O Espírito Santo é “a água viva”
que, no coração orante, “jorra para a Vida eterna” (Cf. Jô 4,14). É Ele
que nos ensina a haurir essa água na própria fonte: Cristo. Ora,
existem na vida cristã fontes em que Cristo nos espera para nos
dessendentar com o Espírito Santo.
A Palavra de Deus
A Igreja “exorta todos os fiéis
cristãos, com veemência e de modo peculiar… a que pela freqüente leitura
das divinas Escrituras aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’ …
Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser
acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre
Deus e o homem; pois ‘a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando
lemos os divinos oráculos’” (Sto. Ambrósio).
Os Padres espirituais, parafraseando Mt
7,7, resumem assim as disposições do coração alimentado pela Palavra de
Deus na oração: “Procurai pela leitura, e encontrareis meditando; batei
orando, e vos será aberto pela contemplação” (Cf. Guigo, o Cartuxo,
Scala: PL 184,746C).
A Liturgia da Igreja
A missão de Cristo e o Espírito Santo,
que, na liturgia sacramental da Igreja, anuncia, atualiza e comunica o
Mistério da salvação, prolonga-se no coração de quem reza. Os Padres
espirituais comparam às vezes o coração a um altar. A oração interioriza
e assimila a Liturgia durante e após sua celebração. Mesmo quando é
vivida “no segredo” (Mt 6,6), a oração é sempre oração da Igreja,
comunhão com a Santíssima Trindade (Cf. IGLH 9)
As virtudes teologais
Entramos na oração como entramos na
Liturgia: pela porta estreita da fé. Por meio dos sinais de sua
Presença, procuramos e desejamos a Face do Senhor, e é sua Palavra que
queremos ouvir e guardar.
O Espírito Santo, que nos ensina a
celebrar a Liturgia na expectativa da volta de Cristo, nos educa a orar
na esperança. Por sua vez, a oração da Igreja e a oração pessoal
alimentam em nós a esperança. Especialmente os salmos, com sua linguagem
concreta e variada, nos ensinam a fixar nossa esperança em Deus:
“Esperei ansiosamente pelo Senhor, Ele se inclinou para mim e ouviu o
meu grito” (Sl 40,2). “Que o Deus da esperança vos cumule de toda
alegria e paz em vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a
vossa esperança transborde” (Rm 15,13).
“A esperança não decepciona, porque o
amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que
nos foi dado” (Rm 5,5). A oração, formada pela vida litúrgica, tudo
haure do Amor com que somos amados em Cristo e que nos concede
responder-lhe, amando como Ele nos amou. O Amor é a fonte da oração;
quem dela bebe atinge o cume da oração:
Meu Deus, eu vos amo, e meu único desejo
é amar-vos até o último suspiro de minha vida. Meu Deus infinitamente
amável, eu vos amo e preferiria morrer amando-vos a viver sem vos amar.
Senhor, eu vos amo, e a única graça que vos peço é amar-vos eternamente…
Meu Deus, se minha língua não pode dizer a cada instante que eu vos
amo, quero que meu coração vo-lo repita tantas vezes quantas eu respiro
(S. João Maria Vianney).
“Hoje”
Aprendemos a rezar em certos momentos
ouvindo a Palavra do Senhor e participando do seu Ministério pascal, mas
é em todos os tempos, nos acontecimentos de cada dia, que seu Espírito
nos é oferecido para fazer jorrar a oração. O ensinamento de Jesus sobre
a oração a nosso Pai esta na mesma linha que o ensinamento sobre a
Providência (Cf. Mt 6,11-34). O tempo está nas mãos do Pai; no presente é
que nós o encontramos, nem ontem, nem amanhã, mas hoje: “Oxalá
ouvísseis hoje a sua voz! Não endureçais vossos corações” (Sl 95,8).
Orar nos acontecimentos de cada dia e de
cada instante é um dos segredos do Reino revelados aos “pequeninos”,
aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. É justo e bom
orar para que a vinda do Reino de justiça e de paz influa na marcha da
história, mas é também importante modelar pela oração a massa das
humildes situações do cotidiano. Todas as formas de oração podem ser
esse fermento ao qual o Senhor compara o Reino (Cf. Lc 13,20-21).
Fonte: Catecismo da Igreja Católica nº 2652-2660
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