22/07/2017

Um escudo para os nossos relacionamentos

Castidade é mais que é um escudo, é a expressão do amor

Uma verdadeira amizade em Cristo não é governada pelos instintos nem motivada por interesses, mas é uma escolha mútua, que tem valor por si mesma. Os amigos em Cristo se unem no amor recíproco em favor dos outros. Não são fechados em si mesmos. Toda amizade precisa ser purificada; e algumas coisas podem destruí-la: injúria, calúnia, arrogância (o que impede a correção) e a traição.
Um santo diz que se acontecer de você ser agredido por um amigo, que você deve suportá-lo até que o possa. Assim você vai render honra à velha amizade. A amizade verdadeira, de fato, é eterna. Quem é amigo sempre ama. Devemos nos preocupar com o bom nome do amigo e não revelar jamais os segredos dele; mesmo que ele tenha revelado os nossos.

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Foto: by Getty Images

Castidade

Hoje, eu gostaria de falar de um assunto diferente, ainda dentro do plano da amizade, que é fundamental para todas as idades. Queria falar de uma amizade, que é um fruto do Espírito Santo. Queria falar – com a Santíssima Virgem como nosso modelo – da amizade à castidade. Pois não podemos pensar num mundo novo sem a castidade. Esse mundo, que está aí, está desmoronando por falta dessa virtude. E um dos sinais é que ele está perdendo o sentido da vida, que é Deus e o amor. E qual é a coroa do amor? A castidade. Aquela pedra de toque que dá potência ao amor e o leva à plenitude.
A castidade é um escudo para os nossos relacionamentos. Mais que um escudo é uma expressão do verdadeiro amor. Ela nutre e potencializa o amor. Quando falta essa virtude [castidade], o amor perde a força em nós e nos tornamos presas fáceis do desamor, da violência e da degradação. A castidade é um segredo que os jovens cristãos têm para a sua vida; no entanto, o mundo de hoje perdeu a beleza dessa virtude nobre. Ela [castidade] é vista como um tabu, moralismo, preceito, obrigação.
Quem é casto ama por inteiro, não se dá por partes. Sabe por que o mundo perdeu o sentido da castidade? Porque perdeu o sentido de quem é Deus e quem é o amor. Portanto, como o mundo não sabe quem é Deus – e Deus é amor – não sabe o que é amor. E como não sabe quem é Deus, também não sabe quem é o homem. Porque só Deus pode revelar quem é verdadeiramente o homem.

Ato de amor

O homem não é separado. Contudo, é isso que o mundo faz hoje com ele, ou seja, o separa. Começa a usar o corpo com um princípio utilitarista, como se “nosso corpo” não fosse “nós”, como se pudéssemos separá-lo. Dessa forma, começa-se a pensar: “Eu posso usar meu corpo para me autossatisfazer egoisticamente (que é o pecado da masturbação, por exemplo, como se isso não ferisse o que somos por inteiro). E posso também usar o corpo dos outros para o meu bel-prazer; posso ficar com quantas meninas eu quiser numa noite (e vice-versa, as meninas também podem ficar com quantos quiserem). Meu corpo é apenas algo que eu uso como uma borracha, um lápis”.
Parece que nós nos enganamos. Cada união íntima de corpos é como um pedaço de você dado ao outro, porque seu corpo está intimamente ligado à sua alma. Em cada relação sexual feita fora do matrimônio, não pense que você está dando e recebendo prazer. Engano. Em cada relação sexual assim você está dando um pedaço de você para sempre àquela pessoa.
A castidade é um grande dom, que faz com que compreendamos a unicidade do nosso ser. Esse abraço, essa boca e esse beijo sou eu. Se eu vivo no pecado, eu me destruo e destruo os outros.
Por isso, meu irmão, o meu e o seu corpo não foram criados para um prazer egoístico, para a sensualidade que fere o nosso ser. A presença da castidade gera felicidade, dignidade, grande capacidade para amar, para se doar – não por pedaços –, mas para se doar por inteiro, como Jesus se deu na cruz. Hoje, vemos um mundo que despreza a beleza da castidade. Por isso, as consequências são tão graves.
Por isso, o “ficar” não deixa de ser um tipo, um certo nível de “prostituição”. Nos namoros avançados é valorizada mais a relação física. Sem uma relação profunda de amizade durante o namoro, não vai existir um matrimônio verdadeiro e feliz. E, infelizmente, como não priorizamos essa virtude [a amizade] nesse tempo [namoro], nós temos, por consequência disso, matrimônios imaturos, inseguros, muitas vezes, gerados por relações sexuais pré-matrimoniais. E assim vamos vendo os frutos nas nossas casas, nas nossas famílias. Vamos vendo uma sociedade que reivindica a regularização e a aceitação do adultério.

Onde começa essa deformação do mundo?

Quando se despreza a castidade. Como podemos ser amigos da humanidade com uma sociedade que despreza a castidade? Como amigos de Deus e como amigos dos homens, nós somos chamados a testemunhar e a proclamar a beleza da castidade. E como é que podemos testemunhá-la e proclamá-la? Em primeiro lugar, com matrimônios castos, abertos para a vida. Precisamos de jovens que se disponham a viver namoros castos. Precisamos pedir essa graça a Deus.
Aos jovens que vivem uma luta desigual em relação à castidade, convido-os a virem ao encontro da Santíssima Virgem Maria, que é toda bela e casta. Ela deu Jesus ao mundo pela sua virgindade. Ela pode fazer você um jovem casto, virgem, puro, dando Jesus ao mundo pelo olhar, pelas mãos, pela Palavra. Se você quiser ser um jovem casto, venha até aqui serenamente, até os pés dela.
“Maria, santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos”.

Moyses Azevedo
Fundador da Comunidade Shalom

21/07/2017

Em tempos de redes sociais, como manter uma amizade fisicamente?

As redes sociais atrapalham ou aproximam as amizades?

Sou um jovem entre os milhares que estão continuamente conectados e usufruem das redes sociais para se relacionar, interagir, reencontrar, trocar experiências. Se você também é um de nós, vai ficar feliz diante da declaração do Papa Francisco, que tem se mostrado bem conectado: “E-mails, mensagens de texto, redes sociais podem ser formas de comunicação totalmente humanas. A internet pode ser usada para construir uma sociedade saudável e aberta” (Papa Francisco na ocasião do Dia Mundial da Comunicação Social da Igreja Católica).





