24/10/2017

Como se manter longe do vício?

Uma vez erguido, é preciso manter-se em pé

Estamos, agora, no quinto estágio da abordagem motivacional, em que a pessoa busca se manter na ação realizada, tentando afastar-se do uso abusivo e nocivo da substância psicoativa. Trata-se da etapa de manutenção. A comprovação da efetividade, nessa fase, é a sua estabilidade, sendo que o desejável é que nela o indivíduo permaneça por anos. No entanto, diferente do que a maioria das pessoas imagina, essa não é uma etapa estática. Ao contrário, é dinâmica, pois precisa de tempo para seu estabelecimento e exige um constante movimento do dependente e daqueles que o cercam para auxiliá-lo a não retomar o caminho anterior de uso da droga.
Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com
Aqueles que desejam ajudar, sobretudo os membros da família, devem manter os ganhos do tratamento, estimulando sempre o novo comportamento. Para isso, é possível lançar mão de uma prática estratégia de apoio. Ela consiste em:
-resistir à tentação;
-buscar algum grupo e integrar-se a ele;
-reconhecer e administrar as recompensas.

É hora de “manter o ritmo”

No consultório, para ilustrar de modo claro e simples esse estágio do processo de mudança, trago a figura de uma bicicleta. Uma vez em movimento, é preciso que o ciclista mantenha-se em equilíbrio,para que não caia nem se machuque. Para isso, é essencial que a bicicleta não pare, pois isso fatalmente levaria o seu condutor à queda. Nesse caminho, pode haver distrações que tentem o condutor a parar. Para isso, é bom que haja interação com outros ciclistas que seguem na mesma direção. Por fim, concluo a comparação lembrando o quanto é importante sentir o vento, a sensação de liberdade e de prazer no ato de pedalar, aproveitando bem as recompensas dessa prática saudável.
Essa fase do tratamento exige maturidade para entender que é preciso, mais do nunca, vigiar, pois se manter no caminho iniciado exige da pessoa um constante e renovado compromisso para, assim, evitar a recaída. Como em uma dança, é hora de “manter o ritmo” para não tropeçar, desequilibrar-se e cair. A atenção aos passos agora é fundamental, pois a música segue e o dançar da vida continua.
“Assim, quem crê estar firme, tenha cuidado para não cair” (1 Coríntios 10,12).

Autora: Érika Vilela

Nenhum comentário: