09/03/2018

Levante a cabeça porque o tempo pode estar a seu favor!

O tempo de hoje não é o mesmo de ontem

Não é fácil contar com o tempo, tendo em vista que ele é constante e não podemos pará-lo, tampouco podemos dominá-lo. O tempo de hoje não é o mesmo de ontem, e também, não é o mesmo desde que você começou a ler este artigo, já não é o mesmo de agora, assim como este, não será o mesmo quando você terminar de o ler.

Se fôssemos encontrar um significado para definir o que é o tempo ou fazermos uma reflexão filosófica, penso que, perderíamos muitas horas, então, quero falar da importância de se aproveitar o tempo, que é o agora que Deus nos dá.

Em muitas situações de nossas vidas, principalmente aquelas mais difíceis, a palavra tempo surge como inimiga, justamente porque, diante de um problema queremos logo o ver solucionado, queremos que esta ou aquela situação sejam logo sanadas, e que a dor passe o mais rápido possível.


Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Deus, porém, que está fora do “nosso tempo” e vê além, apresenta-me o tempo como meu amigo, aquele que gera em mim a esperança.

Cronologicamente, nossa vida está dividida em passado, presente e futuro. O passado não se pode mudar, por mais difícil que seja, como dizia Heráclito: “Não se pode banhar-se duas vezes no mesmo rio”, ou seja, as águas nas quais você se banhou ontem, não são as mesmas de hoje, e não serão as de amanhã. “Tudo flui”. Portanto, não vale a pena parar no que passou e ficar se lamentando pelo que já foi levado pela “correnteza” da vida.

Levante a cabeça porque o tempo pode estar a seu favor, mas isso, se você decidir agora vivê-lo de uma forma nova, diferente da qual você vinha vivendo.
Deus nos dá o presente e só temos o agora para viver

Podemos comparar o tempo com o trabalho no campo. O belo da árvore, que virá, depende do bom plantio e do tempo gasto com a preparação da terra. Deus faz a Sua parte, dá a luz, o calor e a água, para que a semente floresça. Tudo o que é semeado com carinho e com amor no presente, Deus o abençoa e será bem colhido no futuro: “O que o homem semeia, isto mesmo colherá” (Gl 6, 7b).

Vejo, também, o tempo como o caderno e a caneta, os quais são colocados em nossas mãos por Deus. Cada momento é uma linha, cada dia uma página, mas esta está em branco, porque nós é que deveremos escrever nela, e somos nós também que decidiremos o que queremos ou não colocar na folha. Precisamos colocar na página de hoje uma história mais bela do que a de ontem e, isso, gera em nós a esperança e a confiança de escrevermos melhor a página de amanhã.

O que você está semeando no hoje que Deus lhe dá? O que você está escrevendo agora no livro da sua vida?

Nós fazemos a nossa história no tempo, decidimos o que queremos escrever agora, Deus entra com a graça, com seu Espírito Santo (“luz, calor e água” de que necessitamos para crescer). Por isso, é preciso ser amigo do tempo, nossas vidas não são uma corrida contra ele, mas é antes de tudo, o Kairós e que precisa ser vivido na plenitude.

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Só vale a pena viver se cada momento for vivido como o único momento

As belas paisagens da natureza precisam ser apreciadas como se fosse a última vez que nós a contemplaríamos. As pessoas, que você ama, precisam ser amadas como se nunca mais fosse vê-las. Dizer eu “te amo!” para seu pai, sua mãe, seu esposo, sua esposa, seus filhos ou seus amigos, precisa ser dito agora, porque amanhã pode ser tarde. Da mesma forma, é preciso estarmos na graça de Deus agora, como se fôssemos contemplá-Lo face a face, na eternidade, agora. O tempo de Deus é o presente e ele é um presente de Deus. Não reclame da demora do tempo, viva-o agora.

São Paulo nos diz: “Sabeis em que momento estamos: já é hora de despertardes do sono. Agora, a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13, 11).

Vivo em minha vida esta experiência de contar com o tempo, a resposta para a minha situação está escondida nele, mas não espero de braços cruzados, provo minha paciência no ciclo das horas e com ela cresce a minha esperança.

Escrevo hoje uma nova página na minha vida, porque o tempo o permite, não sei amanhã, só sei que não posso “dormir”, porque agora estou mais próximo da salvação do que ontem, mas não tão perto quanto amanhã.

Aproveite o seu agora, escreva uma nova página da sua vida hoje, deixe passar o que passa, ele é seu amigo e está a seu favor.

