11/07/2016

A inocência roubada...

Saiba como a inocência roubada pode afetar negativamente a sexualidade de um homem

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A minha casa era no mesmo quintal da casa dos meus avós; os meus pais trabalhavam e costumavam me deixar aos cuidados deles. Além disso, era costume dos meus avós acolher outras pessoas em casa, sempre de forma gratuita, inclusive crianças e adolescentes para serem cuidados, pois minha avó gostava de acolher as pessoas e ajudá-las. Mas, infelizmente, ela acabava não lhes dando a devida atenção, pois também tinha um bar, de frente à sua casa, no qual trabalhava.

Nessa disposição de acolher as pessoas, ela acolheu um primo de terceiro grau. Ele já estava com 14 anos; eu, com cinco anos de idade. Como a casa dos meus avós era para mim um ambiente onde eu me sentia muito livre enquanto criança, porque podia brincar e tudo mais, era normal eu brincar dentro e fora de casa e conviver com esse meu primo.

Certo dia, ele me convidou a entrar na casa de meus avós, aproveitando-se do fato de eles não estarem lá. Minha mãe, neste dia, estava em casa, entretanto, como estava com a porta fechada, não percebia a situação. Inocente, respondi de imediato ao convite, não desconfiando das perversas intenções de meu primo.
Quando respondi “Estou indo”, ele apressadamente me conduziu para dentro da casa; não porque eu não pudesse ir sozinho, mas porque ele tinha pressa em suas intenções e queria ser discreto. Tão logo entramos, ele já foi me dizendo que queria me ensinar algo. Sua expressão me causava medo, sua voz e seus olhos transpareciam raiva, enquanto me ameaçava caso eu contasse aquilo a
alguém.

Eu não entendi o que estava acontecendo, não tinha consciência do que era sexo oral. Sentia um misto de sentimentos, confusão e medo,mas sendo ele maior do que eu, coagiu-me àquilo e vi-me indefeso. Ainda que inconsciente do que aquilo representava, sentia que era algo errado que estava acontecendo.


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Pouco tempo depois, tudo foi interrompido pelos gritos de minha mãe, que buscava por mim. Nesse momento, ele me deixou ir. Ela me interrogou sobre onde eu estava e o que estava fazendo; limitei-me a dizer que estava brincando na casa de minha avó. Era nítido que ela havia percebido algo errado, mas, na ocasião, não chegou a descobrir, e eu não tive coragem de contar.

 

O silêncio

Passado um tempo, a irmã desse meu primo veio também morar na casa dos meus avós. Eu pude presenciar ocasiões onde eles se relacionavam de forma masoquista e sadomasoquista. Hoje, tenho essa compreensão, mas naquela época não as tinha. Eu era sempre orientado a não dizer nada a ninguém. Essas experiências despertavam algo em mim, uma curiosidade maior pelo meu corpo e pelo corpo dos outros. Então, nas oportunidades em que eu tinha de reproduzir o que fizeram comigo, eu reproduzia. Agora, o sentimento já não era mais de medo, mas de curiosidade e descoberta.


Mesmo após essas experiências, meus pais continuavam a trabalhar durante a semana e me deixavam com meus avós. Mas eu acabava ficando grande parte dos dias da semana quase que sozinho. Nesse tempo, era costume eu brincar com algumas vizinhas que moravam em frente à minha casa. Nós brincávamos de “casinha”. Na brincadeira, elas eram as esposas e eu era o esposo. Assim, quando brincávamos, nós nos beijávamos, tirávamos as nossas roupas e nos acariciávamos. Na verdade, tentávamos, porque, pelo falo de sermos crianças, não sabíamos fazer nada direito, nem sequer sentíamos prazer. Era uma reprodução do que já tínhamos visto e vivido até aquele momento. Lembro que cheguei a comentar com os mais velhos que elas eram minhas namoradas, e eles davam risadas desse comentário.


Um tempo depois, meus primos foram embora da casa dos meus avós. Mas, como se não bastasse, meus avós pegaram uma outra menina para cuidar. Ela era alguns anos mais velha do que eu e também já tinha tido experiências na área da sexualidade. Nós tivemos oportunidades de estar a sós e, nessa ocasião, eu já não era mais pressionado a fazer algo, era um acordo comum. Eu tinha de oito para nove anos idade, ela tinha 11. Eramos duas crianças que tiveram sua sexualidade despertada de forma precoce e reproduziam o que já tinham vivido até aquele momento.


Todas essas experiências aconteceram na minha infância. Ainda hoje, quando faço memória do fato de ter feito sexo oral no meu primo, sinto aquele gosto amargo na boca. Isso me marcou profundamente! Percebo que foi por meio disso que aconteceu o “start” na minha vida sexual, para que, ainda criança, eu já começasse a viver tantas coisas fora do tempo e de forma desordenada.
Citei, de forma cronológica, como os fatos aconteceram, e trago algumas marcas disso até hoje.

(Jovem anônimo de 23 anos)


Fonte: Canção Nova

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