30/05/2014

O segredo para ter um casamento feliz

Pequenos gestos que reforçam os laços da vida conjugal feliz

Não é difícil de encontrar casais que relatam suas dificuldades no casamento, ainda que estejam casados há poucos meses. A impressão que a maioria desses casais têm é de que, enquanto estavam namorando, tudo era bem diferente. Eles comentam que, antes de oficializar o casamento, viviam melhor.

Se formos considerar a longevidade da proposta conjugal, certamente alguns poucos anos corresponderiam a um período de lua de mel. É o começo de uma vida nova que se desdobra.


O segredo para ter um casamento feliz é os casais aprenderem a deixar de conjugar os verbos na primeira pessoa – eu vou, eu quero, eu faço… – para conjugá-los na primeira pessoa do plural – nós vamos, nós queremos, nós faremos…

Muitas são as queixas de ambos. Parece que o romantismo vivido por eles no namoro e nas primeiras semanas de casados foi abandonado.

Se ficarem presos às coisas que deixamos para trás ou às situações que têm sido motivos de brigas, em muito pouco tempo os casais começarão a pensar em se separar, antes mesmo de fazerem a experiência da verdadeira vida conjugal, além da cama.

Diante das primeiras crises, eles reclamam que o cônjuge já não se preocupa em ser a mesma pessoa atenciosa com quem, um dia, se casaram. Com isso, muitas farpas são trocadas. Na tentativa de fazer valer sua opinião, o casal se prende ao objetivo de vencer uma batalha, na qual as palavras são as armas.

Obcecados em vencer a briga, eles se esquecem de que o objetivo da vida a dois está em eliminar os motivos de desavenças e não criar barreiras contra alguém que está no mesmo time.

Numa guerra, ainda que o soldado não seja morto, certamente alguns arranhões ele trará consigo. Tal situação não seria diferente para aqueles que travam uma guerra de palavras. Ainda que haja um vencedor, ambos perdem por causa dos resquícios das ofensas lançadas contra o outro.

Poderíamos fazer uma lista com muitas dicas usadas pelas revistas, mas nenhum conselho poderá ser útil se não houver a atitude de resgatar o primeiro objetivo que tiveram ao optar pelo casamento: ser feliz junto com a pessoa por quem se apaixonou. No entanto, nada será diferente se, nos momentos de crise, a pessoa começar a olhar apenas para os sinais que a fazem infeliz no casamento, pois, em pouco tempo, ela cogitará a hipótese de separação.

Em vez disso, será muito mais proveitoso para o casal fazer uma reflexão, em conjunto, sobre a situação, na tentativa de entender aquilo que poderia os tornar mais felizes dentro do novo estado de vida.

Mesmo que as nossas atividades e os nossos trabalhos não permitam que estejamos juntos, podemos fazer outras pequenas coisas que reforçam também os laços da vida de casados.

Dado Moura

29/05/2014

Como saber se ele(a) está a fim de você?



Que momento bom é quando estamos começando a nos apaixonar! O amor nos faz bem, várias sensações nos invadem e o mundo fica mais colorido.
Isso pode acontecer a qualquer tempo e em várias situações, com alguém na escola, no trabalho, do grupo de oração e até mesmo com um(a) desconhecido(a), alguém que cruza nosso caminho nos ambientes que frequentamos.

Só tem um probleminha em tudo isso, que é saber se a outra pessoa também está tendo o mesmo sentimento. Daí que, percebermos como que os nossos ânimos querem resolver logo e a dúvida se torna angustiante.

Contudo, digo a você que tenha um pouco de calma. Quando estiver namorando, você se lembrará desses momentos com muita saudade, e o casal alimenta o amor quando faz memória dos esforços e desdobramentos em que ambos fizeram para se conquistarem. A paquera deve obedecer um processo que aos poucos vai aumentando o amor.

Se você desconfia, mas não tem certeza, darei algumas dicas que poderão te dar uma direção em como saber se ele(a) está a fim de você. Mas, falarei de namoro, compromisso sério, e não sinais de paquera de uma noite só.

- Troca de olhares. Vocês trocam olhares quando passam um pelo outro ou estão no mesmo ambiente? Se “rolar” um sorriso ou cumprimento, ainda que um discreto “oi”, será um bom começo.

- Tentativa de impressionar você ou criar oportunidade para que você faça algo de destaque. Geralmente o rapaz tentará chamar a atenção fazendo algo incomum quando no mesmo ambiente que a moça, já as mulheres tendem a colocarem-se em situação que precise da força ou segurança masculina.
Pode acontecer de ele mostrar qualidades, ou ela uma necessidade, mesmo fora do contexto do momento e ocasião. Ainda em atrapalharem-se quando chegam perto do(a) paquera.

Depois, quando vocês já tem uma amizade.

- Tomar partido a seu favor. Em uma conversa em grupo de amigos, mesmo quando você entra numa assunto controverso, ele(a) fica do seu lado? Outro indício é quando ele(a) faz muita coisa ao seu gosto, como o rapaz topar assistir comédia romântica, ou a moça que nunca foi ao futebol aceitar ir ao estádio com ele .

Também que ele(a) verá alguns de seus defeitos como um charme.

- Elogio e presentes. É mais comum os rapazes elogiarem a aparência das moças, e as mulheres algo de bom que eles fazem. Constantemente ele(a) exalta suas qualidades nesse sentido?
E, de vez em quando ele(a) chega com uma surpresinha, do nada?

- Cuidado com você. Essa pessoa te cerca de cuidados? Prepara ou providência coisas que talvez você precise, como algo para incrementar seu trabalho na “facul” ou na apresentação que você fará na empresa, sai da sua rota normal para te dar caronas? Enfim, ele(a) está sendo mais disponível que o comum?

- Faz questão de estar perto. Quando vocês estão num grupo de amigos, ele(a) sempre dá um jeito de sentar perto de você?

- Interesse em saber sobre você e onde você estará. Ele(a) entra em contato durante o dia, ou a noite manda um wattsap só para saber como você está ou onde está?
E gradualmente ele(a) quererá saber sobre detalhes de sua vida, se interessará em saber as coisas que se passam dentro do seu coração.

Se ficar alguma dúvida ainda, - Olhe fixamente nos olhos. Depois de todo esse processo, em que esses sinais vão se manifestando, quando olhamos para a pessoa, demoradamente em seus olhos, provavelmente ele(a) se entregará pelo olhar.

O bonito é que quando temos calma e paciência, quando cultivamos antes a amizade, os sentimentos vão ficando expostos e naturalmente acontecerá o início do namoro. Quando mais perto, mais o amor aumenta.

Deus abençoe!

28/05/2014

Como dominar os impulsos sexuais?

