08/10/2016

Que pena que não nasci cachorro...


 

Sou um morador de rua. Passo o dia todo estirado ao chão porque não tenho coragem de olhar para os que passam, indiferentes, ao meu lado. Vejo muita gente. Dificilmente vejo passar algum cachorro. Nem um vira-lata sequer. Os que foram postos na rua, como eu, não estão mais nela. Já apareceu “uma alma generosa” que os recolheu. Até quem me jogou na rua tem seu cão.


Provavelmente, nunca terá coragem de fazer com ele o que fez comigo.
Ah! Que pena que não sou um cachorro!… Assim fosse, talvez já me teriam recolhido. Ao menos, quem sabe, me encaminhado a um abrigo. Ah! Que pena que não sou um cachorro!… Haveria alguém que me assumiria, me levaria ao doutor, compraria as vacinas de que necessito, os remédios e trataria das minhas feridas.


Ah! Que pena que não sou um cachorro!… Eu teria minha casinha própria, nem precisaria lavar minha casa. Quem me tivesse assumido a lavaria para mim. Ah! Se eu tivesse nascido cachorro!… Aqui na rua não tenho onde fazer minhas necessidades e tomar banho. Se eu fosse um cão, tudo isso estaria previsto! Mas eu sou humano!… Ninguém se detém para falar comigo!


Se eu fosse um cão, meu dono me levaria a passear!… Ah! Que pena que não sou um cachorro!… Poderia até entrar na casa do meu dono. Ser abraçado, acariciado. Mesmo que eu não pudesse trabalhar, minha comida, remédio, banho, corte de cabelo… Tudo estaria garantido. Seria um bicho de estimação.


Seria estimado por alguém que cuidaria de minhas necessidades mais fundamentais.



Hoje me pergunto: se eu fosse um cão?
Se eu fosse um cão eu não seria gente!
Eu não seria filho de Deus.
Eu não seria, no Juízo Final, o mais mencionado pelo Rei Jesus.
Se eu fosse um cão as pessoas não poderiam ver Jesus em mim.
Ah! Como eu sou feliz por não ser um cachorro!… Por ser gente!
Ah! Como eu sou feliz, apesar de estar só e abandonado na rua! Eu sou o “pobre


Lázaro” de hoje sobre o qual Jesus falou. Eu sou aquele que quer ao menos as migalhas de suas mesas ou uma pequena parte do que é dado e gasto com os animais de estimação.


No dia em que ao menos os cristãos gastarem conosco, moradores de rua, 10% do que gastam com seus animais de estimação, não precisaremos mais permanecer na rua. Se há lugar para os animais, haverá também para nós, moradores de rua.



Evangelho é Boa Notícia. Não é uma acusação, mas uma Boa Notícia. Podemos acolhê-lo e nos esforçar para pô-lo em prática. E isso representa um grande desafio.


Façamos a nossa parte sendo fiéis nas pequenas coisas.
Se seguirmos os conselhos do Senhor nos alegraremos com Ele e com os pobres por toda eternidade. Pode ser que você não concorde com a reflexão. Ela é, antes de tudo, uma autoreflexão.




Feliz de quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática, disse Jesus.
Coloco abaixo dois textos que podem nos servir de motivação. Se quiser medite-os. É a Palavra de Jesus para nós:


Lucas 16, 19-25: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico… Até os cães iam lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.

E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. Gritou, então: “pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas”. Abraão, porém, replicou: “filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento” (…).




Mateus 25, 31-46: “Quando o Filho do Homem voltar […] colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então, o Rei dirá aos que estão à direita: “vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”.


Perguntar-lhe-ão os justos: “senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar”? Responderá o Rei: “em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”.


Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: “retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes”.


Também estes lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos”? E ele responderá: “em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna”.



Fonte: Canção Nova

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