28/04/2014

Caminhar com Deus!


Nem sempre é fácil fazer a vontade do Senhor

"Procurar somente a Deus, ver Deus em todas as coisas, isto é tornar-se superior a todas as coisas humanas" (São Gaspar Bertoni).

Nem sempre é fácil fazer a vontade de Deus. Em primeiro lugar, é necessário o discernimento, pois, muitas vezes, corremos o risco de confundir os desejos e impulsos pessoais com a vontade do Senhor. Nem sempre aquilo que nós desejamos é o que Ele nos pede. Por isso a sabedoria e o discernimento são fundamentais na caminhada espiritual.

Para cultivar uma horta, é necessário saber a época certa do plantio de cada hortaliça, caso contrário, a produção será comprometida. No campo espiritual acontece o mesmo processo. Para se vivenciar aquilo que Deus inspira em nosso coração, é preciso saber o que Ele reserva para cada etapa da nossa existência.

E como descobrir o que Deus deseja? A todo o momento Ele fala com o ser humano por meio de sinais concretos no dia a dia. Não se deve esperar que um anjo apareça e diga: "Você deve fazer isto, pois esta é a vontade do Senhor!" Deus usa de situações, pessoas e acontecimentos para se comunicar conosco.

Olhar a vida com o coração aberto para a presença do Senhor é o primeiro passo para um discernimento espiritual. Somente quando abrimos as portas do coração, para os sinais da presença de Deus no cotidiano, conseguimos ver e ouvir o que Ele nos pede.

Vê-Lo nas diversas situações da vida é também um passo fundamental para o crescimento espiritual. Notar a presença do Senhor na natureza pode desenvolver uma sensibilidade enorme no campo espiritual, mas saber reconhecer essa presença também em um sorriso, uma lágrima, uma situação de luto, uma enfermidade, é fundamental.

Quando se fala em luto e enfermidade, ter discernimento é extremamente importante. Deus não deseja o sofrimento do ser humano, e isso seria contrário à Sua natureza amorosa, pois "Deus é amor". Sua presença no luto é garantia de que Ele não abandona Seus filhos em nenhum momento, nem mesmo na enfermidade, quando Ele se faz presente ao lado do doente, dando-lhe forças para que possa carregar a cruz com paciência. Deus Pai está presente em cada situação, sendo auxílio, conforto e paz.

Na trajetória da vida, Deus caminha ao lado do ser humano e nunca o abandona. Abrir o coração à presença divina é encontrar-se com o Amor, visível presente do Pai.

25/04/2014

O Reino e a Fé


O cristão crê em Deus por intermédio de Jesus Cristo


“Acima dele havia um letreiro: ‘Este é o Rei dos Judeus’. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: ‘Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!’ Mas o outro o repreendeu: ‘Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma pena? Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal’. E acrescentou: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar’. Ele lhe respondeu: ‘Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso’” (Lc 23, 38-43).

A situação dos três condenados é a mais crítica que se possa pensar e, no entanto, alguém é capaz de dar um verdadeiro salto, o salto da fé, que supera as circunstâncias mais dolorosas e abre o horizonte do Reino de Deus, “Reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”. Da dura realidade da cruz brotaram as fontes da evangelização.

Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, revelou-se apaixonado pelo Reino de Deus. Anunciou o Reino com toda a força, indicou seus sinais na natureza e na vida das pessoas, proclamou-o presente e ao mesmo tempo o porvir, alertou sobre o fato de que este Reino se encontra perto de nós! Seus discípulos percorrerão o mundo inteiro, para chegar aos confins da terra, descobrindo as sementes do Reino de Deus plantadas pelo Espírito Santo, mostrando-as presentes, proclamando a Boa Nova da salvação e realizando o próprio Reino na Igreja, testemunha e presença do domínio de Deus.

Só que Deus não domina com os critérios e modalidades correntes. Falar de Reino de Deus exige pensar em semente, luz, fermento, grão de trigo, que morre para dar a vida... Até o fim dos tempos, quando o Senhor vier em sua glória, este Reino, qual trigo no meio do joio, será provocado pela presença do mal, ainda que os discípulos de Jesus saibam, com a certeza da fé, que a vitória será do bem e da verdade. Ele, Jesus Cristo, é o Senhor da história, princípio e fim, alfa e ômega da aventura humana! N'Ele está a vida verdadeira e o sentido de toda a procura do bem e da verdade!

Se parece muito bonito e confortador afirmar tais verdades, bem sabemos que elas pertencem ao âmbito da fé. Sem a fé, a realidade será compreendida de forma diversa. Tanto que aparecem dois modos de encarar a vida, ambos fadados a bloquear o sentido da própria existência. De um lado, perder de vista a eternidade para a qual fomos criados por Deus, justamente por não enxergar a maravilhosa realidade de criaturas em que nos encontramos. As pessoas que vivem assim só acreditam em si mesmas e naquilo que veem com os olhos da carne. É a pretensão de autonomia absoluta, na qual somos apenas obra do acaso ou dos processos físico-químicos da natureza, pelo que “comamos e bebamos, pois amanhã morreremos” (Cf. 1 Cor 15, 32). É ainda possível enxergar a existência como uma fatídica destinação do sofrimento, com a qual o pessimismo se instala e corrói as pessoas. De Deus se tem apenas medo, pois é visto como um vigia implacável, juiz severo, pronto a condenar os atos humanos. A fé se reduz à crença, os mitos se instalam, o medo ocupa o coração e cresce o risco do fanatismo. É o outro lado de uma medalha com a qual se pretende pagar o preço da passagem pela vida. Sabemos que nenhuma das duas visões é a autêntica fé cristã.

A fé cristã, do homem e da mulher que se encantam pelo Reino “de” Deus, escancara novas e inusitadas oportunidades. Jesus Cristo é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus por intermédio de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus e é Deus com o Pai e o Espírito Santo. Ele é o cumprimento das Sagradas Escrituras, Aquele em quem acreditamos, Aquele “que em nós começa e completa a obra da Fé” (Cf. Hb 12,2). Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro realizador da evangelização, com a qual a Igreja se apresenta diante do mundo.

Sua missão continua no espaço e no tempo (Cf. Homilia de Bento XVI, na abertura do Ano da Fé, 11 de outubro de 2012). É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, conduz a levar a Boa Nova aos pobres. A Igreja é o instrumento desta obra de Cristo, unida a Ele como o corpo à cabeça. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). E soprando sobre os discípulos, disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). O próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o fim dos tempos, infundindo o Espírito Santo nos discípulos, dando-lhes a força para “proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19).

Nossa vida cristã é resposta a este imenso amor de Deus. É fundamental reavivar o desejo ardente de anunciar novamente Jesus Cristo. Nos últimos tempos aconteceu o avanço de uma "desertificação" espiritual. Já se podia perceber, a partir de algumas páginas trágicas da história, o pouco o valor dado à vida num mundo sem Deus, mas agora, infelizmente, vemos o vazio que se espalhou. Mas é precisamente a partir da experiência desse deserto, desse vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer e a sua importância vital. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida. Há sinais da sede de Deus, de um sentido para a vida, ainda que muitas vezes expressos de modo confuso ou negativo. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à graça de Deus, que liberta do pessimismo (Cf. Bento XVI, "Porta Fidei").

Na conclusão do Ano da Fé, nasce uma nova perspectiva de missão. Acolhamos, neste fim de semana, o impulso evangelizador da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, com a qual o Papa Francisco impulsiona a tarefa da evangelização. O Reino de Deus é de novo anunciado e com novo ardor, novos métodos e novas expressões. Deus seja louvado porque não podemos parar!

