27/07/2017

Maturidade: quem foge do relacionamento não cresce

A maturidade acontece quando a pessoa não foge dos relacionamentos

Quando fugimos da vida e dos relacionamentos, escondendo-nos em máscaras, vícios e inverdades, criamos ilusões que nos impedem de nos construirmos e enfrentarmos a vida como ela é. Retiramos do existir a autenticidade, instaurando assim, no coração, a frustração. A maturidade vem quando a pessoa não foge do relacionamento.
Maturidade: quem foge do relacionamento não cresce
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Nossa sociedade é marcada pela criação de múltiplas maneiras de camuflar a vida, destituindo-a de seu significado. Em nosso cotidiano, é comum a muitos gastarem inúmeras horas diante de um computador, um tempo que, se não for bem utilizado, pode lhes roubar do dever-desafio de se afirmarem como pessoas e os fazer substituir os relacionamentos com pessoas no mundo real, pois a virtualidade lhes imprime uma falsa segurança, a qual lhes permite ocultar suas fraquezas, revelando de si apenas uma imagem irreal. A virtualidade lhes imprime uma falsa segurança, que lhes permite ocultar suas fraquezas, revelando de si apenas uma imagem irreal.

A sua identidade por detrás do mundo virtual

Para além do virtual também é possível esconder-se na fabricação de uma falsa imagem, a qual, por sua vez, nos impedirá de sermos amados e conhecidos naquilo que somos. O relacionar-se é uma realidade que nos caracteriza como humanos; e à medida que nos relacionamos com mais qualidade, mais gente nos tornamos. Quem se relaciona, envolve-se: Ama e é amado, decepciona-se e faz decepcionar, perde e ganha. Enfim, está sujeito às contrariedades que compõem o envolver-se, mas nem por isso tem o direito de fugir por medo de sofrer. É fácil e conveniente evitar o relacionamento com os outros, principalmente se nos causam problemas. Contudo, se fizermos isso, estaremos nos esquivando das respostas exigidas pela vida; dessa forma, trilharemos um caminho que desembocará na angústia e na solidão.
É no relacionar-se que somos moldados e nos tornamos melhores; por isso, fugir da convivência com outros é eliminar da vida a possibilidade de crescer. Para que adquiramos a devida maturidade, nosso amor não pode ser superficial, fazendo-nos desistir daqueles que não compreendemos e que não nos agradam. Quem ama não desiste do outro, mas acredita nele, mesmo sem o compreender em plenitude. Amar é doar-se, é assumir o outro com suas consequências e circunstâncias, independentemente das dificuldades contidas nessa opção.
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Não existe vida sem envolvimento e, consequentemente, sem os conflitos próprios da relação. A vida é movimento, e para entender alguém é preciso ter a delicadeza para compreender as transformações que acompanham essa pessoa. Cada pessoa é dinâmica, é movimento. Ninguém conversa com a mesma pessoa duas vezes, pois, a cada minuto novas experiências operam no ser uma constante transformação, fazendo com que a pessoa de hoje não seja a mesma amanhã. Para construir sólidos relacionamentos, é necessário estar disposto a descobrir novamente o outro a cada dia.
Quem ama tem a ternura necessária para não exigir que o outro seja o mesmo todos os dias, pois deposita em suas mãos a liberdade de se construir a cada segundo, buscando compreender suas cotidianas transformações e ampliando, assim, a maneira de enxergá-lo e assimilá-lo. Amar é redescobrir a quem se ama todos os dias, permitindo que o ser se renove como as águas de um riacho, pois ninguém mergulha no mesmo riacho duas vezes em virtude do constante movimento das águas.
Alguém é sempre mais do que possamos definir ou conceituar, e assim precisa estar livre para se revelar no que é, sem ser encarcerado em exigências infantis.
Nossos relacionamentos, em todos os níveis e graus, serão libertadores e gerarão vida à medida que tivermos a delicadeza para enfrentar cada um em sua realidade, acolhendo a sua verdade e amando verdadeiramente o que encontrarmos. Assim, descobriremos, no concreto da vida, a linguagem que nos fará ser presença e acompanhar o outro com mais qualidade e inteireza, deixando-nos a possibilidade de assim também sermos encontrados e acompanhados.

Autor: Padre Adriano Zandoná

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