05/04/2015

Páscoa: Um tempo se inicia

FELIZ PÁSCOA A TODOS!

Com a Páscoa o mundo se renova e começa uma nova perspectiva de história, porque o Cristo Ressuscitado convoca os cristãos para construir uma humanidade diferente, convencida de que uma vida saudável é possível. Ela tem que ser construída tendo como base a fé e a visão otimista de futuro. Os critérios devem aqueles fundados no testemunho autêntico de vida.
No caminho da Páscoa é importante o desapego de ideias antigas, de antigos costumes e normas. É hora de pensar mais alto e olhar para frente com liberdade, com fermento novo e firmar os pés naquilo que é capaz de dar rumo certo aos nossos ideais. Isso é muito difícil quando nos abandonamos no próprio subjetivismo.
No âmbito da fé, sabemos que Deus dá novo sentido para os acontecimentos. Ele é o guia da história, que tira do fracasso um resultado de vitória para a vida. Não é fácil entender os mistérios de Deus Pai, mas eles estão a serviço do bem da criação, especialmente das pessoas, criadas à imagem e semelhança d’Ele e chamadas para construir o mundo.

Assista: “Fidelidade à vida nova em Cristo”, com professor Felipe Aquino

Não podemos ficar numa situação de trevas, de incertezas, como aconteceu com os discípulos de Jesus após Sua Morte na cruz. Não sabiam ainda da Ressurreição do Senhor, mesmo sabendo que o sepulcro tinha sido encontrado vazio. Custaram a entender as promessas do Mestre, nas quais estava inscrito que a morte traria vida nova.
Deus vai sempre na contramão dos critérios humanos. O que para nós parece derrota, para Ele é vitória; o que nos parece fim é começo para Ele, e com muito mais força e vigor. A Ressurreição de Cristo é o recomeço da criação, que depende da continuidade da nossa parte como cocriadores com Deus.
Todos nós estamos em busca de um novo mundo, de uma sociedade transformada e ressuscitada para o bem e para a paz. A Páscoa deve ser vida nova, superior a todo o passado de imperfeições e maldades. É olhar para frente com esperança e na certeza de bons frutos de quem se convence do valor dos seus bons atos.

04/04/2015

Sábado Santo

Círio Pascal

Sábado santo e Vigília Pascal
O Sábado Santo, ou Sábado de Aleluia, antecede as comemorações do domingo de Páscoa. Mas, o que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. 
Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos. Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o meio dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

Sábado Santo

O Sábado Santo, ou Sábado de Aleluia, antecede as comemorações do domingo de Páscoa, daRessurreição de Jesus. Durante o dia, a Igreja permanece meditando a Paixão e esperando a Ressurreição. 

Depois do anoitecer, a Vigília Pascal inicia com a Liturgia da Luz, que começa com as luzes da igreja apagadas e a reunião dos fiéis. Abençoa-se o fogo, símbolo do esplendor do Ressuscitado. Prepara-se o círio pascal, vela em que o celebrante marca uma cruz e as letras Alfa e Ômega, que representam Cristo, Princípio e Fim de tudo e de todos. Entre os braços da cruz está o ano em curso. O círio é usado em todo o Tempo Pascal, permanecendo na igreja, e durante todo o ano em batismos, crismas e funerais, lembrando a todos que Cristo é a luz do mundo. 

A vela é acesa e segue o antigo rito do Lucernário. Um sacerdote ou diácono carrega o círio pela igreja escura, parando três vezes e aclamando: “Lumen Christi” (Luz de Cristo), e a assembleia responde “Deo Gratias”(Graças a Deus). A vela prossegue pela igreja e todos acendem velas menores pelo Círio Pascal , representando a “Luz de Cristo” se espalhando por todos. A escuridão diminui. Depois de colocada em destaque, a vela é incensada e entoa-se solenemente o canto Exulted, de tradição milenar. A Igreja pede que as forças do céu exultem a vitória de Cristo sobre a morte. 

Apagam-se as velas e inicia-se a Liturgia da Palavra, composta de sete leituras do Antigo Testamento, que são como um resumo de toda a História da Salvação.Cada leitura é seguida por um salmo e umaoração. Depois de concluir estas leituras, é entoado solenemente o Gloria in excelsis Deo (“Glória a Deusnas alturas”). Os sinos, sinetas e campainhas da igreja devem ser tocados. É a primeira vez que se entoa o “Glória” desde a Quarta-feira de Cinzas, com exceção da Quinta-feira Santa. Lê-se um texto da Epístola aos Romanos e o Salmo 118. 

O “Aleluia” é cantado também de forma muito solene, pois não se entoava desde o início da Quaresma. Na Liturgia Batismal, a água da pia batismal é solenemente abençoada e pode-se haver batizados neste momentos. Depois, todos renovam os seus votos batismais e recebem a aspersão da água. A oração dos fiéis se segue e a Liturgia Eucarística continua como de costume. Esta é a primeira Missa do dia da Páscoa.

