A verdadeira devoção a Virgem Maria como sinal infalível de salvação para o gênero humano
Na história da Igreja, o amor e a devoção a Santíssima Virgem Maria é um dos sinais da salvação, da vitória de Jesus Cristo no madeiro da Cruz. No Antigo Testamento, “a virgem, o madeiro e a morte foram os sinais da nossa derrota. A virgem era Eva, pois ainda não conhecera varão. O madeiro era a árvore; a morte, o castigo de Adão. Mas agora, a virgem, o madeiro e a morte, que foram os sinais da nossa derrota, tornaram-se os sinais da nossa vitória. Com efeito, em vez de Eva está Maria; em vez da árvore do bem e do mal está o madeiro da cruz; em vez da morte de Adão está a morte de Cristo”1. Dessa forma, na Nova Criação, temos a Virgem Maria, o madeiro da Cruz e a morte de Cristo como sinais da Salvação. A respeito do primeiro sinal de salvação, Isaías já havia profetizado: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’”2. Na Nova Aliança, a Virgem Maria, a Nova Eva3, precede Jesus Cristo, o “Novo Adão”4.
A Cruz e a morte de Cristo se fazem presentes em nossas vidas através do seguimento do Senhor, da renuncia de nós mesmos e do tomar a nossa cruz5, e estes são sinais infalíveis de salvação por excelência. Mas, como se manifesta o sinal da Virgem Maria em nossa existência terrena? São Luís Maria Grignion de Montfort ensina, no seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, que “o sinal mais infalível e indubitável para distinguir um herético, um homem de má doutrina, um réprobo de um predestinado, é que o herético e o réprobo não têm senão desprezo ou indiferença pela Santíssima Virgem. Com suas palavras e exemplos, abertamente ou às ocultas, esforçam-se por lhe diminuir o culto e o amor, e isso por vezes sob belos pretextos. Ah! Deus Pai não disse a Maria para habitar com eles, porque são Esaús”6.
Sinal infalível de condenação: não ter estima e
amor a Maria
amor a Maria
A este respeito desses “Esaús”, que são figura dos condenados, “o douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da universidade de Lovaina, e muitos outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres, entre outros, Santo Agostinho, Santo Efrém, diácono de Edessa, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João de Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura, que a devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação, e que é um sinal infalível de condenação – opinião do próprio Ecolampádio e vários outros hereges – não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário, é indício certo de predestinação, ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado”7.
Sinal de salvação: a devoção a Nossa Senhora
Segundo o São Luís Maria, “onde está Maria, não entra o espírito maligno; e um dos sinais mais infalíveis de que se está sendo conduzido pelo bom Espírito, é a circunstância de ser muito devoto de Maria, de pensar nela muitas vezes, e de falar-lhe frequentemente. É esta a opinião de um santo8 que acrescenta que, como a respiração é sinal inconfundível de que o corpo não está morto, o pensamento assíduo e a invocação amorosa de Maria é um sinal certo de que a alma não está morta pelo pecado”9. Nesta certeza, Montfort convida: “os fiéis servos da Santíssima Virgem digam, portanto, com a ousadia de São João Damasceno: “Tenho confiança em Vós, ó Mãe de Deus, serei salvo. Tendo a Vossa proteção, nada temerei. Com o Vosso socorro combaterei e porei em debandada os meus inimigos: porque a Vossa Devoção é uma arma de salvação que Deus dá aos que quer salvar!”10.
Assista programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Devoção à Santíssima Virgem Maria“:
Além da devoção mariana, “os predestinados seguem os caminhos da Santíssima Virgem, sua boa Mãe. Isto é, imitam-na, e é nisto que consiste verdadeiramente a sua felicidade e devoção. É este o sinal infalível da sua predestinação como lhes assegura esta boa Mãe: ‘Bem-aventurados os que praticam as minhas virtudes e caminham nas pegadas da minha vida, com o auxílio da divina graça’11. São felizes neste mundo, durante a vida, pela abundância das graças e doçuras que da minha plenitude lhes comunico mais abundantemente que àqueles que não me imitam de tão perto. São felizes na morte, que é doce e tranquila, e a que assisto ordinariamente, para os conduzir, eu mesma, às alegrias eternas. Finalmente, serão felizes na eternidade, porque nunca nenhum dos meus servos dedicados, que imitou as minhas virtudes durante a vida, se veio a perder”12. Os condenados, ao contrário, “são infelizes durante a vida, na morte e na eternidade, porque não imitam as virtudes de Maria. Contentam-se tão somente de pertencer a alguma de suas confrarias, de recitar qualquer prece em sua honra, ou de realizar alguma outra devoção externa”13.
A respeito da oração da Ave-Maria, a Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alano da Rocha: “Fica sabendo, meu filho, e fá-lo saber a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é ter aversão, tibieza e negligência em rezar a Saudação Angélica, que salvou todo o mundo”14. Palavras consoladoras e, ao mesmo tempo, terríveis, que dificilmente acreditaríamos se não tivéssemos este testemunho, bem como de São Domingos e de muitos outros grandes homens de Deus. “Sempre se verificou que os que trazem o sinal da condenação, como todos os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os mundanos odeiam e desprezam a Ave-Maria e o Terço. Os hereges ainda aprendem e rezam o Pai-Nosso, mas não a Ave-Maria, nem o Terço. Têm-lhes horror; preferiam trazer consigo uma serpente a um Terço. Os orgulhosos, embora católicos, como têm as mesmas inclinações que seu pai Lúcifer, também desprezam ou votam indiferença à Ave-Maria, considerando o Terço como uma devoção para efeminados, própria para ignorantes e analfabetos. Pelo contrário, a experiência tem mostrado que aqueles e aquelas que apresentam
grandes sinais de predestinação amam, saboreiam e rezam com prazer a Ave-Maria, e que quanto mais são de Deus, tanto mais gostam desta oração”15.
Assista programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A oração ‘Ave Maria’”:
Exame de consciência: Maria, sinal de salvação
ou de condenação?
ou de condenação?
Portanto, a Virgem Maria é um desses três sinais de salvação – que nos foi dado a conhecer pela Palavra de Deus e pela Tradição da Igreja – juntamente com o sinal do madeiro da Cruz e da morte de Cristo. Sem negar a superioridade infinita do Mistério Pascal de Jesus Cristo – da Sua Paixão, Morte e Ressurreição – em comparação com o Mistério de Maria, apresentamos de forma especial o sinal da Santíssima Virgem. Fizemos isto não para possíveis comparações ou acusações, ou ainda para julgamentos de outras pessoas como predestinadas ou condenadas – mas para que nós façamos um bom exame de consciência: para nós, o sinal da Virgem Santíssima é sinal de salvação ou de condenação? Temos desprezo ou indiferença para com Maria? Amamos e estimamos a Mãe de Deus, que tanto nos ama? Somos verdadeiros devotos da Virgem, pensamos sempre nela e invocamos amorosamente seu nome? Imitamos as virtudes da Mãe da Igreja e caminhamos segundo as suas pegadas? Amamos, saboreamos e rezamos com prazer a Ave-Maria e o Terço? Todas estas perguntas nos ajudarão a avaliar se a Virgem Santíssima é para nós sinal de salvação ou de condenação. Que Nossa Senhora nos ajude a reconhecer nossos pecados, nossas dificuldades, e a crescer na devoção mariana, que nos aproxima de Jesus Cristo e da salvação.
2 Is 7, 14.
3 Cf. SANTO IRENEU. Adversus haereses, III 21, 10-22, 4.
4 Cf. 1 Cor 15, 21-22.45.
5 Cf. Mc 8, 34b.
6 Cf. TVD 30. Para São Luís Maria, Esaú representa a figura dos réprobos ou condenados.
7 TVD 40.
8 SÃO GERMANO. Orat. in Encaenia veneranda aedis B. V.
9 TVD 166.
10 Idem, 182.
11 Pr 8, 32.
12 TVD 200.
13 Idem, ibidem.
14 TVD 250.
Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria Grignion de Montfort, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina e escreve sobre esta devoção, o caminho “a Jesus por Maria”, que é hoje o seu maior apostolado.
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