermentos de morte física e espiritual que carregamos em nossa "carne de pecado".

A Eucaristia é, na verdade, o dom por excelência do Coração de Jesus. S. João nos diz no começo do capítulo XIII de seu Evangelho, antes de nos falar do preparativos da ultima Ceia de Jesus: "Tendo amado os seus que estavam no mundo. Ele os amou ate o fim". Não tanto querendo significar: ate o fim de sua vida terrestre, mas ate os últimos excessos de onde poderia chegar a ternura de um Deus feito homem, do Amor infinito, tornando carne: Meu Coração é tão apaixonado de amor pelos homens" dira um dia o Cristo em Parayle-Monial, revelando seu Coração a Santa Margarida Maria.

Uma paixão que o conduzi a cruz, que torna hoje presente sobre nossos altares em nossos sacrários e ate em nossos corações. Esta declarado em nosso Credo que Jesus, depois de sua morte, desceu aos infernos". Ressuscitado vivo, ele ai desce ainda hoje: ele vem à lama de nossos corações para arranca-los dessa lama. Ele vem a esses lugares de morte eterna. Ele vem em nossos corações, nos quais entrou o pecado – arrancar-nos da morte eterna e fazer-nos viver de sua vida divina. Seu Coração imaginou tudo isso, para testemunhar-nos – e de maneira singularmente eficaz – seu afeto se limites. Guardemos isto, em todo o caso: na Eucaristia eu recebo o Cristo todo inteiro, mas é verdadeiramente que se da e que eu como.

Não tínhamos também nós, necessidade de revigorar a nossa fé na Eucaristia? E não foi sem razão que Deus permitiu que o milagre de Lanciano, antigo de 12 séculos e sempre atual, nos fosse apresentado hoje pela própria ciência, por esta ciência que alguns queriam colocar em oposição com a fé ou que a pudesse substituir.

Fiz questão de comunicar-vos as reflexões que me inspirou o conhecimento deste milagre, e a emoção profunda que ele produziu em minha alma. Agora que me aproximo do SS. Sacramento com renovado respeito à ação de graças, adoração, amor renovados. E não duvido que vos tendo comunicado o que eu mesmo descobri em Lanciano, não tenhas também vós, diante da divina Eucaristia um sentimento mais vivo da presença do Verbo feito Carne que vem habitar em nós, o Cristo ressuscitado, que nos ama com uma ternura infinita entretanto humana.

Jesus o prometeu: "Eis que estou convosco até a consumação dos séculos. Sim, até o fim do mundo. Ele, o Verbo tornado Carne, desce em nossa carne e nos fez viver de sua vida eterna e gloriosa...

Padre Jean Ladame ( Chenoves 71940 SAINT BOIL, França) Traduzido da revista "La Revue du Rosaire", dos PP. Dominicanos de Saint-Maximin-nºde junho de 1976.

28/08/2009

Você vive no "mais ou menos" ?


A indecisão esvazia as possibilidades, e a dúvida conduz a alma à tristeza. O homem pode libertar-se de tudo, menos de sua consciência, e não há nada que a incomoda mais que uma vida vivida no “mais ou menos”, ou melhor: uma vida mais ou menos vivida. Porque a indecisão esvazia as possibilidades, e a dúvida conduz a alma à tristeza.

Mais ou menos é a medida da derrota, é o selo do fracasso, é a marca de tudo o que poderia ter sido bem-feito, mas não foi vivido com intensidade.

Há uma palavra no livro de Jeremias que diz: “Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor” (Jr 48,10a). Quem negligencia não deixa de fazer, mas o faz com descuido, com desleixo, sem atenção; faz mais ou menos.

Um homem mais ou menos justo não é justo, uma mulher mais ou menos fiel não é fiel e um coração mais ou menos quente é morno. Coragem! Chega de deixar escapar as oportunidades que Deus lhe dá, por medo de se entregar! Por que deixar mais uma vez para amanhã aquilo que Deus quer para agora? Tudo o que foi deixado para o dia de amanhã deixou um vazio no hoje, que é o único tempo que você realmente tem. Mas não desanime por isso!