03/04/2015

Sexta-feira da Paixão: Mistério de amor

Vamos começar nossa reflexão a partir das palavras que São João usa para sintetizar o que aconteceu na Última Ceia e na Paixão de Jesus: “Tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1).

Amar até o fim significa que, no caminho da sua entrega por nós na cruz, Jesus seguiu todas as etapas, sem deixar uma só, e chegou até o final. As penúltimas palavras que pronunciou na cruz foram: “Tudo está consumado” (Jo 19, 30), antes de clamar: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23, 46).
Mas amar até o fim também significa que Cristo, na cruz, nos amou sem limite algum, sem recuo algum, sem se poupar em nada, até o extremo. Nada limitou o amor do Senhor por nós. Não se deteve em barreiras, não O arredou nenhuma dor, nenhum sacrifício, nenhum horror. Acima do Seu bem-estar, da Sua honra, da Sua vida, colocou a salvação dos que amava, de cada um de nós.
Já pensamos no que é um amor ilimitado? Um amor que não depende de nada, nem exige nada, para se dar por inteiro?
O amor de Cristo começa sem que nós O tenhamos amado, não é retribuição, é puro dom; e chega até o extremo ainda que nós não o correspondamos, melhor dizendo, no meio de uma brutal falta de correspondência. Nisso consiste o amor – esclarece São João –: “Não em termos nós amado a Deus, mas em que Ele nos amou primeiro e enviou o seu Filho para expiar os nossos pecados” (1 Jo 4, 10).

Explicação da solenidade de Sexta-Feira Santa com padre Paulo Ricardo 

A meditação da Paixão, neste sentido, é transparente. Nenhum sofrimento físico aparta Jesus da cruz. Basta que contemplemos – como numa sequência rápida de planos cinematográficos – Cristo preso, amarrado, arrastado indignamente, esbofeteado, açoitado até a Sua carne se converter numa pura chaga, coroado de espinhos, esfolado e esmagado sob o peso da cruz e de nossos pecados, cravado com pregos ao madeiro, torturado pela dor, pela sede, pelo esgotamento… Nada O detém na Sua entrega amorosa.
Podemos projetar também – em flashes consecutivos – a sequência dos sofrimentos morais do Senhor, e perceber que tampouco conseguiram afastá-Lo de chegar até o fim. É caluniado, ridicularizado, julgado iniquamente, condenado injustamente; alvo de dolorosa ingratidão, de hedionda traição; é ferido pela infidelidade, pela falta de correspondência dos que amava e escolhera como Apóstolos; é atingido pelas troças mais grosseiras, pelos insultos mais ferinos, por escarros e tapas no rosto…
Nada O faz recuar, nem sequer a última humilhação, pois não O deixaram morrer em paz, e desrespeitaram com zombarias e insultos até os últimos instantes da Sua agonia. Os que passavam perto da cruz sacudiam a cabeça e diziam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam de Jesus nessa hora: “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e creremos nele; confiou em Deus, que Deus o livre agora, se o ama…” (Mt 27, 39-43). Esta doação sem limites de Cristo é o Amor que nos salva, o caminho que Ele quis escolher para nos livrar do mal, afogando-o em si – no Seu Amor – como num abismo.
Ao mesmo tempo, é um contínuo apelo ao nosso amor. “Quem não amará o Seu Coração tão ferido? – perguntava São Boaventura. Quem não retribuirá o amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração.
Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do Seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.
Fonte: Canção Nova

A espiritualidade da Sexta-feira Santa

A Igreja propõe um dia de silêncio, oração e meditação

Neste dia, que os antigos chamavam de “Sexta-feira Maior”, quando celebramos a Paixão e Morte de Jesus, o silêncio, o jejum e a oração devem marcar este momento. Ao contrário do que muitos pensam, a Paixão não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna.
É preciso manter um “silêncio interior” aliado ao jejum e à abstinência de carne. Deve ser um dia de meditação, de contemplação do amor de Deus que nos “deu o Seu Filho único para que quem n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). É um dia em que as diversões devem ser suspensas, os prazeres, mesmo que legítimos, devem ser evitados.

