Quanto mais repletos do Espírito Santo estivermos e quanto mais
trabalharmos para o Senhor, tanto mais atacados seremos pela tentação
Permita-me dizer que o inimigo teve a “cara de pau” de tentar o próprio Jesus. Veja esse fato no Evangelho de São Lucas:
“Jesus, repleto do Espírito Santo, voltou do Jordão e estava no
deserto, conduzido pelo Espírito, durante quarenta dias, e era tentado
pelo diabo” (Lc 4, 1-2a).
Repare em que momento o diabo tentou Jesus: quando Ele estava repleto
do Espírito Santo. Essa tentação aconteceu durante os quarenta dias que
Cristo viveu no deserto. O Espírito Santo conduziu Jesus até lá para
ser tentado pelo demônio, a fim de que todos soubéssemos: quanto mais
escolhidos, tanto mais somos tentados pelo demônio.
Quanto mais
repletos do Espírito Santo estivermos e quanto mais trabalharmos para o
Senhor, tanto mais atacados seremos pela tentação.
Depois de convertidos a Deus, podemos pensar que a tentação e o
pecado não nos atingirão mais, pois o diabo já ficou para trás. Grande
ilusão! Quanto mais crescermos espiritualmente, tanto mais a tentação
nos atormentará, e mais sutil, enganadora, suja e covarde ela será.
A tentação pela qual Jesus passou é a mesma pela qual passam todos os
guerreiros de Deus. Vamos analisar cada uma das tentações de Jesus:
“Não comeu nada durante aqueles quarenta dias e, decorrido esse
tempo, sentiu fome. Ora, o diabo lhe disse: ‘Se tu és Filho de Deus,
ordena a esta pedra que se transforme em pão’. Jesus lhe respondeu:
‘Está escrito:
Não só de pão viverá o homem'” (Lc 4,2b-4).
A primeira tentação que Jesus sofreu foi na parte biológica; Ele
estava com fome. O inimigo tem prazer em nos atacar pelos sentidos. Ele
nos pega pela gula do comer e do beber, pega-nos pelos aromas, por todas
as formas do sentir, principalmente pela sexualidade. Vivemos num
ambiente repleto de sensualidade. É como se tivéssemos esquecido o gás
aberto em casa. Para dissipá-lo, é preciso tomar muito cuidado.
Não se
pode produzir nenhuma faísca, muito menos riscar um fósforo no ambiente,
senão explode tudo; e a primeira pessoa a ser atingida é você.
Infelizmente, hoje, o ar em que vivemos está carregado desse “gás”.
Estamos cercados por um clima de sensualidade que nos atinge pelos
olhos, ouvidos e por todos os nossos sentidos. O ambiente está formado,
nossa natureza reage e o inimigo investe pesado nela. Na hora em que
você “der bobeira” e “riscar o fósforo”, vai explodir tudo e pegar fogo.
Nenhum de nós pode facilitar, homem ou mulher, jovem ou idoso. Todos somos vulneráveis.
Sobre nossos sentidos, devemos dar atenção especial aos olhos.
Precisamos mortificar nossos olhos, porque pecamos muito por meio
deles. O pecado entra pela visão, mas atinge em cadeia a fantasia, os
sentimentos, a vontade e nossos atos. Ou os combatemos ou eles tomam
conta de nosso ser!
Padre Raniero Cantalamessa diz que Deus nos deu os olhos para ver,
mas nos deu também as pálpebras para fechá-los. Se não for possível os
fechar, pelo menos desvie os olhos.
Quanta sensualidade entra também por nossos ouvidos por intermédio das músicas, piadas e conversas! Precisamos igualmente “fechar” nossos ouvidos. Ou mortificamos nosso homem velho na carne, ou nos arruinamos.
Em questão de sexualidade, o segredo é fugir da ocasião. É o que
acontece com as bactérias: se há alimento e clima, elas se alastram,
multiplicam-se rapidamente e acontece a infecção, a doença. Basta ter
alimento e clima. Mas para que isso não aconteça, você precisa tirar uma
coisa e outra. Da mesma forma, a única maneira de vencer nossa
sexualidade é não a alimentar com vídeos, filmes, novelas, músicas,
revistas, piadas etc.
A mortificação não é tão difícil quanto se pensa. Pode-se mortificar a gula, renunciando ao cafezinho, ao refrigerante, à bebida, aos doces e ao cigarro, por exemplo.
“Não te deixes arrastar por teus desejos, e refreia a tuas
concupiscências. Se concederes a satisfação de teus desejos, isto fará
de ti o escárnio de teus inimigos. Não ponhas tua alegria numa vida de
prazer, e não te obrigarás a pegar-lhe os custos” (Eclo 18,30-31).
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
(Artigo extraído do livro “Combatentes na provação” de monsenhor Jonas Abib).
Fonte: Canção Nova
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