Uma observação: Você já não é o mesmo agora, desde quando começou a ler este artigo.

Deus abençoe a sua escrita!



Autor: Daniel Machado

08/03/2018

A mulher como educadora de paz

Na semana do Dia Internacional da Mulher, sacerdote destaca sua importância

Padre Antonio Aparecido Alves*
Dia Internacional da Mulher é comemorado nesta quinta-feira, 08/ Foto: Arquivo Canção Nova










Comemoramos nesta semana o Dia Internacional da Mulher, lembrando as operárias mártires carbonizadas dentro da fábrica no ano de 1857, em Nova York, quando reivindicavam seus direitos. Desde então vem o empenho pelo reconhecimento da dignidade da mulher e de seu papel na sociedade. No espírito da Campanha da Fraternidade deste ano, que nos conclama à superação da violência, cabe um destaque especial ao papel da mulher como educadora de paz. O Texto-base ressalta em seus objetivos específicos dois ambientes de educação para a paz nos quais a presença da mulher é particularmente importante: a escola e a família, especialmente nos primeiros anos das crianças.

As mulheres e a Paz

As mulheres amam a paz mais do que os homens, pois na história do movimento pacifista a presença das mulheres foi sempre marcante. Enquanto os homens constroem armamentos sofisticados e desenvolvem tecnologia para matar com precisão, as mulheres defendem a vida de seus filhos e do planeta. Ademais, as mulheres têm uma relação diferente com o sangue, por causa de seus ciclos menstruais, pois enquanto na lógica masculina sangue é sinal de violência, para elas ele está ligado à questão da vida.
A importância das mulheres para a causa da Paz foi reconhecida pela Organização da Nações Unidas. Em sua Conferência sobre a Mulher (Pequim, 1995) reconheceu-se que “nos períodos de conflito armado e de colapso da comunidade, o papel da mulher é essencial. Elas continuamente trabalham para manter a ordem social no meio de um conflito armado ou de outra espécie. As mulheres têm uma contribuição importante, mas frequentemente desconhecida, como educadoras da paz, na família e na sociedade”.
Este aspecto foi sublinhado por São João Paulo II por primeiro na Mensagem para o Dia Mundial da Paz (01/01/1995), exatamente em preparação para esta Conferência da ONU que ocorreria em Pequim. Disse o Papa: “Nesta perspectiva, desejo dirigir a Mensagem para o Dia Mundial da Paz sobretudo às mulheres, pedindo a elas de se fazerem educadoras para a paz com todo o seu ser e com todo o seu operar” (nº2). O Pontífice sublinha, ainda, que as mulheres devem cultivar a paz em si mesmas, para serem educadoras de paz e isso vem de uma consciência da própria dignidade (n.º 4 e5). Ele reconhece, no entanto, que “muitas mulheres, especialmente por causa de condicionamentos sociais e culturais, não atingem uma plena consciência de sua dignidade”. Em outras palavras, muitas já introjetaram a estrutura masculina patriarcal e competitiva da sociedade, da qual são reprodutoras.

A presença especial da mãe

A mãe desenvolve uma missão única com relação à paz. “Como é possível que uma mãe ensine à própria filha que vale tanto quanto o seu irmão, quando ela mesma não acredita nisto e pensa ser inferior ao marido? Como é possível ensinar à filha levantar-se e exigir seus direitos, a adquirir uma própria identidade e força para mudar o mundo, quando ela própria é de tal maneira oprimida a ponto de não imaginar uma possibilidade de solução? E como é possível que eduque o próprio filho segundo um modelo não competitivo, quando está convencida de que é necessário adestrá-lo a tornar-se vencedor? Como é possível que deixe o filho levar-se por momentos de fraqueza, de choro, de sentimentos e emoções, quando ela acredita que os homens devem ser fortes e duros?”, se pergunta a norueguesa Birgit Brock-Utne. Em seu livro La pace è donna (A paz é mulher) ela apresenta a tipologia da “mãe Viking” que educa os filhos para serem audazes, agressivos e capazes de suportar a adversidade e a dor sem chorar. A filosofia educativa deste tipo de mãe está ainda presente em muitas mães, que ensinam seus filhos a reagir e a bater, bem como naquelas que dizem aos seus meninos que “homem não chora e não sente dor”. É preciso, portanto, reconhecer a importância das mulheres na educação para a paz, porém, desde que elas se libertem dos condicionamentos culturais e sociais que fazem delas pessoas submissas.