Controlar os impulsos não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível 
Novelas, músicas, propagandas, outdoors, um passeio no shopping… Cenas, fatos, situações e momentos que, muitas vezes, estão recheados de um estímulo “mega-power-sexappeal”, ou seja, estímulo sexual para todos os gostos! Somos provocados a ver sexo em tudo!
Sobreviver a esse cenário torna-se, de fato, uma “odisséia no espaço”, uma “guerra nas estrelas”, pois parece que, a todo momento, somos chamados a uma espécie de sombra do mal, a nos transformarmos de Anakin para Darth Vader! Oh, meu Deus, como controlar tantos impulsos sexuais se, a todo momento, somos estimulados a colocá-los para fora?
Alguns passos para sobrevivermos a este cenário tão louco.
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Primeiro passo: controlar e não dominar
Não gosto muito da palavra “dominar”, soa como algo ruim, que precisa ser contido, reprimido, e não creio que Deus seja tão injusto a ponto de colocar, dentro de nós, os impulsos sexuais e exigir de nós a repressão deles. Também não acredito que Ele nos peça para os dominar como se fossem uma “força do mal” a ser exorcizada.
Prefiro a palavra “controle”, ou seja, como controlar os impulsos sexuais? Controle é o mecanismo pelo qual medimos o resultado de um processo comparando-o a um valor desejado. Então, controlar os impulsos sexuais é ser capaz de viver os desejos, as vontades a partir do valor que temos e do valor que damos ao outro. Quando partimos da relação de valor, conseguimos controlar os impulsos e, assim, dar a eles um destino mais pleno e prazeroso.
Segundo passo: canalizar os desejos 
Somos homens e mulheres com desejos. Os impulsos sexuais não estão em nós como algo desconexo, mas dizem de nossa identidade. Vou além: eles dizem de nossa identidade de filhos de Deus.
O Senhor nos criou homens e mulheres. Não tem essa de “Deus, tire de mim os desejos sexuais!”. Não! Sinto muito lhe dizer, mas Ele não os tirará! Eles estão aí para serem canalizados. São os desejos que levam um homem a se encontrar com uma mulher, são impulsos, forças que nos levam a viver uma relação. O que precisamos pedir é: “Deus, ajude-nos a canalizar esses desejos sexuais para uma vida mais plena e saudável. Ensine-nos canalizar o que sentimos, baseando-nos no valor que temos e possuímos”. Se temos bem claro, na cabeça e no coração, que somos chamados a viver um amor total, fiel, livre e fecundo, daremos conta de canalizar nossos impulsos para relações totais, fiéis, livres e fecundas. Quando vier o impulso sexual, de querer o outro para nós, podemos, nessa hora, usar essa força para termos o outro dentro de nós, como alguém que merece nosso amor, nosso valor!
Diante de uma linda mulher, que chame sua atenção – sexualmente falando – você pode:
a) olhar, desejar e trazer para sua mente como uma possibilidade de tocar, manipular e obter prazer! Ou;
b) olhar, apreciar e trazer para sua mente como uma realidade de amar, valorizar e promover.
Você escolhe (a) ou (b), ou seja, ao ver uma mulher muito bonita, você teve o impulso sexual, a atração, o desejo por ela, mas, nessa hora, escolhendo a alternativa (b), canalizou esse impulso e o enobreceu, não o reprimindo. Deu a ele um lugar de nobreza! Sabe aquela passagem da Bíblia que diz: “É do coração humano que saem coisas boas e ruins?” Então, você vê e, no coração, dá destino ao impulso que surgiu! Escolha (a) ou (b).
Terceiro passo: Conhecer a força da força! 
Todos temos impulsos sexuais. Isso é inerente ao nosso ser! Mas precisamos conhecer esses impulsos, saber a força deles, ou seja, saber quando surgem, quando é mais ou menos intenso, o que faz dentro de nós, o que fazer quando eles vêm. Conhecê-los é a melhor maneira de controlá-los, e identificá-los é o jeito de melhor encontrar um destino para eles. As pessoas perdem essa batalha quanto querem lutar contra algo que não conhecem. Não se trata de uma luta contra algo do mal, mas sim para integrar isso que faz parte de você. É uma luta para juntar: impulso sexual+valor+amor+Deus. Por aí vai! Sem autoconhecimento não há vitória.
Quarto passo: Fugir ou encarar? 
Quando conhecemos nossos impulsos sexuais, a força que eles têm, o lugar e as situações para aonde querem nos levar, podemos ficar em uma encruzilhada: encarar ou fugir? Na verdade, os dois. Encarar, tomar conhecimento ou fugir, ou seja, viver esse processo que acontece depois do “encarar”, isto é, perceber e, depois, por saber que não daremos conta, fugir. Mas sabendo do que está fugindo.
Muitas vezes, não escutamos o movimento que rola em nosso interior e ficamos mais presos às relações por medo de nós mesmos. Fugir, conhecendo e buscando compreender do que estamos fugindo, para ficar mais fortes para o próximo combate. Pois ele virá! Nessa hora, é preciso se perguntar: Quais meus pontos fracos? Onde sou mais vunerável? O que me desordena afetivamente? Mais uma vez, conhecer-se é a arte de se controlar!
Quinto passo: Retornando ao estado de Jedi 
No epsisódio ‘O Retorno de Jedi’, podemos ver como Luke acredita na bondade existente ainda em Darth Vader; e por acreditar nisso, assistimos, numa cena fantástica, a “redenção de Vader”. Enquando o Imperador Palpatine estava para matar Luke com uma rajada final, Darth Vader, com o seu braço, ou melhor, com o que restou dele, agarra Palpatine e o lança no poço do reator principal da Estrela da Morte, destruindo, definitivamente, o diabólico Senhor dos Sith, assim concluindo a profecia na qual os Sith são exterminados.
Vader torna-se, novamente, Anakin Skywalker. Sim, ele volta a ser o que era! E o que isso tem a ver o com controle dos nossos impulsos sexuais? Tudo! Muitas vezes, somos como o jovem Anakin, que se deixa levar pela corrupção do mal. Nós, às vezes, nos deixamos levar pela corrupção da pornografia, do sexo fora do casamento; enfim, por uma vida sexual sem a marca do amor verdadeiro como Deus pensou; consequentemente, passamos a viver como Darth Vader, escravos de nossos impulsos e não senhores deles!
Assim, quero lhe dizer: sempre podemos recomeçar. Há, em nosso coração, um profundo desejo de amar de verdade e viver a plenitude do que somos. Nossos afetos, desejos e vontades, ordenados para o amor verdadeiro, sempre nos fazem retornar ao que de melhor nós temos e somos. O sacramento da confissão, a Eucaristia, uma vida de oração sincera e um bom diretor espiritual são nossas armas para vencer. Mesmo quem ao ler este texto você se sinta incapaz de dar uma resposta mais cristã perante uma vida de erros, eu quero lhe dizer que foi com o que restou de um braço que Darth Vader venceu o imperador do mal. Acredito que, dentro de você, restou muito mais que um braço, restou a vontade de ser feliz e amar de verdade. Então, não perca tempo e recomece!
Esteja aberto para conquistar o Céu!

27/05/2014

Por que intercedemos?