Fonte: Canção Nova

24/04/2014

Esperança




Um coração inquieto, ansioso e ferido não sabe esperar


É graças à esperança que, a cada manhã, somos renovados e, desta forma, podemos recomeçar. Ela é a força que vai além do cansaço, do tédio e da rotina; e quando encontra espaço no coração humano, tem o poder de purificá-lo, dando-lhe uma nova disposição para viver cada momento como se fosse o mais esperado da vida.

Seja por meio de livros, músicas, mensagens ou partilhas, o certo é que, nesses últimos dias, Deus tem me levado a refletir e a rezar sobre a esperança. É evidente que o mundo padece por falta de amor! Mas interessante é perceber que este sentimento necessita da esperança para existir e crescer. Nesse caso, o que realmente nos faz padecer, em pleno século XXI – considerado o século da tecnologia que coloca "tudo ao alcance do homem" –, é justamente a falta de confiança. Talvez, por estar cercado de facilidades, o homem perdeu o sentido da espera, desconhece as riquezas que este tempo lhe proporciona. E, muitas vezes, deixa-se levar pela sede do ter e do poder imediato, mergulhando, assim, no vazio da inquietação que o leva ao desespero.

Um coração inquieto, ansioso e ferido não sabe esperar nem amar. Se dermos um pouco mais de atenção aos nossos sentimentos e olharmos ao nosso redor, veremos que, quando o amor estaciona ou esfria em nossa alma, na maioria dos casos, é porque está sufocado por preocupações, medos, desconfiança e desânimo. Jacques Philipe, ao falar sobre isso em seu livro "A liberdade Interior", afirma:

"Devido à falta de esperança, não cremos verdadeiramente que Deus possa nos fazer felizes, e, então, construímos uma felicidade com nossas próprias riquezas. Não esperamos que Deus nos possa fazer existir em plenitude, e construímos uma identidade e uma felicidade artificiais, pois não acreditamos no amor puro e verdadeiro que o Senhor tem por nós, por isso nos perdemos tentando preencher o vazio que essa descrença nos causa (...)"

Constatamos que esta é uma situação muito comum entre nós cristãos, dotados de boa vontade. Gostaríamos de amar intensamente e ser generosos na doação de nós mesmos aos demais, mas somos paralisados por medo, desconfiança, e outros "monstrinhos" que, na maioria dos casos, somos nós mesmos quem os cultivamos, frutos de nossas expectativas frustradas. E aí está um ponto muito importante: as decepções mal trabalhadas em nosso interior ou sufocadas pelo orgulho, acabam afetando nossa confiança na graça de Deus. Acredito que este seja o principal motivo do desespero que assola a humanidade em nossos dias. Santa Terezinha revela: "A confiança sempre conduz ao amor". Se confiarmos mais no poder do amor, seremos mais dóceis na espera, viveremos com mais serenidade e, conseqüentemente, mais felizes.

Quando tudo parece desabar diante de nós, quando vivemos a difícil experiência da perda ou decepção e vemos sonhos destruídos, quando não temos as respostas que desejaríamos obter, é preciso, mais do que nunca, mergulhar na fé, pois esta nos aproxima da verdade transmitida pela Palavra de Deus e nos recorda sua fidelidade absoluta no cumprimento de Suas promessas. Mestres da sabedoria afirmam que "é a falta de esperança que perde as almas". Sabendo disso, precisamos reagir!

Diante de uma alma desesperançada, o primeiro ponto é identificarmos a raiz do desânimo, oferecendo a ela o "remédio" certo: a esperança, alicerçada na Palavra e no amor de Deus. Que o Senhor renove, hoje, em nossas almas, a disposição para esperar n'Ele para que, apoiados em Suas promessas, possamos viver a graça do amor.

23/04/2014

Buscar vigor espiritual!


O amor de Deus, na história da humanidade

Os diagnósticos da crise contemporânea apontam processos corrosivos de desumanização, pesando existencialmente sobre os ombros de todos. É incontestável a perda do sentido da própria vida, com consequentes atentados contra a dignidade do outro. Violências de todo tipo permeiam as relações sociais e humanas como o tráfico de pessoas - tema da Campanha da Fraternidade (CF-2014) - a banalização da vida e a perda da noção de moralidade, que resultam no desrespeito aos valores essenciais do ser humano. 
Essa desumanização que alimenta dia a dia o aumento da violência e intensifica a inércia de ações governamentais e cidadãs, exige reação urgente e massiva na reconfiguração dos cenários socioculturais e políticos.

Tem-se a impressão de que a sociedade contemporânea é um caminhão desgovernado ladeira a baixo, sem freios. De tudo acontece. Tudo parece possível quando deixa de existir clareza sobre os valores do bem e do mal na vida social e familiar. Diante desta realidade, é compromisso inegociável do cristão o combate diuturno para fazer triunfar o bem e a justiça.

Ardiloso, o mal não se dobra facilmente a qualquer ameaça. Vencê-lo requer estratégias inteligentes, de racionalidade e de vontade política próprias de quem tem estatura cidadã. Mas só a espiritualidade é capaz de sustentar a competência daquele que assume esta luta. Só ela tem poderes para alargar os corações e capacitar as pessoas para uma compreensão que ultrapassa a simples lógica das relações formais e conduzir à construção de uma sociedade justa e solidária, por meio do aprendizado do amor a partir de sua gênese: a fonte inesgotável, o amor, Deus revelado de maneira plena na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador e Redentor. Significativo é ter presente o ápice do diálogo de Jesus com Nicodemos, narrado pelo evangelista João, quando o Mestre diz: ‘Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna’.

Não se pode ser coração da paz e, assim, vencer o mal, sem beber da fonte do amor, que o limite humano não garante, em si. E este amor de Deus, na história da humanidade, se personifica em Jesus Cristo. Se há essa compreensão, permanece cotidianamente o desafio de aproximação dessa fonte e o usufruto da oferta dadivosa que ele faz de si, com ensinamentos e gestos que, imitados e testemunhados, podem fazer de cada coração da paz instrumento de consecução de uma dinâmica social e política que promova a dignidade humana.

Esses espantosos diagnósticos de desumanização da sociedade contemporânea precisam ser afrontados, com o propósito inadiável de nova configuração, em segurança pública, educação, trabalho, saúde, moradia, política menos partidarista e mais cidadã. Pela garantia de oportunidades para todos, por uma cultura que supere a exclusão social. Sendo assim, a reconquista da humanização que se anseia neste momento, com a reorganização das diversidades de todo tipo, autonomias e liberdades, demandas e prioridades, só será possível por meio de uma espiritualidade enraizada, fazendo de cada pessoa coração da paz.

A vivência da Semana Santa, a Semana Maior, fixando o olhar na revelação plena do amor de Deus, aproximando-nos da fonte inesgotável, é a grande oportunidade para se recuperar a espiritualidade tão necessária. A superficialidade de fazer da Semana Santa um feriadão pode ser um equívoco. O repouso justo, o silêncio fecundante, a oração alargadora do coração, as abstinências, a sensibilização pela escuta e a celebração do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus são possibilidades fecundas para um novo tempo de vida pessoal e comunitária em busca do indispensável vigor espiritual.

22/04/2014

O tesouro que o mundo procura!



Quem não luta não tem muitos problemas nem dificuldades, mas também não alcança a vitória


A juventude é a fase em que mais sofremos as investidas do inimigo de Deus, quando enfrentamos as maiores batalhas e temos sentimentos à flor da pele. É uma guerra na qual nos machucamos e ficamos, muitas vezes, mutilados. É difícil ir para a guerra, mas não ir significa não conhecer o sabor da vitória.

Quem não luta não tem muitos problemas nem dificuldades, mas também não alcança a vitória. É assim que acontece com alguém que está em pecado: como um porco, lambuza-se todo e se mistura tanto à lama que não quer mais sair dela. Mesmo sendo lavado, o porco retorna à lama. Quem não luta contra o pecado torna-se semelhante a esse animal, acostumado à vida do chiqueiro. Muitas vezes, permanecemos no pecado e nas consequências dele, porque não lutamos.

