31/03/2011

Não sejamos Sepulcros Caiados!!!


Viver a autenticidade da fé

No evangelho de são Mateus (23,27), Jesus chama aos escribas e fariseus de sepulcros caiados. Sepulcro é onde se sepulta o corpo dos mortos, a palavra caiados pode ser nova para muita gente, tem a derivação de cal, que se trata de um pó branco que diluído em água se torna um espécie de tinta de baixo custo e sem qualidade, é muito usada para pintar paredes e muros, funciona como uma maquiagem temporária, dá aparência de novo e esconde temporariamente as imperfeições, mas dentro de pouquíssimo tempo a tinta se desintegra e deixa a mostra as marcas existentes.

A expressão sepulcros caiados, usada por Jesus, pode ser entendida como um sepulcro velho que está cheio de ossos e podridão e recebe por fora uma demão de cal, assim exteriormente tem aparência de novo, mas isso não altera em nada sua natureza interior que continua sendo desagradável. Os olhos de Jesus chegam aonde os nossos olhos não é capaz de ver, Jesus conhece os corações, os pensamentos, a natureza interior. Jesus quis dizer que aqueles homens fingiam ser bons, mas no fundo estavam deteriorados, seus corações estavam apodrecidos pelo orgulho e soberba.

Imagina se que as palavras de Jesus soaram fortes para aqueles homens que devem ter se sentidos envergonhados por terem sua identidade descoberta. Aqueles homens eram poderosos e influentes aparentavam ser justos e bondosos para ganhar a atenção e o respeito, mas na verdade eram corruptos e ainda se cobriam com um falso manto de bondade para transmitir uma imagem positiva, pois estavam preocupados com o conceito que as pessoas fariam deles.

Atualmente ainda estávamos vivendo o tempo dos sepulcros caiados, ainda vivemos como os fariseus e escribas do tempo de Jesus. Acreditamos que transmitindo uma imagem diferente da nossa realidade vamos obter prestigio e admiração, assim negamos a nossa identidade e os bons princípios morais para criar personagens, e vamos ao longo da vida interpretando esses personagens, para cada pessoas exibimos um personagem diferente, segundo as nossas convicções e conveniência do momento, com o tempo essa vaidade se torna uma couraça que envolve nosso coração e quando olhamos no espelho não nos reconhecemos, vemos a nossa identidade de filho de Deus perdida e usurpado por personagem que criamos e depois perdemos o controle sobre eles e nós mesmos. È triste pensar que tudo começou com uma “brincadeirinha” ou com um pretexto e agora somos estranhos e sentimos perdidos.

Mas um encontro com Jesus muda toda a história, ele nos conhece sem mascaras e maquiagens, quando o encontramos ele nos olha nos olhos como aconteceu com Maria Madalena, a pecadora arrependida. Jesus vê além das aparências, vê o coração, conhece a natureza interior, ele não condena ninguém, pelo contrário ele mesmo fez questão de dizer que veio para os estavam “doentes” que necessitavam de perdão, o que ele não aceita é a falsidade e o orgulho.

Não sejamos como os escribas e fariseus de coração endurecido ou como os sepulcros caiados, sejamos puros de coração, Deus quer de nós pessoas verdadeiras, transparentes e que não têm vergonha viver sua identidade de cristão, tenhamos a coragem de ser autênticos e busquemos em Deus nosso modelo de amor, perdão e bondade o caminho para alcançar a santidade. E assim vamos perceber que só Deus nos basta, que não existe nada melhor do que a paz interior e o amor do nosso pai do céu.

30/03/2011

A felicidade é um trabalho interior


Gostaria de começar com uma hipótese que você vai querer examinar com cuidado. Pode ser que você discorde. De qualquer modo, estou considerando neste post que a condição natural do ser humano é ser feliz. Tenho certeza de que todos nós fomos criados por Deus para sermos felizes. Todos nós sentimos um desejo persistente de sermos felizes. Portanto, infelizmente fomos frustrados nesse desejo algumas vezes.

Nossos sonhos de felicidade não se realizaram.

Como eu, você deve procurar a felicidade com o desejo de encontrá-la, pois às vezes encontramos com o desejo de procurá-la ainda mais.Parece até engraçado, mas a felicidade é, e sempre foi, um trabalho interior. Você deve se lembrar das ocasiões em que criou expectativas apenas para vê-las dar em nada, por exemplo: Quando criança sonhamos com uma bicicleta nos esperando na árvore de Natal e imaginamos que a vida seria para sempre maravilhosa depois disso. Até que numa manhã de Natal, lá estava a bicicleta, nova e reluzente ao lado da árvore.

Ficamos alegres. Mas com o passar dos meses, a pintura começou a ranger. O sonho acabou morrendo, lentamente, quase sem dor. Mas, então, já tínhamos começado a sonhar outros sonhos. Um a um, todos pareciam ter a duração de um meteoro e depois morriam. Nossa esperança de encontrar uma felicidade duradoura acabou se perdendo ao longo do caminho. No entanto, é lógico que as expectativas também têm muito a ver com nossa felicidade. Esta é uma das lições de vida mais difíceis de aprender. Na medida em que esperamos que nossa felicidade venha de coisas externas ou de outras pessoas, nossos sonhos estarão em risco.

Realmente não podemos ir ao encontro da felicidade se não nos encontrarmos primeiro com nós mesmos, para nos esvaziar-nos do que nos impede encontrar a felicidade. Quando descobrimos a combinação correta, tudo está resolvido. Mas a frustração estará sempre presente enquanto colocarmos nossa felicidade nas coisas externas e nas mãos de outras pessoas.

Por conseguinte, muitos de nós somos românticos incuráveis. E, o que é uma pena, pois continuamos sonhando nossos sonhos irreais, mitificamos a realidade com expectativas coloridas construímos castelos no ar. É como se a vida e a felicidade fossem o segredo de um cofre.Há sempre desilusão quando esperamos que nossa felicidade venha de alguém ou de alguma coisa. Essas expectativas são como um piquenique que termina em chuva. No inicio do dia, as expectativas nos parecem deslumbrantes, mas são logo engolidas pela escuridão e decepção da noite.

Nosso erro começa quando esperamos que outras pessoas e coisas externas assumam a responsabilidade por nossa felicidade. Certa vez, estava lendo um jornal e vi uma charge em que uma mulher enorme, ao lado de um homem minúsculo e magro, exigia "Faça-me feliz"! Era uma pintura, feita para provocar o riso. Era uma distorção da realidade, e por isso, engraçada. Na verdade, ninguém pode nos fazer feliz ou infelizes.

Mesmo com toda essa desilusão que experimentamos buscamos coisas fora de nós, nunca olhamos para dentro na tentativa de encontrar o que estamos buscando. Talvez Dag Hammarskjöld esteja certo quando diz que somos muito capazes de explorar o espaço exterior, mas muito incapazes de explorar o espaço interior.Talvez fomos levados para o caminho errado pela onda de propaganda que nos rodeia.Alguns nos garantem que seremos felizes se usarmos este ou aquele produto. Essas mensagens publicitárias querem fazer-nos acreditar que a felicidade é simplesmente a multiplicação de produtos.

Será que o problema é queremos "dar um passo maior que as pernas" em matéria de felicidade? Na vida há alguns becos sem saídas que parecem atraentes mas não levam a lugar algum. Há montanhas para se escalar, pois os caminhos para a felicidade são praticas de vida, não são coisas simples que possam ser feitas de uma só vez e para sempre.Não é como colocar moedas numa máquina da felicidade e ganhar , de repente, o prêmio máximo!

A vida é um processo gradual de crescimento, só podemos praticar nossos exercícios pouco a pouco. O caminho da felicidade é uma ponte que se atravessa devagar, não uma curva fechada que se faz de uma só vez.Quanto mais buscamos nossa felicidade dentro de nós mesmos e não nas coisas e pessoas, mais iremos experimentar um sentido de direção e significado em nossas vidas. É bom lembrarmos que não é uma questão de "tudo ou nada" mas sim de "cada vez mais". E lembre-se também, a verdadeira fórmula da felicidade é está: F=Ti

29/03/2011

Fases da Vida.

Qualquer que seja a crise de sua vida nunca destruas as flores da esperança para que possas colher os frutos da fé.

Um homem morava no deserto e tinha quatro filhos. Querendo que seus filhos aprendessem a valiosa lição da não precipitação nos julgamentos, os enviou para uma terra um onde tinha muitas árvores. Mas ele os enviou em diferentes épocas do ano. O primeiro filho foi no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o mais novo foi no outono.

Quando o último deles voltou, o pai os reuniu e pediu que relatassem o que tinham visto. O primeiro filho disse que as árvores eram feias, meio curvadas, sem nenhum atrativo. O segundo filho discordou e disse que na verdade as árvores eram muito verdes e cheias de brotinhos, parecendo ter um bom futuro. O terceiro filho disse que eles estavam errados, porque elas estavam repletas de flores, com um aroma incrível e uma aparência maravilhosa! Já o mais novo discordou de todos e disse que as árvores estavam tão cheias de frutos que até se curvava com o peso, passando a imagem de algo cheio de vida e substância.

Aquele pai então explicou aos seus filhos adolescentes que todos eles estavam certos. Na verdade eles viram as mesmas árvores em diferentes estações daquele mesmo ano. Ele disse que não se pode julgar uma árvore ou pessoas por apenas uma estação ou uma fase de sua vida. Ele explicou que a essência do que elas são, a alegria, o prazer, o amor, mas também as fases aparentemente ruins que vem daquela vida, só podem ser medidas no final da jornada quando todas as estações forem concluídas.

Se você desistir quando chegar o "inverno", você vai perder as promessas da primavera, a beleza do verão e a plenitude do outono. Não permita que dor de apenas uma "estação" destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida por apenas uma fase. Persevere através dos caminhos dificultosos e épocas melhores virão com certeza!

28/03/2011

Pelas baixadas da vida


Pelas ruas, vemos pessoas amargas com a própria vida

Jesus passou quarenta dias no deserto das montanhas de Judá, confrontando-se com a realidade humana que havia assumido. Ele, que é o Verbo Eterno de Deus, fazendo-se participante de tudo o que é nosso, menos no pecado. Como alguns determinados lugares e cidades não nos oferece montanhas a serem contempladas ou escolhidas como espaço de retiro e reflexão sobre nossa humanidade, pensei em passearmos pelas nossas baixadas, passando pelas beiras dos canais que, tantas vezes, transbordam, entrar pelas vielas e passagens pelas quais transitam homens e mulheres de nosso dia a dia, para encontrá-los com suas vidas carregadas de provocações a si mesmos, à sociedade e a nós todos, Igreja do Deus Vivo. São rostos, muitas vezes, sofridos; mais vezes alegres e esperançosos. É maravilhoso contemplar o mistério do ser humano em sua riqueza!

Encontro gente que procura os meios necessários para levar o pão para a família. Vi tantas barracas abertas nos múltiplos e variados mercados e feiras. Vende-se de tudo, muitas vezes a quem pode comprar pouco! Um guardador de carros, nas ruas de São Paulo, me pedia ajuda nos dias de carnaval porque pouco trânsito significa para ele pouco dinheiro e pouca comida em casa! O alimento é essencial e pode tornar-se uma tentação quando a sociedade não provê o trabalho necessário a todas as camadas da sociedade, ou quando se espera apenas de Deus o milagre, sem que façamos a nossa parte. Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. E Sua Palavra pede que, em tempo de Fraternidade, multipliquem-se os gestos de partilha entre nós, para que sejam fartas nossas mesas. A cada ano se repete no Brasil o “Natal sem fome”, enquanto o nosso sonho e projeto de irmãos há de ser um mundo sem fome, na superação do desperdício e na capacidade de olhar ao nosso redor, para fazer a nossa parte. Para que haja o pão, só com a Palavra de Deus vivida!



Ouvi, pelas ruas da cidade, as histórias de pessoas amargas com a própria vida, outras felizes pelos resultados dos programas compensatórios e de aumento da renda, promovidos por todos os níveis de Governo. Vi as pessoas tentando a Deus para que resolva todos os problemas. Vi Deus transformado em objeto a serviço apenas de prosperidade pessoal, chamado em causa apenas para interesses individualistas. Vi o nome de Deus pronunciado em vão em tantos cantos. Olhei para os altos e magníficos edifícios construídos e os descobri contraditórios, sinais de um progresso evidente e valioso e, ao mesmo tempo, testemunhas de uma sociedade cheia de medos e defesas. Dos pobres aos ricos, da plebe às autoridades, dos leigos aos clérigos, se escute a voz do Senhor: “Não tentarás o Senhor teu Deus”.

A cidade traz consigo o jogo do poder. “Sabe com quem você está falando?”, dizem as caras fechadas dos donos de pontos de tráfico ou de jogo. Dizem-nos os detentores do poder civil quando se isolam e não veem os mais pobres. Repitam isso os seguranças que se multiplicam pela cidade. De propósito, muitas vezes, já vi padres e religiosos fazendo roteiros passarem por lugares ditos perigosos, para desmontar com um cumprimento as resistências reveladoras do medo recíproco. Já fora, procurado por detentos que encontra nas penitenciárias que, de volta à sociedade, foram conquistados apenas por gestos simples ou por uma palavra do Evangelho transformada em vida. Têm mais jeito de gente e não precisam ameaçar ninguém.

Tenho visto a humanidade estampada, com angústias e esperanças, em pessoas dos níveis mais altos da sociedade desarmadas pela força da graça para serem nada mais do que filhos e filhas de Deus. Todos, sem exceção, encontrarão seu lugar e sua realização quando vencerem as tentações e ouviremAdorarás ao Senhor teu Deus e somente a Ele prestarás culto”.


Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças. Ao contrário, junto com a tentação ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la” (1 Cor 10, 13). As tentações fazem parte da vida do cristão e Jesus quis passar por elas para mostrar o caminho da vitória, na compreensão da Palavra do Senhor e na vivência desta. No início do tempo da Quaresma, sem medo de ser humanos, todos somos convidados para tomar a estrada, quais peregrinos do Absoluto, certos das novidades que o Senhor mesmo nos mostrará, nas retas ou encruzilhadas da vida.

25/03/2011

Pobreza

Não pode ser considerada somente como antônimo de riqueza

A riqueza e a pobreza não se distinguem apenas por elementos econômicos; sem dúvida, esses elementos constituem referências básicas, porém, há outros aspectos a considerar como, por exemplo, a face social, a expressão ética, o caráter moral e a dimensão religiosa. Com efeito, riqueza e pobreza situam pessoas, grupos e povos em lugares e posições muito diferentes, criando, em muitos casos, um verdadeiro fosso que, socialmente, os distancia. De conformidade com a concepção ética que têm as pessoas, a luta pelo aumento da riqueza e o interesse pela manutenção da pobreza são considerados totalmente normais; sem o alicerce dos valores morais, justifica-se "a exploração do homem pelo homem"; se faltar a dimensão religiosa na vida das pessoas, o materialismo e o consumismo levam à exclusão social.

A intervenção dos poderes públicos, por intermédio de políticas públicas pertinentes, faz avançar a qualidade de vida da população; sua omissão nessa matéria deixa marcas comprometedoras. Embora se constate, no Brasil dos últimos, um índice de crescimento da qualidade de vida da população, ainda permanece muito distoante o quadro da realidade social, de modo que muitos se encontram "abaixo da linha da pobreza". No Brasil: conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), "a proporção de brasileiros em pobreza absoluta (...) é de 28,8%. Segundo a regra adotada pelo referido instituto, estão em pobreza absoluta os membros de famílias com rendimento médio por pessoa de até meio salário mínimo mensal". Segundo as estatísticas sociais e econômicas, "A taxa de pobreza está caindo desde 2003 no Brasil". Conforme relatório do Banco Mundial (Bird), "Enquanto as desigualdades de renda se agravaram na maioria dos países de renda média, o Brasil assistiu a avanços dramáticos tanto em redução da pobreza quanto em distribuição de renda"(...). "A desigualdade permanece entre as mais altas do mundo, mas os avanços recentes mostram que nem sempre o desenvolvimento precisa vir acompanhado de desigualdade".

O magistério da Igreja tem clareza sobre o que é a pobreza, como ensina João Paulo II: "O espírito de pobreza vale para todos e cada um necessita colocá-lo em prática, de acordo com o Evangelho". Bento XVI diz o que não é a pobreza: "É este ponto decisivo, que nos faz passar ao segundo aspecto: há uma pobreza, uma indigência, que Deus não quer e que é ‘combatida’ – como diz o tema da atual Jornada Mundial da Paz; uma pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo sua dignidade; uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica. Nesta acepção negativa cabem também as formas de pobreza não material que se reencontram justamente nas sociedades ricas e progredidas: marginalização, miséria relacional, moral e espiritual" (cf. Mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2008, 2). Na Sagrada Escritura, veem a pobreza, diferentemente, os bons e os maus: "É boa a fortuna, quando não há pecado na consciência; mas péssima é a pobreza, na opinião do ímpio" (Eclo, 13,30). Jesus considera bem-aventurados os pobres (cf. Mt 5,3).

A pobreza tem sua dignidade; há pobres, por convicção, que também a têm porque assimilam o valor da pobreza, incorporando-a ao seu "modus vivendi". A pobreza não pode ser considerada tão somente como antônimo de riqueza; por conseguinte, ela não é definida, propriamente, como falta de dinheiro e de bens. É claro que a face econômico-financeira é a identificação mais imediata da pobreza. Torna-se antievangélico, em qualquer tempo e lugar, o estado de pobreza que chega ao nível da miséria porque atinge a dignidade humana.

24/03/2011

Quaresma, tempo de vencer as tentações e o diabo

Preparemo-nos para a Páscoa definitiva

Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual – por meio da penitência e da provação – os catecúmenos* se preparavam para receber o batismo na noite de Páscoa. A Liturgia sempre coloca Jesus no Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma vencendo as tentações do demônio (cf. Mt 4,1-11). O Nosso Senhor e Mestre não só vence como também nos dá as dicas para vencermos o nosso inimigo e as tentações pequenas e grandes que enfrentamos todos os dias.

O objetivo desta reflexão de hoje será avaliar a nossa defesa e aumentar as nossas resistências diante das tentações e celebrar a vitória com o Senhor Jesus.

O Senhor derrotou o maligno por meio da
Docilidade ao Espírito Santo, pois “no deserto, Ele era guiado pelo Espírito”, da Palavra: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem”; da Oração: “Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus”; do Jejum: Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome”, e pela Adoração: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”. Exercendo Sua autoridade que vinha de uma vida coerente e santa. Isso fica bem claro na leitura deste Evangelho.

De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um período especial de purificação e de renovação da vida cristã para que possamos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

Jesus Cristo, ao dar início à caminhada do novo povo de Deus, se dirige ao deserto como lugar de encontro com o Pai, lugar de recolhimento, onde Ele se revela, onde escuta Sua Palavra. E diferente do antigo povo da Aliança, que sucumbe à tentação, se revolta, tem saudade "das cebolas do Egito", onde eles tinham o que comer, mas eram escravos, o Senhor vence a tentação, vence o demônio pela oração, pelo jejum, pela Palavra e pela obediência ao Pai.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao "homem velho" que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado, que habita em nosso coração, nos afastar de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e, por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

No pórtico da Quaresma recém-começada, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para esse personagem, mas em todos subjaz a mesma incumbência da sua missão: o que separa, o que arranca; diabo,
dia-bolus: o que divide. O demônio – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente que nunca: nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.


Com Jesus, como com todos nós, o diabo procurará fazer uma única tentação, ainda que com diversos matizes: romper a comunhão com Deus Pai. Para este fim, todos os meios serão aptos, desde citar a própria Bíblia até fantasiar-se de anjo da luz. As três tentações de Jesus são um exemplo muito atual: da sua fome, converta as pedras em pão; das suas aspirações, torne-se dono de tudo; da sua condição de filho de Deus, coloque a sua proteção à prova. Em outras palavras: o dia-bolus buscará conduzir o Senhor por um caminho no qual Deus ou é tido como banal e supérfluo ou como inútil e nocivo.

Prescindir de Deus porque eu reduzo minhas necessidades a um pão que eu mesmo posso fabricar, como se fosse minha própria mágica (1ª tentação). Prescindir de Deus modificando Seu plano sobre mim, incluindo aspirações de domínio que não têm a ver com a missão que Ele confiou a mim (2ª tentação). Prescindir de Deus banalizando Sua providência, fazendo dela um capricho ou uma diversão (3ª tentação).

Isso se torna atual se formos traduzindo, com nomes e cores, quais são as tentações reais (!) que nos separam – cada um de nós e todos juntos – de Deus e, portanto, dos outros também. A tentação do "deus-ter" (em todas as suas manifestações de preocupação pelo dinheiro, pela acumulação de bens, pelas “devoções” a loterias e jogos, pelo consumismo). A tentação do "deus-poder" (com todo o leque de pretensões de ascensão, que confundem o serviço aos demais com o servir-se dos demais, para os próprios interesses e controles). A tentação do "deus-prazer" (com tantas, tão infelizes e, sobretudo tão desumanizadoras formas de praticar o hedonismo, tentando censurar inutilmente nossa limitação e finitude).

Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem das suas condições e, apresentando-nos tudo como fácil e atrativo, e que nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?

Jesus venceu o diabo! A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor, unindo novamente tudo o que o tentador separou.


Jejuando quarenta dias no deserto, Cristo consagrou a abstinência quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva. (Prefácio do 1° Domingo da Quaresma).

Oremos
: Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda Palavra que sai de vossa boca para vencer ao pecado, a nós mesmos e ao diabo. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

23/03/2011

Confissão hoje




Não se pode falar de 'Confissão pelo iPhone'

Durante a Quaresma, uma atitude esperada de todos os católicos é a celebração penitencial. Para isso, além dos horários normais que os párocos têm em suas paróquias para atender as confissões, existem os “mutirões” de confissão, quando os padres de uma mesma região, setor ou forania são convidados a atender a todos, dando assim oportunidade para que todos se confessem.

Pouco tempo atrás saiu, provindo de agências de notícias internacionais, o anúncio de uma provável “grande novidade” na Igreja: a confissão feita por intermédio do Iphone, Ipad e Ipod touch. Essa notícia chegou e foi divulgada como uma grande novidade!

A rapidez hodierna dos meios de comunicação, num verdadeiro processo de globalização das notícias, faz com que fatos e ditos cheguem a muitos em pouquíssimo tempo e acabem confundindo as pessoas. Por isso, é preciso que estejamos atentos e confirmemos as fontes de onde provêm e como estão verdadeiramente postas na sua origem, no seu texto e em seu contexto. Um ditado popular (os sempre sábios dizeres de um povo) já atesta: "Quem conta um conto, aumenta um ponto!" e hoje esse ponto pode tornar-se uma bola de neve, que se não é correta espalha o erro, o qual se torna difícil de dissolver.

A notícia vista com atenção e feita perceber em sua verdade não se tratava do que foi propagado, mas, na realidade, de um instrumento “desenhado para ser usado na preparação da confissão, e depois como auxílio na própria confissão. O aplicativo oferece o exame de consciência, um guia passo a passo do sacramento, ato de contrição e outras orações. Os múltiplos usuários acedem a seus perfis protegidos por senha, onde, através do exame de consciência, marcam os elementos pertinentes para sua confissão e podem fazer outras notas pessoais”. Este não é o primeiro nem o último aplicativo ligado a temas religiosos. Porém, é interessante ver que poderá ser de utilidade para um exame de consciência se a autoridade eclesiástica deu seu aval com relação ao conteúdo dele [aplicativo]. Assim como no passado muitos utilizavam livrinhos para o exame de consciência e outros anotavam em papéis seus pecados para não os esquecerem na hora da confissão auricular, hoje os meios eletrônicos podem ajudar nesse aprofundamento. Porém, nada disso substitui a confissão auricular com o ministro ordenado.

Para a recepção do sacramento, que possui ao menos três nomes, que são sinônimos e acabam mesmo por significar uma de suas fases: penitência, confissão ou reconciliação, a Igreja pede que o penitente cumpra ao menos três atos, que são: o ato da contrição (que precede), o ato da confissão (exposição dos pecados diante do confessor) e o ato da satisfação (cumprimento da penitência pelos pecados cometidos).

O aplicativo a que nos referimos e outros que têm o mesmo conteúdo, embora sejam compostos para ser utilizados no sacramento, não o são como canal para a confissão e a satisfação, mas simples e unicamente para preparar a contrição, que, entre os atos do penitente, ocupa o primeiro lugar, o qual, em verdade, é “uma dor da alma e um desprezo pelo pecado cometido, com o propósito de não pecar mais no futuro”.

Para cessar o ruído da comunicação errônea, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou: “É essencial compreender bem que o sacramento da penitência requer necessariamente a relação de diálogo pessoal entre penitente e confessor, assim como a absolvição por parte do confessor presente”. “Isso não pode ser substituído por nenhum aplicativo informático. Por isso não se pode falar de 'Confissão pelo iPhone'”. Entretanto, em um mundo em que muitas pessoas utilizam suportes informáticos para ler e refletir (e inclusive textos para rezar), não se pode excluir que uma pessoa faça sua reflexão de preparação à confissão (contrição) tomando a ajuda de instrumentos digitais. Isso, de forma parecida ao que se fazia no passado, como dissemos, “com textos e perguntas escritas em papel, que ajudavam a examinar a consciência... tratar-se-ia de um subsídio pastoral digital que “poderia ser útil”, mas sabendo que “não é um substituto do sacramento”.

No entanto, esse ruído de comunicação, que quase causou confusões na cabeça de muitos, pode ser uma oportunidade de notar que, mesmo com um mundo digitalizado, também a confissão mereceu um espaço de preparação com aplicativos divulgados pela mídia mundial. Isso pode ser uma oportunidade de catequese que aprofunde o valor da confissão. Se os jovens, que mais utilizam as mídias sociais, já têm um aplicativo para ajudar no exame de consciência, é sinal de que têm também interesse em celebrar este sacramento em sua igreja.

É uma responsabilidade da Igreja de acolher a todos aqueles que, nesta Quaresma, os que querem manifestar o seu arrependimento e iniciar uma vida nova, celebrando no sacramento da penitência o seu retorno a Deus!

Que o tempo da Quaresma seja este tempo de renovação interior de todos na busca de viverem com generosidade sua vida batismal!

22/03/2011

Por que viemos ao mundo?

Amar é nossa missão primeira aqui na terra

Tudo começou assim: recebi um e-mail de uma jovem pedindo-me ajuda, pois precisava falar a um grupo a respeito da missão que assumimos neste mundo, e não sabia por onde começar. Foi interesante, porque era justamente sobre isso que eu havia refletido durante o “estudo da Palavra” naquela manhã. A partir do Evangelho de João 7, respondi-lhe, com base em minha reflexão, mais ou menos o que partilho aqui.

Podemos partir do princípio de que somos filhos amados de Deus, criados por Ele, com amor e para amar. Digo inclusive para você que tem uma história difícil e sabe por exemplo que não foi esperado por seus pais; também nesse caso, a afirmativa não muda: Deus o quis! Por isso foi além da razão e dos planos humanos e o criou por amor. Consideremos ainda que, ao nos criar, o Senhor imprimiu em nosso ser o desejo de amar e ser amados, porque Deus é amor e nos fez à Sua imagem e semelhança. Fazer essa decoberta fundamenta a nossa fé e dá mais sentido à nossa existência.

Jesus Cristo, o Homem mais famoso da história, impressionava multidões com Seus discursos e Suas obras, porque Ele sabia que era amado pelo Pai. Sabia de onde veio, qual Sua missão neste mundo e para onde iria.

Portanto, creio que, como cristãos, uma de nossas prioridades, antes de pensar em realizar uma determinada missão, é descobrir quem somos diante de Deus, de onde viemos e para onde vamos. Com essa experiência, certamente vamos perceber também que amar é nossa missão primeira aqui na terra. Missão que pode ser expressa de várias maneiras, seja nos papéis que assumimos, seja nos relacionamentos que temos e em tudo mais que a Divina Providência nos permitir viver. No entanto, a essência do chamdo não muda: Deus nos criou para amar.

Por isso vai aqui uma dica: se hoje você percebe a necessidade de assumir uma missão, seja ela qual for, procure antes refletir sobre quem é você. Volte às suas origens, acolha sua história, por mais difícil que esta seja e reconcilie-se com ela. Sua história é seu alicerce. Lembre-se de que, na raíz da sua criação, está a iniciativa amorosa de Deus. Procure também rever sua vida hoje; analise suas atitudes, seus relacionamentos e suas escolhas, sempre considerando que Deus o criou para o amor. Reflita ainda a respeito das suas metas para o futuro, seus sonhos e ideais, lembrando que, neste mundo, tudo é passageiro e o que conta no final é o que somos e não o que fizemos.

Aliás, corremos o sério risco de passar a vida fazendo coisas e nos esquecendo de sermos pessoas; e o que nos leva, muitas vezes, a isso é justamente o acúmulo de atividades que assumimos, algumas até desnecessárias. Assim, naturalmente, lidamos com a pressa e a falta de tempo para quase tudo, inclusive para nos relacionarmos com nós mesmos, o que é fundamental para uma vida sadia.

Por incrível que pareça, em nossos dias, ter uma agenda preenchida virou "status". É como se isso fosse garantia de utilidade no planeta. Mas Deus nos desafia a irmos além. O cristão precisa ter consciência de que não vale pelo que faz, mas sim pelo que é. Se para expressar o amor de Deus às criaturas, ele realiza obras neste mundo, ótimo. Conhecemos inúmeros testemunhos de pessoas que se tornaram imortais por seus benefícios expressos em obras. Mas pode observar que as obras consideradas imortais geralmente têm como base o amor.

Recordo-me, por exemplo, de Santa Teresa de Lisieux, ela não realizou grandes feitos aos olhos humanos, nem edificou monumentos, tampouco tinha a agenda “lotada”. Viveu na clausura do Carmelo e morreu com apenas 24 anos. No entanto, foi eleita a Padroeira das Missões, doutora da Igreja e influencia até hoje a vida de inúmeras pessoas. Sabe por quê? Porque ela, desde cedo, fez a experiência do amor de Deus e assim descobriu sua missão.

Sabia de onde veio, porque estava aqui na terra, e para onde iria. Ela mesma conta-nos, em em sua autobiografia, que desejava fazer muitas coisas por amor a Jesus, neste mundo, mas teve a graça de descobrir o essencial. "Percebi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça a todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. Então, delirante de alegria, exclamei: Ò Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação... No coração da Igreja minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo".

Quem dera cada um de nós também possa fazer essa experiência e, assim, encontrar o rumo certo para nossa missão como peregrinos aqui na terra. Já que fomos criados por amor e para amar, procuremos amar concretamente hoje. Como? Deus mesmo nos mostrará.

21/03/2011

Jejuar do mundo

É possível jejuar das noticias inúteis e das imagens do mundo

A Quaresma é um tempo no qual vivemos a tensão para encontrarmos o equilíbrio certo, o momento exato, a fórmula 'mágica' para vivermos a tríplice ordem – jejum, esmola e oração. Sabemos que a Igreja nos ensina várias modalidades para mergulharmos nesta intimidade com Jesus por meio desses atos. Porém, ela não fecha em uma forma exata, dogmatizada, sobre como devemos praticar o jejum, a esmola e a oração.

Assim, para encontramos a medida certa precisamos ser criativos, sobretudo no que diz respeito ao jejum. Clemente de Alexandria, em sua criatividade, nos ensinou a “Jejuar do Mundo”, ou seja, a nos afastarmos das situações rotineiras que não nos colocam em comunhão com Jesus. Essas modalidades são chamadas extracanônicas (cf., Estromatas, II, 15: GCS 15,242).

Para explicarmos isso melhor recorremos à proposta de "Jejum do Mundo" ensinada pelo Frei Ranieiro Cantalamessa – pregador da Casa Pontifícia, no livro "Preparai os Caminhos do Senhor".

Segundo ele existe um tipo de mortificação possível a todos e, acima de tudo, benéfica, que é o jejum das notícias inúteis e das imagens do mundo. O religioso afirma que vivemos em um mundo no qual a comunicação em massa nos bombardeia com notícias, informações, propagandas, imagens que corroem a nossa vida espiritual.

Essas informações e imagens, presentes na televisão, na publicidade, nos espetáculos, nos jornais, nas revistas, na internet tornaram-se o veículo privilegiado para a expansão da ideologia mundana, consequentemente nos afastam da união com o Senhor. Podemos constatar isso na nossa vida, sabemos o quão difícil é nos recolhermos para rezar em meio a tanto "barulho". Um exemplo claro disso é quando acabamos de nos "encher" de algumas informações e vamos rezar, parece que não "desligamos", ficamos pensando no celular que poderá tocar, na notícia que acabamos de receber, na fofoca que ouvimos ou falamos, daquela bendita música – secular, que não sai da nossa cabeça –, enfim, levamos em nosso coração todos aqueles emaranhados de notícias que acabamos de ouvir e ver.

Portanto, não é possível encher os olhos, a mente e o coração com essas imagens e informações e depois querer rezar.


Frei Raniero afirma ainda que "o Reino de Deus tem as suas notícias eternas, sempre novas, a serem ouvidas, e, pelo fato de estarmos tomados pela paixão das notícias do mundo, não mais as compreendemos. Parecem-nos apenas coisas velhas superadas, não a proclamaremos com força, pois elas não vivem com força dentro de nós".

Podemos, dessa forma, em meio à rapidez das informações, dedicar nosso tempo gasto com a procura destas informações inúteis à oração, por intermédio do Jejum do Mundo, pois todo pequeno esforço pode se transformar em uma ocasião de encontro com Deus. Assim, desviando o nosso olhar da ilusão (cf. Sl 119,37), teremos acesso às notícias eternas, as quais somente os corações íntimos do Senhor podem ver.

18/03/2011

A docilidade de Maria

A docilidade de Maria nos trouxe a maior de todas as bênçãos: Jesus“Porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua vontade” (Lc 1,38).

No Mistério da Encarnação vemos toda a docilidade daquela que foi escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus. Nesse momento, a Virgem Maria se tornou, por excelência, a Mulher da docilidade, não porque ela não pecou, mas porque disse "sim" a Deus e aos Seus desígnios, sendo dócil.

A palavra "docilidade" traz como significado: fácil de guiar, obediente, submisso. E ser dócil não é fácil e também não é simples, porque a docilidade contraria totalmente a nossa natureza marcada pelo pecado. E deixar-se ser guiado por alguém também não é nada fácil... pelo contrário. Não queremos permitir que ninguém nos guie, não queremos que ninguém nos oriente, porque não queremos que ninguém nos contrarie... mesmo que esse Alguém seja o próprio Deus. Acreditamos ser os donos do saber e da verdade, donos do nosso próprio nariz e da nossa vida.


Baixe papel de parede de Nossa Senhora para seu computador:
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Por isso, ser dócil é um desafio, desafio para os fortes, para aqueles que reconhecem que há Alguém mais sábio do que nós e que tem poder para conduzir a nossa vida, para orientar o que devemos fazer, mesmo que não seja aquilo que queremos. Para sermos dóceis, precisamos lutar e, muitas vezes, isso é violência contra nós mesmos. Por causa da obediência a Deus e à Sua vontade, temos de estar prontos para provar do cálice amargo, que nos é oferecido nos momentos de provação, momentos em que sentimos espadas de dor a transpassarem o nosso coração e a nossa alma, como a Santíssima Virgem. E nos diz o Catecismo da Igreja Católica no seu número 967: "Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade".


Nossa Senhora deve ser o nosso grande modelo, totalmente diferente dos modelos do mundo, modelo de docilidade, de coragem, de entrega. E Deus quis que esse modelo fosse coroado no Céu e que fosse toda revestida de sol, toda revestida da graça d'Ele, para nos apontar este caminho. Temos de ter a coragem de obedecer a Deus, imitando a Virgem Maria, e de realizar a Sua vontade, mesmo que o mundo não nos entenda, mesmo que as pessoas da nossa família e amigos não nos entendam. Precisamos ter a coragem de obedecer ao Todo-poderoso, mesmo parecendo caretas e ultrapassados aos olhos do mundo. Obedecer aos Seus Mandamentos, mesmo que isso seja um aparente fracasso e mesmo quando tudo pareça estar perdido.

A docilidade da Virgem Maria nos trouxe somente bênçãos, nos trouxe a maior bênção que este mundo já viu: Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, que nos livrou da maldição do pecado original, que nos livrou das tristes consequências da insubmissão de Eva, a primeira mulher.
Porque a rebeldia só nos traz males, só nos traz maldições. Precisamos entender que toda docilidade a Deus nos traz bênção. E quando O deixamos nos guiar, permitimos que Ele tome o Seu devido lugar em nossa vida. Permitimos que Ele reine e realize a sua salvação e graça em nossa vida. Madre Teresa de Calcutá, um dia, disse: "Eu sou um simples lápis nas mãos de Deus, o que faço é somente me deixar ser guiada".

E deixar-se ser guiado por Deus não é se anular, pelo contrário, é permitir que os sonhos d'Ele a nosso respeito se realizem, se concretizem e que iluminem o mundo, a começar por aqueles que estão ao nosso redor.
Meu irmão, deixe Deus guiar você, deixe-O guiar a sua história. Permita que Ele guie o seu coração, a sua família, o seu trabalho, os seus planos. Permita que Ele guie as suas ações, a sua maneira de ser e de viver. Permita que Ele o conduza pela mão, permita que

Ele guie os seus passos, oriente as suas decisões, o seu futuro e toda a sua vida. E não tenha medo, porque Aquele que guia sabe o que faz e o conduzirá pelo caminho certo, um caminho de amor, cujos preceitos são leves e “mais desejáveis do que o ouro, sim, do que o ouro fino e mais doces do que o mel” (cf. Sl 18,11).

Permita hoje que o Senhor o guie verdadeiramente. Permita que Ele destrua em seu coração todo o pecado, o qual não lhe permite realizar o seu querer e, assim, não colher toda a bênção que Ele tem para você.


Confie e, a partir deste momento, permita que o Senhor assuma o comando da sua vida!
E que a Virgem Maria, a quem Jesus foi submisso, interceda por você.

17/03/2011

O caminho da Páscoa do Senhor

O que mais nos afasta de Deus é o pecado

A Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas, é um tempo litúrgico muito importante para a nossa caminhada cristã. Ajuda as pessoas e as comunidades eclesiais a se prepararem dignamente para a celebração da Páscoa do Senhor.

O período quaresmal é tempo sobremaneira apropriado à conversão de vida e à renovação interior. Aliás, não há Quaresma sem conversão. Converter-se é separar-se do mal e voltar-se para o bem. É mudar radicalmente de vida e de critérios. A conversão radical insere-se no coração da vida. Exige gestos concretos de amor e de misericórdia, de partilha fraterna e de justiça. Podemos dizer que o cristão é um convertido em estado de conversão, pois a conversão dura enquanto perdurar nosso peregrinar neste mundo.

Converter-se é procurar viver todos os dias a “vida nova”, da qual Cristo nos revestiu, transformando-nos n'Ele, para fazer um só corpo com Ele e com os irmãos.

Há em nós atitudes que devem morrer. Converter-nos, a cada dia, exige morrer aos poucos, sepultar-nos com Cristo para ressuscitarmos com Ele.

O amor de Deus chama-nos à conversão, a renunciar a tudo o que d'Ele nos afasta. O que mais nos afasta de Deus é o pecado. Pecar é estar no lugar errado, longe da amizade e da graça de Deus.

A conversão quaresmal significa, portanto, crescer na prática das virtudes cristãs. Somos sempre catecúmenos em formação permanente, progredindo no conhecimento e no amor de Cristo.

Ao longo da Quaresma, somos convidados para contemplar o Mistério da Cruz, entrando em comunhão com os sofrimentos de Cristo, tornando-nos semelhantes a Ele na Sua Morte, para alcançarmos a Ressurreição dentre os mortos (cf. Fl 3, 10-11). Isso exige uma transformação profunda pela ação do Espírito Santo, orientando nossa vida segundo a vontade de Deus, libertando-nos de todo egoísmo, superando o instinto de dominação sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo (cf. Bento XVI, Mensagem da Quaresma 2011).

O período quaresmal é ainda tempo favorável para reconhecermos a nossa fragilidade, abeirando-nos do trono da graça, mediante uma purificadora confissão de nossos pecados (cf. Hb 4, 16). Na Igreja “existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência” (Santo Ambrósio). Vale a pena derramar essas lágrimas com uma boa confissão sacramental.

Jesus convida à conversão. Este apelo é parte essencial do anúncio do Reino de Deus: Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc, 1, 15).

O itinerário quaresmal é um convite à prática de exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna e às obras de caridade (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1438). É igualmente um tempo forte de escuta mais intensa da Palavra de Deus e de oração mais assídua.

Quanto mais fervorosa for a prática dos exercícios quaresmais, tanto maiores e mais abundantes serão os frutos que colheremos e hauriremos do mistério de nossa redenção.

Também a vivência da Campanha da Fraternidade ajuda a fazermos uma boa preparação para a Páscoa. A CNBB propõe para este ano o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta”, e como Lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).

Maria Santíssima, Mãe do Redentor, guie-nos neste itinerário quaresmal, caminho de conversão ao encontro pessoal com Cristo ressuscitado.

Com o coração voltado para Cristo, vencedor da morte e do pecado, vivamos intensamente o período santo e santificador da Quaresma.

16/03/2011

Tempo de tornar-se cristão


Quaresma é o momento forte para a administração dos sacramentos, Na Tradição da Igreja o tempo quaresmal é o momento forte para a administração dos sacramentos, o tempo de acolher novos filhos para a Igreja.

O processo de transformação não é possível ser realizado em breve momento, mas por um caminho de conversão que deve percorrer passo a passo. Com a convicção de que este caminho de renovação não acontece de uma só vez, mas abrange toda a vida do homem em um processo contínuo de ano após ano e o deve percorrer sempre.

A Quaresma quer conservar presente esse processo que, para se chegar a Deus, é preciso passar por um processo sempre novo de transformação e mudança de vida. Assim, a palavra mais forte que nos acompanha neste tempo quaresmal é uma busca sincera de conversão, a metanoia, que reorienta todo o nosso ser em direção a Deus.

Nesse sentido a Igreja abraça o tempo quaresmal como o tempo de purificação, de tornar-se cristão, a oportunidade do homem voltar-se do mau caminho em direção a Deus, como o próprio Senhor afirma em Sua Palavra: "Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta" (Ez 33, 11). Mas é preciso tomar consciência que o se tornar cristão é um processo diário, de ir a Cristo, renunciar a si mesmo, tomar sua cruz e seguir-Lo (cf. Mc 8, 34).

Por isso, esse tempo é marcado pelo jejum, abstinência e esmola, para lutarmos contra as tentações, unindo-nos a Cristo, que enfrentou a tentação no deserto durante quarenta dias. Um tempo realmente favorável para abandonar o "homem velho" e nascer um "homem novo".


O próprio Cristo precisou passar pelo deserto, deixando-se ser tentado pelo diabo para mostrar que n'Ele fomos tentados e n'Ele vencemos o demônio. Ninguém pode vencer sem ter combatido; nem combater se não tiver inimigo e tentações.

Por isso, o apelo da Igreja ao jejum, pois, é por meio dele que nos libertamos de nós mesmos, nos libertamos para Deus, tornando-nos livres para os outros e para a oração e do domínio das paixões desordenadas.

No prefácio da Quaresma, a Igreja usa a expressão: Jejunio mentem elevas – que significa "Pelo jejum elevais os vossos sentimentos". Os quarenta dias que a Igreja nos proporciona, por intermédio da renúncia, para que encontremos uma vida nova.

15/03/2011

Como acreditar naquilo que não toco?

Ter fé não é um ato mágico; exige de nós esforço!

"A fé é o complemento aperfeiçoado da razão" (Manuel García Morente).

Nem sempre ter fé é fácil, muitas e muitas vezes, o fato de acreditar em Deus exige de nós uma alta capacidade de raciocinar e ponderar aquilo que é provável, possível ou impossível. Por que digo isso?!

Na sociedade em que vivemos a concepção de fé é completamente deturpada. Como se para tê-la fé, precisássemos parar de raciocinar ou pensar em tudo o que nos acontece. Como se o fato de termos fé tirasse de nós a capacidade de questionar o mundo ao nosso redor e até, muitas vezes, a nossa própria crença.

Afinal, a fé precisa passar pelo processo de construção e desconstrução; a fé que tínhamos quando crianças, precisa ser desconstruída, para construirmos uma fé madura. Para esse processo acontecer, a própria vida traz os seus desafios, suas frustrações, suas alegrias, seus fracassos e seus sucessos. A própria vida é matéria-prima para o amadurecimento da nossa fé. Nunca poderemos tocar a Deus somente usando da razão, mas com ela podemos intuí-Lo; a partir disso, a fé nos leva a dar um salto de qualidade e atribuir a Deus um papel que somente a razão não nos permite fazer.

Para facilitar o entendimento do que digo, Deus não realiza um milagre do “nada”. Ele sempre parte do esforço do homem, mesmo que esse esforço seja uma simples oração. Para acontecer um milagre é necessário nossa participação. Deus Pai se revela, mas também se faz necessário um esforço do homem. Quando conhecemos uma pessoa e a elegemos como especial para nós, é natural o processo de conhecê-la e dar-se a conhecer. Na experiência com o Altíssimo acontece algo semelhante: O buscamos e Ele se revela a nós; O procuramos mais, Ele se revela mais ainda. Nunca paramos de conhecê-Lo.

Agora, se mesmo com toda essa argumentação o ato de ter fé lhe parecer muito difícil, quero convidá-lo para, de maneira muito sincera, olhar para o que está ao seu redor e perceber os “rastros de Deus”. Veja o pôr-do-sol em uma praia, o voo dos pássaros, a terna relação entre mãe e filho e, com certeza, você perceberá que são fatos e gestos que fogem de uma explicação cientifíca ou racionalista, permeados pela beleza e o afeto que surgem de Deus. Na sua vida, olhe com coragem e perceba os momentos que, muitas vezes, são difíceis e doloridos, mas Deus, de alguma maneira se deixa ser encontrado.

Dê a Deus o crédito que a Ele é devido, sabendo que ter fé não é um ato mágico, mas ao contrário, exige de nós um esforço enorme. Porque acreditar em Deus é simples, mas não fácil. Exatamente porque se a vida fosse feita de coisas fáceis, nunca conseguiríamos ser homens e mulheres de verdade. Ter fé significa, acima de tudo, relacionar-se com Aquele que deseja que o busquemos com toda a nossa força e o nosso coração: Deus!

14/03/2011

Deus tem o direito de ser Deus em nós


"Vós, portanto, sereis perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste" (Mt 5,48).

Nosso caminho é a santidade. Fomos criados à imagem de Deus. Precisamos ter a “cara” do Pai. Essa é a obra do Espírito Santo em nós. Se você guardar um frasco de perfume vazio e, depois de algum tempo, abri-lo, sentirá ainda a fragrância, pois o frasco ficou impregnado com o aroma.

É por isso que o Senhor nos encheu com o Espírito Santo, para nos impregnar da santidade de Deus. Não é a nossa santidade, nem a nossa perfeição, mas a do Senhor. Ele tem o direito de nos impregnar da Sua santidade e perfeição. É preciso dar a Deus o direito de ser Deus em nós.

Deus tem o direito de nos transformar à Sua imagem. Ele nos deu o Espírito Santo para colocar em nós a Sua santidade. Por isso é preciso sermos “renovados pela transformação espiritual de nossa inteligência” e renunciarmos ao conceito errado de que não merecemos ser santos; que não somos dignos, que isso não é para nós, que não somos capazes. Precisamos cumprir Sua ordem: “Sede santos, pois eu sou santo.”

"Ou Santos ou nada!"

Isso parece algo impossível, mas, ao contrário, no momento em que você permite, a graça acontece. No mundo espiritual é fácil ser santo. Tão fácil quanto conceber um filho. É deixar Deus, pelo Seu Espírito, injetar em nós Sua santidade. Ou renovamos, sem cessar, os sentimentos da nossa alma e assumimos: “Quero ser santo”, como quem rema contra a correnteza deste mundo corrompido, lutando cada dia para alcançar a santidade, ou somos levados pela enxurrada desse rio sujo e poluído. Para isso precisamos viver o “Ou santos ou nada”.

Deus o abençoe!

(Trecho do livro "Eu e minha casa serviremos ao Senhor" de monsenhor Jonas Abib).

11/03/2011

Vão-se as máscaras e ficam os filhos

Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar

Existe um velho ditado popular que diz:
"Vão-se os anéis e ficam-se os dedos!" Fazendo um trocadilho, podemos dizer que, no carnaval, vão-se as máscaras e ficam....?

Nas máscaras caídas, após uma grande noite de carnaval, podem ser encontrados pedaços de pessoas. Olhando mais de perto, encontramos as lágrimas daqueles que saíram envolvidos por uma máscara e, por alguns dias, se transformaram em grandes atores fazendo o papel de uma vida que não lhes pertencia, e por fim, caíram no chão, como o resto de suas fantasias.

A palavra "persona", no uso coloquial, significa um "papel social" ou "personagem" vivido por um ator. É uma palavra italiana derivada do latim e que se refere a um tipo de máscara feita para ressoar a voz do ator (per + sonare = "soar através de"), permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores, assim como dar ao ator a aparência exigida pelo papel. A máscara é usada para fazer ecoar um personagem.

Personagens, no entanto, são os objetos de uma história. Pode ser um homem ou animal, mas sempre é um ser fictício, um objeto ou qualquer coisa que o autor quer representar.

Personagens são encontrados em obras de literatura, cinema, teatro, televisão, desenho, videogames, marketing. Existem para isso, ou seja, são seres irreais que dão forma a uma ideia. Nós não somos personagens, não precisamos de máscaras para inventar nossas histórias, não precisamos nos servir delas para que a nossa voz seja ecoada. Pois Deus nos criou à Sua imagem (cf. Gn 1,27), por essa razão, não devemos agir como escravos das máscaras que fomos colocando ao longo da vida.

Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar, mas lembre-se de que todos nós somos frutos de nossas escolhas e devemos conviver com as consequências delas. Não são poucos jovens que, durante estes dias de festa, se decidem por representar com o uso das drogas, da violência e do sexo desregrado e sem limites e, no final de 4 dias de “folia”, o ser está despedaçado, como objetos que foram usados e depois jogados fora.


Portanto, ao longo do caminho, mesmo que pedaços de nós estejam no chão, somos chamados a recolher nossos cacos, levantar a cabeça, e recomeçar, sem máscaras, livres, pois, já não somos mais escravos, mas sim, filhos; e, como filhos, também somos herdeiros: isso é obra de Deus (cf. Gl 4,7).


Assim, vão-se as máscaras e ficam os filhos, eleitos, livres, criados à imagem e semelhança do Pai.