Deus é amor, Deus ilumina, Deus inspira, Deus acalma sua alma, Deus preenche o vazio que você traz dentro de seu coração. Ele lhe dá uma nova chance para lutar e, quando você cansar, Ele será o seu repouso… Mas Ele precisa da matéria prima para construir a sua nova história.

Ele precisa da sua luta. Essa mudança é possível porque a fé ainda remove montanhas, porque a oração ainda toca o céu e a persistência continua tornando realidade resultados aparentemente impossíveis de ser alcançados.

E você, vive uma vida mais ou menos?

27/08/2009

Quando chega a tempestade...


Os mais limpos e belos dias só chegam depois de terem sido lavados e polidos por duras noites de chuva. As tempestades sulcam a terra, ferem-na, reviram-na, lavam e levam tudo o que é velho, sujo e de raízes fracas. Mas onde há tempestade sempre encontraremos vida, àrvores robustas, solo verdejante e ares de limpeza.

As provações são as tempestades do coração. Todas as vezes que nos depararmos com violentas chuvas de aflição, nuvens carregadas de tristeza e ventos de sofrimento, encontraremos corações lavados, polidos e abastecidos com a verde relva da misericórdia de Deus. Depois da tempestade, Deus sempre faz despontar o sol de seu amor; se por um tempo estivemos no escuro não tardará em nos deliciarmos sob o calor de seus raios.

Por isso se aflição for demais e se você descobrir em sua alma um ninho de dor que o angústia, não se desespere; porque o sol não caiu do céu, apenas está escondido atrás de algumas nuvens; estas nuvens vão passar. Acredite: a tempestade não é o fim.

Uma bela surpresa só tem sua graça se for preparada às escondidas, o sol oculto atrás das nuvens prepara, longe dos nossos olhos, um dia ainda mais belo, cheio de fecundo calor, alegre por tantas cores e distintos perfumes.

Se Deus por um momento lhe pareceu oculto aos olhos do coração, não pense que Ele se esqueceu de você; é que Ele também tem suas surpresas. Apressar certos tempos é estragar as mais belas surpresas de Deus. Confie! A resposta de Deus nunca chega tarde demais. Se Ele tem demorado um pouco é para que você o deseje, e desejando-o, ame-o mais.

A espera faz nascer a confiança, a confiança é mãe da amizade e os amigos de Deus nunca perecem.

" Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.

Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice. Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa. Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria. Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz.

Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido. Pois quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada? Pois Deus é cheio de bondade e de misericórdia, ele perdoa os pecados no dia da aflição. Ele é o protetor de todos os que verdadeiramente o procuram. Ai do coração fingido, dos lábios perversos, das mãos malfazejas, do pecador que leva na terra uma vida de duplicidade; ai dos corações tímidos que não confiam em Deus, e que Deus, por essa razão, não protege; ai daqueles que perderam a paciência, que saíram do caminho reto, e se transviaram nos maus caminhos.

Que farão eles quando o Senhor começar o exame? Aqueles que temem ao Senhor não são incrédulos à sua palavra, e os que o amam permanecem em sua vereda. Aqueles que temem ao Senhor procuram agradar-lhe, aqueles que o amam satisfazem-se na sua lei. Aqueles que temem ao Senhor preparam o coração, santificam suas almas na presença dele. Aqueles que temem ao Senhor guardam os seus mandamentos, têm paciência até que ele lance os olhos sobre eles, dizendo: Se não fizermos penitência, cairemos nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele está na medida de sua grandeza."

(Eclesiástico 2,1-23)

26/08/2009

O Noivado e a Igreja


O noivado é um belo tempo que antecede o casamento; é quando o casal já decidiu que vai se casar, e estão na preparação imediata para o Matrimônio. É o tempo em que tudo deve ser dialogado, tudo deve ser revelado, o mistério insondável que é cada um deve ser revelado ao outro, para que não se case com um "desconhecido". Infelizmente muitos casais se casam sem se conhecer; alguns colocam máscaras durante o namoro e noivado, e depois se estranham quando casados, achando que o outro mudou muito. Não mudou, é o mesmo, mas apenas não era conhecido pelo cônjuge.