Há uma história sobre um homem e seu baú cheio de tesouros, os quais ele colecionava e comercializava. Além do baú, possuía tecidos, tapetes, terras, gado, cavalos, casas... Enfim, era muito rico. Ele viajava bastante e sempre comprava algo que não possuía. Assim foi ajuntando tesouros, até que, um dia, numa das viagens, deparou-se com uma pérola negra e se encantou por ela. Era a única no mundo!

Em nenhum dos lugares pelos quais já havia passado havia aquele tesouro. Quis possuí-la e foi até o dono da pérola. Pelo fato de não haver nada parecido no mundo inteiro, o proprietário tinha todo o direito de pedir o valor que quisesse, e foi o que aconteceu. Ele pediu um preço tão alto, que era quase impossível alguém possuir todo aquele dinheiro. O comerciante achou o preço exorbitante, mas, como um bom negociante, fez o cálculo de todos os seus bens, incluindo a roupa do corpo, e percebeu que teria o dinheiro suficiente para comprá-la. Voltou para casa, juntou tudo, vendeu, comprou a pérola e saiu vestido com o mínimo necessário para não estar nu.

Olhava o bem recém-adquirido sem ter para onde ir, pois tinha vendido a casa e tudo o que possuía. Achou, então, uma árvore e sentou-se à sombra, contemplando o seu tesouro. Ninguém era mais rico do que aquele homem, mas também ninguém era mais pobre do que ele. Nada custava mais do que a sua pérola e ele era feliz. Havia encontrado o que sempre buscara. Aquele homem acumulou riquezas por toda a vida, achando que nelas seria feliz, até encontrar a pérola. E, quando a encontrou, teve de se desfazer de tudo para comprá-la.

Nossa situação é parecida: não temos carneiros, tesouros, contas bancárias "gordas" nem cheque especial; muitos não têm carro nem cartão de crédito. Mas, ao longo da vida, adquirimos falsos tesouros como o pecado, por exemplo. Ele nos impossibilitou de buscar o tesouro da felicidade e da paz, que é o próprio Deus. Jesus é a paz na agitação da vida, a alegria verdadeira e plena.

Muitas pessoas procuram esse Tesouro em lugares impróprios e não O encontram. Sabemos que Cristo está em todas as pessoas, mas não em todas as situações. Existem situações em que somente o diabo está. E é justamente aí que, ao longo da vida, fomos buscar a felicidade: numa zona de prostituição, na boca de fumo, numa butique gastando além do que podíamos e ficando endividados. Buscamos a felicidade na violência, na loucura, na moda, na novela, na traição, em situações em que Deus não está, e acumulamos misérias dentro de nós.

Hoje, alegremo-nos, pois nossa busca acabou! Até mesmo o que temos de material, adquirido com muito custo e trabalho, passa a ter mais valor, mais sentido e mais gosto, porque encontramos o grande Tesouro, que é o próprio Deus.

Do livro: “Sementes de uma nova geração”

20/04/2014

Páscoa, festa da Vida e da Luz

“Exulte o céu, e os Anjos triunfantes, mensageiros de Deus, desçam cantando; façam soar trombetas fulgurantes, a vitória de um Rei anunciando”.

É assim que a Igreja celebra o anúncio da vitória da Vida sobre a morte, da Luz sobre as trevas: Cristo Ressuscitou, Aleluia! No céu se realiza essa grandiosa festa entre os anjos que, cumprindo a missão a eles confiada, descem para a terra e comunicam aos homens essa linda realidade. A festa do céu chegou até nós! Aquele que estava morto vive! O fogo novo do Círio Pascal entra na igreja ainda escura para mostrar essa vitória da vida sobre a morte.


”Que essa Luz Nova do Cristo chegue até as partes mais escuras e difíceis da sua vida", exorta monsenhor Jonas


A luz nova que entra na igreja é o sinal da Luz de Cristo que também chega até os nossos corações. Todos são iluminados, só precisamos deixar que essa Luz Verdadeira penetre o mais profundo em nosso ser, dissipando qualquer sombra e erradicando em nós as raízes da vida velha. A Páscoa é muito mais que a “festa do chocolate”. Para nós, resgatar o verdadeiro sentido desta solenidade é questão de crescimento na nossa identidade de cristãos autênticos.

A ressurreição de Cristo dá o sentido de todas as outras festas cristãs, enche de esperança os sofrimentos e inaugura um tempo novo de crescimento rumo à realização do projeto de Deus também para nós. Aquele que morreu por nós, também por nós ressuscitou, para deixar claro que esse projeto do Pai também se realizará nas nossas vidas.

Desejo a você, sócio fiel do Clube da Evangelização, uma experiência profunda dessa nossa verdade de fé. Que essa Páscoa se realize em você e em sua família. Que essa Luz Nova do Cristo chegue até as partes mais escuras e difíceis da sua vida. Que a força da luz seja a sua segurança e que, vivenciando a sua fé de uma forma madura, nos encontremos em cada Eucaristia para celebrarmos esse grande mistério da fé.

Contar a cada mês com a sua fidelidade é, para nós, a certeza de que poderemos continuar na missão de levar a muitos esse Cristo Ressuscitado. Você nos ajuda a entrar em muitos lares e corações levando essa autêntica luz do Ressuscitado. Você abraçou a missão de levar a Luz do Cristo para muitos irmãos. Sua fidelidade é um alicerce seguro para nos lançarmos nessa linda missão de evangelizar. Cristo ressuscitou e muitos necessitam saber dessa verdade. Você e eu, e conosco toda a Família Canção Nova assumimos, a cada dia, por meio da nossa fidelidade, alcançar cada vez mais pessoas.

Feliz Páscoa!

Deus o abençoe.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

19/04/2014

Sábado Santo


No Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”.


Vigília Pascal

Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “A mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a benção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia Eucarística.

Domingo de Páscoa
A palavra páscoa vem do hebreu Peseach e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do antigo testamento.

A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos.

Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é, verdadeiramente, o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus na Sexta-Feira transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

A data da Páscoa
A fixação das festas móveis decorre do cálculo que estabelece o Domingo da Páscoa de cada ano, assim: A Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que segue o Equinócio da Primavera, no Hemisfério Norte (21 de março). Se esse dia ocorrer depois do dia 21 de abril, a Páscoa será celebrada no domingo anterior. Se, porém, a lua cheia acontecer no dia 21 de março, sendo domingo, será celebrada de 25 de abril. A Páscoa não acontecerá nem antes de 22 de março, nem depois de 25 de abril. Conhecendo-se a data da Páscoa, conheceremos a das outras festas móveis.

Cordeiro
O cordeiro que os israelitas sacrificavam no templo no primeiro dia da páscoa como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era degolado no templo.

Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama “nossa páscoa” (Cor 5, 7).

João Batista, quando está junto ao rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô 1, 29 e 36).Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados (Cf. Is 53, 7-12).

Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. (Cf. AP 5,6.12; 13, 8).

Ovo
O costume e tradição dos ovos estão associados com a Páscoa há séculos. Símbolo da fertilidade e nova vida. A existência da vida está intimamente ligada ao ovo, que simboliza o nascimento. O sepulcro de Jesus ocultava uma vida nova que irrompeu na noite pascal. Ofertar ovos significa desejar que a vida se renove em nós.

Coelho

Por serem animais capazes de gerar grandes ninhadas e reproduzirem-se várias vezes ao ano, sua imagem simboliza a capacidade da Igreja de produzir novos discípulos de Jesus, Filho de Deus.

Pão e vinho
Na ceia do senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar vazão ao seu amor.
Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.

Cruz

A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo.
No Conselho de Nicea em 325 d.c., Constantim decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo.
Então não somente um símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica.