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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sim, é possível fazer e estreitar amizades por meio das redes sociais sem fecharmos os olhos para os riscos, por isso, a prudência e a cautela sempre precisam estar presentes. Já me aproximei, estabeleci relacionamentos de amizade, fortaleci aquelas que já existiam, mas não posso negar que, mesmo com todos esses benefícios, a presença física continua sendo indispensável. Por quê? Mesmo que os avanços tecnológicos nos aproximem a ponto de termos a sensação de quase tocarmos fisicamente na relação virtual, o contato direto, onde podemos olhar nos olhos, e não por uma tela, podemos tocar, sentir o calor humano, a presença física, são primordiais para que os laços de amizade se fortaleçam e se estreitem.

É necessário ter contato

Corremos o risco de viver uma certa “substituição”, tentando suprir virtualmente aquilo que é indispensável fisicamente, pelo menos enquanto fizermos parte da espécie humana, sendo seres com necessidade de contato, de relação e comunhão profunda.
A questão está em entendermos que os “meios” são “meios” e não fim, o objetivo final. Se temos, hoje, esses meios propícios e eficazes, que colaboram para que nossas relações de amizade crescem, é desperdício não fazermos uso deles; mas, ao mesmo tempo, não podemos cair no extremo de achar que as redes sociais são suficientes para suprirmos aquela necessidade de contato que temos com o outro.
Uma amizade verdadeira sempre vai precisar ser mantida, cultivada e regada, e para isso é preciso sair de si e ir ao encontro não apenas por meio de cliques, mas sair, visitar e estar. Que tal, até mesmo pelos cliques, combinar um bom encontro com aquele amigo que, há tempo, você não encontra?

Sair do virtual

Certo dia, impressionei-me ao perceber que estava me sentindo um tanto perdido, sem jeito, quando tive contato com alguns amigos que, há tempos, não estavam juntos presencialmente. É como se eu tivesse desaprendido de estar presente fisicamente. Achei estranho, fiquei incomodado com isso; então, comecei a retomar o estar com o outro, isto é, estar inteiro, até fazendo o exercício de deixar o smartphone de lado e olhar nos olhos, perguntar, escutar, falar… Gestos tão comuns, mas dos quais precisei redescobrir a riqueza e o valor.
É bom sempre lembrar que o conceito da verdadeira e duradoura amizade não pode se perder, que amigos não se conquista somente baseado em cliques, aceitação de amizade no perfil, em seguimento, curtidas e compartilhamentos. O stories me ajuda a contar histórias, mas meus amigos esperam que eu as conte pessoal e presencialmente. Fazendo esses ajustes, tomando esses cuidados, preservando o essencial, penso que as redes sociais se tornam mais eficazes na arte de fazer e cultivar amigos.

20/07/2017

A dor com o amor se cura

O amor torna as pessoas indispensáveis

Na vida, existem muitas coisas importantes, mas nenhuma delas é comparável ao amor. Quem ainda não se convenceu disso, pode ficar tranquilo, porque vai se convencer. Não aprendi isso nos livros, mas na vida. Descobri que amar tem a ver com respeitar a dor dos outros e ter coragem de enxugar suas lágrimas. Entendi que tudo o que as pessoas desejam é alguém que as ame de uma maneira forte e constante, com aquele tipo de carinho que dispensa palavras, que não fica criticando o tempo todo, mas que é um braço estendido na hora em que mais se precisa.
Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com
Encontrar alguém assim é uma alegria e nos torna felizes. Há pessoas que têm o dom de consolar e levar a beleza por onde passam, parece que carregam na boca um pedaço de céu e os seus rostos têm a clareza e o frescor de uma manhã de sol. Não nos enganemos: tornaram-se assim à custa de muitas lágrimas. Formaram-se na escola do sofrimento. São frascos de perfume que, mesmo quebrados, exalam a mais encantadora fragrância: o amor.
Acho bonito quando os sábios dizem que é pela inteligência e pelo caráter que a pessoa resplandece as qualidades que tem. Só não consigo concordar inteiramente com isso. Não é que eu seja contra, simplesmente acho que é pouco, porque o caráter e a inteligência podem impressionar, mas é o amor que damos a alguém que nos faz brilhantes e inesquecíveis em sua vida. Não basta ser inteligente, ter caráter não chega; é preciso amar. Porque o amor torna as pessoas indispensáveis. Se eu amo, eu preciso de você, e isso me faz melhor. Se eu amo, passo a gostar mais da sua voz do que da minha; então, calo para você falar, e ao escutá-lo, estarei amando.
Por isso, se você quiser acender um sorriso, iluminar um coração ou acordar a esperança em alguém, precisa lembrar de uma coisa: as pessoas se alegram com sua inteligência, apreciam o seu caráter, mas precisam de seu amor. O amor tem o poder de transformar todas as coisas, destrancar todas as portas e curar enfermidades. Só ele faz luzir nossos talentos e resplandecer quem a gente é.
Então, se você calar, cale com amor; se gritar, grite com amor; se corrigir alguém, corrija com amor; se chorar, chore com amor; e se perdoar, perdoe com amor. Se você tiver o amor enraizado em você, diz um antigo profeta, nenhuma coisa, senão ele, serão os seus frutos e todos se aproximarão de você.

Autor: Márcio Mendes

23/05/2017

Temperamento, personalidade e caráter são a mesma coisa?

Quando conhecemos o caráter do outro, notamos claramente a manifestação da personalidade e o temperamento da pessoa

O que podemos entender sobre personalidade? Existem muitas linhas de estudo na psicologia e cada uma delas mostra um conceito sobre o que é personalidade. Em linhas gerais, personalidade é definida pela totalidade dos traços emocionais e de comportamento de um indivíduo, ou seja, seu caráter. Seria como se traduzíssemos aquele jeito de ser da pessoa, o modo de sentir as emoções ou agir do outro.
É muito comum a confusão que fazemos com tantos termos utilizados nos meios de comunicação, entre amigos, nos bate-papos, feitos até mesmo de forma inadequada. Já pensou quanta coisa você já ouviu dizer? Temperamento, personalidade e caráter são palavras utilizadas, com frequência, há muito tempo, mas quase sempre de forma confusa ou mesmo errônea.

