No Santo Evangelho, narrado segundo São Lucas capítulo 15, vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens.
Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de mérito e se escandalizam com a solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. Refletindo sobre a terceira parábola lucana, vemos que ela tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
Popularmente, nós a conhecemos como "A parábola do filho pródigo". Ela nos ensina a destacar a conversão na iniciativa de Deus. Em Sua Misericórdia, Ele prepara e aceita os primeiros sintomas de arrependimento. Como sempre, o Senhor está de mãos estendidas para nós. Quase nos toca, só falta um pequeno gesto nosso para que Ele nos abrace carinhosamente em Seu amor. Seu perdão é completo e sem reprovações. O Reino de Deus exulta de alegria quando um pecador é convertido.
Essa parábola [do filho pródigo] resume a história da salvação e constitui também uma síntese da história pessoal de cada um de nós. O filho mais novo se emancipa, fracassa e retorna. Da parte do pai é uma questão de amor e paciência. Da parte do filho é todo um processo psicológico de ida e volta, de fuga e retorno. Esse filho reflete uma situação comum na nossa humanidade: a imagem do homem pecador que se afasta de Deus e, depois, volta para Ele.
A saga do filho pródigo é uma história muito bonita, que mostra a grandiosidade de Deus e Seu infinito e misericordioso amor, e a nossa fragilidade, miséria e pecado.
O filho mais novo reconhece seus erros e volta, arrependido, esperando o menos, ou seja, que o seu pai o aceite como empregado. É motivo de festa para o genitor.
Mas essa história nos alerta para um erro oposto: o farisaísmo. Muitas vezes, estamos mais perto de Deus do que outros irmãos, mas, mesmo assim, o nosso egoísmo nos afasta d'Ele. Achamos que merecemos mais, que somos melhores do que os outros. O filho mais velho é também pecador, considera-se perfeito e se revolta pela festa que o pai faz para o mais novo.
O pai sai ao encontro de ambos, um muda de vida e é justificado, o outro fecha-se em sua soberba e egoísmo. Mas este também é filho e também é amado. Como disse o pai: “Tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu”.
É tempo de conversão. Mas não somente para aqueles que se afastaram de Deus e retornam. É preciso haver conversão, com a mesma intensidade, entre os que se consideram muito bons e até melhores do que o comum das pessoas. Assim somos convidados nestes dias, que nos antecedem a celebração da Páscoa do Ressuscitado, para procurarmos um confessionário e fazer uma boa confissão auricular, individual, acusando nossos pecados e pedindo a Misericórdia de Deus pela absolvição sacramental de um sacerdote.
A conversão, que é preparada por Deus, mas que exige a nossa atuação, é um processo lapidador, que vai nos tornando sempre melhores do que éramos, mas nunca melhores do que nossos irmãos.
Se todos e cada um de nós nos déssemos as mãos, não haveria – como para o Pai celeste não há - melhores, nem piores. Haveria, sim, uma multidão que quer se salvar, salvando o mundo. Sozinhos, nada somos. Juntos, unidos, despidos de egoísmo, seremos os construtores de um mundo melhor, mais fraterno, cheio de alegria, felicidade e paz. Em suma, plenos de Deus.
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