Círio Pascal

É uma grande vela que é acesa no fogo novo, no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda atreva do erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos Povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois crava-se neste, cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus e as letras “alfa” e “Omega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significa o princípio e o fim de todas as coisas.

18/04/2014

Sexta-feira da Paixão: Mistério de amor


Nada o detém na sua entrega amorosa


Vamos começar nossa reflexão a partir das palavras que São João usa para sintetizar o que aconteceu na Última Ceia e na Paixão de Jesus: “Tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1).

Amar até o fim significa que, no caminho da sua entrega por nós na cruz, Jesus seguiu todas as etapas, sem deixar uma só, e chegou até o final. As penúltimas palavras que pronunciou na cruz foram: “Tudo está consumado” (Jo 19, 30), antes de clamar: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23, 46).


Mas amar até o fim também significa que Cristo, na cruz, nos amou sem limite algum, sem recuo algum, sem se poupar em nada, até o extremo. Nada limitou o amor do Senhor por nós. Não se deteve em barreiras, não O arredou nenhuma dor, nenhum sacrifício, nenhum horror. Acima do Seu bem-estar, da Sua honra, da Sua vida, colocou a salvação dos que amava, de cada um de nós.

Já pensamos no que é um amor ilimitado? Um amor que não depende de nada, nem exige nada, para se dar por inteiro?

O amor de Cristo começa sem que nós O tenhamos amado, não é retribuição, é puro dom; e chega até o extremo ainda que nós não o correspondamos, melhor dizendo, no meio de uma brutal falta de correspondência. Nisso consiste o amor – esclarece São João –: “Não em termos nós amado a Deus, mas em que Ele nos amou primeiro e enviou o seu Filho para expiar os nossos pecados” (1 Jo 4, 10).

A meditação da Paixão, neste sentido, é transparente. Nenhum sofrimento físico aparta Jesus da cruz. Basta que contemplemos – como numa sequência rápida de planos cinematográficos – Cristo preso, amarrado, arrastado indignamente, esbofeteado, açoitado até a Sua carne se converter numa pura chaga, coroado de espinhos, esfolado e esmagado sob o peso da cruz e de nossos pecados, cravado com pregos ao madeiro, torturado pela dor, pela sede, pelo esgotamento... Nada O detém na Sua entrega amorosa.

Podemos projetar também – em flashes consecutivos – a sequência dos sofrimentos morais do Senhor, e perceber que tampouco conseguiram afastá-Lo de chegar até o fim. É caluniado, ridicularizado, julgado iniquamente, condenado injustamente; alvo de dolorosa ingratidão, de hedionda traição; é ferido pela infidelidade, pela falta de correspondência dos que amava e escolhera como Apóstolos; é atingido pelas troças mais grosseiras, pelos insultos mais ferinos, por escarros e tapas no rosto...

Nada O faz recuar, nem sequer a última humilhação, pois não O deixaram morrer em paz, e desrespeitaram com zombarias e insultos até os últimos instantes da Sua agonia. Os que passavam perto da cruz sacudiam a cabeça e diziam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”

Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam de Jesus nessa hora: “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e creremos nele; confiou em Deus, que Deus o livre agora, se o ama...” (Mt 27, 39-43). Esta doação sem limites de Cristo é o Amor que nos salva, o caminho que Ele quis escolher para nos livrar do mal, afogando-o em si – no Seu Amor – como num abismo.

Ao mesmo tempo, é um contínuo apelo ao nosso amor. “Quem não amará o Seu Coração tão ferido? – perguntava São Boaventura. Quem não retribuirá o amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração.

Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do Seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.

17/04/2014

Praias, churrascos e festas não são ambientes para a Semana Santa


O Acampamento da Semana Santa, que será promovido de 16 a 20 de abril na sede Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), reúne todos os anos peregrinos vindos de todas as regiões do país que buscam a oportunidade de participar com devoção e profundidade das celebrações da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

"O amor que nos salva!" será o tema que conduzirá as pregações e os momentos de louvor e adoração em memória ao infinito amor de Cristo pela humanidade ao morrer na cruz para nos salvar. Como destaca padre Fabrício Andrade, missionário dessa obra de Deus, todas as celebrações, cânticos e textos litúrgicos da Semana Santa revelam o amor de Deus por nós.

“É um tempo forte de oração e reflexão para os cristãos no mundo todo, com tradições diferenciadas para cada região, porém, todas com o mesmo objetivo: celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Muitos podem ser atraídos e evangelizados pelas peças teatrais e encenações da Via-Sacra; outros serão alcançados pelos sermões da Grande Semana; outros ainda poderão ter os corações tocados pelo arrependimento dos pecados e no sacramento da confissão ao se encontrarem com a própria Misericórdia”, explicou o sacerdote.
"O amor que nos salva!", tema do Acampamento de Semana Santa deste ano
Foto: Arquivo/Cancaonova.com
Somos convidados a participar verdadeiramente de todas as celebrações litúrgicas da mais importante festa cristã, porque todas elas são ricas em palavras e símbolos por apresentarem o mistério de nossa salvação. Padre Fabrício destaca que, ao participarmos destas celebrações, precisamos ficar atentos às palavras pronunciadas pelos sacerdotes e a todos os rituais, porque a Igreja celebra este mistério de fé para que nós consigamos compreender o significado do mistério de nossa salvação e do infinito amor de Deus por nós, que nos salvou.

O sacerdote reforça que todos os cristãos devem participar das celebrações da Semana Santa, exceto aqueles que, por algum motivo sério, estejam impossibilitados de fazer isso. E recomenda que procuremos saber os horários das celebrações em nossa cidade, para que esta Semana Maior da Igreja seja vivenciada em uma comunidade paroquial.

“Praia, churrasco, festas, compras e relaxamento não são os contextos indicados para vivenciarmos essas celebrações, que são o centro da nossa fé. A Semana Santa não pode ser para nós cristãos mais um 'feriadão'! Teremos outras tantas chances de descansar e nos divertir, o que é necessário e muito saudável. No entanto, essas práticas [praia, churrascos, festas, etc.] não combinam com a profundidade dos mistérios que são celebrados nestes dias”, aconselhou padre Fabrício.

É preciso estar com o coração aberto para acolher o Cristo Ressuscitado na sua vida, na sua família, no seu ambiente de trabalho e em todos os lugares que estiver, pois, como recorda padre Fabrício, quem toca o nosso coração é o próprio Deus.

“A única exigência para isso é que sejamos filhos de Deus, e nós o somos pelo batismo! Entretanto, precisamos resgatar sempre essa consciência de filiação divina, para experimentamos Deus, que nos fala e nos ama, como um verdadeiro Pai”, ressaltou o sacerdote.

16/04/2014

A cruz é um sinal de amor!


Deus costuma usar sinais para falar com os homens. Ele poderia muito bem ter feito o mundo em preto e branco, que nem saberíamos a diferença, mas Ele o fez com tantas cores, com tantas vidas, para nos mostrar algo.

Muitas vezes, o demônio nos faz cegos, nos pega pelo orgulho e pela vergonha, mas os sinais de Deus têm o papel de nos levar até Ele. Nós não estamos mais acostumados a enxergar os sinais do Senhor, mas Ele tem um sinal para cada um de nós. O Pai nos deu um grande sinal: um homem em uma cruz.

O Senhor irá erguer, na Sexta-feira Santa, na Páscoa, um sinal [a cruz] no lugar mais alto. E, em cima dessa cruz, estará escrito: 'INRI – Jesus Nazareno, Rei dos judeus'.

Deus se esvazia para se fazer um de nós. Ele nasce em uma manjedoura para a salvação dos pecadores. A Igreja é o lugar onde os pecadores se tornam santos. Jesus se esvazia, permite ser coroado com espinhos, crucificado nu, na frente dos Seus amados, porque queria ser a salvação para a humanidade.

"621. Jesus ofereceu-Se livremente para nossa salvação. Este dom, significa-o e realiza-o Ele, de antemão, durante a Ultimo Ceia: «Isto é o meu Corpo, que vai ser entregue por vós" (Lc 22, 19)(CIC 621).

O Pai se esvaziou para que não tivéssemos medo de chegar até Ele, por isso podemos chegar até o Seu trono, pois Ele assim permitiu. Jesus poderia, com um suspiro, com um simples pedido, descer da cruz naquele momento; Ele poderia ter tomado mirra para não sentir dores, mas Ele não o fez! Jesus poderia ter aliviado a Sua dor, mas Ele quis dar tudo por nós!

A cruz com Cristo crucificado é o amor de Deus por nós! Quando alguém lhe perguntar: ''Você acredita neste Deus morto?''. Diga que sim, pois Ele é um Deus forte, que amou tanto o mundo, que nos deu Seu Filho único. A cruz é o sinal da justiça de Deus, da Sua misericórdia por nós. O contrário do amor não é ódio, mas a indiferença; e é isso que o diabo quer colocar em nosso coração.

A quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos sentados nas praças que gritam aos seus companheiros: Tocamos a flauta e não dançais, cantamos uma lamentação e não chorais. João veio; ele não bebia e não comia, e disseram: Ele está possesso de um demônio. O Filho do Homem vem, come e bebe, e dizem: É um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos devassos. Mas a sabedoria foi justificada por seus filhos.(Mateus 11, 16-19).

Deus quer que mudemos! Existem alguns valores que precisamos trocar, devemos fazer como a mulher que passou perfume aos pés de Jesus. Ao fazer isso, ela estava fazendo uma confissão, entregando aquele perfume, que era usado para seduzir homens, para seduzir somente Cristo.

Converter-se não é perder, mas fazer uma excelente troca. Mas o demônio faz com que sejamos indiferentes a isso! A salvação é um dom de Deus, é Jesus que morreu na cruz por nós.

''E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte. Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar''(Marcos 9, 30-31).

É na cruz, aos pés dele, que descobrimos quem é quem! Nos milagres, crescemos para cima e não para baixo, pois o sofrimento do homem não traz felicidade para Deus. Os milagres têm seu papel na Igreja: ''cuidar daqueles que creem''.

Devemos continuar com força aos pés da cruz, Deus não quer que O deixemos, Ele quer que lutemos e tenhamos fé na Sua cruz. A dor e a tristeza não são o fim, por isso não desista, mas permaneça com Jesus aos pés da cruz! A morte não conseguiu pará-Lo, Satanás não O pôde parar; Jesus venceu, Ele ressuscitou!

Quando damos o primeiro passo em direção a Jesus, a cruz nos atrai. A misericórdia de Deus nos fará pessoas melhores. Entreguemo-nos a Ele!

15/04/2014

O demônio existe


Não há um só santo que não tenha acreditado no demônio


Ele existe, não há dúvida sobre isso. A Igreja diz que sim, e esta realidade é atestada pela Bíblia, pela Tradição dos Apóstolos e pelo Magistério Sagrado da Igreja. Os santos confirmam a existência dele também. Não há um só santo que não tenha acreditado no demônio. Seria preciso destruir a Igreja e o Cristianismo, desde as suas raízes, para negar a existência do inimigo.

No entanto, inacreditavelmente, ainda encontramos pessoas – até mesmo sacerdotes e teólogos –, que, em oposição ao que a Igreja ensina, têm a coragem e a desonestidade de ensinar que satanás não existe. É uma grande e terrível heresia! Por isso mesmo, em 15 de novembro de 1972, em uma audiência, Papa Paulo VI fez a famosa alocução: "Livrai-nos do mal", na qual falou da existência do demônio e de sua ação perversa.

O saudoso Sumo Pontífice começou perguntando: “Atualmente, quais são as maiores necessidades da Igreja?”. Ele mesmo respondeu: “Não deveis considerar a nossa resposta simplista ou até supersticiosa e irreal, mas uma das maiores necessidades é a defesa daquele mal, a que chamamos demônio”. Paulo VI mostra que a realidade do pecado é uma ação perversa desse mal: “O efeito de uma intervenção, em nós e no nosso mundo, de um agente obscuro e inimigo é o demônio. O mal já não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e perversor. Trata-se de uma realidade terrível, misteriosa e medonha”. O então Papa deixou claro que estão em desacordo com o ensinamento da Igreja todos aqueles que negam a existência do diabo.

“Sai do âmbito dos ensinamentos bíblicos e eclesiásticos quem se recusa a reconhecer a existência dessa realidade, ou melhor, quem faz dela um princípio em si mesmo, como se não tivesse, como todas as criaturas, origem em Deus, ou a explica como uma pseudorrealidade, como uma personi­ficação conceitual e fantástica das causas desconhecidas das nossas desgraças”.

O mesmo Papa afirma que o demônio é a origem de todo o pecado que entrou no mundo: “O demônio é a origem da primeira desgraça da humanidade, foi ele o tentador pérfido e fatal do primeiro pecado, o pecado original (cf. Gn 3; Sb 1,24). Com aquela falta de Adão, o demônio adquiriu certo poder sobre o homem, do qual só a redenção de Cristo nos pôde libertar”.

“Ele é o pérfido e astuto encantador, sabe insinuar-se a nós por meio dos sentidos, da fantasia, da concupiscência, da lógica utópica ou de desordenados contatos sociais na realização de nossa obra para introduzir neles desvios, tão nocivos quanto na aparência, conformes às nossas estruturas físicas ou psíquicas ou às nossas profundas aspirações instintivas”.

“Ele é o inimigo número um, o tentador por excelência. Sabemos, portanto, que este ser mesquinho, perturbador, existe realmente e ainda atua com astúcia traiçoeira; é o inimigo oculto que semeia erros e desgraças na história humana”.

Paulo VI ensina que nem todo pecado é obra direta do demônio, mas nos lembra que “aquele que não vigia, com certo rigor moral, a si mesmo (cf. Mt 12,45; Ef 6,11), se expõe ao influxo do mysterium iniquita­tis, ao qual São Paulo se refere (2Ts 2,3-12) e que torna problemática a alternativa da nossa salvação”.

O maior serviço que alguém pode prestar ao demônio é ensinar que ele não existe. Assim, os fiéis não se defendem contra ele e se tornam vítimas fáceis dele.

14/04/2014

O Noé do filme não é o Noé da Bíblia




Estreou, há poucos dias, nas telas do cinema do Brasil, o filme 'Noé'. A película gerou muita expectativa pela divulgação e pelos atores que atuaram na produção. Eu não sou crítico de cinema nem especialista no assunto, mas, como se trata de um filme com temática bíblica, sinto-me na obrigação de manifestar minha opinião sobre o que observei quando assisti a ele.

Do ponto de vista teológico, bíblico e doutrinário, o filme é uma frustração do começo ao fim. Ele não se preocupa, em nenhum momento, em ser fiel à narração bíblica ou se aproximar dela. Pelo contrário, procura distorcer e apontar uma visão de fé totalmente contrária à visão judaico-cristã. Uma mistura de concepções filosóficas anticristãs, tentando levar as pessoas a uma concepção de Deus e da revelação divina totalmente deturpada. Por isso, é importante afirmar que o Noé do filme não é o Noé da Bíblia nem o Criador, apresentado pelo filme, corresponde ao Deus da revelação bíblica.

O texto sagrado nos apresenta Deus como aquele que sempre toma a iniciativa de salvar ou purificar a criação como obra de Suas mãos. A missão de construir uma arca não é fruto de um delírio, de sonhos ou de alucinações de Noé. Deus foi ao seu encontro e lhe confiou esta missão. Noé personifica os homens tementes ao Senhor desde a criação do mundo. Ele não é um alucinado, muito menos um fanático religioso sem consciência e sem maturidade, como deseja apresentar o filme. A arca, diferente da Torre de Babel, não nasce de nenhuma pretensão humana, mas é uma iniciativa divina para renovar a humanidade.

Um dos ingredientes de mau gosto do filme é querer apresentar a figura de anjos decaídos como grandes bonecos de pedra, feitos com alta tecnologia digital, como os defensores de Noé, guardiões da arca e combatentes contra os pretensos invasores dela. Essas criaturas, na concepção do filme, ajudam Noé na construção da arca. Os elementos são sem fundamentos e distorcem o sentido da revelação bíblica. Nenhum anjo decaído ajudou Noé nem pode ajudar nenhum de nós. Ele não teve o auxílio desses fantasiosos guardiões. A luz, a força e o auxílio que conduzem Noé é a mão de Deus, Criador de todas as coisas.

A visão hedonista do filme apresenta um dos filhos de Noé como um jovem impelido a possuir a mulher de qualquer um a qualquer custo. Noé, como um obcecado religioso, opõe-se ao fato de seu filho ter uma esposa. Ainda pior: quando sua nora engravida, dentro da arca, Noé, em nome de Deus, fica irado com a gravidez dela e se propõe matar a criança se ela for uma menina. O texto bíblico é muito claro ao dizer que Noé entrou na arca com sua mulher, seus três filhos e a esposa de cada um deles. E eles, depois, iriam povoar a terra.

O filme tem muitas outras coisas de mau gosto e interpretações sem nenhum fundamento religioso ou bíblico. Penso que o autor da obra poderia ter respeitado, pelo menos, o essencial da narração do texto bíblico e criado muitas coisas belas a partir daquilo que foi inspiração bíblica para criar o filme.

A verdade é que o longa-metragem é uma afronta e uma distorção da beleza da revelação divina. Ele não merece ser visto nem apreciado por quem tem a Bíblia como um Livro Sagrado, fonte da revelação divina e inspiração primeira de fé. Existem filmes mais sérios e de roteiros mais qualificados.


Padre Roger Araújo
Missionário da Comunidade Canção Nova

13/04/2014

Retirando os excessos da vida!



Muitos de nós já nos pegamos fazendo algo por excesso: comer, beber, jogar, limpar, comprar, amar, depender afetivamente de alguém, mentir, ter ciúme... É um impulso quase incontrolável, no qual as pessoas se precipitam e, muitas vezes, têm dificuldade para planejar qualquer tipo de tarefa ou mesmo planejar a parada dessa compulsão.

Quantas vezes vemos pessoas, cujo “hábito” é comprar para ter cada vez mais, pois nunca se satisfazem com o que possuem? Tal “hábito” passa a movimentar nosso sentido de felicidade: tendo isso ou tendo aquilo, jogando determinado jogo, comendo isso ou aquilo, seremos mais felizes e preencheremos o “vazio” que há em nós.

As causas do comportamento compulsivo podem ser as mais variadas: predisposição, hábitos aprendidos, histórico familiar (que também é aprendido), razões biológicas. Ao percebermos que algo “é demais”, por passar dos limites do normal e saudável, deveremos decidir parar de fazê-lo. O ato de parar pode acontecer naturalmente para muitas pessoas, mas para outras isso não acontece. Ou seja, o comportamento, chamado de compulsivo ou aditivo, continua acontecendo paralelo à ansiedade que a pessoa vivencia.

Geralmente, são hábitos pouco saudáveis ou inadequados, repetidos muitas vezes, por isso levam às consequências negativas como o uso de álcool, de drogas em geral, ao hábito de comer exageradamente, gastar fora do controle, fugir do contato social, praticar esportes excessivamente, lavar as mãos de forma exagerada (até mesmo chegando a se ferir), participar de jogos de azar. Há também os que se viciam nas relações virtuais, no excesso do uso de remédios ou em idas a médicos em busca de uma doença. Tais atitudes são feitas quase que automaticamente, e quem as pratica não percebe nem nota prejuízos num primeiro momento.

O comportamento compulsivo surge como resposta inconsciente a determinados desejos, por diversas razões, como hábitos aprendidos e seguidos de alguma gratificação emocional, e como alívio da angústia e da ansiedade; ou seja, a pessoa que sofre desse distúrbio faz alguma coisa para receber outra em troca. Com os prejuízos que essa pessoa pode ter em seus relacionamentos, no trabalho, na saúde ou mesmo quando os demais indicam que ela tem esse distúrbio, ela passa a se observar mais detalhadamente. Aquilo que, num primeiro momento, era fonte de prazer e gratificação, posteriormente passa a dar uma sensação negativa, pois a pessoa cede em fazer aquilo.

Se por trás dessa compulsão existe um descompasso, um desequilíbrio, é importante canalizar essa energia, que antes ia para os excessos em outras atividades, e buscar “retirar” o foco do comportamento que acarreta prejuízo para a pessoa.

Vale lembrar que todos nós temos rotinas e hábitos, e isso é muito saudável; fica apenas a atenção para aquilo que é excessivo! Como dizem, de forma popular, “tudo o que é demais faz mal”. Então, se você identifica alguns excessos em sua vida, procure analisar os afetos que lhe faltam e como você tem canalizado suas forças, se tem buscado o ter ou o fazer em troca do ser.

12/04/2014

A nossa vida inteira é um processo de cura interior!



Deus sabe o quanto você foi machucado e sabe como curá-lo

Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomarmos sol em excesso, vamos sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Suas graças. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele a fim de tira algo de nós, muito menos para limitar a nossa liberdade. Se Ele não quisesse a nossa liberdade, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e pelos vícios que entram em nossa vida, ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.

Em Gálatas 5,1 lemos: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão". Cristo nos amou, morreu numa cruz por nossa causa, para que não fôssemos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visita, não há brechas para o pecado.

Quem conhece as coisas que há no homem senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2,10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus senão o Seu Espírito.

Ninguém pode saber o que há em nosso interior se não abrirmos a boca e dissermos o que pensamos. Quando rezamos, Deus Pai nos refaz e o Espírito Santo nos cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é abrir-se a Ele. Quando rezamos, colocamo-nos na presença do Altíssimo, nos expomos e somos curados. Quando tiramos a roupa diante do espelho, vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas vestes espirituais; assim, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também nos mostra quem Ele é. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la.

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Nós precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim dentro de nós. Deus sabe o quando fomos machucados e sabe como nos curar.

A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Nós temos de nos apresentar diante de Deus. O Todo-poderoso tem um plano para nossa vida, um plano de amor, de realização e de felicidade para nós. Se não abrirmos o nosso coração para a oração, correremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.

11/04/2014

Seja fiel à minha aliança!



Meus irmãos e irmãs, estamos na 5ª Semana da Quaresma, quando contemplamos o Cristo que vive em nós. São dias de graças, pois temos a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus, por meio de Seu Corpo e Sangue, buscar uma vida nova. Sabemos que sozinhos não podemos nada e, por isso, devemos ter um coração que busca o Senhor. Jesus bem disse: “Eu sou a videira e vós os ramos”.

Hoje, de modo especial, vemos que a história de salvação, que aconteceu há mais de dois mil anos, começou por meio de Abraão, quando Deus o chamou pelo nome e lhe confiou um povo. O Senhor fez de Abraão o pai das nações, sinal da salvação que Ele quis oferecer ao mundo.

Em primeiro lugar, Deus fez uma promessa a Abraão: "Eis a minha aliança contigo: tu serás pai de uma multidão de nações. Já não te chamarás Abrão, mas o teu nome será Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de nações”. E ainda: “Eu serei o Deus dos teus descendentes”. Que Deus maravilhoso! Na sua iniciativa, o Senhor nos faz o Seu povo, escolhido e amado por Ele. Em segundo lugar, nesse mesmo texto, o Senhor dá uma ordem a Abraão: “Guarda a minha aliança, tu e a tua descendência para sempre”.