Foto: Andrew Rich by Getty Images


Qual a diferença, então, entre temperamento e personalidade?

Temperamento representa a peculiaridade e intensidade individual dos afetos psíquicos e da estrutura dominante de humor e motivação. Foi um dos primeiros estudos na medicina sobre a correlação entre os humores corporais com as reações humanas, divididos entre fleumático, colérico, sanguíneo e melancólico. Entende-se ainda como uma disposição inata e particular de cada pessoa, pronta a reagir aos estímulos ambientais; é a maneira interna de ser e agir de uma pessoa, geneticamente determinado.

A personalidade é formada durante as etapas do desenvolvimento psico-afetivo, pelas quais passa a criança desde a gestação. Para a sua formação, incluem tanto os elementos geneticamente herdados (temperamento) como também os adquiridos do meio ambiente no qual a criança está inserida.
Existe uma citação bibliográfica que comenta a complexidade de compreender os aspectos do comportamento humano, que vale a pena compartilhar: “Compreender os aspectos e a dinâmica da personalidade humana não é tarefa simples, vista a complexidade e variedade de elementos que a circundam, gerados por diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto mais complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada será a personalidade. Do ponto de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes tendências, interesses e aptidões que também são formados pela combinação dinâmica entre diversos fatores hereditários e uma infinidade de influências sócio-psicológicas que ela recebe do meio ambiente” (FERNANDES FILHO, 1992).

Leia mais:

.: O que determina a personalidade de uma pessoa?
.: Como conviver com alguém de temperamento difícil?
.: Uma personalidade harmoniosa é fruto de uma maturidade humana


A personalidade é única, adaptável, mutável, dinâmica e ligada numa estrutura biopsicossocial. Mesmo que tenhamos traços parecidos com os de outra pessoa, somos únicos, porque vivemos de forma diferenciada cada fase de nossa vida, somos apresentados a estímulos (escola, lazer, religião etc.) de uma forma particular, e isso, em sua totalidade, dá-nos essa vivência.
Alguns fatores, chamados de hereditários, determinam nossa forma de ser desde nossa concepção. Estatura, reflexos, temperamento e toda a herança genética dos pais colaboram com a personalidade. Mas, convivendo em sociedade, temos nossa personalidade influenciada por aspectos ambientais, ou seja, aqueles ligados à cultura, hábitos familiares, grupos sociais, escola, responsabilidade, moral, ética entre outros. Tais experiências vivenciadas pela criança, vão, portanto, formando sua personalidade.

Alguns aspectos diferenciam o que se percebe que está relacionado ao temperamento e à personalidade.

Alguns aspectos do temperamento

– É biologicamente determinado;
– Características temperamentais podem ser identificadas já cedo, na infância;
– Diferenças individuais com características temperamentais como ansiedade;
extroversão-introversão, também são observados em animais;
– Apresenta-se como estilo de pessoa; estilo do melancólico, colérico etc.

Alguns aspectos da personalidade

– É fruto de um ambiente social;
– É moldada durante os períodos do desenvolvimento infantil;
– É a prerrogativa de seres humanos;
– Contém aspectos do comportamento;
– Refere-se à função de integrativa do comportamento humano.

Compreenda o que é o caráter

Ao passo que as características temperamentais podem ser identificadas, já cedo, na infância, a personalidade é moldada durante os períodos de desenvolvimento infantil. Por meio do caráter de cada um, que é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações, que incluem aqui as atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo), notamos o desenvolvimento humano. Ou seja, o caráter é a forma com que a pessoa se mostra ao mundo, com seu temperamento e sua personalidade; é a expressão do temperamento e da personalidade por meio das atitudes de uma pessoa. Quando conhecemos o caráter do outro, notamos claramente a manifestação da personalidade e o temperamento da pessoa; conhecemos, então, aquilo que essencialmente determina os atos de uma pessoa.

Compreenda o que é a maturidade

A maturidade se faz na personalidade quando o indivíduo é capaz de:
– Compreender sua história familiar, aceitando-a e convivendo com ela;
– Compreender suas emoções: saber distinguir entre certo e errado, sobre o que devo ou não fazer, sobre o fim de um relacionamento ou aquela paciência que se desenvolve entre os casais, entre as pessoas que se amam;
– Administrar suas responsabilidades e ter senso crítico sobre aquilo que assume, seja no trabalho, nos relacionamentos, no ambiente social do qual participa;
– Aceitar-se tal como você é: com seus talentos, com suas limitações, com sucessos ou insucessos, com as habilidades ou limitações físicas; isso permite conviver e desenvolver aquilo que for necessário;
– Autoconhecimento: chave para que todos os nossos conteúdos se integrem e que nossa vivência social se torne mais adequada em cada momento de nossa vida.
Para tudo isso, não há uma fórmula mágica, mas as experiências sociais, religiosas, vivência de modo geral, auxiliarão de modo particular nesse processo. E assim a maturidade, nossa percepção, crescerá gradualmente.


Autor: Elaine Ribeiro dos Santos
Fonte: Canção Nova

12/05/2017

Como devo lidar com o perfil de uma pessoa mentirosa?


Saiba como compreender e entender uma pessoa mentirosa

A mentira é algo tão estrutural na história da humanidade, que Deus precisou colocá-la no rol de suas proibições nos 10 mandamentos: “Não levantarás falso testemunho”. Adão e Eva, por exemplo, foram expulsos do paraíso, porque mentiram para Deus. Jesus intitulou o demônio como o autor e o ‘pai da mentira”. E nós, o que fizemos? Tragicamente, inventamos um dia do calendário (1º de abril) para celebrá-la.

A verdade, no entanto, é que a mentira acarreta uma série de transtornos em nossa vida prática, e não é fácil conviver com pessoas que têm o hábito de sempre inventar as coisas. Todos nós sabemos bem disso, pois já sofremos ou fizemos alguém sofrer por causa de uma mentira. Negar isso é recusar que somos parte da humanidade.