“A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus” 
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Quando falamos de oração de intercessão, é possível nos lembrarmos de grandes homens e mulheres da Bíblia, dos santos e da nossa própria oração. Já reparou que sempre rezamos por alguém? Sempre nos pedem oração ou a pedimos para alguém?
Primeiramente, ao falar de intercessão, lembremo-nos de Abraão. A cidade de Sodoma estava para ser destruída, mas devido à intervenção e à intercessão desse homem que “negocia” com Deus – “Se houver cinquenta justos… quarenta… dez justos” –, o Senhor lhe responde: “Por causa dos dez não a destruirei”(cf. Gn18,16-33). Assim, graças à intercessão de Abraão, a cidade não foi destruída.
O grande Moisés foi outro homem que se colocou em defesa do povo. Deus o havia chamado para ir à frente, para libertar os filhos de Israel da escravidão do faraó. Primeiro, Moisés, em nome do Senhor, foi até o faraó e pediu a liberdade de seu povo (cf. Êx 5,1). Vários sinais foram realizados para que ele se convencesse de que aquela era a vontade de Deus: o cajado que se transformou em serpente, a água que virou sangue, além de pragas como rãs e gafanhotos (cf. Êx 7-12). Apenas com a morte do seu primogênito o faraó deixou o povo partir, mas, depois, o perseguiu (cf. Êx 14).
Num segundo momento, Moisés já não mais pedia ao faraó, mas passou a pedir a Deus pelo povo. Após a libertação, infelizmente, esse manifestou a sua ingratidão a Deus e a Moisés, pois passou a murmurar por causa do alimento (16,3), reclamar pela falta de água. Moisés clamou ao Senhor e, então, puderam beber da água (17,2-7). O profeta intercedia, pedia e colocava-se diante do Senhor em favor de seu povo.
Temos também mulheres que intercederam, que se colocaram em favor do povo, como Ester que orou pelos seus (cf. Est 4, 17n-17kk). Judite fez o mesmo (cf. Jd 9). Maria, na festa das bodas em Caná, disse: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (cf. Jo 2,5).
“A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus” (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2634). “Ele é o único intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens” (cf. Rm 8,34). Ele é o Cristo, o enviado de Deus para interceder por todos até as últimas consequências ao viver a Paixão. Jesus intercedeu tanto por nós, que deu a vida d’ele para que vivêssemos.
Ora, os intercessores foram homens e mulheres que se colocaram diante de Deus em favor dos necessitados, como fez Jesus. Assim, se pedirmos oração ou se orarmos pelo outro, já estaremos vivendo a intercessão. Temos ainda a riqueza, como nos ensina a Igreja, de pedir a intercessão daqueles que morreram santamente, que estão com Deus: os santos. Na profissão de fé, rezamos “creio na comunhão dos santos”, ou seja, esses que estão com o Senhor podem pedir por nós que estamos aqui, e é necessário deixar bem claro que é sempre Jesus quem realiza os feitos.
Por fim, a oração de intercessão é confiante e dirigida ao Senhor em favor do outro, do necessitado. Foi isso o que os homens da Bíblia fizeram e, por excelência, Jesus fez por nós pecadores. Fomos salvos ou somos salvos pela intercessão d’Ele junto ao Pai.
Por que intercedemos? Primeiro, para imitar Cristo, que intercede por nós junto do Pai. Ele quer a nossa salvação e, uma vez que fomos alcançados e amados por Ele, passamos a segui-Lo e imitá-Lo.
Mas como O imitamos? Intercedendo pelo nosso próximo, confiando que Ele pode tudo, que nada Lhe é impossível (cf. Lc 1,37). Oramos em favor do outro, porque também entendemos que não devemos pedir apenas para nosso próprio benefício. A oração de intercessão não é passiva – o necessitado lá e eu aqui –, mas ativa como Jesus, que ia ao encontro de Seus semelhantes, que nada quis para si, mas se entregou pelo outro, “amou-os até o fim” (cf. Jo 13,1). Ativamente, intercedamos pelo próximo indo ao encontro dele

.Padre Marcio - Comunidade Canção Nova

26/05/2014

A Espiritualidade de São Bento nos dias de hoje

VIDA MONÁSTICA: A ESCOLA DE SÃO BENTO
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O Mosteiro da Transfiguração apresenta, a seguir, de maneira sintética, alguns temas essenciais da vida monástica, buscados, constantemente, em nossa comunidade. Cremos que os mesmos são de grande importância para ajudar no aprofundamento dos cristãos que buscam viver seu batismo com radicalidade, bem como no discernimento vocacional daqueles que ainda estão buscando viver essa mesma radicalidade.
1. As fontes da vida monástica beneditina
O monaquismo situa-se dentro da vida religiosa pelo fato de que é um meio de buscar a perfeição cristã. Ao mesmo tempo, distingue-se da vida religiosa por seu caráter especificamente contemplativo – como vivido em nossa casa.
O Papa Paulo VI, recordou, repetidas vezes, que o monge tem, na Igreja, uma função especial, distinta, que consiste em ser presença, sinal que exerce uma secreta fascinação, unicamente pelo fato de ser um contraste, cujo exemplo provoca espanto pela forma de estar presente junto de Deus e entre os homens, que é a oração. A vida monástica exerce “irradiação” e tem o papel de dar testemunho de uma presença invisível e de lembrar ao mundo, constantemente alienado de Deus, que essa presença que transcende todas as realidades terrestres é viva e atuante em nosso meio.
O monge é aquele que optou por viver com radicalidade o seu batismo, é um cristão comum, que vive, no mosteiro, a vida cristã comum, mas a vive na maior perfeição, a vive em plenitude. Deixa de lado tudo mais, esquece-se de todos os interesses para ser um cristão e viver à procura de Deus. É aquele que busca ser o que seu nome indica – um homem de Deus.
2. As ocupações da vida beneditina
Opus Dei
“Portanto nada se anteponha ao Ofício Divino” (RB 43,3.). Com estas palavras de São Bento, podemos entender a importância do Ofício Divino na vida do monge. Ao lado do trabalho e da Lectio Divina, a celebração comum do Ofício Divino é uma das principais atividades do monge, é uma parte de uma vida inteira consagrada a Deus. De fato, para o monge, o amor de Deus se traduz antes de tudo pela oração contínua da qual o Ofício Divino é o ato principal e o mais forte sustentáculo. O Ofício também influi grandemente em sua espiritualidade, pois o monge se alimenta da Palavra de Deus e permite que esta se torne parte de sua vida.
Juntamente com a Igreja, Corpo Místico de Cristo, oferece a Deus o louvor e a santificação da Igreja por meio desse culto. O Opus Dei torna-se parte da oração do próprio Cristo ao Pai, onde por meio dos salmos, cânticos e leituras tiradas das Sagradas Escrituras, a própria Palavra se torna presente. Melhor do que qualquer obra comunitária, mostra o testemunho específico dado por nossa vida à Igreja e ao mundo.
Lectio Divina
Cada ato do monge deve ser uma resposta à Palavra de Deus contida nas Sagradas Escrituras, voz viva de Deus, que lhe fala cotidianamente. A esse encontro diário com a Palavra, damos o nome de Lectio Divina, que, literalmente, significa “leitura divina”. É uma leitura orante da Palavra, uma leitura espiritual, pois se dá no Espírito e pelo Espírito. A Lectio Divina é, antes de tudo, um diálogo com Deus, íntimo, pessoal e, ao mesmo tempo, eclesial.
Na Lectio, o monge ouve a Palavra de Deus e a Ele responde na oração, mas, para que isso ocorra é necessária uma atitude de escuta, humildade e abertura do coração. Ela divide-se em alguns passos principais: leitura, meditação, oração e contemplação.
 Trabalho
“São verdadeiramente monges quando vivem do trabalho das mãos, como nossos pais e os apóstolos” (RB 48,8.). O trabalho é importante ao monge, a fim de que ele possa sustentar-se, como diz-nos São Bento, e garantir a sua separação do mundo. É uma forma de penitência, tendo sido a primeira e principal forma de penitência imposta por Deus ao homem. É o fruto de suas mãos oferecido a Deus no sacrifício eucarístico. É um testemunho, na medida em que mostra ao mundo que o trabalho confere dignidade ao homem, ajudando-o também a desenvolver virtudes sociais e morais, indispensáveis para uma vida de oração.
O trabalho é um instrumento nas mãos do monge para ser utilizado em sua missão específica de restaurar tudo em Cristo. Ele, unido a Cristo, redime o mundo por seu trabalho, consagra-o a Deus e prepara a nova terra que haverá depois da Ressurreição final.
3. As colunas da espiritualidade da vida monástica
Uma das colunas da espiritualidade da vida monástica é a fé, que se traduz na busca de Deus. Um dos critérios principais para São Bento, para ver se um candidato pode ingressar na vida monástica, é este procurar a Deus: “Que haja solicitude em ver se procura verdadeiramente a Deus, se é solícito para com o Ofício Divino, a obediência e os opróbrios” (RB 58,7). Da vida de fé resultam as demais colunas da espiritualidade da vida monástica, que são a humildade e a obediência.
Os monges buscam viver a humildade para seguir Jesus Cristo “manso e humilde de coração” (Mt 11,29). A humildade é o caminho mais seguro para podermos realizar, diariamente, a nossa vida de conversão a Deus. É seguindo esse caminho de ‘abaixamento’ de Jesus que poderemos crescer em caridade e ser exaltados por Deus: “Pois todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11).
Outra coluna importante da espiritualidade da vida monástica é a obediência. Os monges buscam vivê-la para seguir Cristo, que se fez “obediente até a morte – e morte de cruz!” (Fl 2,8). O monge busca obedecer ao Abade (RB 2) e aos irmãos (RB 72,6) para poder cumprir, em tudo, a vontade de Deus. A obediência é um instrumento valiosíssimo em nosso caminho de conversão a Deus. Pela obediência, aprendemos a abandonar as nossas vontades próprias e aderir à vontade do Senhor, que sempre quer o melhor para cada um de nós. A obediência é um ato de fé, de que Deus me guia por meio do meu superior. A obediência não exclui a liberdade daquele que obedece, mas a pressupõe. Somente alguém inteiramente livre pode abandonar-se nas mãos do Pai, procurando cumprir a vontade d’Ele. A fé, a humildade e a obediência são, pois, as colunas sobre as quais podemos construir o edifício da vida monástica.
Fonte: Monges Mosteiro da Transfiguração
Santa Rosa – Rio Grande do Sul
Retirado do site: Canção Nova