O fato que nos remete a esta Palavra é o momento do casamento, onde, por meio da aliança, homem e mulher se entregam um a outro, prometendo serem fiéis na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe. Mas a promessa que cume esse momento é a da fidelidade, feita pelos cônjuges ao se darem em casamento. O padre, como testemunha daquele momento, abençoa o casal e lhe diz: “O que Deus uniu o homem não separe”.

“Guarda a minha aliança, tu e a tua descendência para sempre”. Este foi o desejo de Deus para Abraão, que ele, em nenhum momento, se esquecesse da aliança e que guardasse, preservasse e conservasse a aliança com o Senhor, para que fosse feliz sobre a terra. Esta é uma ordem também para nós, não somente para aquele tempo.

Qual a grande crise que o mundo vive hoje? A crise de Deus. As pessoas do nosso tempo resolveram se esquecer d'Ele e tentar, por contar própria, buscar a felicidade. O resultado dessa grande busca são as crises de identidade, de moral etc.

Amados, o que é guardar a aliança que Deus fez com Seu povo? Jesus nos responde no Evangelho de hoje: “Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. Vivamos, pois, essa aliança, e sendo fiéis a ela, em nada seremos abalados, pois Deus estará conosco.

É certo que vemos muitas situações, em nosso país, diante das quais o povo sofre com os alagamentos causados pela chuva. Atualmente, até os irmãos do sudeste têm sofrido com a seca. Em muitos casos, reclamamos e murmuramos contra Deus. Irmãos, para que não caiamos no desespero nem no caos, devemos guardar a Palavra de Deus e tê-la em nossa mente e coração. Somente assim não partiremos para o desespero. Desse modo, viveremos a aliança com o Senhor diante de qualquer que seja a situação e diremos como o fundador da Canção Nova, monsenhor Jonas Abib: “Aguenta firme, meu filho!”.

Quando temos Deus em nosso coração, aguentamos firme!

05/04/2014

Por que jejuar?


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O jejum e a abstinência fazem parte deste sistema de freios que, no ser humano

Ao tratarmos da cura de gastrimia (gula), a primeira coisa que nos vem à mente, evidentemente, é o jejum. No entanto, sejamos sinceros, quem é que ainda leva a sério o jejum? Para a maior parte das pessoas, o jejum é uma prática antiquada, desnecessária, quando não, completamente absurda. Até entre os “bons católicos” a prática do jejum é vista com desconfiança. Afinal, somos pessoas equilibradas. Nada de radicalismos! Quando muito, ainda é possível encontrar quem se recorde do velho Catecismo: “O quarto mandamento [da Igreja]: jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja”. Mas quando é que a Santa Mãe Igreja no manda jejuar? A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, em 1987, a Legislação Suplementar ao Código de Direito Canônico, que diz o seguinte:

Quanto aos cânones 1251 e 1253:

1. Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis, nesse dia, se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.

2. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nestes dias na Sagrada Liturgia. 
Bem, talvez, do jejum e da abstinência na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, a maior parte dos católicos se recorde. Porém, é provável que a maioria não faça a mínima ideia de que a abstinência de carne, às sextas-feiras, ainda existe! Mas isso não é motivo para que alguém se sinta mal. Muitos e nobres eclesiásticos sofrem da mesma miséria… Magra consolação!

Veja também:
:: Exercícios quaresmais de conversão
:: Dar tempo para o tempo de Deus! 


“Mas isso é somente uma lei da Igreja!”, alguém poderia dizer. E, depois de constatar esta obviedade, desfiar um rosário de argumentos contra a prática do jejum: “Não está na hora de a Igreja deixar de lado essas tradições medievais? Por que incentivar o jejum? Não existe algo de mal neste masoquismo de querer se penitenciar? Isto não prejudica a saúde? Qual o sentido do jejum, se a pessoa não trabalha para transformar a sociedade?”.

Com argumentos desse tipo, livramo-nos do problema, varrendo-o para debaixo do tapete. Acho que os Santos Padres não estariam exatamente de acordo com este procedimento.

Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que era um mestre em argumentação, ensina-nos a distinguir duas realidades diferentes no jejum:

a) O mandamento da Igreja

b) A lei natural

Os dias em que eu devo jejuar e as formas de realizar este jejum são uma lei da Igreja (a). Mas o jejum não é uma invenção da Igreja. A necessidade de jejuar é uma lei que Deus imprimiu na natureza humana (b), ou seja, compete às autoridades da Igreja determinar alguns tempos e modos de jejuar, já que é dever dos pastores cuidar do bem das ovelhas. No entanto, mesmo se não houvesse uma legislação canônica, as pessoas teriam de jejuar, pois se trata de uma exigência da própria natureza do homem. Sim, é isto mesmo! Por estranho que possa soar aos seus ouvidos, a ascese e o jejum são imperativos da ética humana natural e não uma tradição de algumas religiões e culturas exóticas. O jejum e a abstinência são instrumentos necessários para que possamos chegar a ser, não heróis ou semideuses, mas simplesmente… humanos”!

Talvez, uma comparação nos ajude a compreender melhor esta realidade. Quando alguém compra um carro, as montadoras geralmente dão a oportunidade de a pessoa escolher os “opcionais”: ar-condicionado, air-bag, direção hidráulica etc. Mas, num automóvel, o sistema de freios não é um opcional. O freio é um componente essencial do próprio veículo. De nada adiantaria ter um automóvel se ele não tivesse um freio.

O ser humano também é assim. Precisamos de um sistema de freios, de algo que nos sirva de limite, porque a vida humana desregrada é semelhante a um carro desgovernado. O que era uma bênção transforma-se numa maldição. O jejum e a abstinência fazem parte deste sistema de freios que, no ser humano, recebe um nome: virtude da temperança.

Trecho retirado do livro: "Um olhar que cura"


Conheça os tipos de jejuns recomendados:

:: Jejum da Igreja
:: Jejum a pão e água
:: Jejum à base de líquidos
:: Jejum completo

Fonte: Canção Nova

04/04/2014

Soberba, a “cultura do ego”


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A soberba é o pior de todos os pecados
A soberba é o pior de todos os pecados. É o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência e ao pecado original. Alguém disse que o orgulho é tão enraizado em nós, por causa do pecado original, que “só morre meia hora depois do dono”.

Por outro lado, por ser o oposto da soberba, a humildade é uma grande virtude, a que mais caracterizou o próprio Jesus, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), e também marcou a vida de Maria, “a serva do Senhor” (Lc 1, 38); José e todos os santos da Igreja.

São Vicente de Paulo ensinava a seus filhos que o demônio não pode nada contra uma alma humilde, uma vez que, sendo ele soberbo, não sabe se defender da humildade. Por isso, com esta arma, o maligno foi vencido por Jesus, por Maria, José, São Miguel e os santos. A soberba consiste em a pessoa sentir-se como se fosse a “fonte” dos seus próprios bens materiais e espirituais. Acha-se cheia de si mesma, mas se esquece de que tudo vem de Deus e é dom do Alto, como disse São Tiago: “Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes” (Tg 1,17).

O soberbo se esquece de que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende em tudo. Como disse Santa Catarina de Sena, ele “rouba a glória de Deus”, pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem somente ao Senhor.

São Paulo lembra aos coríntios que: “nossa capacidade vem de Deus” (2Cor 3,5). Aos romanos ele disse: “Não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto” (Rm 12,3). “Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Rm 12,16). Aos gálatas, Paulo diz: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gl 6, 3). A soberba tem muitos filhos: orgulho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção, autossuficiência, amor próprio, exibicionismo, egocentrismo, egolatria etc.

