09/08/2009

Não é fácil perdoar quem nos magoou


Quando isso acontecer, procure ler o livro do Eclesiástico, que é chamado “Literatura Sapiencial da Bíblia”. São livros que falam da sabedoria de viver, às vezes, sem mencionar explicitamente Deus. Sempre falando de quem não tem misericórdia, não perdoa e quer ser perdoado. As frases são exclamativas. É como se o sábio estivesse dizendo: Como é que pode!? Onde já se viu!?



Na verdade, até um ateu seria capaz de entender que não temos o direito moral de exigir dos outros o que nós mesmos não fazemos. É uma questão de bom-senso nas relações humanas. A caridade necessária para reconstruir relações feridas. Depois que o mal se instala, não basta a boa vontade normal, é necessário um certo grau de generosidade heróica para restabelecer o que se perdeu.

Por isso o Evangelho nos exige mais. Pedro sabia que perdoar seria um ato de caridade que agradava ao Pai. Então propõe a Jesus um limite que era bem razoável: o dever de perdoar até sete vezes.


Jesus não aceita e manda perdoar sempre (70 x 7 - número simbólico).


Por que? Na verdade Jesus quis dizer que não há limites no perdão. Não perdoar é fechar o caminho, é dizer ao outro que ele não tem chance de se corrigir. Para entender com maior clareza a argumentação sobre a necessidade de perdoar tantas vezes, leia Mateus 18, 21-35. É óbvia a intenção de fazer perceber a enorme desproporção entre o tanto que Deus sempre nos perdoa e a mesquinharia das nossas cobranças.



Alguns anos atrás também o pai de Martin Luther King deu grande testemunho sobre o perdão. No dia do seu falecimento foi celebrado um grande culto memorial em Atlanta, na igreja onde ele havia servido como pastor durante quarenta anos. Houve muitas homenagens. O ex-presidente Carter o elogiou e o vice-presidente Busch, representando o presidente Reagan, falou dele como “um grande herói americano que manteve uma vigília pastoral contra a intolerância e a injustiça, em favor do perdão.


Com nobre determinação ele ensinou a Nação a viver à altura dos seus maiores ideais fundamentais. Ele deixou um legado para finalmete romper as algemas da intolerância”. “Papai King”. assumiu uma postura pública em apoio aos direitos humanos. Obteve uma vitória pessoal contra o rancor, o que poderia parecer um legítimo desejo de vingar erros depois que o filho e esposa foram assassinados. Esse empenho o marcou como um homem que atingiu um nível de maturidade cristã que poucos de nós poderiam alcançar.



A falta de perdão tem suas consequencias pesadas para quem não perdoa. Rancor, amargura, as pessoas a seu lado o atrapalham, o cantar dos pássaros o atrapalha, o sol é quente demais, enfim, tudo vai mal a seu lado. Às vezes a falta de perdão é mais estressante

para que recusa perdoar do que aquele que não é perdoado.



Tente! Do momento em que abrir seu coração para o perdão, verás o alívio que isso traz. É como uma ferida que cicatriza, dos dois lados. Quem não consegue perdoar contrai para si uma prisão de rancor que amargura a vida. O ser humano é orgulhoso e muitas

vezes não tem coragem em dizer: Você me perdoa mas se sente perdoado em gesto como um aceno de mão, um sorriso, um bom dia.

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