30/06/2015

Se Deus existe, por que existe o sofrimento?

Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?
O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante disso. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido.
Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar.
Por que existe o sofrimento -
No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo.
Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o “Senhor do sofrimento”, como disse Isaías, “o Homem das Dores”.
Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele.
Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.
Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. ‘O “Werther”’, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. “’A Comédia Humana”’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler ‘“A Nova Heloísa’”, de Rosseau, uma jovem estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler ‘“Os sete que se enforcaram”’, de Leonid Andreiv.
Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta.
Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.
Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte.
Alguns perguntam: “Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?”.
Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).
Como entender isso?
Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus.
Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.
Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.
O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: ““O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem”” (Dor Salvífica, nº 2). “De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem” (DS, nº 3).

29/06/2015

São Pedro e São Paulo Apóstolos - principais líderes da Igreja Cristã


São Pedro e São Paulo apóstolos Hoje a Igreja do mundo inteiro celebra a santidade de vida de São Pedro e São Paulo apóstolos. Estes santos são considerados “os cabeças dos apóstolos” por terem sido os principais líderes da Igreja Cristã Primitiva, tanto por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários.
Pedro, que tinha como primeiro nome Simão, era natural de Betsaida, irmão do Apóstolo André. Pescador, foi chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu ao Mestre, estando presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro.
Em princípio, fraco na fé, chegou a negar Jesus durante o processo que culminaria em Sua morte por crucifixão. 
O próprio Senhor o confirmou na fé após Sua ressurreição (da qual o apóstolo foi testemunha), tornando-o intrépido pregador do Evangelho através da descida do Espírito Santo de Deus, no Dia de Pentecostes, o que o tornou líder da primeira comunidade. Pregou no Dia de Pentecostes e selou seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado em uma das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor, Jesus Cristo. Escreveu duas Epístolas e, provavelmente, foi a fonte de informações para que São Marcos escrevesse seu Evangelho.
Paulo, cujo nome antes da conversão era Saulo ou Saul, era natural de Tarso. Recebeu educação esmerada “aos pés de Gamaliel”, um dos grandes mestres da Lei na época. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte de muitos deles.
Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o batismo do Espírito Santo e preparou-se para o ministério.
Tornou-se um grande missionário e doutrinador, fundando muitas comunidades. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação. Escreveu treze Epístolas e ficou conhecido como o “Apóstolo dos gentios”.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

27/06/2015

O noivado é uma escola para o casamento

Para muitas pessoas, o noivado é um tempo de preparar as festividades do casamento
Os casais se tornam noivos quando têm a data do casamento agendada, mas noivado é muito mais que isso, é um momento que o casal tem de amadurecer a sua consciência para as exigências e a realidade do matrimônio. É um momento de aterrissar nos desafios que um relacionamento a dois vai impor aos noivos.
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Foto: Roger Ferrari
Por isso, é preciso fazer do noivado um momento de grande diálogo, conhecimento mútuo e decisões, inclusive no campo financeiro e material. O magistério da Igreja, no documento “Preparação para o Sacramento do Matrimônio”, do Pontifício Conselho para a Família, chama esse momento de “preparação próxima”. O tempo do noivado, que vai incluir a preparação da liturgia do matrimônio e outras coisas, é chamado por esse documento de “preparação imediata”.
É preciso fazer desse tempo um momento de preparação para a nova realidade do casamento, da família e do relacionamento a dois. Quem casa está assumindo a proposta de vida de Jesus Cristo, inclusive uma instituição cristã. Então, antes de assumir esse compromisso, é preciso entender muito bem o que se está assumindo: o que é um matrimônio, o que é uma família cristã, o que é o relacionamento a dois dentro dessas realidades. Um grande erro e causa de nulidade da validade de muitos matrimônios é justamente a falta de conhecimento da realidade do que se está assumindo. Casar, sem fazer essa preparação, é como assinar um contrato sem ter a menor ideia do que ele diz, sem lê-lo. Na hora que a pessoa menos esperar, estará cheia de dívidas impagáveis.
Para isso são importantes alguns aspectos:
1) Aprofundamento da vida de fé na Igreja. Crescer na oração, na escuta da Palavra de Deus e, sobretudo, a oração a dois.
2) Aprofundamento do significado do matrimônio e da família cristã. Dentro disso, destaco alguns tópicos que precisam ser conhecidos:
* O que é a liberdade de consentimento, sem o qual não pode acontecer o vínculo matrimonial;
* O que é e como acontece a unidade do casal;
* A importância e o significado da indissolubilidade matrimonial;
* A educação para a paternidade e a maternidade responsável;
* Estudo e aprendizado sobre aspectos da sexualidade conjugal respeitando a lei natural;
* Reflexão sobre a educação dos filhos.
3) Crescimento na imitação de Cristo como modelo a ser seguido: consciência de doação e renúncia de si. Deve haver um dinamismo sacramental, de maneira especial o sacramento da reconciliação e Eucaristia.
4) Ter consciência da missão própria da família nos campos educativo, social e eclesial.
5) Ser formado nos valores da dignidade da vida humana e da família. A mentalidade contraceptiva, a relativização do significado do amor humano, ideias feministas e machistas levam muitos noivos a entrarem no casamento com muitos valores deformados. É grave a necessidade de que eles sejam bem formados quanto a essas questões.
6) É importante que os noivos discutam questões práticas e fundamentais como o número de filhos que gostariam de ter (lembrando que um casal não aberto à vida não constitui um matrimônio valido), o trabalho da mulher diante das exigências do lar, as atividades religiosas e a educação dos filhos na fé e outras questões. Porém, também é importante ajustar questões aparentemente bobas, mas que podem ser causas de conflitos como a organização da casa, o relacionamento com a família do outro, comportamentos constrangedores, higiene e educação na vida íntima (coisas do dia a dia).
Tornar-se noivo não é firmar um compromisso quase indissolúvel. Por isso, a Igreja coloca o noivado fora da celebração da Santa Missa. O grande vínculo, indissolúvel, só será feito no matrimônio. Claro, é um passo a mais, uma maturidade maior no relacionamento, e isso implica compromisso. Porém, o grande compromisso do noivado é a preparação para o matrimônio, e este deve durar o tempo que for necessário para que o futuro casal esteja em condições de constituir uma nova igreja doméstica, uma família, uma casa de amor, que maravilhosamente anuncia a comunhão que existe na Trindade Santa.
 Fonte: Canção Nova

26/06/2015

Demonstrar o amor é tão importante quanto o sentir

Celebrar o amor é sempre importante, e quando surgem datas especias não podemos perder a oportunidade de comemorá-las
O Dia dos Namorados é uma data singular que merece ser lembrada pelos casais que se amam, independente do tempo que teve início o namoro. Geralmente, é um dia em que ficamos mais sensíveis, mais atentos ao coração e mais desejosos de dar e receber amor, até porque somos incentivados pelo comércio e pelos meios de comunicação em geral, desde muito antes, a festejar este dia. Mas é bom lembrar que a comemoração ultrapassa os presentes. É uma data que deve ser marcada principalmente pelo carinho, pelo amor e respeito, pelas homenagens. Este dia deve ser marcado por abraços, beijos, pela vontade de amar e dedicar-se ao outro, principalmente pela gratidão em ter ao seu lado alguém tão querido durante todos os dias do ano. Agora, é claro, se além de tudo isso tiver um presentinho, fica ainda melhor!
Demonstrar o amor é tão importante quanto senti-lo
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A meta, porém, é demostrar o amor, e existem muitas formas de fazer isso. Todos nós sabemos, por exemplo, como é importante ouvir alguém dizer que nos ama; nós, no entanto, muitas vezes temos medo de manifestar nosso amor. Cada um tem sua história e ela influencia muito nossos relacionamentos, mas o fato é que vivemos em uma sociedade repleta de pessoas apressadas, ligadas ao mundo virtual, pessoas muitas vezes frias, com dificuldade de expressar afeto. Conheço casais, por exemplo, que são capazes de dar a vida um pelo outro, mas não têm a coragem de olhar nos olhos e dizer: “Eu te amo!”. Isso é um prejuízo para o relacionamento, pois demonstrar amor é tão importante quanto o sentir.
Neste caso, o Dia dos Namorados pode ser uma ótima oportunidade para derrubar as barreiras do respeito humano e começar um tempo novo, no qual o amor tenha livre acesso aos corações. Pequenos gestos podem abrir grandes portas! Então, não perca tempo, experimente pegar na mão do seu amor, depois abrace-o, beije-o, aproxime-se dele. O toque físico é essencial em um relacionamento amoroso; do mesmo modo, as palavras também são muito importantes na demostração de cumplicidade. Vá além dos seus medos e diga o quanto você ama. Dê atenção, tempo de qualidade. Quem sabe esse seja o presente mais esperado e custa tão pouco! Desligue o celular e olhe nos olhos do seu amor sem pressa. Tenho certeza que o resultado será surpreendente! Aproveite o clima desta data e dê asas ao seu coração, ele o levará de volta ao amor!
Enviar flores, fazer uma visita inesperada no trabalho, mandar um e-mail amoroso, deixar um recado na geladeira, fazer uma comidinha gostosa também são dicas que podem colaborar. Enfim, a criatividade é parceira do amor, deixe que ela o conduza e lembre-se que somente o que for feito de coração tocará outro coração. O escritor americano Robert A. Heinlein afirma que “o amor é uma condição em que a felicidade de outra pessoa é essencial para a sua própria felicidade”, então saiba que qualquer coisa que você fizer para que seu amado esteja feliz no Dia dos Namorados certamente será gratificante também para você. Então, a grande dica é: aproveite a oportunidade e comemore o amor. No Dia dos Namorados de forma especial? Sim! Mas também todos os dias, em cada amanhecer, porque amar é o que realmente vale a pena nesta vida!