:: Entenda o significado do beijo na cruz na Sexta-feira Santa
Uma prática de piedade valiosa é meditar a dolorosa Paixão do Senhor, se possível diante do sacrário, na igreja, usando a narração que os quatro evangelistas fizeram.
Outra possibilidade será usar um livro para meditação como “A Paixão de Cristo segundo o cirurgião”, no qual o Dr. Pierre Barbet, francês, depois de estudar por mais de vinte anos a Paixão, narra com detalhes o sofrimento de Cristo. Tudo isso deve nos levar a amar profundamente Jesus Crucificado, que se esvaziou totalmente para nos salvar de modo tão terrível. Essa meditação também precisa nos levar à associação com a Paixão do Senhor, no sentido de tomar a decisão de “gastar a vida” pela salvação dos outros. Dar a vida pelos outros, como o Senhor deu a Sua vida por nós. “Amor só se paga com amor”, diz São João da Cruz.
A meditação da Paixão do Senhor deve mostrar-nos o quanto é hediondo o pecado. É contemplando o Senhor na cruz, destruído, flagelado, coroado de espinhos, abandonado, caluniado, agonizante até a morte, que entendemos quão terrível é o pecado. Não é sem razão que o Catecismo diz que pecado é “a pior realidade para o mundo, para o pecador e para a Igreja”. É por isso que Cristo veio a este mundo para ser imolado como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Só Ele poderia oferecer à Justiça Divina uma oblação de valor infinito que reparasse todos os pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares.
O ponto alto da Sexta Feira Santa é a celebração das 15 horas, horário em que Jesus foi morto. É a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Nas leituras, meditamos a Paixão do Senhor, narrada pelo evangelista São João (cap. 18), mas também prevista pelos profetas que anunciaram os sofrimentos do Servo de Javé. Isaías (52,13-53) coloca, diante de nossos olhos, “o Homem das dores”, “desprezado como o último dos mortais”, “ferido por causa dos nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes”. Deus morreu por nós em forma humana.
Neste dia, podemos também meditar, com profundidade, as “Sete Palavras de Cristo na Cruz” antes de sua morte. É como um testamento d’Ele:
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”
“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”
“Mulher, eis aí o teu filho… Eis aí a tua Mãe”
“Tenho Sede!”
“Eli, Eli, lema sabachtani? – Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”
“Tudo está consumado!”
“Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”.
À noite, as paróquias fazem encenações da Paixão de Jesus Cristo com o sermão da descida da cruz; em seguida, há a Procissão do Enterro, levando o esquife com a imagem do Senhor morto. O povo católico gosta dessas celebrações, porque põe o seu coração em união com a Paixão e os sofrimentos do Senhor. Tudo isso nos ajuda na espiritualidade deste dia. Não há como “pagar” ao Senhor o que Ele fez e sofreu por nós; no entanto, celebrar com devoção o Seu sofrimento e morte Lhe agrada e nos faz felizes. Associando-nos, assim, à Paixão do Senhor, colheremos os Seus frutos de salvação.

02/04/2015

Lava-pés



Deus ama a sua criatura, o homem; ama-o também na sua queda e não o abandona a si mesmo. Ele ama até ao fim. Vai até ao fim com o seu amor, até ao extremo: desce da sua glória divina. Depõe as vestes da sua glória divina e reveste-se com as do servo. Desce até à extrema baixeza da nossa queda. Ajoelha-se diante de nós e presta-nos o serviço do servo; lava os nossos pés sujos, para que possamos ser admitidos à mesa de Deus, para que nos tornemos dignos de nos sentarmos à sua mesa o que, por nós mesmos, nunca podemos nem devemos fazer.

Deus não é um Deus distante, demasiado distante e grande para se ocupar das nossas insignificâncias. Deus desce e torna-se escravo, lava-nos os pés para que possamos estar na sua mesa. Exprime-se nisto todo o mistério de Jesus Cristo. Nisto se torna visível o que significa redenção. O banho no qual nos lava é o seu amor pronto para enfrentar a morte. Só o amor tem aquela força purificadora que nos tira a nossa impureza e nos eleva às alturas de Deus.
Ele é continuamente este amor que nos lava; nos sacramentos da purificação o batismo e o sacramento da penitência Ele está continuamente ajoelhado diante dos nossos pés e presta-nos o serviço do servo, o serviço da purificação, torna-nos capazes de Deus. O seu amor é inexaurível, vai verdadeiramente até ao fim.
“Vós estais limpos, mas não todos”, diz o Senhor (Jo 13, 10).
Nesta frase revela-se o grande dom da purificação que Ele nos faz, porque deseja estar à mesa juntamente conosco, deseja tornar-se o nosso alimento. “Mas não todos” existe o obscuro mistério da recusa, que com a vicissitude de Judas nos torna presentes e, precisamente na Quinta-Feira Santa, no dia em que Jesus faz a oferenda de Si, nos deve fazer refletir. O amor do Senhor não conhece limites, mas o homem pode pôr-lhe um limite.
“Vós estais limpos, mas não todos”: o que é que torna o homem impuro? É a recusa do amor, o não querer ser amado, o não amar. É a soberba que julga não precisar de purificação alguma, que se fecha à bondade salvífica de Deus. É a soberba que não quer confessar nem reconhecer que precisamos de purificação.
Em Judas vemos a natureza desta recusa ainda mais claramente. Ele avalia Jesus segundo as categorias do poder e do sucesso: para ele só o poder e o sucesso são realidades, o amor não conta. E ele é ávido: o dinheiro é mais importante do que a comunhão com Jesus, mais importante do que Deus e o seu amor. E assim torna-se também mentiroso, ambíguo e vira as costas à verdade; quem vive na mentira perde o sentido da verdade suprema, de Deus. Desta forma ele endurece-se, torna-se incapaz da conversão, da volta confiante do filho pródigo, e deita fora a vida destruída.
“Vós estais limpos, mas não todos”. Hoje, o Senhor admoesta-nos perante aquela auto-suficiência que põe um limite ao seu amor ilimitado. Convida-nos a imitar a sua humildade, a confiar-nos a ela, a deixar-nos “contagiar” por ela. Convida-nos por muito desorientados que nos possamos sentir a voltar para casa e a permitir que a sua bondade purificadora nos reanime e nos faça entrar na comunhão da mesa com Ele, com o próprio Deus.

