No Brasil, a questão é tão grave
que o Ministro da Saúde, José Padilha, afirmou que os acidentes
envolvendo motoristas que consumiram álcool ao volante já são epidemia
no país.
Antes da Lei Seca, em vigor a 4 anos no
Brasil, o número de acidentes e mortes causados pela imprudência crescia
de forma avassaladora. Em São Paulo, por exemplo, chegou-se a 50 mil
ocorrências de acidentes seguidos de morte em todos os 645 municípios de
São Paulo de 2001 a 2010. Com a tolerância zero da Lei Seca e mais
fiscalização este número baixou para 16% na capital e 7,2% nos
demais municípios segundo pesquisa da USP em Agosto de 2012.
Os números mostram uma queda no número de acidentes e mortes no trânsito
em decorrência do álcool, mas muito longe ainda do que se espera.
Você pode perguntar: “o que tudo isso tem a ver comigo?”.
Tem a ver e muito, pois, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o país desembolsa, a cada ano, 22 bilhões de
reais com acidentes nas rodovias, ou seja, o contribuinte está pagando
toda essa perda. No entanto, o mais grave não está nos gastos públicos,
mas na vida de milhares de jovens que aparecem como as principais
vítimas dessas estatísticas.
“O camarada vai a uma festa, bebe além
da conta e vai dirigir, aí causa um acidente tendo sérios problemas e
destruindo famílias, causando danos a toda sociedade”, diz o psiquiatra
Nilton Lyrio.
Por que bebida e direção não combinam?
Alguém que está sob o efeito do álcool
perde totalmente, ou em grande parte, a sua capacidade neuromotora.
Aquele obstáculo que parece estar a 10 metros para uma pessoa
alcoolizada, na verdade, está muito mais próximo do que ela imagina”,
explica a psicóloga Elaine Ribeiro.
Confira a matéria especial sobre álcool e juventude
O álcool é uma substância facilmente
absorvida pelo organismo. Depois de alguns minutos após a ingestão de
alguma bebida alcoólica, a droga já está correndo no sangue e chegando
aos principais órgãos vitais do corpo; um deles é o cérebro. Essa
substância altera a comunicação entre os neurônios diminuindo as
repostas do cérebro ao organismo. As principais áreas afetadas são o
córtex frontal (responsável pela coordenação motora do nosso corpo) e o
cerebelo (responsável pela leitura espacial do corpo e do equilíbrio).
Assim, uma pessoa que bebe, sobretudo de forma exagerada, perde a
capacidade de resposta motora e espacial, aptidões essenciais para
conduzir um veículo.
Além do bafômetro (medidor do teor de
álcool ingerido), a polícia dos Estados Unidos da América também utiliza
faixas amarelas para que o motorista ande sobre elas ou faça o famoso 4
(com as pernas). Se o cidadão ingeriu álcool além da conta, seu
cerebelo vai perder a noção de equilíbrio e não conseguirá executar a
simples tarefa de andar sobre uma linha reta estendida no chão. Assim
será facilmente identificado e punido por consumir bebida alcoólica e
dirigir.
Questão de educação?
Países como França, Alemanha, Itália e
Japão assistem aos índices de morte no trânsito caírem há mais de 10
anos. Medidas como fiscalização, leis mais severas e estradas em boas
condições foram colocadas em prática de forma rigorosa. Mas junto a tudo
isso, um trabalho de educação com toda a sociedade – sobretudo com as
crianças nas escolas – também fez toda a diferença. Para se ter uma
ideia, no Japão há mais acidente com bicicletas (sem mortes) do que com
veículos.
Diante do número de pessoas que morrem
todos os anos no Brasil temos duas alternativas: fazer a nossa parte
como cidadãos, transformando-nos em educadores de jovens e crianças, ou
nos acostumarmos com as notícias de famílias sendo destruídas por causa
do álcool.
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Fonte: Canção Nova - DESTRAVE
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