A culpa pode ser um sentimento destrutivo e pode ser um sentimento construtivo...
A culpa é um sentimento que atormenta a muitos, muitas vezes de forma tão intensa que pode travar a vida da pessoa. É um sentimento que traz junto a si a tristeza, o desconforto e a ansiedade. É um sentimento, imediato e irracional, de angústia e de autocondenação que, muitas vezes, atormenta-nos e nos faz sentir dores de estômago.
Mas de onde nasce esse sentimento? A culpa nasce do ideal que trazemos dentro de nós do que é certo ou e do que é errado, do que é nosso dever fazer ou do que não devemos fazer. Conceitos introjetados em nós de acordo com a cultura em que vivemos. Ele surge quando contrariamos esses conceitos.
Foto: arquivo/cancaonova.com
Uma visão distorcida de si
Quando a pessoa possui uma noção distorcida do seu próprio poder ou traz dentro de si conceitos muito rígidos e inflexíveis, noções desumanas do certo ou do errado, tende a se sentir excessivamente culpada. Muitas vezes, a culpa se refere não ao pesar por ela ter perdido o ideal, mas ao desapontamento por não ver realizado o desejo de ser amada, reconhecida, valorizada. Outras pessoas, por não conseguirem deparar com o próprio erro, tendem a sempre colocar a culpa nos outros.
Contudo, o sentimento de culpa é importante no nosso processo de crescimento pessoal e amadurecimento humano, pois aqueles que são destituídos de culpa vivem num mundo sem moral e sem lei, o que pode ser muito perigoso e até doentio.
Sentimento que pode ser destrutivo ou construtivo
A culpa, portanto, tem diversas nuances: pode ser um sentimento destrutivo e infantil, fechando-nos em nós mesmos e nos impedindo de amadurecer, e pode ser um sentimento construtivo, essencial para sermos pessoas responsáveis e capazes de crescer.
A culpa positiva nasce da comparação entre o meu “eu” e os valores que solicitam de mim: a consciência de ter transgredido um estilo de vida livremente aceito, ou seja, nasce da consciência de ter transgredido um valor importante para mim (sinto, porque perdi o verdadeiro sentido de minha vida), nasce da capacidade de julgarmos a nós mesmos em termos dos valores morais que trazemos interiorizados. Aqui, nesse caso, quando a pessoa depara com o sentimento de culpa, o que acontece é uma atitude de autocrítica, de percepção do próprio erro e uma decisão de uma mudança de comportamento, de postura diante do próprio erro.
Reconhecer e aceitar os próprios limites
Por outro lado, aqueles que possuem dificuldade para lidar com os próprios limites, erros, fracassos e incapacidades tendem a se martirizar e a se culpar de forma excessiva. A causa desse sentimento destrutivo pode ser o medo do castigo (real ou imaginário) proveniente dos outros ou de nós mesmos, ou seja, o medo de sermos castigados pelos outros ao sermos descobertos no erro ou uma tendência a autopunição e autocondenação, na qual a pessoa se martiriza pelo seu próprio erro, travando toda a sua vida futura.
Aprender a reconhecer a própria culpa é aprender a reconhecer que temos limites, que somos frágeis, que somos humanos e, portanto, erramos.
Existem pessoas que fazem um ideal de si mesmas tão elevado que se torna algo inatingível; com isso, elas nunca conseguem estar à altura dos próprios conceitos, caindo numa autocobrança impiedosa. Não podemos nos esquecer de que todos nós, homens e mulheres, trazemos em nós virtudes e defeitos, riquezas notáveis e incoerências.
Uma atitude corajosa
Reconhecer a culpa exige coragem para reconhecermos nossas próprias limitações. Reconhecer a própria culpa é essencial para que brote uma nova postura diante de nós mesmos e do mundo, sem cobranças, sem acusações, sem autopiedade.
Precisamos aprender a ter uma justa estima de nós mesmos, uma autoimagem correta e normal no reconhecimento de que somos dotados de muitos elementos positivos, mas que, ao mesmo tempo, possuímos muitos contornos limitantes que dificultam o agir. Tendo uma imagem realista de nós mesmos e reconhecendo que não somos a pessoa que fomos no passado, mas que ainda não somos a pessoa que seremos no futuro.
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Que tipo de sentimento de culpa você traz dentro de si? Uma culpa destrutiva, por medo de ser castigado ou por não admitir seus próprios erros? Ou uma culpa positiva, que nasce da consciência de nossa possibilidade de errar e que o leva a buscar ser cada dia melhor?
Autora: Manuela Melo
Fonte: Canção Nova
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