 
Foto: Jorge Ribeiro/cancaonova.com

Compulsivo X Consciente

Mas quem é o mentiroso? Por que ele mente? Podemos descrever dois tipos de mentirosos: o compulsivo e o consciente.

O mentiroso compulsivo é a pessoa que apresenta um transtorno de personalidade, e o comportamento de inventar histórias pode ser observado desde a sua infância. A mentira tornou-se um hábito em sua vida, as invenções ficam cada vez mais extravagantes com o passar do tempo e não existe culpa ou arrependimento quando suas fábulas são descobertas. Neste caso, a pessoa mente, porque precisa esconder uma angústia muito primitiva, como alguém que foi abandonado e rejeitado na infância e, através de invenções sobre si, pudesse ser aceito por todos. Algumas pessoas com problemas psíquicos podem usar a mentira como artifício para atingir seus objetivos, como é o caso dos psicopatas, pessoas com transtorno antissocial e borderline. O prognóstico não é positivo nestes casos pois se trata de algo da estrutura psíquica do sujeito. Conviver com pessoas assim requer uma boa dose de paciência e entendimento de que se está lidando com uma pessoa enferma; e dificilmente alguém conseguirá convencê-las de que tal comportamento deve ser mudado.

O mentiroso consciente é aquele onde eu, você e 99% da população se encontra. Aquela mentirinha para “sair bem na foto”, aquela história inventada para ser aceito no grupo ou “ficar por cima” nas situações do cotidiano, mas, no fundo, também esconde uma baixa-autoestima e um medo de ser rejeitado. A diferença é que, nesse caso, a pessoa tem consciência de que está fazendo algo errado e, na maioria dos casos, é invadida por um sentimento de culpa e desconforto quando a mentira é descoberta. É dessas pessoas que vamos falar abaixo.
Como lidar com pessoas mentirosas no meu dia a dia?

Essa não é uma tarefa fácil, pois lidar com pessoas que costumam mentir é sempre uma linha tênue entre o querer ajudar e o se distanciar para não ser prejudicado. Abaixo listo algumas dicas que podem preservá-lo dos embustes do mentiroso, ao mesmo tempo em que pode dar apoio para que busque ajuda.

Leia mais:
.: As pequenas mentiras nos tornam incapazes de falar a verdade
.: Quando as minhas mentiras se tornam minhas verdades
.: Mentira, germe que corrompe os laços
.: Rompa com a mentira no seu relacionamento


Dicas para questionar uma pessoa mentirosa

Não estabelecer vínculos profundo com quem mente: Relacionar-se com uma pessoa que mente precisa ter certos limites, e um deles é: não entregue-se a alguém que costuma usar máscaras o tempo todo. Estabelecer uma amizade profunda ou, pior, casar-se com alguém que tem histórico de ludibriar os outros é assinar uma promissória de problemas. Geralmente, relacionamentos que são marcados por mentiras sempre terminam de forma trágica, além de se conviver com fantasmas do tipo “será que ele está me enganando?”, “isso que ele está dizendo é verdade?”, “será que posso confiar?”. Convenhamos: quem aguenta viver uma vida assim?

Pergunte, questione e cheque os fatos: o ditado “a mentira tem perna curta” só se torna real quando usamos o questionamento como ferramenta para chegar à veracidade dos fatos. Partindo do pressuposto de que tal pessoa tem histórico de mentiras e você desconfia de que ela não diz a verdade é preciso perguntar e checar os fatos. Não se trata de viver desconfiado das pessoas, mas de zelar pelo que é verdadeiro. Tenha sempre registrado as mensagens, e-mails e documentos, até mesmo para que se proteja de eventuais falsas acusações.

Apresente a verdade com caridade: pegar alguém na mentira é sempre algo constrangedor, mas necessário para que a pessoa tome consciência de seus atos desordenados. No entanto, a acusação e a discussão raivosa não resolve o problema, pelo contrário, pode agravar o sentimento de culpa e baixa autoestima do sujeito. Cabe, nesses casos, chamar a pessoa em particular, apresentar as inverdades e questionar as reais intenções de ter mentido. Se, mesmo assim, a pessoa não se redimir, faça como nos diz o Evangelho: “Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas” (Mt 18,17)

Ofereça ajuda: Como dito acima, a mentira é sinal de que algo no interior da pessoa não vai bem. Tendo em conta que não se trata de um mentiroso patológico, ofereça ajuda a essa pessoa, indicando que esse comportamento pode prejudicá-la nos seus relacionamentos, na sua vida profissional e espiritual. Uma psicoterapia, por exemplo, ajuda a pessoa a voltar na sua história para enxergar que tipo de vazio ela quer preencher com suas fabulações.


Autor: Daniel Machado
Fonte: Canção Nova

10/05/2017

Não concordo com o que a Igreja ensina. O que faço?


Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre toda a verdade?

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que quem não concorda com o que a Igreja ensina não conhece bem o que Jesus ensinou, fez e mandou que fizéssemos. Jesus fundou a Igreja sobre São Pedro e os apóstolos, para que ela fosse a “porta voz” d’Ele na Terra. Disse o Senhor a eles: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (cf. Lc 10,16). Quer dizer, quem não a ouve não ouve Jesus! Quem não a obedece não O obedece.

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Sacramento universal da salvação

Jesus ainda lhes disse: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino”. (São Lucas 12,32). E foi à Igreja que Jesus mandou: “Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16,15). Como, então, não concordar com a palavra da Igreja? E mais: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados” (João 20,22). O Pai mandou o Filho para salvar o mundo; o Filho enviou a Igreja. Ela é o “sacramento universal da salvação” (LG, 4), a Arca de Noé que nos salva do dilúvio do pecado.

Na Santa Ceia, na despedida dos apóstolos, Jesus fez várias promessas à Igreja, ali formada por Seus discípulos. Entre muitas coisas que São João narrou, em cinco capítulos do seu Evangelho (13 a 17), Jesus prometeu:

“Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós”. “Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (João 14,15.25). Ora, como a Igreja poderia ensinar algo de errado se o Espírito Santo permanece sempre com ela e lhe ensina todas as coisas?

