Os últimos Papas têm convocado os fiéis católicos para participar da política ativamente. Sabemos que a política correta é um meio forte de viver a caridade, pois visa ao bem comum, especialmente dos mais desamparados, doentes, pobres, desabrigados, sem escolas, entre outros. Na comemoração dos 150 anos de unidade da Itália o Papa Bento XVI fez um apelo para que os bispos incentivem os católicos a participar da vida pública. Disse: “A fé, de fato, não é alienação: são outras as experiências que contaminam a dignidade do homem e a qualidade da convivência social”.
O  Santo Padre pediu aos bispos que estimulem os fiéis leigos a “vencer  todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e a participar em  primeira pessoa na vida pública”, para construir uma sociedade que  respeite plenamente a dignidade humana.  Infelizmente criou-se  entre nós católicos uma cultura perigosa de se afastar da política por  ela ser exercida, muitas vezes, por corruptos e imorais. Ora, sabemos  que há a boa política e também a politicagem; o político e o  politiqueiro. Não podemos queimar a política por causa da politicagem,  temos que afastá-los do poder por meio do voto.  A Igreja insiste na  participação dos fiéis na política, senão vejamos. 
O Concílio Vaticano II declara na “Gaudium et Spes”: 
"Lembrem-se,  portanto, todos os cidadãos ao mesmo tempo do direito e do dever de  usar livremente seu voto para promover o bem comum. A Igreja considera  digno de louvor e consideração o trabalho daqueles que se dedicam ao bem  da coisa pública a serviço dos homens e assumem os trabalhos deste  cargo" (GS 75).
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) insiste:
CIC §899 - "A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente  necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para  impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as  exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento  normal da vida da Igreja".
CIC §2442 - "Não cabe aos pastores da  Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da  vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem  por própria iniciativa com seus concidadãos. A ação social pode  implicar uma pluralidade de caminhos concretos. Terá sempre em vista o  bem comum e se conformará com a mensagem evangélica e com a doutrina da  Igreja. Cabe aos fiéis leigos "animar as realidades temporais com um  zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça".
Noto  que, por exemplo, nos Sites da internet, no Facebook e no Orkut muitos  cristãos assumem com orgulho a identidade católica, mas desprezam a  política, como se fosse apenas atividade dos maus. O povo precisa  aprender a fazer política honesta; e para isso é preciso criar uma  cultura sadia. É preciso ensinar o povo a não vender o voto por uma  cesta básica, um emprego prometido, o agrado de um candidato, entre  outros. Muitos, infelizmente, votam com a barriga ou com o coração, mas  não com a consciência.
Esse é o problema do Brasil hoje. Os bons  fogem da política e a deixam nas mãos dos maus, com exceções, é claro.  Cada cristão está obrigado a esta tarefa.
Martin Luther King, aquele importante pastor negro americano que liderou a luta contra o racismo nos Estados Unidos da América, na década de 60, e que foi assassinado por isso, afirmava: “Não tenho medo dos maus, dos violentos, dos corruptos, só tenho medo do silêncio dos bons”.

Felipe Aquino 
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


 
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