25/06/2015

Como o corpo pode levar o homem à santidade?

Deus criou o corpo para também por ele conduzir o homem à santidade
Todos nós, sem exceção, somos chamados à santidade. Mas, diferentemente dos anjos que são puro espírito, o nosso chamado adquire uma forma muito especial para se manifestar: o nosso corpo. E como filhos de Deus, somos predestinados a participar da íntima relação de amor existente na Santíssima Trindade; faremos parte, no fim dos tempos, do “banquete do Cordeiro” (Ap. 19, 9). Seremos santos, mas essa vocação à santidade já adquire sua concretude aqui, no nosso tempo e espaço.
Como o corpo pode levar o homem à santidade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Em um momento histórico, situado nos primeiros séculos da era cristã, tivemos o surgimento de alguns movimentos que faziam certa oposição entre corpo e alma, afirmando ser a alma um bem que devemos aperfeiçoar e o corpo um mal a ser rejeitado. Os maniqueístas, por exemplo, defendiam essa concepção do homem.
Entretanto, o homem é um ser integral, feito pelas mãos do próprio Deus e com a Sua apreciação, que olha a criatura e diz que “é muito boa” (Gn 1,31). O homem foi feito de material palpável, da terra, do barro… matéria física e concreta. O Senhor soprou nele a vida e, assim, o primeiro homem foi constituído em alma, espírito e corpo! Esse é o homem integral.
Se temos, assim, um chamado à santidade, só poderemos corresponder-lhe por meio do nosso ser integral. E como sabemos que existimos? Como se manifesta nossa alma e espírito? Através do corpo. Nas atividades cotidianas, na forma como olhamos as pessoas ao nosso redor, como lhes entregamos nosso sorriso, nossa ajuda, na maneira como desenvolvemos nossos afazeres, podemos ser sujeitos e canais de santidade.
Certa vez, um garoto perguntou à sua mãe como eles se reconheceriam no céu. “Como saberei que você é você, mamãe?”. Que pergunta brilhante! Não será de outra forma senão pelos olhos do nosso corpo; saberemos quem o outro é pela forma que ele possui, o tocaremos com nossas mãos, abraçaremos com nossos braços.
Porém, em nossos tempos, infelizmente encontramos muitos apelos para profanar a santidade que nossos corpos carregam, desviando-nos da nossa missão fundamental de santidade. O lugar central de Deus é, inúmeras vezes, substituído pelo corpo humano.
Imagens fantasiosas de corpos femininos perfeitos levam muitas mulheres a desenvolverem um parâmetro irreal do que é bom, belo e saudável. O mesmo se dá com os homens, que além de projetarem a imagem de uma mulher que não existe (a mulher com curvas perfeitas divulgada na grande mídia), também fazem de si pequenos deuses em busca da perfeição estética.
No fim das contas, essa sede de perfeição é própria de todo ser humano. Queremos o belo e o perfeito, nossas almas foram feitas para isso! Somos cidadãos do Éden, lugar de perfeita ordem, da beleza infinita de Deus manifestada em toda a criação.
Contudo, nossa cultura inverte completamente o significado mais profundo do corpo. Em vez de levarmos o ser humano a realizar-se plenamente na sua humanidade e, por meio de seu corpo, ser sujeito de santidade, as prioridades são invertidas e não somos mais dom ao outro. Ao contrário, fazemos do corpo um meio para a satisfação, para o prazer pessoal. O outro deixa, assim, de ser sujeito de santidade, passando a ser um objeto.
Entretanto, se temos em nossa humanidade as marcas do pecado original que significou essa ruptura com o perfeito, temos também o “eco da inocência original” (João Paulo II, 1980). Na Teologia do Corpo, o Papa dirá que, através do corpo, a santidade entrou no mundo. Que santa realidade! Que linda ousadia proclamar essa verdade sobre o significado do ser humano!
Podemos, assim, escolher o caminho dessa inocência original que todos temos marcada em nossas almas. A perfeição pode hoje acontecer para mim e para você por meio dos nossos corpos.
As mãos poderão plantar as sementes do Reino que sentimos saudade. Os pés podem ir em direção ao outro e, com um sorriso, convidá-lo para a mesma santidade que desejamos viver. O abraço acolherá a dor, os ouvidos serão território onde outros poderão partilhar suas trilhas, o nariz, as pernas, ombros… tudo é material que constrói a santidade, vocação de todo homem!
Autora: Milena Carbonari – Psicologa, pós graduanda em sexualidade