Jesus ainda lhes disse: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (João 16,12-13). Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre “toda a verdade”?
Coluna e fundamento da verdade

Além disso, o próprio Jesus está na Igreja, pois Ele prometeu, antes de subir ao céu: “Eis que Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mateus 28,20). Foi a última palavra d’Ele aos discípulos. Ora, como poderia errar se Jesus está com ela todo tempo? É impossível! É por isso que São Paulo disse a São Timóteo: “A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Então, ela detém a verdade que Jesus disse que nos liberta.

Leia mais:
:: O que é Doutrina Social da Igreja?
:: Qual é a verdadeira riqueza da Igreja?
:: O que é a tradição da Igreja?
:: Você sabe o que é o purgatório e o que a Igreja diz sobre ele?

É por causa de tudo isso que o nosso Credo tem 2 mil anos e nunca mudou nem vai mudar; porque é a expressão da verdade que salva. A mesma coisa acontece com os sacramentos, os mandamentos e a liturgia. A Igreja já teve 266 Papas e nunca um deles cancelou um ensinamento doutrinário que um antecessor tenha ensinado. Já realizou 21 Concílios universais, e nunca nenhum deles cancelou um ensinamento de um anterior. A verdade não muda, o Espírito Santo não se contradiz.

Logo, como não concordar com o que Igreja ensina? Isso seria por causa da ignorância de tudo o que foi relatado acima; ou, então, seria um ato de orgulho espiritual da pessoa, que pensa saber mais do que a ela, assistida por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Longe de nós isso!

Podemos até não conseguir viver o que ela nos ensina e manda viver – isso é compreensível por causa de nossa fraqueza –, mas jamais poderemos dizer que ela está errada ou que não concordamos com o que ela ensina. A Igreja não ensina o que quer, mas o que o Seu Senhor lhe confiou.


Autor: Prof. Felipe Aquino
Fonte: Canção Nova

26/04/2017

'13 Reasons Why': um alerta para pais e educadores


A série ’13 Reasons Why’ trouxe o tema suicídio para debate

Nas últimas semanas, o tema suicídio ganhou destaque nos principais noticiários do mundo e Brasil devido ao jogo da “Baleia Azul” e da série produzida pela Netflix ’13 Reasons Why’ (os 13 porquês). Até então, tocar no tema suicídio era algo proibido e nefasto, apesar dos números oficiais mostrarem que há uma crescente mundial no ato de tirar a própria vida, sobretudo entre os adolescentes. A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo, e essa é a segunda maior causa de morte entre os jovens.


Se podemos tirar algo de positivo desse perverso cenário, é que hoje as pessoas estão falando sobre o suicídio, e só quando encaramos o problema, sem reducionismos ou ideias simplistas, é que podemos chegar a soluções mais efetivas e preventivas.
Por que os adolescentes são vulneráveis?

Antes de tudo, cabe esclarecer aos pais que a temática da morte é algo muito comum – e diria natural – na adolescência. Nessa fase do desenvolvimento, o jovem passa por transformações radicais no seu físico e no seu psiquismo, as quais vão influenciar diretamente no seu comportamento. O cérebro será o comandante de todas as transformações físicas, emitindo sinais (hormônios) a todo o corpo, para que ele se transforme. Há uma enxurrada de novas informações que precisam ser processadas em um curto espaço de tempo, o que provoca tédio, angústia e depressão.

Em termos psíquicos, a criança é chamada a abandonar o mundo infantil, e a “morte” simbólica deste mundo interno também será, de alguma forma, manifestada no mundo externo. Nessa fase, é muito comum o adolescente manifestar terrores noturnos, sonhar com a morte dos pais, vestir-se de preto, curtir músicas barulhentas e depreciativas, identificar-se com as gangues, ter predileção por filmes de terror, acompanhados de uma agonia e tristeza que nem eles mesmos sabem dar nome. É nesse vácuo de tristeza e luto do mundo infantil que jogos macabros e séries com temáticas suicidas ganham espaço e, no pior dos casos, efetividade, principalmente se tal jovem estiver sendo negligenciado pelos seus cuidadores.

Sobre a série ’13 Reasons Why’

Sem entrar nos pormenores da obra, a série – inspirada em um livro homônimo de Jay Asher (2007), no Brasil lançado com o título “Os 13 Porquês” – trata de uma jovem adolescente que tirou a própria vida depois de sofrer vários tipos de bullyng por seus colegas na escola. Antes, porém, de tirar a própria vida, a personagem principal grava 13 fitas k7 e as endereça a 13 pessoas que estão relacionadas aos motivos do seu suicídio.

A maior crítica sobre a obra é justamente o fato de ela exagerar na temática suicida, atribuindo um culpado (ou culpados) pela morte da personagem principal, e detalhando nas cenas os métodos que ela usou para tirar a própria vida, o que é desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois serve de gatilho para pessoas comprometidas mentalmente.

Por outro lado, a série acerta ao abordar temáticas dolorosas do cotidiano dos adolescentes como bullying, conflitos familiares, abusos sexuais e emocionais, dentre outras, que são vividas em silêncio pelos jovens, o que causa angústia e conflitos profundos, sobretudo porque não encontram adultos preparados para lidar com suas questões onde mais precisavam: na família e na escola. Para se ter uma ideia do tamanho da identificação, o Centro de Valorização da Vida (CVV) duplicou o número de atendimento de pessoas pedindo ajuda contra o suicídio, a maioria jovens citando a série.
Posso deixar o meu filho assistir?

Essa é uma pergunta difícil de se responder, pois, ao se tratar de adolescente, pode ser que, enquanto nós discutimos a “permissão x proibição”, ele já tenha assistido. De verdade, não acho que a restrição seja o melhor caminho, a não ser que seu filho seja menor de 16 anos, como pede a classificação etária da série.

Por outro lado, também não aconselho que os pais deixem os filhos trancados no quarto, com seus computadores pessoais, sem nenhum tipo de filtro ou visão crítica da obra. Se seu filho está assistindo ou manifestou interesse, essa é uma ótima oportunidade para você sentar com ele e, juntos, debater temáticas e tabus que nós adultos e pais insistimos em colocar para debaixo do tapete, fingindo que nossos adolescentes vivem numa redoma de vidro.