Confira:
Pecados capitais

Pecado da gula
O pecado da avareza
O pecado da luxúria

Podemos dizer que a soberba é a “cultura do ego”. Você já reparou quantas vezes por dia dizemos a palavra 'eu'? Eu vou, eu acho, eu penso que…, mas eu prefiro… A luta do cristão é para que essa “força” o puxe para Deus, e não para o ego. Jesus, nosso Modelo, disse: “Não busco a minha glória” (Jo 8,50). São Paulo insistia no mesmo ponto: “É porventura, o favor dos homens que eu procuro ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar os homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Deus” (Gl 1,10).

A soberba é o oposto da humildade. Essa palavra vem de “humus”, aquilo que se acha na terra, o pó. O humilde é aquele que reconhece o seu “nada”, embora seja a mais bela obra de Deus sobre a terra, a Sua glória, como dizia santo Irineu, já no século II. São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, no século V, disse que “toda a vitória do Salvador,  dominando o demônio e o mundo, foi iniciada na humildade e consumada na humildade!”

Adão e Eva, sendo criaturas, quiseram “ser como deuses” (Gen 3,5); Jesus, sendo Deus, fez-se criatura. Da manjedoura à cruz do Calvário, toda a vida de Jesus foi vivida na humildade e na humilhação. Por isso Jesus afirmou que, no Reino de Deus, os últimos serão os primeiros e quem se exaltar será humilhado. Façamos como Santa Teresinha, que procurava o último lugar.

03/04/2014

Caminhar na luz


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Trata-se de uma revolução na escala de valores que orienta a vida

"Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá" (Ef 5,14). A luz e o dia, que vencem a escuridão, são imagens que perpassam as culturas e as épocas, presentes também em várias concepções da vida humana em diversas religiões. Também a Sagrada Escritura recorre com frequência a essa polarização entre a luz e as trevas, como apresenta a Igreja durante estes dias de Quaresma.

A Igreja vive uma estação claramente catecumenal, proporcionando aos que já são batizados a oportunidade de acompanhar os irmãos e as irmãs que serão batizados na Vigília Pascal e também renovar seus compromissos. Neste percurso formativo, todos os cristãos são convidados a se confrontarem com Cristo, Água Viva que sacia a humanidade, Luz do Mundo, vencedor das trevas do pecado, Cristo, Ressurreição e Vida. Na presente etapa, o convite é dirigido a todas as pessoas que querem se deixar tocar por Jesus, acompanhados por um certo cego de nascença, na narrativa esplendorosa do Evangelho de São João (Jo 9, 1-38). Jesus realiza uma obra nova, recria o cego, que alcança o ponto mais alto de sua existência: "Quando Jesus o encontrou, perguntou-lhe: 'Tu crês no Filho do Homem?' Ele respondeu: 'Quem é, Senhor, para que eu creia nele?' Jesus disse: 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo. Ele exclamou: 'Eu creio, Senhor!' E ajoelhou-se diante de Jesus" (Jo 9,35-38).

Ouvi de uma mulher, cega de nascença, na autoridade de seus mais de oitenta anos, uma afirmação desconcertante: "Agradeço a Deus por ser cega, pois a maior parte dos pecados começa com a vista! Não enxergando, posso pecar menos, dizia magistralmente esta senhora que nunca leu uma letra, diante de alguém que se tinha debruçado várias vezes diante da Palavra do Evangelho: "Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o e joga para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ser lançado ao inferno" (Mt 5,29). Trata-se uma revolução na escala de valores que pode orientar a vida, na qual importa efetivamente uma vida distante do pecado! É que Deus não nos fez para o egoísmo e a maldade, mas para a virtude e para o bem! 

O presente de Deus, que nos foi confiado no batismo, a iluminação da fé, abre horizontes diferentes para a vida inteira. O próprio batismo já foi chamado "iluminação". Os cristãos hão de aproveitar a graça da purificação quaresmal, lavar seus olhos ou, quem sabe, passar um bom colírio (Cf. Ap 3,18) para enxergar de novo e de forma renovada a vida e os acontecimentos. Cabe-lhes mudar o rumo da vida e contribuir para que o mundo se conforme aos valores do Reino de Deus. Ora, trata-se de fazer opções diferentes, afastando-se da escuridão do pecado, buscando lá dentro, no batismo recebido, as forças para lutar contra a correnteza.

A Igreja nos oferece, por meio das leituras da Escritura escolhidas para o Tempo Quaresmal, indicações precisas para que a luz de Deus, que um dia brilhou em nós pelo batismo, jamais se esconda e não se apague em nós o seu fulgor, como muitas vezes cantamos num hino de renovação do sacramento da iluminação! Sim, queremos que o amor plantado em nosso coração ajude os irmãos a caminharem, guiados pelas mãos de Deus, na nova Lei do Evangelho. É na escola de São Paulo (Ef 5, 8-14) que encontramos os frutos da luz!

A luz de Deus resplandece na bondade com que os cristãos são chamados a agir. Pequenos gestos de atenção, olhares feitos de simplicidade, iniciativas comunitárias, compromisso com o bem. Mesmo quando nos sentimos limitados ou quando efetivamente pecamos pela fraqueza que nos acompanha, ser filhos da luz significa não compactuar com as más intenções, mas nos purificarmos decididamente, comprometendo-nos com o bem.

Os homens e as mulheres marcados pela graça batismal se comprometem com a justiça e não aceitam qualquer vínculo com meios ilícitos em vista de objetivos como o lucro, a projeção social ou qualquer outro proveito a ser alcançado indignamente. Consequências? Palavra dada, lisura nos negócios, retidão na administração dos bens, irrepreensibilidade no comportamento social.

Mais ainda, no programa de vida decorrente do batismo: a opção pela verdade. A história da Igreja e da humanidade está repleta de exemplos de homens e mulheres retilíneos em seu comportamento, capazes de suscitar santa inveja em gerações que os sucedem. É claro que tal escolha tem consequências, inclusive sofrimento ou derramamento do próprio sangue para serem coerentes com a verdade. São pessoas das quais "o mundo não era digno" (Hb 11,38), que enfrentaram todos os desafios, sem jamais ceder no compromisso assumido. E escolheram a Verdade, que é Jesus Cristo, sem inventar suas próprias verdades ou meias-verdades.

Para alcançar tais alturas, às quais todos somos destinados, quem se descobre filho da luz, no sentido que São Paulo, na Carta aos Efésios (5, 8-14) e a Igreja entendem, busca o discernimento do que agrada ao Senhor. Um dos pontos de referência se encontra nos mandamentos, resumidos no amor a Deus e ao próximo. Outra ajuda preciosa no discernimento é a chamada "regra de ouro" (Cf. Mt 7,12), que propõe fazer aos outros aquilo que desejamos seja feito a nós mesmos. Vale também escutar as outras pessoas, conselheiros e conselheiras que nos ajudam a ver ângulos diferentes quando se trata de tomar decisões. Mais ainda, é na escuta da Palavra de Deus e na oração que se identifica cada passo a ser dado na vida.

A seriedade com que o cristão assume sua vida exige ainda que ele não se associe com as obras das trevas. De fato, tudo o que precisa ficar escondido, resistindo à luz da verdade, traz consigo suspeita e desconfiança, pelo que a prática das virtudes evangélicas acrescenta ainda a exigência de radicalidade. Não dá para ser meio cristão e meio pagão. Se quisermos ser honestos com a própria consciência e com a verdade, não será possível manter conceitos como "não praticante", referindo-se a cristãos que entenderam a beleza da graça recebida no batismo.

O apelo feito pela Igreja é, sim, pela seriedade na vivência cristã. E este é o tempo oportuno, a hora da graça e da salvação. Cresça em número e qualidade o povo amado por Deus. E, como graças a Deus, a maioria das pessoas que se envolvem conosco recebeu o batismo, é hora de dizer: ninguém fique de fora!
Fonte: Canção Nova