24/06/2015

O amor é construído entre dores e alegrias

“O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforma no melhor que podemos ser”  (Mário Quintana)
O namoro é o momento do encontro de duas histórias; e todo encontro é sempre delicado. Não se começa a namorar sem uma história familiar, humana, afetiva, social, intelectual, espiritual… Quando homem e mulher se encontram, encontra-se também todo um histórico construído ao longo de muitas estações da vida. Por isso, o namoro precisa de tempo para que o conhecimento da história de cada um seja verdadeiro e profundo.
O amor é construído entre dores e alegrias
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Namorar não é queimar etapas de um processo. No tempo de namoro, é preciso ter a coragem de não esconder a história um do outro. Quem esconde sua origem esconde-se de si mesmo. É preciso coragem para deixar-se conhecer e ser conhecido. Onde o medo domina o amor se esconde.
Nessas duas histórias que se encontram, há todo um passado que precisa ser partilhado e compreendido. O casal que não compreende o passado um do outro, vai usá-lo,diante das primeiras dificuldades, como argumento para ataques. Amar é também a arte da compreensão. Não há necessidade de concordar com possíveis erros acontecidos no passado de quem está se conhecendo agora, mas é necessária a misericórdia que abraça as fragilidades do outro e lhe dá a oportunidade de recomeçar.
Muitos começam o namoro apaixonados pela perfeição que enxergam naquele que dizem amar. Com o tempo, a perfeição vai dando lugar à realidade. Amor não é paixão, mas sim um estágio muito superior, que é construído entre dores e alegrias. Não existem pessoas perfeitas, mas seres humanos que desejam juntos construir uma história de felicidade apesar de suas limitações, pecados e fragilidades. Somente o casal que se descobre imperfeito poderá buscar a santificação no amor partilhado.
Não há como exigir que o outro ame 100%. Será no processo de conhecimento que ambos vão descobrir quanto cada um aprendeu a amar. Alguns aprenderam a amar 30%, porque a sua história de vida lhe proporcionou somente essa porcentagem. Outros vão amar 50%, e outros ainda apenas 10%. Como encarar e enfrentar essa realidade? Nem sempre será fácil. Exigirá paciência, compreensão, oração e muito amor para ser partilhado. Há disponibilidade interior para aceitar o que o outro pode lhe oferecer de amor no momento? Há misericórdia suficiente para acolher os 30% de amor que o outro pode oferecer? Há paciência para esperar que o amor cresça naquele coração que ainda está em fase de construção?
Há muitos casais de namorados perdidos em seus próprios relacionamentos, pois, quando estavam apaixonados, enxergavam que o outro o amava 100%, mas com o passar do tempo descobriram que só eram amados 20%. Amor é construção diária, é um superar as dificuldades tendo como objetivo a felicidade que abraça com misericórdia duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.
A paixão começa a mostrar os seus limites quando o amor começa a ser mais forte que a perfeição antes vislumbrada. Somente com o amor será possível construir uma vida a dois.

23/06/2015

Os riscos da Ideologia dos Gêneros...



Ao clero de Osasco e às Coordenações de Pastoral, Coordenações da Pastoral Familiar, movimentos e associações, Leigos e leigas dispostos a dialogar com a sociedade sobre os Planos Municipais de Educação

Nosso fecundo diálogo entre a Igreja e a Sociedade, tematizado pela Campanha da Fraternidade de 2015, expresso em muitos encontros das nossas lideranças com os poderes públicos, deve continuar permanentemente, sempre respeitados os limites da justa laicidade por parte do Estado e a liberdade de as Igrejas mostrarem integralmente os seus pontos de vista, tendo em conta a sua missão de apresentar o Evangelho como base de um humanismo sadio para toda a sociedade. 

No campo da Educação e da Cultura, particularmente, a nossa Igreja sempre esteve presente, antes ainda que o Estado pudesse oferecer um ensino de qualidade e a formação ética e humana necessária para o desenvolvimento das pessoas. É nesse campo e, especialmente, na questão do ensino público, que eu gostaria de refletir com as nossas lideranças católicas, com vistas a um diálogo com o legislativo e executivo dos municípios em que atuamos, no momento em que os municípios estão escolhendo caminhos para a ensino público, através dos Planos Municipais de Educação.
Participação ampla – Coloco num primeiro anexo a carta assinada pelo Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, que alerta a nós todos quanto ao acompanhamento desses planos que podem ser aprovados em prazo muito curto, sem muita participação da sociedade. E envolve questões importantes como o investimento que deverá ser feito pelo município, a capacitação dos docentes e a infraestrutura de cada escola. Mas é, sobretudo, a inclusão da chamada “ideologia de gênero” que nos chama a atenção na proposta do Conselho Nacional de Educação, que precisa ser conhecida e questionada pela sociedade. 

É bom notar que essa ideologia resulta em políticas públicas que geram uma mudança de concepção do ser humano, e uma mudança de comportamentos, no âmbito da identidade da pessoa e da sexualidade, cujas consequências são inimagináveis. Não se trata, pois, de uma questão de doutrina religiosa ou de direitos individuais que, aliás, devem ser respeitados, mas de um processo destrutivo da própria base da natureza humana e que, por isso, diz respeito ao bem de toda a humanidade, e não apenas da religião. 

Mudanças assim não podem acontecer sem ampla discussão onde estejam envolvidos não apenas os legisladores, mas também os educadores, e sobretudo as famílias que, antes do próprio Estado, são as primeiras responsáveis pela educação das novas gerações. Sugiro a leitura do segundo texto anexo, do nosso Padre Doutor José Eduardo Oliveira e Silva, que aprofunda a questão da ideologia de gênero que, só para lembrar, foi excluída pelo Legislativo Federal na votação do Plano Nacional de Educação, e agora volta a ser apresentada, sem tempo para ampla discussão, e orquestrada por grupos de ativistas, para ser incluída nos planos municipais.




A “ideologia de gênero” não se apresenta com esse nome, pois ideologia aqui tem um sentido bem negativo: não é um simples conjunto de ideias, mas uma formulação doutrinária feita para persuadir e forçar sua implantação sem que as pessoas envolvidas possam reagir com consciência a isso que as agride. No caso, começa-se a perceber sua incidência no uso de determinadas palavras, por exemplo: em vez de sexo masculino e feminino se usa “gênero” masculino e feminino. 