A série é também totalmente desaconselhada para jovens e adultos que estão em situação de vulnerabilidade psíquica. Nesse sentido, é preciso que os pais estejam bem próximos e avaliem os possíveis efeitos danosos que a série pode trazer se seu filho apresenta sinais de algum sofrimento psíquico ou se estiver em tratamento.

Série não mata ninguém. O preconceito e a indiferença sim. A morte por suicídio não pode ser atribuída a uma série ou a um jogo. Como li de um psiquiatra, “culpar uma série de TV pela morte suicida de alguém é como culpar o termômetro por medir a febre”. Não adianta malhar uma obra pela morte de ninguém, pois muitas outras questões complexas estão envolvidas no longo percurso que uma pessoa fez até o desesperador ato de tirar a própria vida.
Existe um culpado?

Em 90% dos casos de suicídio, esteve aí envolvido um transtorno mental que não foi levado em consideração, por negligência ou puro preconceito. Este sim, pode ser considerado o “culpado” pela angústia suprema de alguém que tira a própria vida. Um jovem que comete suicídio deixa claros vestígios de que a dor na alma está difícil de suportar, e, muitas vezes, os pais acham que é “frescura”. A indiferença, a negligência de afeto, a falta de atenção e escuta dos filhos também podem contribuir para desfechos trágicos.

É verdade também que muitos adultos não sabem como lidar diante de situações limites dos jovens, ora por falta de informação ora por não saber a quem e como recorrer. Em geral, o sinal de atenção deve ser aceso por pais e educadores quando notarem mudanças bruscas no comportamento do jovem. Por exemplo: se uma menina tem hábitos de vaidade como maquiar-se, arrumar-se, estar sempre bem vestida e, de repente, mostra-se desleixada com o seu visual, é sinal de que algo não vai bem.

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Quando o abatimento, a tristeza, a reação antissocial e o isolamento tornam-se rotineiros no comportamento do adolescente, assim como qualquer outro sinal no corpo como cortes (automutilação) e perda de peso, os responsáveis não devem hesitar em procurar ajuda profissional como psicólogo ou psiquiatra. Vale lembrar também que existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio pelo telefone 141 ou pelo site http://www.cvv.org.br/

Aos pais, eu digo: “Não ponham a culpa na ‘Baleia Azul’ ou no ’13 Reasons Why’, eles só ampliaram o pedido de socorro que nossos jovens estão gritando há muito tempo. Perceba se, ao manifestar desejo por uma coisa ou outra, o seu filho não esteja clamando por auxílio e amparo. É hora de rever nossas prioridades e não procurar fantasmas.



Autor: Daniel Machado
Fonte: Canção Nova

24/04/2017

Você é uma pessoa que vive constantemente alegre ou triste?


Não deixe a tristeza bater e seja uma pessoa alegre

“A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inexaurível de santidade, a alegria da pessoa prologa-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum” (Eclo 30,23-25).

A alegria é tão importante quanto o desenvolvimento da inteligência. É sábio dedicar-se ao cultivo da alegria. Como na agricultura, todo cultivo requer cuidado. Cultivar a alegria é coisa de gente inteligente, de gente esperta!


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Você é uma pessoa triste?
Existem momentos da nossa vida em que precisamos dar um ponto final na tristeza. Minha mãe foi uma dessas que optou pelo cultivo da alegria em seu coração. Ela sofreu demais com a morte do meu irmão mais velho e, durante muito tempo, a tristeza tomou conta de seu interior. Pense em uma mulher que, durante a vida inteira, foi gastando o seu coração para o bem dos outros, e somada a esse desgaste vem a perda de um filho num dia tão marcante! A tristeza havia habitado seu interior.

Um dia, cheguei para ela e disse: “Mãe, olha pra mim. O Mário se foi! Mas eu fiquei!”.

Ela precisava reagir mesmo sendo idosa. Por mais doloroso que fosse, ela optou por viver a alegria e a paz que só Jesus nos dá. Minha mãe teve que tirar os olhos do meu irmão e olhar para mim. Ela optou, naquela hora, em deixar a tristeza de lado e cultivar a alegria por mim!
Não deixe a tristeza chegar perto

Não sei a sua idade nem quais são as suas perdas. Só sei de uma coisa: é hora de reagir! Olhe para Jesus, pois Ele pode lhe dar a alegria completa. Seja alegre e gere alegria, assim você verá como isso é gratificante! Só conseguiremos contagiar uma sociedade com a “alegria completa” se estivermos ligados a Jesus. Ele é a verdadeira esperança, ele é a verdadeira alegria.

Faça uma radiografia da sua vida, olhe no espelho e pergunte: eu sou alegre? Eu sou feliz? Depois disso, continue a olhar para o espelho e imagine a próxima geração feliz e alegre. Isto é possível ou impossível?

Afirmar que o mundo necessita da sua alegria. Isso é impossível ou possível? Quando falamos em mundo estamos falando em sociedade, em pessoas, e isso precisa causar gratidão em cada um de nós. Este é o maior reconhecimento a que precisamos aspirar: “gerar alegria nos outros”. Nessa vida, podemos ser duas coisas: instrumento de vida ou instrumento de morte. De que lado você está? Seja um especialista em fazer o bem!

Quem não quer ter a alegria no coração? Você conhece pessoas que são inteligentes e sábias, mas tristes? O que você tem cultivado no coração? Tudo que você é e faz tem sido o suficiente para causar alegria?

Cultivar a tristeza é pecado grave. Um fruto que cada um precisa dar é o fruto da alegria, um inesgotável tesouro de santidade!

Cleto Coelho
Missionário da Comunidade Canção Nova


(Extraído do livro “Tem jeito!”)

18/04/2017

Como posso fazer para tirar força de minha fraqueza?


Na onde posso encontrar e tirar força para vencer minhas fraquezas

“Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.” (2 Cor 12,10).Esse versículo parece uma grande contradição paulina.

Como posso tirar força de minha fraqueza? Como posso diante de minha impotência ser potente? Isso só é possível dentro da perspectiva de alguém que se reconhece necessitado de Deus. Alguém que, como Paulo, sabe que sem a ação do Espírito Santo não se pode fazer nada.


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Quem era Paulo de Tarso?


