Uma vez que se fala de mensagem, recado vindo do céu, não será de todo importuno refletir um pouco,ainda que de modo muito sumário, acerca da impotência que se deve atribuir a tais afirmações.
Dizer que a revelação pública terminou com a morte do último Apóstolo, sem deixar de ser exato, é talvez pouco claro e pode favorecer uma idéia demasiada, estreita, impessoal, para não dizer puramente formal, de Revelação, como se tratasse de um documento morto, cada vez mais distante de nós, cada vez mais necessitados da meditação dos especialistas para transmitir-nos o seu conteúdo.
Ora, a Revelação é o mento culminante do relacionamento pessoal que Deus quer estabelecer com os homens – a humanidade e cada um de nós, individualmente.
Por isso Jesus Cristo, que é a palavra eterna de Deus feita criatura, constitui o cume de toda a Revelação e a Encarnação, apesar da sua dimensão histórica, é algo que existe eternamente em Deus:
Deus que não fala menos hoje do que há dois mil anos, com os homens, que são a sua imagem – digamos, Seu tu – no seio da Criação.
Quando afirmamos que a Revelação pública terminou com a morte do último Apóstolo, queremos apenas por em realce a novidade absoluta, na perfeita continuidade de Jesus Cristo: a Ele, com efeito, teremos sempre de voltar, quando se levantam dúvidas acerca das palavras que nos põem em comunhão pessoal com Deus. Daí a especial importância dos homens que estiveram em contato direto com ele, ou nos transmitiram o testemunho dos seus companheiros de caminhada terrena.
Mas tais palavras só servem de comunhão na medida em que são vivas: se as ouvimos no momento histórico que é o nosso, mediante o ministério da Igreja, que prolonga o ministério de Cristo.
A igreja, Povo de Deus em marcha, comunidade crente, no seio da qual os homens têm(mesmo que as vezes não dêem conta),um espaço privilegiado de encontro dialogaste com o criador.
E nesta economia de comunhão pessoal com Deus, através da palavra, que insere a dinâmica das revelações ditas particulares: particulares, para não as confundirmos com a revelação pública; mas a Igreja tem o dever de estudá-las,porque, a serem autênticas, estão ao serviço da Revelação pública, explicitam-na, tornam-na especialmente viva em determinados momentos da história, quer dos indivíduos,quer das comunidades.
Essa a razão dos processos canônicos, quando se trata de emitir o parecer Oficial sobre a vida e os escritos dos santos e quando, como foi o caso de Fátima, é preciso dizer aos cristãos o que devem pensar de acontecimentos que se apresentam com especiais sugestões de ordem sobrenatural.
Mas estes processos, ao contrário do que muita gente pensa, não tem uma função puramente negativa, que seria a procura do que em tais vidas, escritos ou acontecimentos pudesse contrair a fé e os costumes:
Não. Eles inserem-se na função magisterial dos Pastores, que têm também o dever de procurar e discernir os sinais de Deus, ajudando os fiéis a tirar deles a vida que a misericórdia divina por ventura oferece, chamando sempre a atenção para determinados aspectos da mensagem evangélica.
Fonte: Portal da Fé
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