25/05/2014

A importância de se estabelecer um dia para a família

A raiva nos afasta da relação fraternal e amorosa presente no ambiente familiar 
-Ô menino, por que você não quer sair com a gente? – Raiva. Ninguém me entende.-Raiva? Que pecado, meu filho! Criança não sente raiva.- E você homem, porque não chega em casa mais cedo? – Pra quê? Pra passar raiva?- E você mulher? Porque não para quieta? Quando não está batendo perna na rua, só fica enfiada nessa cozinha? – Até parece que faço, porque gosto. 
Hoje, vamos refletir sobre o sentimento de raiva nas relações familiares. Situação essa que tem afastado os seus membros do encontro fraterno, do almoço aos domingos e os afastado do cuidado que um deveria ter com o outro.
A elaboração do sentimento de raiva acontece devido a frequência, a duração e a intensidade com que os eventos que provocam frustração e pavor acontecem dentro desse contexto, que eliciam repostas de ansiedade e tensão, provocando o medo de conviver com seus próprios familiares. É muito importante que, na rotina doméstica, a família ocupe um espaço significativo e que todos a reconheçam como fonte de vida.
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O treino de conviver com cada membro como único ajudará na manutenção dos vínculos e da boa convivência. Consequentemente, todos desejarão estar em família. Mas e a raiva? Qual o lugar desse sentimento no comportamento das pessoas quando estão com seus familiares?
Segundo Ivan Capelatto, em seu livro ‘A Equação da Afetividade’, “a raiva nada mais é que a manifestação do medo. Resultado, da ação de uma região de nosso cérebro, composta pelas amígdalas cerebrais. Esta parte do cérebro também é responsável pela proteção do indivíduo, por sua reação diante dos perigos do mundo. “São responsáveis pelas reações de medo, que farão com que lutemos ou fujamos”, ressalta o autor. Diante dessa explicação, é possível compreender que todos nós estamos sujeitos a sentir raiva e manifestar medo diante de situações em que ela é provocada. O ambiente familiar é propício para que esse sentimento venha à tona com constância. São pessoas com comportamentos diferentes, mas que convivem e precisam de alinhamento em suas relações para garantir a felicidade. Um exemplo muito comum, apresentado por Capelatto, é o da criança que, quando interrompida, em sua brincadeira, porque tem que tomar banho, corre risco de sentir medo em perder aquele prazer que estava sentindo. Nesse momento, as amígdalas são acionadas, a expressão da criança será de raiva por não saber lidar com o medo. De forma semelhante, acontece com o casal quando interrompido em uma relação sexual com a chegada inesperada do filho em seu quarto; além daqueles momentos comuns vividos nas famílias brasileiras: ir ao supermercado e não poder fazer a feira ou não poder pagar o Plano de Saúde que precisam ou desejam ter.
Quem nunca ouviu essas expressões: “Que raiva! Quem tem clima para namorar com tantos problemas?”“Quando chega o fim de semana, não aguentamos nem mais brincar com os filhos de tão cansados!”. Esses eventos causam danos à vida psicológica da criança e de qualquer ser humano além de afetar o clima familiar. O sentimento que está por trás de cada expressão dessas é o de raiva, e precisará ser bem administrado para que não passem a controlar a alegria, o temor e o humor da família. Portanto, as reações que cada um demonstra deverão ser entendidas, inicialmente como uma manifestação do organismo que funciona bem. Nem sempre aceitar tudo, demonstrar não sentir raiva e ser a família perfeita e boazinha do bairro é sinal de convivência saudável. Essas reações são sintomas de uma realidade. A falta de raiva em situações reais pode implicar em ausência de medo, indiferença e, consequentemente, sensação desconfortável.
Qual a consequência? Relacionamentos frios e artificiais. E estar em família nos fará sentir um peixe fora d’água. Não faremos questão de encontrar um dia para estarmos juntos. Será sempre ruim conviver com quem tem o nosso sangue se não ouvirmos o que a raiva, que sempre manifesta o medo, quer falar. Estar juntos sem se sentir pertença, por conta da raiva não sentida, do medo não amparado, da verdade não dita e da falta de acolhimento às necessidades de todos, é colocar a família em um beco sem saída. Será sempre o fim de um sonho. Um pesadelo conviver. Ter tempo para família é decidir viver em contato com as nossas emoções sem perder o respeito e o amor por quem nos deu, muito mais do que um nome e um sobrenome.
Deu-nos a vida! Se dermos atenção a quem está ao nosso lado e o acolhermos em seus momentos de raiva e medo, será mais fácil agendar um dia ou dois, passar o feriado e tantas outras datas juntos!
Qual dia você escolheu para estar em família?
Judinara Braz
Fonte: Canção Nova

24/05/2014

Há um futuro promissor para a humanidade?

Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão?
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As cenas de violência, que acompanham as manifestações de protesto das mais diversas bandeiras, multiplicam-se por toda parte. Ao mesmo tempo, a humanidade fica chocada com acidentes de toda ordem, desastres naturais, a grande chaga da guerra e o desentendimento entre pessoas, grupos e culturas. Aquela que uma vez foi chamada de aldeia global se mostra diariamente em nossas casas. Há inclusive meios de comunicação que se comprazem em mostrar, ao vivo e a cores, a miséria humana, tirada do fundo do baú, aquela que outrora se encontrava escondida na sarjetas da vida ou dissimulada através de mil truques. E o que dizer da exposição das pessoas e seus eventuais deslizes, através das chamadas redes sociais? Para muitos, a tentação que vem à tona é a do desânimo. Pode ser ainda a banalização da vida das pessoas e de sua dignidade. Outros são levados inclusive ao desespero.
Há um futuro promissor para a humanidade? Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão? Bem perto de nós, como serão os próximos meses com os eventos esportivos e políticos que se avizinham? Seremos capazes de nos manter serenos e fiéis? Jesus, conversando com seus discípulos, reunidos no Cenáculo, por ocasião da última Ceia, pronunciou palavras de fogo, garantindo-lhes as forças necessárias para a caminhada neste mundo. Temos certezas que nos permitem ir ao encontro dos outros sem receios, ajudando a todos na descoberta dos sinais de vida e de esperança.
Para os cristãos existe um ponto de referência, projetado pela esperança, uma virtude teologal. Virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade (Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 384-387), são aquelas que têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas com a graça santificante, tornando-nos capazes de viver em relação com a Trindade, fundamentam e animam o agir, consolidando e vivificando as virtudes humanas. Elas são a garantia da presença e da ação do Espírito Santo em nós. Pela fé, cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos. Pela esperança, desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena. A caridade, por sua vez, é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é o vínculo da perfeição (Cf. Cl3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela “não sou nada” e “nada me aproveita”, afirma São Paulo (Cf. 1Cor13,1-3).
A vida cristã tem sua origem em Deus, que nos chama a partilhar de sua vida e nos oferece a salvação. Quer dizer que a vida, quando começa no alto, tem sentido e rumo. Há uma meta a alcançar e esta é a felicidade plena na eternidade, com Deus e com os irmãos. De fato, Deus nos fez para chegar a esta realização completa e a maldade ou o pecado não têm a última palavra.
Para manter viva a esperança, é necessário acreditar que Deus tem algo a ver com a humanidade e pode, sim, intervir na história humana e na vida das pessoas. Só Ele pode fazê-lo sem violentar a liberdade, dom com que todos foram criados. Há um percurso a fazer, para que se mantenha viva a certeza de sentido na vida humana nesta terra, tantas vezes “vale de lágrimas”, mas destinada a ser lugar de felicidade, “um novo céu e uma nova terra, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu esposo, a morada de Deus-com-os-homens. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Estas coisas serão a herança do vencedor, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21, 1.3-6).
O ponto de chegada é muito alto, mas não é complicado caminhar até lá! Basta seguir a receita do Evangelho: Quem ama enxerga e entende o que deve fazer: “Quem me ama será amado por meu pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Não é apenas conversa, pois “quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama” (Jo 14, 15-21). Trata-se de praticar os mandamentos! Depois, quem compromete assim sua liberdade e sai de si para amar a Deus e cumprir os mandamentos, tem a certeza de que o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, permanece sempre dentro de si e a seu lado. Sabendo que o Espírito Santo prometido age no mundo e na Igreja, não desfaleceremos no caminho e a esperança permanecerá acesa.
Uma das consequências é o testemunho a ser oferecido diante das pessoas. Mesmo quando aparece o sofrimento, é melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Cristo morreu, justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus, mas recebeu nova vida no Espírito (Cf. 1 Pd 3, 15-18). Quando alguém quer saber os motivos da esperança que está em nossos corações, começamos com o Céu, mostramos o rumo futuro, a meta da esperança, mas também olhamos para a terra, enxergando os sinais de Deus existentes no momento presente, ao identificar o bem que é feito e a bondade que se espalha ao nosso redor. Há muita caridade vivida, há muitos gestos gratuitos e generosos, assim como tanta doação de vida. Há pessoas acendendo sinais verdes de esperança, ao invés de se armar com o amarelo do semáforo do medo ou interromper a caminhada com o vermelho que interrompe o trânsito da vida. Que nossa vida corresponda à fé, esperança e caridade que nos foram dadas de presente

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Dom Alberto Taveira Corrêa

23/05/2014

Apelo à consciência



“Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,19).

São Francisco de Sales dizia que “o homem é a perfeição do universo; a alma, a perfeição do homem; o amor; a perfei­ção da alma…” Nessa perfeição da alma, criada pelo amor de Deus, está a consciência, a voz cândida de Deus em nosso interior. Ghandi dizia que o único tirano a quem ele se curvava incontinente era aquela vozinha suave que lhe falava ao coração…

Nada existe de mais precioso na vida do homem e da mu­lher do que a própria consciência. Todo aquele que lhe obede­cer será grande e todo aquele que a destruir se autodestruirá. Dói no coração ver por quão pouco se vende em nossos dias a própria consciência! Como dizia o Padre Antônio Vieira: “Con­juga-se o verbo roubar em todos os tempos e modos… É a misé­ria da criatura humana que vende a própria consciência, como Cristo foi vendido pelas trinta moedas de prata. Se o homem soubesse que a sua consciência e impagável, jamais faria negó­cio com ela. 

Se ele pensasse que a única paz verdadeira, autên­tica e sustentada reside na tranqüilidade de uma consciência pura, ele não a pisaria pelo brilho do metal, pelos prazeres do mundo nem pela satisfação do próprio orgulho. A cada instan­te, faz-se calar brutalmente a voz interior de Deus, pelo canto estridente das sereias do mundo: dinheiro, fama, “status”, esnobação, sexo, comida, bebida, prazeres e mais prazeres… E a pressão é forte a tal ponto que a consciência acaba por calar-­se totalmente, levando seu antigo proprietário àquele estado de embriaguez do espírito caracterizado pelas afirmações que hoje ouvimos: Não existe pecado! Tudo é lícito! Tudo é nor­mal! E proibido proibir! E assim por diante.

O Papa Paulo VI dizia que esse era o pior pecado do nosso tempo.

Quando a criatura não respeita mais sua consciência, en­tão ela não respeita mais a Deus e a ninguém; é aí, então, que todos correm perigo, porque o homem transforma-se no mais perigoso animal irracional, abandonado aos impulsos compul­sivos dos seus sofisticados instintos. A partir daí, todas as suas potências – a inteligência, a vontade, a memória, etc. – são co­locadas a serviço da satisfação dos seus instintos liberados…

É ao que hoje assistimos! Todas as barbáries que presen­ciamos todos os dias e que parecem renovar-se cada vez mais, são os frutos amargos dessa triste e sombria realidade do ho­mem que massacrou a própria consciência e que já não tem mais temor sequer do próprio Deus.

A Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, quando fala da “Dignidade da consciência moral, diz: “Na intimidade da cons­ciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecei; Chamando-o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei lhe soa nos ouvidos do coração: ‘Faze isto! Evita aquilo!’ De fato o homem tem uma lei escrita por Deus em seu coração. Obede­cer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com esta lei. 

A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz (…). Quanto mais, pois, prevalecer a consciência reta, tanto mais as pessoas se afastam de um arbí­trio cego e se esforçam por se conformar às normas objetivas da moralidade. Acontece não raro, contudo, que a consciência erra, por ignorância invencível, sem perder no entanto sua dig­nidade. Isso porém não se pode dizer quando o homem já não se preocupa suficientemente com a investigação da verdade e do bem, e a consciência pouco a pouco pelo hábito do pecado se torna quase obcecada.”

Essas palavras da Igreja, pronunciadas há trinta anos, sob a luz do Espírito Santo, precisam ser profundamente medita­das e acolhidas. Por si mesmas elas nos explicam toda a tragé­dia moral do nosso tempo: corrupções, crimes hediondos, vio­lências, depravações, etc. Sem o retorno ao respeito à cons­ciência não haverá salvação, pois o homem que não respeita a si mesmo e a Deus, não respeita a nada e a ninguém. Só a lei da consciência pode gerar unia nova sociedade, fraterna, limpa, justa e pacífica. Ao invés de apelarmos para que se aumente o número de policiais, para se instaurarem CPI’s, para que se ins­titua a pena de morte, enfim ao invés de buscarmos tantos outros paliativos, é melhor apelarmos para que cada um res­peite à voz sagrada da consciência. Sem isso é utopia querer construir um homem novo e uma nova sociedade.

“Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,19). Não é isso que temos visto a todo o instante? Urge curar o coração do homem e resgatar a sua consciência para se poder curar o mundo.

Prof. Felipe Aquino

Retirado do livro: “Em busca da perfeição”

21/05/2014

Amar é querer



A paz meus queridos irmãos, que o amor de Deus nosso Pai esteja com cada um de vocês! Hoje quero partilhar com vocês alguns dos meus pontos de vista sobre relacionamentos, sobre o amor, sobre escolhas...
Hoje é o dia em que se comemora o dia dos namorados. Eu simplesmente ignoraria certas datas e essa é uma delas, pois cada vez mais a sociedade cria coisas voltadas ao lucro e com certeza vai impondo novos valores que ferem a nossa identidade como ser humano, como filhos de Deus.

Muitos poderão pensar que eu sou um frustrado, devem pensar que por estar solteiro devo não gostar desse dia, mas não tem nada a ver com isso. Primeiro porque sou um homem muito bem resolvido na minha vida afetiva, sentimental e sexual. Segundo que sou feliz por ainda estar solteiro e quero continuar saboreando cada dia de solteiro, para um dia que estiver num relacionamento também saber saborear cada minuto do relacionamento, precisamos aprender a vivenciar cada minuto de nossas vidas.

Hoje é apenas mais um dia comercial onde muitas pessoas perdem a essência da vida e troca pelas coisas que o comércio, que o capitalismo impõe em nossas mentes. Vamos começar pelo essencial? A Bíblia nos diz: "Deus é amor". Então o amor só pode iniciar a partir de Deus, fora dele não existe amor.

Hoje muitas pessoas trocam juras de amor, compra presente, mente, dissimula, engana, trai e uma série de outras coisas. Outras pessoas também sabem aproveitar esse dia para expressar todo seu amor pelos que amam, sabem cuidar do outro, sabem curar, sabem perdoar e outra série de coisas também. Então para mim não existe dia disso ou daquilo, quando amamos não existe dia, todo dia é dia.

Relacionamentos são reflexos do nosso interior, são reflexos do que nós somos. O povo adora dizer que os opostos se atraem, já vi estudiosos falarem que nós atraimos o tipo de pessoa de acordo com a nossa disposição interior e eu concordo com isso.

Também se diz muito que amor a primeira vista existe, que existe destino, que do nada aconteceram coisas e tudo deu certo, eu particularmente tenho uma visão totalmente contrária a isso. Primeiro porque Deus nos dotou de diversas capacidades e dons. Segundo, Ele não ía criar sua obra prima e deixar nas mãos do destino, pelo contrário lá em Eclesiástico 15 olha o que a Palavra dele nos diz:

"14. Desde o princípio Deus criou o ser humano e o entregou às mãos do seu arbítrio, e o deixou em poder da sua concupiscência. 15. Acrescentou-lhe seus mandamentos e preceitos e a inteligência, para fazer o que lhe é agradável. 16. Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. 17.Diante de ti, ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. 18.Diante do ser humano estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir". Eclesiástico 15, 14-18 [Os grifos são meus]Que texto fantástico, Deus é incrível. Cada dia mais tenho visto na minha vida que amor é decisão, é escolha, é querer diário. Cada dia mais percebo como o sentimento é apenas um complemento, pois relacionamento é construção diária, é querer diário.

Quando se fala em relacionamentos amorosos o povo vai logo em castidade. Meus irmãos, castidade é apenas um item de um relacionamento, fora ele existem tantos outros como diálogo, confiança, respeito, carinho, renúncia, PERDÃO, caridade, rezar juntos, vida comunitária, ser sinal de Deus como casal...

Se todos os outros estiverem sendo trabalhados diariamente, a castidade acaba se tornando uma das coisas mais fáceis a se fazer. E no relacionamento existem coisas que eu considero muito pior, até porque castidade não se refere só a sexualidade do casal.

Há tantos males como: ressentimento, rejeição, indiferença, carências, traumas [os mais diversos nessa área], e tantos outros. Hoje eu tenho a infelicidade de conhecer alguns casais que precisam da ação de Deus urgente, precisam do amor misericordioso do Pai, precisam de muitas curas, de muito perdão.

Todos nós já fomos rejeitados, passamos por decepções, não fomos correspondidos e tantas outras coisas, e isso acaba gerando em nossos corações muitos traumas, complexos, medos, inseguranças, carências e o triste da vida é quando tudo isso influencia em nossas escolhas, e acabamos por justificar algumas delas como coisas do destino ou coisas da vida.

Já vi relacionamentos que ao invés de serem homem-mulher, mulher-homem, parecia mais pai-criança, criança-pai. E o que mais vejo em casais que passam por dificuldades, são projeções de carências internas no outro. Vejo tanta gente projetando no outro suas mágoas passadas, suas dores, seus traumas, suas inseguranças. Parem pelo amor de Deus, se você está passando por algo semelhante, pare agora, olhe para o seu coração e vá cuidar dele, vá curar ele, antes que você machuque um coração que não tem culpa de suas dores.

Vejo também muitas pessoas iniciarem relacionamentos com muitas travas em seus corações, sem confiança no outro, sem ter o mínimo de conhecimento do outro. Quando o mundo desaba se perguntam porque Deus permitiu elas passarem por certas situações. Eu respondo: A escolha foi sua, pois Deus a ama e que ama, ama na liberdade.

Padre Léo nos diz: "Amar é comprometer-se com a felicidade do outro". "Quem ama ensina a caminhar". "Amar não é facilitar a vida do outro". "Amar é preparar o coração para se decepcionar". Quanta sabedoria em poucas palavras.

Infelizmente achamos que amar é facilitar a vida do outro, é não deixar o outro sofrer. Outro dia vi o Pe Léo falar que não há nada de errado no sofrimento, que ele faz parte da vida, que precisamos aprender a saborear o sofrimento para podermos crescer, amadurecer.

Meus irmãos, Jesus amou até as últimas consequências e o que ele ganhou com isso? Rejeição, traição, indiferença, descredibilidade, não preciso nem chegar no calvário senão a lista se torna imensa. Se Ele passou por isso, nós também passamos e passaremos enquanto vivermos. Para você que não acredita mais no amor, saiba que ele é possível, ele existe, mas só conseguimos amar se deixarmos Deus amar em nós e por nós.

Não existe amor ao próximo sem amor próprio, só podemos amar alguém se nos amarmos. Mas não podemos confundir amor próprio com egoísmo, com egocentrismo, onde muitas vezes queremos que o outro seja conforme nós desejamos, ou queremos que o outro corresponda aos nossos caprichos, mais uma vez eu repito: Quem ama, ama na liberdade. Para podermos amar concretamente, precisamos de algo infinitamente urgente [O pe Léo usava muito essa palavra infinitamente, eu acabei me viciando nela]: A cura interior!

Busquem a cura dos seus corações, entreguem seus corações a Deus sem reservas e deixe Ele conduzir. Você verá que verdadeiramente passará a ter uma vida de amor, e não só a uma pessoa, mas sim a todas as que estiverem ao seu redor e terá experienciado as várias formas de amar.

Esse é o meu desejo a você! Minhas orações pelos solteiros para que encontrem alguém segundo o coração de Jesus, e aos casais que sejam um só em Cristo, que sejam sinais do amor de Deus...

Para finalizar uma frase do Márcio Mendes: O coração do cristão tem que estar em Deus, mas os pés tem que estar no chão!
Escrito por Jonathan Melo
Fonte: Blog do Padre Léo Eterno

19/05/2014

O que é oração?


O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe

Antes de começarmos a falar sobre oração, precisamos adentrar no seu significado, se é que podemos defini-la. Mas vamos buscar clareza sobre o tema e o modo como a oração pode fazer parte da vida do cristão.

A definição de oração pode ser expressa por palavras, mas o jeito de rezar e o relacionamento com Deus é diferente para cada pessoa. Porém, não podemos inventar o jeito próprio de rezar, mas seguir aquilo que a Igreja já determinou com seus séculos de experiência; contudo, a aplicabilidade é diferente.


Vamos tentar definir oração:


Diziam os Padres do Deserto que a oração é o espelho da alma. Em hebraico, oração é tefillah, que significa “juízo”: [...] a oração é a possibilidade de julgar com Deus, de realizar um discernimento sobre a própria vida, sobre a relação com os outros, sobre o próprio relacionamento com as criaturas. É assim que se ordena e se aprofunda a própria interioridade, que se mede o próprio caminho humano, o próprio amadurecimento como crescimento interior adequado à própria idade e situação.  (Livro: Onde está Deus? – Padre Reinaldo)

Perceba que a oração não é nossa, mas de Deus. O próprio Senhor nos concede o dom de orar. Por isso, na oração, precisa entrar o julgamento de d’Ele. Nós precisamos nos submeter a Ele na oração. O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe.

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Sobre a oração pessoal, padre Francis Cardeal Arinze nos ensina:

“A oração pessoal é insubstituível, porque chega um tempo em que cada um é chamado a encontrar Deus frente a frente, no encontro espiritual. Isso pode acontecer na intimidade do próprio quarto, diante do sacrário, debaixo de uma árvore, no alto de um monte ou à beira-mar. Pode acontecer mesmo ao volante do carro ou em algum momento da Missa, como enquanto a preparamos, antes da coleta, após a leitura ou na homilia, sem dúvida após a santa comunhão e na ação de graças, após a Celebração Eucarística.

A nossa oração privada há de ser realmente pessoal: há de brotar do coração. Podemos exprimi-la com ou sem palavras; não podemos nos limitar a repetir preces escritas por mestres espirituais e por santos, ainda que tais fórmulas nos ajudem a entrar na oração pessoal.

A oração deve ser incessante e continua. Por isso, requer dois pontos:

Qualidade da oração: buscar rezar com o coração para, assim, gerar uma contínua e ininterrupta perseverança. Orai sem cessar (1 Ts 5, 17).

Oração pura e sincera: ser feita com fervor – evitar as inquietações e preocupações. Deixar Deus entrar no santuário do meu coração.”

Para concluir o sentido e o significado do que é oração, fixemos nosso olhar na graça de Deus. E a Igreja a define assim:

“A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”. (CIC 2558).

16/05/2014

Saiba como se afastar do pecado da inveja!

A inveja não traz felicidade para o nosso coração
Não é sem razão que a Igreja classifica a inveja como pecado capital. Muitos e muitos males provém dela. Diz o livro da Sabedoria que é por causa da inveja que o demônio levou ao pecado nossos primeiros pais no início da história da humanidade.
“Ora, Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sb 2,23-24).
Santo Agostinho dizia que “a inveja é o pecado diabólico por excelência”. E se referia a ela como “o caruncho da alma que tudo rói e reduz a pó”.
A inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros e não se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. Está sempre com aquelas pessoas soberbas, que querem sempre ser melhores do que as outras em tudo. Muitas vezes, ela também é companheira das pessoas inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. Fica torcendo pelo mal do outro, e quando este fracassa, diz em seu interior: “bem feito!”.
O primeiro pecado dos filhos de Adão e Eva foi cometido por inveja. Caim matou o irmão Abel. Abel era pastor e Caim lavrador (cf. Gen 4). Pior do que um homicídio (assassinato de um homem), o crime de Caim, movido pela inveja, foi um fratricídio (assassinato de um irmão).
Também por causa da inveja os filhos do patriarca Jacó venderam o seu filho caçula, José, para os mercadores que o levaram para o Egito.
O caso mais triste que as Escrituras nos relatam, por causa da inveja, é o da morte de Jesus. O evangelista São Mateus deixa claro a razão que os levou a matar o Filho de Deus: “Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: ‘Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?’ Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja” (Mt 27,18).
Vemos, assim, a que ponto chega a inveja. Diante disto, temos que nos acautelar; uma vez movidos por ela, somos levados a praticar muitas injustiças. Quantas fofocas, maledicências, intrigas, brigas, rivalidades, calúnias e ódios acontecem por causa de uma inveja!
O pior de tudo para nós cristãos é constatar que ela se entranha até mesmo nas obras e nos filhos de Deus. Podemos dizer seguramente que muitas rivalidades e disputas que surgem também no coração da Igreja, tristemente são causadas pela inveja, pelo ciúme e despeito.
Ao invés de se alegrar com o sucesso do irmão no seu trabalho para o Reino de Deus, a pessoa fica remoendo a inveja, porque não consegue o mesmo sucesso. O que importa afinal, é o meu sucesso. O invejoso é infeliz com a própria desgraça e com a felicidade do outro.
Precisamos aprender a fazer com que a felicidade do próximo seja um motivo a mais para sermos felizes; não o contrário. A inveja é uma perversão.
Quando o menor sentimento de inveja brotar em nosso coração, precisamos cortá-lo de imediato, com a sábia atitude do “agire contra”; isto é, substituir o sentimento de desprezo por um sentimento de amor, num profundo desejo de que essa pessoa progrida ainda com o sucesso que não conseguimos alcançar. É preciso saber pedir perdão a Deus pelo mau sentimento em nós gerado.
Quem sabe, agindo assim, daremos um tapa na cara do tentador que deseja, a todo custo, semear o veneno da inveja em nossa alma, fomentando a intriga, a maledicência, a rivalidade entre os irmãos. Não o permitamos. São Paulo nos ensina a não dar oportunidade ao demônio para agir em nossa vida. “Não deis lugar ao demônio” (Ef 4,27).
Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade da inveja: “Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos  à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!”
Dizia São Leão Magno que “quando todos estivermos cheios de sentimentos de benevolência, o veneno da inveja há de desaparecer inteiramente”.
O mesmo santo doutor e Papa ensinava que ardem de inveja da perfeição dos outros; e, como os vícios desagradam as virtudes, armam-se de ódios contra aqueles cujos exemplos não seguem.
São João Crisóstomo (†404), o grande patriarca e doutor da Igreja, chamado de “boca de ouro”, mostra bem o perigo da inveja para a vida cristã:
“Nós nos combatemos mutuamente e é a inveja que nos arma uns contra os outros. Pois bem, alegrai-vos com o progresso do vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós”.

15/05/2014

Deus nos faz fortes em meio às tribulações

A Palavra meditada, hoje, está em Salmo 30,5-13.


Iniciemos esta manhã consagrando nossa vida às mãos de Nossa Senhora, porque, quando nós nos consagramos a ela, é a Deus que nos consagramos pelas mãos de Maria. E ela continua a nos dizer: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. É sobre essa confiança – o derramar do óleo da alegria –, que o Senhor nos fala hoje. Ele está enxugando nossas lágrimas, pois um novo dia começa para nós.

“Se de tarde sobrevêm o pranto, de manhã vem a alegria.” Quantas vezes nós dormimos chorando, sem palavras para rezar, com nosso coração partido, e a dor se torna tão grande que a palavra nem vem à boca. Mas como uma noite que passa, a dor também vai embora; e Aquele que faz nascer um novo dia, faz renascer em nós a alegria. Deus nos dá um dia de cada vez para relembrarmos que existe esperança, que a dor não é a última palavra, e sempre há uma palavra de alegria e recomeço.

Se, em nosso coração, formos surpreendidos por uma grande mágoa e por decepções, como uma uma espada que transpassa nossa alma, saberemos que tudo está nas mãos de Deus.

A alegria que se vive, independente de sofrimento, é frágil, pois essa não é provada na dor. Deus preparou um caminho de consolação para nós, e uma alegria suportada ao lado d'Ele não é estéril, fadada a desaparecer, mas perdura, pois se torna uma alegria amadurecida. Assim como a noite passa, o sofrimento também vai passar, pois é Deus quem nos consola. Podemos ver os cuidados do Senhor, quando, após uma notícia ruim, Ele nos manda pessoas para consolar nosso coração.

Deus vem enxugar nossas mágoas com amor. Quando, em nossa vida, experimentarmos a injustiça, não tomemos partido do mal, porque temos o Espírito Santo em nosso coração. O Senhor sempre no abre novas oportunidades, uma nova porta, e nos dá a oportunidade de corrigir nossos erros e recomeçar. É o Espírito Santo quem nos visita, fazendo brotar, em nosso coração, o desejo de começar de novo.

O que deve nos guiar é a certeza de que, se temos Deus ao nosso lado, não há por que nos desesperarmos ou termos medo de sofrer, pois é hora de confiar nas promessas do Senhor para nós. Muitas vezes, olhamos para a vida dos nossos familiares, para os erros passados, e temos medo de que o mesmo aconteça conosco, mas o amor de Deus, no nosso coração, nos garante que sempre há uma chance de recomeçar. Temos a ideia de que um erro pode condicionar toda nossa vida, e corremos de erros em erros até o coração desmaiar de tristeza. Jesus morreu na cruz para que tivéssemos o direito de recomeçar nossa vida, de acertar depois de tantos erros.

O salmista nos fala no versículo 7: “Quando eu era feliz, eu disse: nada vai me vacilar!”, mas aí vieram as tribulações. Como nos perturbamos na hora da dor, do sofrimento! Ficamos cegos, entramos em desespero e temos tendência a desanimar. Mas quem é a pessoa forte? Quem é a pessoa segura? Aquela que foi provada na hora na tribulação.

Nossa vida assemelha-se ao mar. Este passa por calmarias e tempestades. Sua vida já passou por tribulações? Você está passando por tribulações? Saiba que o marinheiro mais seguro não é aquele que se poupou da tempestade, aquele que só navega em tempo bom. Só aguenta firme quem passou por tempestades, pois tem a coragem de seguir em frente.

A primeira vez que somos atingidos pelo sofrimento, desmoronamos. Na hora mais crítica do nosso sofrimento, devemos nos agarrar em Jesus e clamar o Espírito Santo, pois “na Tua bondade, Senhor, me fizeste mais firme que um monte”. Nessa hora, devemos gritar para que o Senhor nos firme durante o momento de tempestade.

Todos querem ser blindados do sofrimento. Deus nos blinda mas não como um carro-forte, mas como grandes árvores, que precisaram passar por várias tempestades. Quanto mais tempestades, mais fortes elas ficaram, mais suas raízes ficaram firmadas. Quando mais sopra o vento do sofrimento, mais as nossas raízes precisam ser enraizadas em Deus.

Dá-nos, nesta manhã, esta graça, Senhor. Se, à tarde, vier o pranto, nesta manhã, queremos abrir o nosso coração para a alegria. Quanto estava acomodado, eu dizia: “Nada vai me fazer vacilar”, mas veio o vento do sofrimento e eu clamei ao Senhor, e Ele me fez mais firme que um monte. A última ordem dessa palavra é cantar louvores a Ele. Vamos juntos orar ao Pai e pedir que Ele venha em nosso socorro. Vamos bendizê-Lo pela graça que já foi alcançada, porque as graças do Senhor já estão sendo derramadas em nós.

Márcio Mendes
Membro da Comunidade Canção Nova.

14/05/2014

Por que deixar para depois?

O hábito de deixar tudo para depois tem perseguido a vida de muitas pessoas.
Domingão à tarde, depois de um almoço bem “diet”, com direito a feijoada, uma torta de nozes com bastante recheio de chocolate meio amargo e um cafezinho doce para fechar o momento “domingueira” cai bem. Melhor ainda, é dizer a mesma ladainha: “só hoje, pois amanhã mesmo vou à academia queimar tudo isso na esteira”. No entanto, essa promessa rola há um bom tempo e muitos domingos já foram palco desse discurso. E a tão sonhada academia nunca recebeu a sua visita.
Segunda-feira chega e com ela a promessa de entregar três textos para a produção do portal, onde você, agora, lê um deles; uma promessa feita pelo autor que fala com você neste momento. Hoje, já é quarta-feira, mas nada de texto! Dos três textos pedidos, somente um foi enviado para a caixa de e-mail da solicitante. Quem sabe seja este o segundo texto?
Marcar de jantar na casa daqueles amigos do tempo de faculdade… Tão sonhado encontro, sempre fica para depois. E o jantar já mudou de cardápio várias vezes; afinal, passaram-se tantas estações desde a primeira promessa!
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Sim, o hábito de deixar tudo para depois tem perseguido a vida de muitas pessoas. Este hábito tem um nome: procrastinação. Nome estranho, não? Sim, bem estranho. Mas é algo que a maioria das pessoas vivem: deixar para depois. Mas há algum mal nisso? Sim e não.
Vamos começar pelo mais fácil. Não há nada de mal deixar, às vezes, para depois uma DR (discutir relação) se esta está para acontecer em meio a uma “briga de ânimos”, quando, com certeza, não se chegará a uma resolução acertada. Então, nada mau deixar para conversar sobre aquele assunto “meio acído” depois, quando ambas as pessoas estiverem dispostas a falar e a ouvir num bom diálogo. Às vezes, precisamos deixar para depois uma tomada de decisão que precisa ser maturada, bem refletida, bem estudada. Catar penas não é tarefa fácil; então, nessa situação, procrastinar seria muito bom! Mas esse hábito de “deixar para depois” também pode ser, sim, um grande mal.
Um exemplo: há dias, você tem sentido falta de ar, taquicardia e desmaios, mas, simplesmente, procrastina sua ida ao médico. Isso pode lhe acarretar sérios problemas! Então, nada de deixar para mais tarde. Fui extremista no exemplo, mas podemos perceber quando a procrastinação é um mau hábito para nós, ou seja, quando constatamos um certo prejuízo em nossa vida social. Quantos relacionamentos terminam, porque a pessoa amada sempre é colocada para depois do futebol, depois do filme, depois da festa etc. Alguns sintomas como estresse, ansiedade, angústia, depressão e graves sentimentos de vergonha e culpa, frente ao não “cumprimento de responsabilidades e compromissos”, podem indicar que algo não vai nada bem!
A maioria das pessoas tendem a procrastinar aquilo que não lhes causa muito prazer, como a declaração do imposto de renda, a conversa com a sogra, a dívida do cartão, a dieta, a arrumação do armário. Mas é bem difícil se procrastinar na hora de tomar um sorvete em um dia ensolarado, dar um passeio no parque sábado à tarde, jogar um futebol no fim de semana, assistir a um bom filme recém-lançado no cinema.
Fica, aqui, a dica para você lutar contra a procrastinação: encontre sentido naquilo que, aparentemente, não lhe causa prazer, mas que, uma vez realizado, o livrará de bons desprazeres!
Ao se determinar a fazer a declaração de imposto de renda no prazo, por exemplo, você evitará vários desconfortos. Mas caso chegue a ponto de não a declarar, você, com certeza, será chamado pela Receita Federal, a fim de dar explicações. Além disso, terá de pagar multa e fazer a declaração assim mesmo, mas, dessa vez, sem procrastinação! Caso esse hábito lhe cause muito sofrimento, é interessante procurar ajuda, pois pode ser o sintoma de algo mais sério.
Um famoso psicólogo americano Joseph Ferrari faz um comentário bem humorado sobre a tendência natural à procrastinação, citando que “a maioria de nós começa o dia procrastinando quando aperta aquele botão do despertador, que permite ficarmos na cama por mais cinco minutinhos”. Ou seja, o equilíbrio sempre será um sinal de saúde!