Paulo era um cara muito estudado, de inteligência ímpar. Mas sabia que sua humanidade possuía fraquezas. E como lidava com isso?Somente submetendo tudo a Deus.

Fraco não é aquele que possui fraquezas, mas sim, aquele que se rende a elas. Tocar em minhas fraquezas, em meu vazio, é perceber que quando não tenho mais nada posso contar com o Tudo de Deus.

Somos humanos, somos gente. Sentimos dor, sentimos sede, nos sentimos impotentes. Até Jesus em Sua humanidade também sentiu dor. E Ele não teve medo de apresentar as fraquezas d’Ele aos amigos e a Deus. No Getsêmani foi isso que nos foi apresentado de forma clara.
Uma história para ilustrar

Lembro aqui uma história antiga:

Um garoto de dez anos de idade decidiu praticar judô, apesar de ter perdido o braço em um terrível acidente de carro. O menino ia muito bem. Mas sem entender o porquê, após três meses de treinamento, o mestre havia lhe ensinado somente um movimento. O garoto então disse a ele:

– Mestre, não devo aprender mais movimentos?
O mestre respondeu ao menino, calmamente e com convicção:
– Este é realmente o único movimento que você sabe, mas também é o único movimento que você precisará saber.

Leia mais:
.: A superação do sentimento de inferioridade
.: Perseverança e superação são os segredos dos fortes
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Meses mais tarde, o mestre inscreveu o menino em seu primeiro torneio. O menino ganhou facilmente seus primeiros dois combates e foi para a luta final do torneio. Seu oponente era bem maior, mais forte e mais experiente. O garoto usando os ensinamentos do mestre entrou para a luta e, quando teve oportunidade, usou seu movimento para prender o adversário. Foi assim que o garoto ganhou a luta e o torneio. Era campeão.

Mais tarde, em casa, o menino e o mestre reviram cada luta. Então, o menino criou coragem para perguntar o que estava realmente em sua mente:

– Mestre, como eu consegui ganhar o torneio somente com um movimento?
– Você ganhou por duas razões – respondeu o mestre. – Em primeiro lugar, você dominou um dos golpes mais difíceis do judô. E, em segundo lugar, a única defesa conhecida para esse movimento é o seu oponente agarrar seu braço esquerdo.
Conclusão

A maior fraqueza do menino tinha se transformado em sua maior força. Assim, também nós podemos usar nossa fraqueza para que ela se transforme em nossa força. Não podemos ter medo de deixar o Mestre Jesus trabalhar nossa fraqueza. Ele sabe lidar com nosso “húmus”, com aquilo que aparentemente é nossa fraqueza e dela tirar a maior riqueza e fortaleza.


Autor: Adriano Gonçalves

11/04/2017

Agitação interior


O medo nos destrói de dentro para fora

O medo tem a capacidade de nos paralisar o coração

Gostaria de partilhar com você a musica que tocou meu coração, é da Irmã Clenda, que a Adriana gravou em um de seus CDs: Porque tenho medo se nada é impossível para ti / porque tenho medo se nada é impossível para ti? Nada é impossível para ti / nada é impossível para ti /Venceste a morte, pois nada é impossível para ti/Venceste a morte, pois nada é impossível para ti? Nada é impossível para ti / Nada é impossível para ti…

Essa música animou o meu ouvido hoje de manhã ao ouvir o Evangelho da tempestade acalmada por Jesus: “Soprava um vento forte e o mar estava agitado…” (João 6,18). Apesar de serem pescadores e de terem anos de experiência no mar, principalmente pescando à noite, eles tiveram temor. Diz o Evangelho que eles remaram uns cinco quilômetros, ou seja, não estavam muito longe da praia. Mas do que será que os apóstolos de Jesus tinham medo? Por que era noite ou por que o vento agitava o barco e eles temiam morrer? Acredito que a maior tempestade estava no interior deles, e era essa agitação que Cristo queria acalmar. O Senhor quer acalmar os corações, porque o medo é uma ameaça que começa a destruir por dentro, mesmo que haja situações muito concretas no exterior, o medo nos destrói de dentro para fora.

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Quem vive com medo não caminha

Quantas situações nos aprisionam as mãos e os pés, colocando em nossas mãos algemas e nos pés correntes! Mas quando isso acontece, é porque o nosso coração já está cativo, a aparente calmaria externa pode revelar um turbilhão de tempestade dentro de nós e enquanto não fizermos como Pedro: estendermos nossa mão para dizer: “Senhor, socorra-me, estou perecendo”, pois o temor tem a capacidade de nos paralisar, e esse mal é a prisão do coração. Quem vive com medo não caminha, anda se esbarrando nas esquinas dos seus sentimentos e tenta completar-se no vazio dos seus sentimentos e dos outros. Quando temos medo de perder, somos aprisionados pelo sentimento de posse, pois onde há temor não há amor verdadeiro.

Quando temos muito medo de morrer, é porque ainda não sabemos viver bem a vida; ou quando vivemos com medo de doenças, não experimentamos ainda o sabor de uma vida saudável. Da mesma forma, quando sentimos medo de nós mesmos, do que seremos capazes de fazer, é porque ainda não nos possuímos, porque não nos conhecemos o suficiente para respeitar os nossos limites e fraquezas. Quanto mais eu me conhecer, tanto menos temor eu terei de mim e daquilo que eu vou encontrar nos lugares escuros do meu interior. Quando temos medo dos outros, das pessoas, talvez ainda não experimentemos o verdadeiro amor por alguém e a capacidade de liberdade que o amor é capaz de nos dar. “O amor lança fora todo temor”.

Leia mais:
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Mas Jesus diz: “Sou eu. Não tenhais medo”. O Senhor revela para nós que a coragem, a força do coração, é capaz de mudar o exterior, mas principalmente nos libertar dos labirintos do temor, da escravidão de nós mesmos, dos outros e das coisas, pois Deus nos criou para sermos livres e vivermos em busca do desconhecido; a força que existe dentro de nós, que se chama Deus, mas que é muito maior do que nós. “Eu te buscava fora e estavas dentro de mim”, dizia Santo Agostinho sobre essa força, essa graça de felicidade e vida, que está dentro de cada ser humano, a coragem, a força de Deus, que vence todo medo.

