14/02/2011
Saul – A tentação de agir na carne
A história do rei Saul está no primeiro Livro de Samuel, do capítulo 8 ao 31, mas nos deteremos nos capítulos 9 a 15 para verificar as causas da rejeição de Deus a Saul e os motivos da transferência da realeza deste para Davi.
Quando Saul é ungido como rei, o Espírito Santo mudou-lhe o coração (cf. I Sm 10), mas não permaneceu nesta unção, porque não se deixou conduzir por Deus para governar Israel. Em vez disso, preferia agir seguindo os impulsos da carne. Por isso foi caindo no desagrado de Deus.
O primeiro pecado de Saul aconteceu quando ele estava diante de uma batalha contra os filisteus (cf. I Sm 13). Ele sabia que não adiantava guerrear sem primeiro consultar o Senhor. Esperava por Samuel, sacerdote de Deus, para este fazer uma cerimônia e consultar o Senhor. E como o sacerdote [Samuel] demorasse a aparecer, o rei se fez de sacerdote, oferecendo sacrifícios ao Senhor:
“Pensei comigo: Agora eles vão cair sobre mim em Gálgala, sem que eu tenha aplacado o Senhor. Por isso ofereci eu mesmo o holocausto” (I Samuel 13,12).
A resposta de Samuel, que chega após o rei ter errado, é que o seu reino não subsistirá, pois procedeu Saul nesciamente, seguindo os impulsos do coração. Ele não havia recebido unção para ser sacerdote, mas para ser rei. Mas, no limiar da guerra, Saul desobedeceu a Deus, fazendo-se sacerdote, fazendo um trabalho fora de seu chamado. Ele agia voluntariamente, seguindo o que pensava e não conforme o pensamento de Deus.
Também o músico pode cair na mesma tentação de Saul quando se envolve num trabalho para o qual não foi ungido, para o qual não foi chamado. É como se alguém se dispusesse a arrumar sua casa, na maior boa vontade. Só que essa pessoa não entende de arrumação nem sabe onde você coloca os utensílios, por isso, vai guardando tudo no lugar errado. Chega um momento em que você tem de dizer: “Pare! Deixe que eu mesmo arrumo!” Assim fez Saul: não entendia do sacerdócio, mas se fez de sacerdote, causando assim mais males do que bem.
No capítulo 14, de I Samuel, encontramos de novo Saul dando uma ordem imprudente, ou seja, a de não comer nada no meio da batalha. Como o povo foi perdendo suas forças pela fome, a batalha foi se estendendo sem que terminasse. Também o músico quando segue os impulsos da carne dá ordens imprudentes, tolas, perdendo assim toda a autoridade espiritual.
Saul comete um novo pecado ao desobedecer ao mandamento do Senhor de não poupar nada do espólio de guerra, poupando o melhor das ovelhas e dos bois para sacrificar ao Senhor. A intenção de Saul até era boa, mas não partia da vontade de Deus. Era uma boa ideia, mas que não vinha de Deus Pai. O servo do Senhor na música tem de seguir não suas “boas ideias”, mas as inspirações de Deus. É um erro querer fazer algo deduzindo que se está fazendo a vontade de Deus. É como se eu dissesse ao Altíssimo: “Venha atrás de mim, pois sei o caminho! Ou ainda: Abençoe-me, Senhor, pois a minha ideia é maravilhosa!”
É uma grande tentação para o músico agir como Saul, que preferia seguir o próprio pensamento, que só agia na carne, sem obedecer ao Senhor. Devido à desobediência dele, o Senhor chamou Davi para ser rei em seu lugar. Assim acontece com o músico que age na carne no serviço do Senhor: logo será substituído por alguém que contenha a realeza de Deus. O Reino de Deus é servir. Deus Pai substituirá, logo, logo, o músico que age segundo os impulsos da carne por alguém que O sirva como Davi.
Trecho extraído do Livro: "Formação Espiritual de Evangelizadores na Música" de "Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus"
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