08/09/2010
Chamados para o céu
No dia em que nós celebramos a Independência do Brasil, no dia em que rezamos pelo nosso país, gostaria de tocar num assunto muito delicado sobre como educar os nossos filhos. Educar para o céu significa toda uma visão diferente, toda uma forma de enxergar a vida de forma diferente neste mundo. Nós cristãos olhamos para o mundo de uma forma diferente, que é pela fé.
Eu gostaria de tomar o tema que o Papa Bento XVI escolheu para a Jornada Mundial da Juventude 2011, que será em Madri, capital da Espanha. O Papa escolheu como tema um versículo da Carta de São Paulo aos Colossenses 2, 6-7: "Assim como acolhestes o Cristo Jesus, o Senhor, assim continuai caminhando com ele. Continuai enraizados nele, edificados sobre ele, firmes na fé tal qual vos foi ensinada, transbordando em ação de graças".
O Santo Padre nos fala de vigor, de firmeza, de estar firmes na saúde. Mas na fé todos nós - inclusive os adultos - precisamos estar firmes, no entanto, muito mais os jovens, porque uma árvore que está crescendo se não tem raiz ela cai facilmente.
Diz o Papa: “O jovem não quer saber tanto de estabilidade, o jovem quer o desafio, o jovem quer o heroísmo, o jovem quer uma vida grande, ele não quer esta comodidade”.
Eu tenho certeza de que esta carta foi mesmo escrita por Bento XVI porque ele escreve coisas de sua juventude. Ele está falando de uma juventude que estava vendo um mundo louco, vendo Hitler - com seus seguidores - levar milhões de pessoas para os campos de concentração. Até ele teve de entrar na Juventude Nazista - porque era obrigado - mas ele nunca lutou na guerra, fazia mais um trabalho braçal. A família dele era contra o regime nazista, por isso, teve de fugir para uma cidade mais distante, para não sofrer os danos desse regime [nazista], por isso, Bento XVI afirma que "nós jovens queríamos ir contra tudo isso".
Agora vamos pensar: e os nossos jovens, como estão? Será que os nossos jovens estão sonhando com algo realmente grande, com algo heróico? Olhando para a juventude aqui do Brasil, nós vemos que tanto o rapaz quanto a moça, já no início da sua vida, estão envelhecidos, já possuem um coração envelhecido porque não sonham mais. O rapaz e a moça não sonham mais e estão fechados em si mesmos porque não esperam mais nada da vida, visto que em nossa sociedade liberal eles podem experimentar de tudo, ou seja, droga, sexo, com um governo liberal que deseduca os jovens colocando camisinhas nas escolas.
Uma pesquisa muito triste das Organizações das Nações Unidas (ONU) revela que o jovem brasileiro é o que perde a virgindade mais cedo no planeta. Por quê? Porque nós vivemos esta loucura de jogar os nossos jovens cada vez mais cedo em todo tipo de experiências. Nós, já desde cedo, os [nossos jovens] colocamos no conformismo deste mundo e oferecemos a eles o que existe de pior.
Todos nós temos uma vocação para algo grandioso. A virtude que nos lança para este algo grandioso é a magnanimidade, ou seja, nós somos chamados para algo sublime, para o algo a mais. Mas, infelizmente, nós vemos o contrário, os nossos jovens estão contentes e felizes em serem “animaizinhos”, porque o termo de comparação que os nossos educadores colocam para eles [jovens] é que somos todos animais, não passamos de macacos que perderam pêlo e ganharam um pouco mais de cérebro.
Agora veja que comparação: se o macaco tem vontade de se acasalar, o que ele faz? Ele faz o sexo, se acasala; pronto e acabou. Se ele tem vontade de comer ele vai e come. Se ele que subir na árvore, ele sobe. Mas nós não somos escravos desta animalidade, fomos feitos para uma liberdade maior, para uma aventura para a qual nenhum animal ou ser vivo desta terra foi feito, porque fomos feitos para a aventura de amar, fomos feitos para Deus. Nenhum macaco é capaz de amar e nenhuma massa maior de cérebro é capaz de explicar esta aventura de amar, esta graça de dar a vida para os outros. Quando nós vemos aquele Homem pregado na cruz nós vemos o quê? Um macaco!? Não! Nós vemos ali o amor.
O Sumo Pontífice, ousadamente, afirma que somente em Jesus Cristo nós encontramos a verdadeira vocação para o amor. O Papa tem a ousadia de declarar isso em meio a uma pluralidade de religiões que dizem que toda religião salva, que cada um deve "ficar na sua". Sua Santidade afirma: "Não! Só Jesus [salva]!"
Todo jovem que tem um coração juvenil sabe que ele tem uma vida inteira pela frente, ele sabe que é chamado a algo superior, por isso é triste ver esta juventude envelhecida, que está acanhada, porque o nosso jovem está sem fibra. Encontramos jovens com 15 nos de idade deprimidos, e isso não existia antes. Estamos presenciando clínicas psiquiátricas cheias de jovens deprimidos, doentes e desiludidos. Tanto na escola como na gangue ou no grupo do qual ele faz parte, ele recebeu uma promessa de felicidade falsa. Porque o pecado promete algo que ele não é capaz de realizar.
Nós poderíamos até "processar" satanás, deveríamos levar o diabo para o "Procon", porque ele [diabo] promete algo que não pode dar, ele promete felicidade, mas o que vem é a tristeza. Falsa felicidade: "Vá, faça sexo e você vai ser feliz", ensina ele. E o jovem faz sexo com a namorada e não encontra a felicidade. Daí ele pensa: "Acho que se eu o fizer com outro rapaz eu serei feliz". Depois faz sexo com outro rapaz e também não encontra a felicidade; então faz sexo grupal e também não a encontra. Daí ele acha que falta uma droga, ele experimenta de tudo e, no final, está velho e desiludido, porque foi prometido a ele uma felicidade neste mundo, mas, neste mundo, não existe felicidade plena. Este mundo não é capaz de nos dar isso. Quando você promete e educa seu filho para ser feliz aqui neste mundo você o está condenando, você o está levando para a decepção e a desilusão.
Eu estou dizendo que o grande culpado da infelicidade dos jovens é o materialismo, e o nosso país é um país com uma raiz profundamente materialista. Materialista é a pessoa que acha que o mundo material é mais importante que o espiritual. E o diabo sabe que o mundo espiritual é real e muito mais importante do que o material, daí ele transforma você num macaco, diz a você que deve libertar os seus instintos e então o faz preso às coisas materiais.
Somente nós somos capazes de desobedecer a Deus, porque somos livres, porque temos a mais sublime vocação: a de sermos filhos d'Ele. Ser materialista é considerar que a matéria é mais importante que tudo.
Vamos pegar as duas grandes tendências materialistas da nossa sociedade, as quais nos aprisionam a este mundo: a capitalista e a socialista. A tendência capitalista liberal procura felicidade no dinheiro e em ser livre da moral. Dizem eles: "Nós precisamos aproveitar esta vida, já passou esta moral antiquada de fazer sexo depois do casamento, de não ver pornografia. Se o dinheiro é capaz de comprar pode fazer, porque o mercado é que vai cuidar de tudo". Daí você encontra a desilusão, porque o capitalista é capaz de ter dinheiro, mas a felicidade não vem.
De outro lado, nós temos os socialistas, os marxistas, os comunistas. Enquanto o capitalista diz: "Eu não sou feliz porque eu ainda não tenho o dinheiro suficiente", o socialista diz: "Eu não sou feliz porque o outro tem dinheiro demais". Então enquanto um peca por soberba o outro peca por inveja.
O nosso país vive uma realidade triste de que todo brasileiro trabalha quase a metade de um ano inteiro para sustentar o Governo por meio dos impostos. Para o Governo fazer o que com nosso dinheiro? Distribuir camisinhas nas escolas, distribuir lubrificante para se fazer sexo de qualquer tipo, e assim, nós alimentamos a "cobra" que um dia vai nos picar.
Tanto o capitalismo quanto o socialismo acham que a felicidade está na matéria e, dessa forma, os nossos jovens estão sendo educados para este mundo. É só você pegar um jovem de periferia e vai ver que o sonho dele são sonhos materiais, coisas, felicidade do corpo, possuir riquezas. Uma coisa é felicidade; outra, é prazer. A felicidade é da alma, o prazer é do corpo. Nós não podemos buscar felicidade no corpo porque não somos vacas, não somos chimpanzés! Temos uma vocação muito maior.
Quando uma vaca tem relações sexuais ela não pergunta para o touro: "E aí? Foi bom para você?". E ela também não entra em crise quando ela descobre que aquela relação sexual não significava nada para ele [touro]. A vaca não entra em crise se o touro fez sexo com ela, sem amá-la de verdade, porque esse animal não tem alma. No entanto, meus irmãos, nós estamos ensinando nossos jovens a serem animais, a viverem do material, a viverem do prazer físico. Os nossos jovens colocaram na cabeça que a felicidade está no prazer físico; e daí, de tanto prazer físico a pessoa diz: "Eu senti o prazer físico, mas não sou feliz!".
Nós precisamos ensinar os nossos jovens para algo de grande, precisamos ensinar a eles que são chamados a viver a vida eterna com Deus, porque somente assim nós teremos vida, saúde e firmeza na nossa fé. É isso que o Papa Bento XVI quer transmitir aos jovens.
Por isso o Santo Padre fala algo que está totalmente fora da moda neste mundo:
"Se você quer ser feliz, abrace a cruz". Pode parecer que a cruz seja a destruição total e completa de qualquer sonho de felicidade, seja sinal de um mundo de angústia, dor e miséria, mas se nós mergulharmos na cruz vamos descobrir que dali jorra uma fonte de amor e vida eterna, e fazer a experiência de tocar Jesus com as nossas mãos. Fazer a experiência de tocar Cristo nos sacramentos. E aqui é que o Papa abre uma vitrine imensa, quando ele fala da Eucaristia, que devemos descobrir o nosso chamado na cruz e na ressurreição: "Se alguém quer me [Jesus] seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga".
É preciso, de alguma forma, mortificar os caprichos do nosso corpo. Se você só procurar o prazer do corpo o tempo todo, o salário será a desilusão e a morte. Não é difícil ver jovens que estão mortos - no corpo e na alma - porque buscaram a todo momento a felicidade no prazer do corpo.
Quando você abraça a cruz de Cristo, quando você resolve dizer: "Chega de buscar a felicidade deste mundo!", você começa a olhar para a verdadeira vocação de todos nós, que é o céu. Nós, quando participamos da Santa Missa, mergulhamos nesta verdade do Cristo que se entrega por amor. Na Missa eu vejo o meu coração e o Coração de Jesus Cristo. O meu coração que procura a felicidade neste mundo físico e vejo o Coração d'Ele, que se entregou por amor, e então eu encontro o Coração d'Ele no meu coração, a Alma d'ele na minha alma, e eu tenho força para, neste mundo, amar.
Vamos olhar para a vida dos santos, não existe um sequer, ainda que tenha trabalhado para um mundo melhor, não existe um santo que tenha buscado construir um paraíso aqui nesta terra. Madre Teresa de Calcutá, que se doou para os pobres, nunca pensou em viver um paraíso aqui nesta terra. Ela sabia que a felicidade plena está no céu.
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