Uma desilusão amorosa pode ser transformada em amadurecimento para a construção do amor verdadeiro
Quem não se desiludiu na grande aventura de amar e ser amado? Quem nunca ficou horas no quarto chorando, porque o “grande amor” simplesmente se tornou o “nada amor”. De fato, o amor verdadeiro comporta essa “fase” de se desiludir. Isso mesmo! É preciso viver a desilusão para que, de fato, seja amor verdadeiro.
No livro que está por vir, eu e Letícia, minha esposa, trabalhamos as fases do amor verdadeiro segundo o olhar psicológico. Fases essas que são a ilusão, a desconfiança, a desilusão e a esperança. Mas como o livro está por ser lançado, aqui quero falar um pouco da fase da desilusão, pela qual todo amor, que é verdadeiro, precisa passar. Só os amores fortes e verdadeiros conseguem ressuscitar. Eis a fase da desilusão/decepção!
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O que seria essa desilusão?
Des+ilusão, ou seja, sem ilusão! Essa é a fase em que vocês se confrontam com o real do outro, é a fase da “meia-noite da cinderela”, é onde o ideal parece desaparecer, e o que o outro é vai se tornando palpável, concreto e real.
Conhecemos muitos casais que, nesta hora, começam a falar: “Não é por essa pessoa, com a qual agora estou me relacionando, que me apaixonei. Ela mudou!”. A primeira parte da frase é verdadeira. Não foi pela pessoa com a qual você se relaciona hoje, que você se apaixonou (não somente), houve uma paixão pelo seu “modelo” colocado no outro. Quando você vai percebendo que muitas coisas não batem, vai se desiludindo! Não quer dizer que seja uma mentira, mas sim que, de fato, está aparecendo uma pessoa real, com muita coisa que o leva a ter a certeza de “é a pessoa certa para mim”, mas descobrirá também que esse “ser certo” não é sempre o que você deseja, mas sim o que necessita. Aí, talvez, a segunda parte da frase que diz “ele mudou”não seja bem assim, pois, de fato, ele sempre foi assim, mas você não conseguia enxergar a pessoa concreta, e só tinha olhos para seu “ideal”.
Na psicologia, uma teoria afirma que o casamento é uma das maiores fontes de integração do indivíduo. Essa integração quer dizer dos opostos em nós que aparecem na relação. Exemplificamos afirmando: Muitas vezes, o que faz com que você se apaixone é o que o faz se separar (caso não amadureça na relação e com ela).
Como se comportar diante da desilusão?
A menina se apaixona pelo rapaz superdescolado, livre, engraçado, que leva a vida “numa boa”, de fácil conversa. Ela afirma: “O que mais gosto nele é a liberdade”. Passa a fase da idealização, entra da desconfiança, e ela se choca com a fase da desilusão, pois começa a dizer: “Ele não cumpre horários, é desleixado com as coisas, fica de conversinha com as meninas”. O que a fez se apaixonar por ele pode ser o que a levará a deixá-lo, pois ela não conseguia ver quem ele era de verdade.
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Retomando a questão da integração, aqui eles estão perdendo a chance de equilibrar juntos a liberdade e a responsabilidade. Talvez, ele possa ser o que ela deseja, mas não consegue; talvez, de fato, ele precise dela para dar uma integrada nessa liberdade toda! Amor é isso: opostos que se atraem. Isso, quando bem vivido, gera equilíbrio e saúde emocional.
Quanto mais reais eles se vão tornando um para o outro como pessoas, menos possibilidades há de as imagens mágicas e fascinantes provenientes do inconsciente permanecerem projetadas sobre eles.
É bom entender que essa fase da desilusão é necessária para um amadurecimento do amor verdadeiro. Quanto antes você se desiludir, mais rápido vai poder viver a fase fascinante do caminho ao verdadeiro amor, que é a esperança! Só valorizando o que o outro é, posso me decepcionar com ele sem o descartar.
Enfim, desilusão faz parte do amor verdadeiro! Basta ver se, de fato, o amor vivido com o outro é verdadeiro, e não como você quer que ele seja!
Autor: Adriano Gonçalves
Fonte: Canção Nova
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