Agora, é preciso remar para dentro de mim e de Deus, onde eu encontrarei a calmaria do conhecimento e da verdade. Aí eu serei livre, livre de todos os temores. De onde eu ouvirei duplamente essa voz de dentro de mim e do coração de Deus: “Sou eu. Não tenhais medo!”.

Minha bênção fraterna.

Autor: Padre Luizinho
Fonte: Canção Nova

10/04/2017

O amor cura


O que não dizer para uma pessoa com câncer

Ninguém nasce forte para sofrer, mas escolhe não se enfraquecer diante das dores, porque escolhe a vida

O que não dizer para uma pessoa com câncer? “ Cabelo é o de menos!”, “O que você sentiu mesmo? Acho que estou sentindo o mesmo. Morro de medo de ter o que você tem!”, “Deus sabe o que faz. Eu não suportaria, é porque você é forte!”, “Deus dá o frio conforme o cobertor!”.

Essas frases não tem nada de consoladoras! Portanto, se uma pessoa que você conhece descobrir que tem câncer, por favor, tire essas palavras da sua lista quando for conversar com ela. Especialmente, se for uma mulher.

Começo falando da frase sobre o cabelo. Sinto muito, mas cabelo não é o de menos! Para a mulher, muito mais do que apenas estética, o cabelo representa boa parte da identidade feminina, e algumas trazem uma história com suas madeixas; então, perdê-las de um dia para o outro não é tarefa simples, mas não é impossível também.



Foto: Arquivo pessoal / cancaonova.com

Lembro-me de quando soube que ia passar pela quimioterapia e fiquei pensando o que faria com meus cabelos. Na época, ele estava no meio das costas e aloirados, como eu tanto gostava! Meu esposo levou-me ao salão e, delicadamente, convenceu-me de que eu ficaria linda com um cabelo mais curto. Foi uma experiência estranha, mas, ao fim, senti-me bem. Porém, aquele corte duraria pouco. A quimioterapia logo começaria. Ganhei da minha mãe uma peruca moderna, daquelas que colam na cabeça e imitam couro cabeludo. Com ela, eu passaria pela multidão e me livraria dos olhares de piedade do tipo: “Pobre moça, tão jovem e com câncer!”. Resolvi me “disfarçar”.

Um dia antes da primeira sessão, raspei a cabeça para colocar a peruca depois. Foi divertido ver a cara de espanto do meu marido, olhando-me careca. Aí falei: “O que foi? Nunca viu?”. Pergunta óbvia! E ele (para meu total espanto) falou: “Agora tenho certeza de uma coisa: você é realmente linda, porque, mesmo careca, você fica bonita. Como pode?”. Achei tão engraçado aquilo! Ele era mesmo apaixonado por mim! E eu fiquei ainda mais por ele.

Estou contando tudo isso para lhe dizer que não é tarefa simples para uma mulher perder os cabelos, eles não são “o de menos”. Por isso, sugiro que você, ao presenciar alguém perder os cabelos, especialmente uma mulher, lembre-se de que só ela sabe o que isso significa para ela. Então, frases do tipo “’Como você quer que eu a ajude se sentir melhor?’ ou ‘O que você acredita que vai combinar com você? Uma peruca ou um lenço? Quer experimentar antes?’” podem fazer mais efeito. Se não souber o que falar, o silêncio não é sinônimo de vazio, ele pode falar mais do que palavras.

Leia mais:
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.: Na batalha contra o câncer, aprendi a ganhar
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As demais frases que citei acima se referem, naturalmente, ao fato de que, quando uma pessoa passa por um câncer, ela se torna um “para-raio” de informações sobre a doença. As pessoas têm medo de ter o que você teve e algumas querem, com uma ideia hipotética de controlar a própria vida, saber detalhes do que aconteceu para prevenir a doença em si mesmo. Até certo ponto, isso é bom, e eu mesma tenho alegria em ajudar e alertar as mulheres. O ruim é sempre o exagero, quando olham para você e fazem o sinal da cruz, com medo. Elas se esquecem de que o sofrimento é inerente ao ser humano, e que, no dia anterior ao meu diagnóstico, eu também lia nas revistas as histórias de mulheres com câncer e, igualmente, não imaginava que um dia seria um delas. Creio que falta para alguns mais naturalidade à percepção de que somos mortais.
A escolha diante do sofrimento

Dizer “Eu não suportaria, é por que você é forte” é uma verdadeira falácia! Ninguém gosta de sofrer e ninguém se programa para isso, mas quando o sofrimento bate à nossa porta, temos de fazer uma escolha: deixamos que ele defina quem somos, esmagando-nos e nos vitimando, ou decidimos que ele só reforçará o que temos de melhor, e aproveitaremos a vida após essa experiência de uma maneira muito mais sábia e interessante. Então, ninguém nasce forte para sofrer, mas escolhe não se enfraquecer diante das dores, porque escolhe a vida.

Lembro-me de que as frases que mais me faziam bem eram: “Comunguei por você hoje na Missa!” ou “Lá em casa, um mistério do Terço é em sua intenção”. Nossa! Ouvir isso era como um bálsamo. Primeiro, porque a força da oração é capaz de nos sustentar em situações humanamente impossíveis de suportar; segundo, porque saber que alguém se lembrou de nós numa oração, mesmo com tantas outras intenções em sua vida, é prova de que, realmente, ela se importa conosco, e isso faz com que nos sintamos amadas; e o amor cura.

Apesar de ter citado essas frases, entendo perfeitamente que o sofrimento assusta a todos nós. Quantas vezes, diante de uma pessoa que sofria, fiquei sem palavras e até falei besteiras! Então, ouvi frases felizes e infelizes durante meu tratamento, mas não trago nenhum rancor, porque olhei para mim mesma e vi o quanto sou despreparada para lidar com o sofrimento alheio. Assim, não tenho o direito de exigir de ninguém as melhores palavras. Hoje, quando lembro de algumas situações, até me divirto e tento me rever quando me aproximo de algum sofredor. Mas, de qualquer forma, fica a partilha da minha experiência.

Renata Vasconcelos
Missionária da Comunidade Canção Nova


Fonte: Canção Nova