O Senhor limpa-nos da nossa indignidade com a força purificadora da sua bondade. Lavar os pés uns aos outros significa sobretudo perdoar-nos incansavelmente uns aos outros, recomeçar sempre de novo juntos, mesmo que possa parecer inútil. Significa purificar-nos uns aos outros suportando-nos mutuamente e aceitando ser suportados pelos outros; purificar-nos uns aos outros doando-nos reciprocamente a força santificadora da Palavra de Deus e introduzindo-nos no Sacramento do amor divino.
O Senhor purifica-nos e, por isso, ousamos aceder à sua mesa. Peçamos-lhe que conceda a todos nós a graça de podermos ser, um dia e para sempre, hóspedes do eterno banquete nupcial.
Amém!
© Copyright 2006 – Libreria Editrice Vaticana

01/04/2015

Entreguemos aos pés de Jesus o melhor de nós

Não levemos para Deus nossas sobras e migalhas. Entreguemos aos pés de Jesus sempre o melhor de nós, do nosso coração, da nossa alma e do que temos e somos!
“Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos” (João 12, 3).


Amados irmãos e irmãs, nesta semana tão santa, Semana Maior do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição gloriosa de Jesus, nós queremos começar aos pés do Mestre. Ele que havia seis dias de Sua Páscoa estava na casa de Marta, de Maria e de Lázaro, seus amigos.
Você vai recordar que Maria sempre se colocava aos pés do Mestre para escutá-Lo e, naquele momento, também para ungi-Lo e prestar-Lhe o verdadeiro culto. No entanto, talvez tenha parecido um gesto escandaloso, porque o perfume de nardo, puríssimo e muito caro, usado por Maria, poderia ter sido usado para outra coisa. Contudo, para o Senhor se usa e se dá sempre o melhor: o melhor de nós, do nosso coração, da nossa alma, daquilo que temos e somos! Não vamos até Deus com nossas sobras e migalhas; levamos aos pés do Senhor aquilo que somos e temos: nossa vida e nosso coração.
Não é o tempo que sobra que damos a Deus, é o melhor do nosso tempo, é o melhor da nossa qualidade! Do que nós precisamos é estar aos pés do Senhor, adorando-O, glorificando-O, exaltando-O, sofrendo com Ele e caminhando com Ele rumo a Jerusalém. E na Sua Paixão e Morte, adorando o Seu corpo, mesmo que desfigurado, porque Jesus desfigurado é o mesmo Jesus glorioso.
Por isso hoje nós queremos nos colocar aos pés do Mestre para dar a Ele o melhor de nós! Quando Ele nasceu os reis magos Lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. Agora que Ele está prestes a morrer está Maria aos Seus pés dando-Lhe o melhor perfume, porque para Deus toda a dignidade, toda a riqueza e toda a beleza para o culto d’Aquele que é o nosso Deus.
Nós O adoramos, Senhor, O exaltamos, glorificamos e bendizemos! No entanto, não pode haver contraste entre o Cristo, de quem nós cuidamos nas capelas, nos altares, em nossas igrejas e nas roupas litúrgicas, e o Cristo que sofre nas ruas, nas portas de nossas casas e onde nós vivemos. Como disse o Senhor, os pobres nós sempre teremos no meio de nós (cf. João 12, 8), porque cada pobre é o rosto de Cristo desfigurado.
Cuidemos do Cristo que está em nossas igrejas e entre nós nos altares. E também do Cristo que entre nós em nossos irmãos, sobretudo, nos mais pobres, nos mais sofridos e nos mais necessitados.
Cristo quer ser honrado com a nossa adoração no altar; da mesma forma, Ele quer ser cuidado na pessoa daqueles que mais sofrem e necessitam do Seu amor, da Sua bondade e da nossa solidariedade humana!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova