25/03/2010

O Ventre de Maria foi o primeiro Sacrário da face da terra


A humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza, pela força, a mortalidade, pela eternidade. Para saldar a dívida de nossa condição humana, a natureza impassível uniu-se à natureza passível. Deste modo, como convinha à nossa recuperação, o único mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, podia submeter-se à morte através de sua natureza humana e permanecer imune em sua natureza divina.

Por conseguinte, numa natureza perfeita e integral de verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, perfeito na sua divindade, perfeito na nossa humanidade. Por “nossa humanidade” queremos significar a natureza que o Criador desde o inicio formou em nós, e que assumiu para renová-la. Mas daquelas coisas que o Sedutor trouxe, e o homem enganado aceitou, não há nenhum vestígio no Salvador; nem pelo fato de se ter irmanado na comunhão da fragilidade humana, tornou-se participante dos nossos delitos.

Assumiu a condição de escravo, sem mancha de pecado, engrandecendo o humano, sem diminuir o divino. Porque o aniquilamento, pelo qual o invisível se tornou visível, e o Criador de tudo quis ser um dos mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não uma falha do seu poder. Por conseguinte, aquele que, na sua condição divina se fez homem, assumindo a condição de escravo, se fez homem.

Entrou, portanto, o Filho de Deus neste mundo tão pequeno, descendo do trono celeste, mas sem deixar a glória do Pai; é gerado e nasce de modo totalmente novo. De modo novo porque, sendo invisível em si mesmo, torna-se visível como nós; incompreensível, quis ser compreendido; existindo antes dos tempos, começou a existir no tempo. O Senhor do universo assume a condição de escravo, envolvendo em sombra a imensidão de sua majestade; o Deus impassível não recusou ser homem passível, o imortal submeteu-se às leis da morte.

Aquele que é verdadeiro Deus é também verdadeiro homem; e nesta unidade nada há de falso, porque nele é perfeita respectivamente tanto a humanidade do homem como a grandeza de Deus.

Nem Deus sofre mudança com esta condescendência da sua misericórdia nem o homem é destruído com sua elevação a tão alta dignidade. Cada natureza realiza, em comunhão com a outra, aquilo que lhe é próprio: o Verbo realiza aquilo que é próprio do Verbo, e a carne realiza o que é próprio da carne.

A natureza divina resplandece nos milagres, a humana, sucumbe aos sofrimentos. E como o Verbo não renuncia à igualdade da glória do Pai, também a carne não deixa a natureza de nossa raça.

É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repetir – verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. É Deus, porque no principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus: e o Verbo era Deus. É homem porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,1. 14).

Das Cartas de São Leão Magno, papa
(Epist. 28, ad Flavianum, 3-4: PL 54,763-767 Séc. V).


Meditando neste magnífico mistério da Encarnação do Senhor pensamos: então o ventre de Maria realmente foi o primeiro Sacrário da face da terra, ela foi quem primeiro adorou Jesus Cristo salvador. O sim de Maria a salvou em primeiro lugar e esse é o seu grande mérito. Ela é a primeira adoradora em espírito e verdade, por isso, mestra e modelo de todo adorador. O mesmo Jesus pequeno, gerado pelo Espírito Santo, ainda embrião no seio de Nossa Senhora é o mesmo Jesus crucificado por amor e Ressuscitado para a nossa vitória. Logo depois que soube que estava grávida e com ela também sua prima Isabel, mãe de João Batista, carregou consigo Jesus e o Espírito Santo pelas montanhas para confirmar João e exercer o serviço do amor. Foi o primeiro grande Pentecostes, ou seja, batismo no Espírito Santo na história.

“Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada; e, desde o ventre da mãe, ficará cheio do Espírito Santo. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (cf. Lc 1, 15.41).

O nosso desejo é acolher Jesus e aprender com Maria nesta escola a adorar, a viver a experiência da Eucaristia, do batismo no Espírito Santo e a ser grandes intercessores pela salvação do mundo. Contra o aborto, anunciar a salvação a tantas mães e crianças que morrem vitimas desta crueldade. Mãe ensina-nos a mar, adorar e acolher o mistério de nossa vocação.

Oração A Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Virgem imaculada, Mãe do Salvador, cuja carne e sangue tomados em vosso castíssimo seio nos alimentam na divina Eucaristia, nós vos saudamos sob o título de Nossa Senhora do SS. Sacramento, porque fostes a primeira a praticar os deveres da vida eucarística, ensinando-nos, com o vosso exemplo, a assistir ao santo sacrifício da missa, a comungar menos indignamente e a visitar frequentemente e com devoção o augustíssimo sacramento do altar.

Ó Maria fazei que, seguindo os vossos passos, possamos cumprir sempre mais perfeitamente nossos sagrados deveres e mereçamos assim a eterna recompensa. Assim seja.

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