Só se deve ficar noivo quando se decidiu que vão se casar ; não há mais dúvida; se amam de verdade, se conhecem, sabem os defeitos e as qualidades recíprocas e estão dispostos a viver juntos para sempre, unidos no amor de Deus, prontos para "fazer o outro crescer a cada dia", amando-o, perdoando-o , compreendendo-o; e dispostos a "acolher os filhos que Deus lhe enviar", educando-os na fé do Cristo e da Igreja.


O casamento é para sempre; até que a morte os separe; precisam estar convictos do juramento que vão em breve fazer no Altar de Deus : "Eu te recebo como meu marido (mulher) e te prometo ser-lhe fiel na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te e respeitando-te TODOS OS DIAS de minha vida. Estão preparados?




Não se pode casar "no escuro"; e não se pode enganar-se, fingindo que não vê os problemas que estão pela frente. Se o casal não tem convicção de que estão preparados e maduros para o casamento, então, talvez seja melhor adiar o noivado. E devem saber os jovens cristãos, que O NOIVADO NÃO É AINDA AUTORIZAÇÃO PARA VIDA SEXUAL. Ela só DEVE COMEÇAR DEPOIS DO CASAMENTO, pois eles ainda não se pertencem mutuamente.


São Paulo disse: "O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence a sua esposa..." (1 Cor 7, 3-4).

O apóstolo não fala em namorados e noivos, mas marido e mulher.


E o Catecismo da Igreja ensina: "2350 - Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma apendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus.

Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na caridade."


Assim, vivendo o noivado como Deus quer e a Igreja ensina, serão felizes.

São José e Santa Maria Mãe de Jesus, grande exemplos de casal e castidade e fidelidade, rogai por nós.

25/08/2009

ECUMENISMO E INCULTURAÇÃO

O Concílio Vaticano II mostrou a importância do Ecumenismo e da Inculturação do Evangelho nas culturas do povo. Sobre isto o Papa João Paulo II falou claramente na Carta Encíclica Ut unum sint (Que todos sejam um-UUS).Infelizmente, porém, têm havido abusos e erros nestes dois assuntos importantes. No discurso que o Papa dirigiu aos Bispos do Brasil que estiveram com ele, em setembro de 1995, falou sobre isso:

“Em diversas ocasiões a Providência divina permitiu-me insistir naquela conclusão básica do Concílio Vaticano II, segundo a qual é decisão da Igreja assumir a tarefa ecumênica em prol da unidade dos cristãos e de a propor convicta e vigorosamente”(UR,1).

É preciso entender que o Ecumenismo é com as igrejas cristãs, aquelas abertas ao diálogo, como a Igreja Ortodoxa do oriente, a Anglicana da Inglaterra, e as tradicionais, históricas, derivadas do protestantismo; mas não com as seitas, às quais o Papa se referiu aos bispos como “uma ameaça para a Igreja Católica” na América. Ele disse aos nossos bispos, falando dos perigos de um falso ecumenismo ou de uma falsa inculturação:

“Já tive ocasião de comentar, mesmo recentemente, que , ‘não se trata de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada’ (UUS,18). Falando aos representantes do mundo da cultura em Salvador, Bahia, eu lembrava que ‘a inculturação do Evangelho não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remi-la ‘(Discurso, 20.X.1991,4).”

“O mesmo vale no campo ecumênico. Com efeito, no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que a busca do entendimento, do acolhimento ou da simpatia com outros grupos ou confissões religiosas têm levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica, ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica. Ecumenismo não é irenismo (cf.UR, 4 e10). Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço“. (g.m.)

“Este diálogo[ecumênico], que somente tem sentido se for uma busca sincera da verdade, poderá nos pedir que deixemos de lado elementos secundários que poderiam constituir um obstáculo de ordem psicológica para nossos irmãos de distintas denominações religiosas. Mas nunca será verdadeiro, autêntico, se implicar na mais mínima mutilação duma verdade da fé, no abandono da legítima expressão da piedade tradicional do povo cristão ou no enfraquecimento das exigências de séculos da disciplina eclesiástica ou das veneráveis tradições litúrgicas do Oriente, da Igreja Romana e outras igrejas do Ocidente”.



Se o Papa quis dirigir essas palavras marcantes aos nossos Bispos, certamente é porque aqui têm havido ensaios infelizes de inculturação e ecumenismo. É importante ressaltar certas coisas frisadas pelo Papa. Ele afirma que “não se trata de modificar o depósito da fé”, nem com a “mais mínima mutilação de uma verdade da fé”, e que a unidade que Deus quer só poderá se realizar “na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada”. Sem observar isso o ecumenismo é falso. Por outro lado, ele chama a atenção para o cuidado com a prática da inculturaçào do Evangelho, dizendo que “não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remí-la”. Sabemos que neste campo têm havido abusos.

É importante observar que o Papa diz que, “no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que a busca do entendimento…tem levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica, ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica”.E ele, diz que: “ecumenismo não é irenismo. Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço”.

Em 1981, a Santa Sé, através da Sagrada Congregação dos Ritos, proibiu a chamada missa dos Quilombos e todas as formas de missas dedicadas às minorias; para que a Missa, Sacrifício de Cristo oferecido ao Pai, não sofresse qualquer manipulação ou conotação política. Há celebrações de “missa afro, missa do caboclo, etc”.

Como disse D. Estevão Bettencourt, essas celebrações são mais “festejos folclóricos do nosso povo, associado a Carnaval e a cultos não cristãos” (Revista Pergunte e Responderemos, n.403/1995, p.32ss). No mesmo artigo D.Estevão afirma que “nos últimos tempos algumas paróquias do Brasil têm apresentado aos fiéis o espetáculo de Missa com instrumentos musicais, cantos, gestos e símbolos que lembram fortemente o folclore popular ou mesmo o Candomblé, a Umbanda, o Carnaval…que contrariam as instruções oficiais da Santa Sé”.

Para dar um exemplo disso, basta dizer que no 9° Encontro das Comunidades Eclesiais de Base em São Luiz do Maranhão, em julho de 1997, no encerramento do Encontro foi divulgada A Carta de S.Luiz, onde se lê que “lado a lado estavam, o arcebispo, o pastor evangélico, a mãe de santo e o pagé indígena - todos orando juntos…”

Fato mais triste ainda, foi a Parábola de autoria de Frei Carlos Mesters, publicada no Boletim de preparação do citado Encontro das Cebs. Nela, Jesus é apresentado um em terreiro de Candomblé, chamando a mãe de santo de “Mãe” (como se fosse Maria), colocando-se na fila para receber “passes”, dançando, invocando “orixás”, e outras coisas inacreditáveis, além de afirmar que “ali está o Reino de Deus”.

Tudo isso nos parece uma grande profanação à Pessoa de Jesus.Em artigo na revista PR (n.423, agosto de 97), D. Estevão Bettencourt, classificou a Parábola de Carlos Mesters, como Blasfêmica.

24/08/2009

EUCARISTIA: PRESENÇA REAL DE CRISTO.


Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá´la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.

São Cirilo de Jerusalém (315´386) assim falava aos fiéis: ´Na cavidade da mão recebe o corpo de Cristo; dize Amém e com zelo santifica os olhos ao contato do corpo santo... Depois aproxima´te do cálice. Dize Amém e santifica´te tomando o sangue de Cristo. A seguir, toca de leve os teus lábios, ainda úmidos, com tuas mãos, e santifica os olhos, a testa e os outros sentidos (ouvidos, garganta, etc.)´

Santo Efrém Sírio (306´444) falava da Eucaristia como ´Glória ao remédio da vida´.
Santo Agostinho (354´430) a chamava de ´ o pão de cada dia, que se torna como o remédio para a nossa fraqueza de cada dia.´ E ainda dizia: ´Ó reverenda dignidade do sacerdote, em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no Seio da Virgem´ . ´A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao Corpo do Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo que recebemos´.

