Pensando bem as coisas, descobrimos na situação da humanidade, ao aproximar-se o fim do segundo milênio, muitas semelhanças com a do povo Hebreu no Egito, quando lhe foi enviado Moisés para o libertar.
Aliás, não seria descabido estudar alguns pormenores dos acontecimentos de Fátima à luz precisamente do capítulo III do Êxodo, onde se fala da vocação de Moises, que é claramente apresentada como um gesto de carinhosa fidelidade de Deus ao povo que nascera da Aliança com Abraão, Isac e Jacob (Ex. 3,6).
Mas o que mais nos interessa neste momento, é a recordação de que o senhor, pelo qual clama o povo em aflição, está perto, escuta esse clamor e ele próprio toma a iniciativa de libertar esse povo, que acompanhará com sinais e prodígios.
O Evangelho, ou, se quisermos, a revelação do Novo Testamento – no centro do qual está a Encarnação do Verbo – é o ponto culminante desta caminhada, Deus com o seu povo, que assim procura libertar-se da escravatura do Egito, símbolo do pecado, a caminho da Terra prometida, símbolo de graça, da Pátria definitiva.
Jesus escolhe doze, um chamamento que está sob figura e imagem em todos os chamamentos que precederam a existência histórica de Jesus, desde Abraão a Maria e ao qual fazem eco às vocações que tornam a Igreja mais capaz de realizar a sua missão.
É assim que nos encontramos com todos aqueles que fizeram e continuam fazendo de Fátima umas das manifestações mais espetaculares da presença de Deus na história da humanidade, neste final do século XX.
E aqui assenta também a exigência de um exame sério sobre o modo como estamos a reagir perante este acontecimento, que é Fátima, porque não se trata apenas de aceitar ou rejeitar o seu caráter sobrenatural.
Estamos perante um acontecimento que, quer queiramos quer não, faz parte de nossa história, já não podemos ignorá-lo, e é preciso que encontremos nele o lugar e o papel exigido pela fidelidade à missão concreta que nos foi confiada no seio do Povo de Deus.
Fonte: Portal da Fé
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