São Cirilo de Alexandria (370´444) dizia que ao comungarmos o corpo de Cristo nos transformamos em ´Cristóforos´, portadores de Cristo. Na sua ´Profissão de Fé´, o conhecido ´Credo do Povo de Deus´, o Papa Paulo VI afirmou: ´Cremos que como o pão e o vinho consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, foram mudados
no seu Corpo e no seu Sangue, que iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o pão e o vinho consagrados pelo sacerdote se mudam no Corpo e no Sangue de Cristo glorioso que está no céu, e cremos que a misteriosa presença do Senhor naquilo que misteriosamente continua a aparecer aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial´. (cf. Dz. Sch. 1651) Em seguida, Paulo VI deixa claro que se afastam da fé católica aqueles que não aceitam esta verdade.

´Toda explicação teológica que procura alguma inteligência deste mistério deve, para estar de acordo com a fé católica, admitir que na própria realidade, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho cessaram de existir depois da consagração, de tal modo que estão realmente diante de nós o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor Jesus, sobre as espécies sacr
amentais do pão e do vinho, conforme Ele assim o quis, para se dar a nós em forma de alimento e para nos associar à unidade do seu Corpo Místico´. (cf. S. Th., III, 73, 3)

Com essas palavras o Papa deixou muito claro que a Eucaristia não se trata apenas de um ´sinal´, ou ´símbolo´, nem mesmo ´lembrança´, mas da presença real e substancial do Senhor.
Ele ainda acrescenta o seguinte: ´A única e indivisível existência do Senhor glorioso que está no céu não é multiplicada, mas torna´se presente pelo Sacramento, em todos os lugares da terra onde a Missa é celebrada. E permanece presente, depois do sacrifício, no Santíssimo Sacramento, que está no Sacrário, coração vivo de cada uma das nossas igrejas. E é para nós um dulcíssimo dever honrar e adorar na sagrada Hóstia, que os nossos olhos vêem, o Verbo Encarnado, que eles não podem ver e que, sem deixar o céu, se tornou presente no meio de nós.´ (Credo do Povo de Deus, Ed. Cléofas, 1998)

Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: ´Isto é o meu corpo´. ´Isto é o meu sangue´ (Mt 26,26´28).
Ele não falou de ´símbolo´, nem de ´sinal´, nem de ´lembrança´. São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia quando afirma: ´O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo?´ (1Cor 10,16). E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele: ´O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu´o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes´(1Cor 11,23´29).

Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. ´A Eucaristia é 'fonte e centro de toda a vida cristã' (LG,11).
Os restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa´ (PO,5 e CIC n.1324). O Catecismo da Igreja nos garante que ´Os milagres da multiplicação dos pães... prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia´ (CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: ´Eu sou o Pão vivo que desceu do céu... Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo... O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia... Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida.´ Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada. Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser ´pedra de tropeço´ para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: ´Também vós quereis ir embora?´ (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: ´Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna´(68). Nunca

Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o deixou dizendo:´Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?´ (Jo 6,60). Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes.
Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545´1563) assim se expressou: ´Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera´se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja católica chama´lhe com justeza e exatidão, transubstanciação´ (DS, 1642; CIC n.1376). Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do

Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12´13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio Jesus. Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência.


Há tempos, foi traçado na Europa um ´mapa eucarístico´, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos na Itália.

23/08/2009

A Intercessão dos Santos: por que os evangélicos e protestantes se contradizem tanto?



Antigo Testamento


- Macabeus (2 Mac 15,11-15). Judas contou-lhes a visão que teve, onde Onias, sacerdote já falecido e Jeremias, intercediam por eles:
"Narrou-lhes ainda uma visão digna de fé uma espécie de visão que os cumulou de alegria. Eis o que vira: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, modesto em seu aspecto, de caráter ameno, distinto em sua linguagem e exercitado desde menino na prática de todas as virtudes, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu. Em seguida havia aparecido do mesmo modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável, e nimbado por uma admirável e magnífica majestade. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus. E Jeremias, estendendo a mão, entregou a Judas uma espada de ouro, e, ao dar-lhe, disse: Toma esta santa espada que Deus te concede e com a qual esmagarás os inimigos.

" (2Mac 15, 11-15)
Catecismo da Igreja: O §2692 diz: “Na oração, a Igreja peregrina é associada à dos santos, cuja intercessão solicita”.

Concílio Vaticano II (LG, 49):
“Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49).

“Sacrosantum Concilum” sobre a Liturgia:
“Na Liturgia terrena, antegozando, participamos da Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado a direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador. ”(SC, 8). “Os Santos sejam cultuados na Igreja segundo a tradição. Suas relíquias autênticas e imagens sejam tidas em veneração. Pois as festas dos Santos proclamam as maravilhas de Cristo operadas em Seus servos e mostram aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados. ” (SC, 111)

Exemplos dos Santos:

Santa Teresa era devotíssima de São José
“Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma... A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus...De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida". São Domingos de Gusmão, moribundo, dizia a seus irmãos: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia antes de morrer: “Passarei meu céu fazendo bem na terra”. “Desde a mais tenra idade que, em minha alma, se confundiam o amor a São José com o da Santíssima Virgem”. (“História de uma alma”) A Tradição da Igreja

Orígenes de Alexandria († 250)
, no seu “Tratado sobre a Oração”, recolhe as passagens bíblicas que falam da intercessão dos Santos e dos profetas, e faz a seguinte reflexão: as virtudes cultivadas nesta vida são definitivamente aperfeiçoadas no além. Ora a mais valiosa de todas é a caridade; esta, portanto na outra vida é ainda mais ardente do que na vida presente. Por conseguinte, os Santos falecidos exercem seu amor para com os irmãos na terra mediante a intercessão dirigida a Deus em favor das necessidades desses peregrinos. (Ver “Sobre a Oração” n.º 11,2).

São Jerônimo (340-420)
, doutor da Igreja: “Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (Adv. Vigil. 6)

Santo Hilário de Poitiers (310-367)
, bispo e doutor da Igreja, garantia que: “Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos”.

São Cirilo de Jerusalém (315-386)
: bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava que: “Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.

S. Tomás de Aquino († 1274) professa semelhante doutrina. Pergunta, na Suma Teológica (11,11,83, 11), se os Santos na pátria rezam por nós. E responde afirmativamente; sim, a oração pelos outros decorre do amor ao próximo. Ora, quanto mais perfeitos no amor forem os Santos na outra vida, tanto mais hão de rezar pelos peregrinos na terra, a fim de os ajudar a chegar à vida eterna.

O Concílio de Trento(1545-1563)
em sua 25ª Sessão, confirmou que : “Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é idolatria, repugna à palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)”. PORÉM mortos não estão dormindo

A Carta aos Hebreus:
“Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Hb 9,27) São testemunhas que nos acompanham nesta luta de hoje: “Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto” (Hb 12,1).

Dogma de fé proclamado pelo Papa Bento XII em sua Constituição “Benedictus Deus” no ano de 1336, e o Concílio universal de Florença, na Itália, as reafirmou em 1439, na seguinte declaração:


“As almas daqueles que, depois do Batismo, não se tiverem manchado em absoluto com alguma mancha de pecado, assim como as almas que, depois de contraída alguma mancha de pecado, tiverem sido purificadas ou no corpo ou fora do corpo,... essas almas todas são recebidas no céu e vêem claramente o próprio Deus em sua Unidade e Trindade, como Ele é; umas, porém, vêem mais perfeitamente do que outras, conforme a diversidade de méritos de cada qual. Quanto às almas daqueles que morrem com pecado atual e mortal... sem demora são punidas no inferno por penas que variam para cada qual”. (Denzinger , Enquiridio 693).


Concílio Vaticano II (LG, 49) “Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os anjos com ele (cf Mt 25,31), e até que lhe sejam submetidas, com a destruição da morte, todas as coisas (cf. 1Cor 15,26-27), alguns dos seus discípulos peregrinam na terra, outros, já passados desta vida, estão se purificando, e outros vivem já glorificados, contemplando "claramente o próprio Deus, uno e trino, tal qual é"... Em virtude da sua união mais íntima com Cristo, os bem-aventurados confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem para que ela se edifique em maior amplitude (cf. 1Cor 12,12-27). Porque foram já recebidos na Pátria e estão na presença do Senhor, (cf 2Cor 5,8) - por ele, com ele e nele - não cessam de interceder em nosso favor junto do Pai, apresentando os méritos que - por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, (cf. l Tm 2,5)... Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza.” (LG, 49)
Novo Testamento: Em Mateus 10,28 Jesus diz: “não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma (‘psyché”); temei, antes, aquele que pode fazer perecer na geena o corpo e a alma”.

O texto afirma a sobrevivência da alma após a destruição do corpo da pessoa.
Em Lucas 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta a sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. O rico após a morte vai para um lugar de tormento; e o pobre para um lugar de gozo. Isto enquanto a vida continua na terra, quer dizer, antes da volta de Jesus. O rico tinha cinco irmãos que poderiam também se perder também; e mostra que os defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou o castigo.

A ressurreição da carne completará a ordem e a harmonia que a alma santa já desfruta após a morte.
Ap 6, 9-11 - “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos.” (Ap 6,9-11)

As almas do justos martirizados aspiram, na presença de Deus, à plena restauração da ordem e da justiça violadas pelo pecado; e assim, esperam algo que ainda não aconteceu, e que vai acontecer só na Parusia. Embora elas já estejam revestidas de vestes brancas, que é símbolo da vitória final e da bem-aventurança, continuam a acompanhar a nossa história, aguardando com expectativa o julgamento do Senhor.

22/08/2009

Matrimônio: O GRANDE MISTÉRIO!


Ao falar do matrimônio, São Paulo diz que “é grande este mistério” (Ef 5,32). E o Apóstolo explica que é grande porque “se refere a Cristo e à Igreja”. Jesus referiu-se a Ele como o Esposo, presente entre os convidados daquela bodas: “o Esposo está com eles” (Mt 9,15). Com esta imagem, Ele indicava quanto o amor de Deus para com o homem se reflete no amor de um homem e uma mulher, unidos em matrimônio.


Jesus se apresenta como o Esposo, na sua Pessoa ele revela Deus como o Esposo do povo, de Israel no Antigo Testamento e da Igreja na Nova Aliança. João Paulo II dizia que “o amor humano é a grande analogia para se falar do amor de Deus”. E também a relação sexual do casal assim unido significa algo muito além da mera genitalidade, é transcendente, pois não existe na terra nenhuma outra relação que exprima mais fortemente a intimidade que Deus deseja ter com cada um de nós hoje e sempre. Por isso, o prazer do ato sexual foi dado por Deus e é legítimo e licito para o casal unido pelo matrimônio; esse prazer é uma amostra, um sinal, um indício, do que será a alegria da união eterna com Deus.


Esse prazer estonteante é como que uma porta aberta para “o que Deus tem preparado para os que amam”, como disse S. Paulo (1Cor 1,9).


Uma vez que a união conjugal foi transformada em um sacramento por Jesus, a sua união envolve o próprio Deus, que dá grande sentido ao ato sexual. O Concilio Vaticano II disse que “o legítimo amor conjugal é assumido no amor divino” (GS).


O casal nunca pode esquecer que o ato sexual é a celebração do seu amor; por isso ele vai sempre além das aparências e do prazer; por isso, deve ser um ato sem pressa, respeitando o ritmo do outro e seus limites. Cada um deve ter a liberdade de comunicar ao outro as suas dificuldades, seus desejos, sem fingimento e sem constrangimento, para aprimorar esta “celebração do amor conjugal”. Isso faz com que a relação sexual do casal mude com o tempo, e vá se ajustando às necessidades de cada um.


Se houver alguma dificuldade, aquele que mais ama, ou tem mais facilidade, deve logo iniciar o diálogo amigo para superar algum problema. Não permitam que o silêncio sepulcral os enterre na tristeza e na frieza. Muitas vezes uma relação sexual pode significar o recomeço de uma nova vida, o reinício de uma comunhão interrompida por algum problema. É preciso estar disposto a sempre recomeçar, isso significa amar primeiro. O amor não é somente um ato de sentimento, mas também um ato de vontade, de domínio, que quer o bem do outro. É preciso buscar fazer da existência um ato contínuo de amor ao longo do tempo.


Muitas vezes o casal terá que se perdoar; e isso não quer dizer simplesmente esquecer o erro cometido pelo outro. Perdoar não é um ato de fraqueza e nem considerar sem importância a ofensa recebida; o perdão não é um gesto de indiferença; é um ato de vontade; é um decisão lúcida e livre de quem sabe o valor que tem de acolher o outro apesar de nos ter ofendido ou prejudicado.


O Papa nos ensina, na Carta às Famílias, que a presença de Jesus nas Bodas de Caná, com a Mãe e os seus discípulos, realizando ali o “primeiro” milagre, “pretende assim demonstrar quanto a verdade da família esteja inscrita na Revelação de Deus e na história da salvação” (CF,18).


S. Paulo ensina que o amor do casal é o reflexo do amor de Cristo para com a Igreja, e sua união sinaliza na terra, esta “Aliança” eterna e indissolúvel. Nesta lógica, o Apóstolo exige:


“Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la , purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5,25-27).


Essas palavras mostram que a Igreja é a Esposa de Cristo, objeto de todo o seu amor. Ele fez dela o seu próprio Corpo, que chamamos de Místico. Cristo tornou-se, então, “uma só carne” com a Igreja, fez-se a sua Cabeça. Isto levou o Apóstolo a dizer:

“As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o Chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador.” (Ef 5,22)


Esta “submissão” só pode ser bem entendida quando se olha para a submissão da Igreja a Cristo. Longe de ser uma anulação ou escravidão, é uma cooperação amorosa com a cabeça que dirige o corpo. É, na verdade, uma submissão recíproca. A palavra submissão significa estar “sob missão”, quer dizer, a esposa deve ajudar o esposo a cumprir a usa difícil missão de manter o lar e educar os filhos.

Santo Ambrósio, bispo de Milão, que batizou Santo Agostinho, já dizia aos maridos no século IV:


“Não és o senhor, mas o marido; não te foi dada como escrava, mas como mulher… Retribui-lhe as atenções tidas para contigo e sê-lhe agradecido por seu amor.” (Exameron, V,7,19)


A experiência mostra que os casais e as famílias mais felizes, são aquelas em que a esposa coopera docilmente com o marido na sua difícil tarefa de dirigir o lar. Aquelas mulheres que querem assumir o comando do lar, anulando o marido, muitas vezes experimentam a solidão e a insegurança. O perfil psicológico da mulher está muito mais para ser apoiada e protegida, do que para mandar.


Só conseguimos entender bem o mistério do casamento à luz da Aliança de Deus com a humanidade, desde Adão, até a nova e eterna Aliança de Cristo com a Igreja. O matrimônio cristão tem estas três características: Indissolubilidade, Fidelidade e Fecundidade, exatamente porque essas são as características do amor de Cristo para com a Igreja. É uma Aliança indissolúvel, eterna, celebrada uma vez para sempre no sangue do Cordeiro; é uma Aliança que não admite traição de ambas as partes; e é uma Aliança fértil de onde renascem os filhos de Deus pelo Batismo.

O Catecismo da Igreja mostra bem esta verdade:


“O amor conjugal comporta uma totalidade na qual entram todos os componentes da pessoa – chamada do corpo e do instinto, força do sentimento e da afetividade, aspiração do espírito e da vontade; o amor conjugal dirige-se a uma unidade profundamente pessoal, aquela que, para além da união numa só carne, não conduz senão a um só coração e a uma só alma; ele exige a indissolubilidade e a fidelidade da doação recíproca definitiva e abre-se na fecundidade” (CIC, 1643).


A aliança de Deus para com Israel apresenta-se sob a imagem de um amor conjugal exclusivo e fiel. Na Antiga Aliança, o Esposo é o próprio Deus, Javé, que se apresenta como o Esposo de Israel, povo eleito: um Esposo fiel e ciumento, terno e exigente. Todas as traições de Israel, deserções e idolatrias, dramaticamente descritas pelos Profetas, não conseguem acabar com o amor deste Deus-Esposo, que em Jesus Cristo, finalmente, “ama até o fim” (Jo 13,1), este povo que o rejeita e o leva à Cruz.