Em vez de pais e mães, se usa “cuidadores”, em vez de paternidade e maternidade, se usa “parentalidade”, no lugar de homossexualidade diz-se “homoafetividade”, e assim por diante. 
Esta troca de palavras não é nem um pouco inocente. Ela quer ressaltar que a diferença dos sexos não está na base biológica, na natureza, mas é uma questão apenas cultural. Sendo assim, masculino e feminino não dependem do dado biológico, mas é uma construção cultural que, sendo independente da natureza, pode ser desconstruída e reconstruída de outra forma, ditada por impulsos, interesses ou preferências de cada indivíduo. 

Esta ideologia destrói o conceito de família, se opõe à visão bíblico-cristã da pessoa e da sexualidade, institui um conceito de família não fundamentado na natureza, mas no laço efêmero do afeto, sem história e sem consequência. Novamente, o problema dessa posição ideológica não são os direitos dos homossexuais, independentemente de qualquer juízo moral. (eles também necessitam, em seu relacionamento ser homem-homem, mulher-mulher). 

O problema está em destruir a identidade mais profunda da pessoa, seja qual for o seu comportamento. O problema está em negar que a diferença sexual, inscrita no corpo, possa ser indicativa da pessoa. Está em negar a complementariedade natural entre os sexos,
dissociando a sexualidade da procriação. O destrutivo está em considerar o ser humano como assexuado por natureza, e por isso manipulável ao sabor de interesses diversos, seja do mercado, do consumo ou da moda ou de grupos ideológicos. 

No longo prazo, isso vai gerando a incapacidade de muitos de se situar e se definir naquilo que têm de mais elementar, sua natureza. Facilmente essa mudança de linguagem vai mostrando as suas consequências, seja na legislação (redefinição do casamento, adoção por parceiros do mesmo sexo, mudança de sexo, acesso a procriação artificial ou ventres de aluguel, e muito mais). Chega também essa ideologia ao âmbito da escola, através da educação sexual oferecida independentemente do critério das famílias e da religião. Assim as teses dessa ideologia são apresentadas como se fossem um dado científico indiscutível a assim ensinados. 

Pior: por ser esse ideário um sinal de modernidade já difundido no exterior, seríamos um país atrasado se não pensássemos da mesma forma. Isso abre as portas para que pessoas menos avisadas aprovem essas ideias sem conhecer as consequências.
Não vamos ser ingênuos: há quem lucra muito com essa relativização dos costumes, com as mudanças de comportamento, com o consumo substitutivo dos verdadeiros valores, com as políticas geradas em torno da ideologia de gênero. E não são as famílias, nem aqueles que pensam estar seus direitos sendo protegidos, nem mesmo a sociedade que já contabiliza custos altíssimos com o cuidado de crianças que crescem sem amor, de idosos abandonados, de comportamentos anti-sociais e até criminosos, gerados pela solidão e pela ausência de berço e convivência familiar.
É bom notar que o debate, que está sendo realizado nos ambientes públicos, tem sido marcado pela presença de ativistas, convocados por redes sociais e dispostos ao confronto, ao modo dos “black blocs”. E é claro que esses confrontos os favorecem e lhes concedem grande visibilidade, muito a gosto da mídia, mas que não favorecem a serenidade do debate, pois não é esse o objetivo desses grupos. Fazer confronto diante das câmeras passa a impressão de campo de guerra, de batalha entre torcidas organizadas. Não aparece ali o fato de que a imensa maioria do país é feita de famílias que prezam os princípios da fé e os princípios sólidos sobre os quais se assenta a vida humana. Por isso, entendo que a mobilização das famílias deva ser muito mais de corpo a corpo, pessoalmente, com os legisladores, com os educadores, com os grupos de pastoral, numa ação urgente, porém permanente e
expressiva. 

Assim como aconteceu no âmbito federal, em que os legisladores não cederam ao coro dos ativistas, mas retiraram do Plano Nacional as referências à ideologia de gênero, assim devemos agir, com a mesma consciência, ao acompanhar a votação dos Planos Municipais. Importante é reforçar que é da família o direito de educar. Uma Pátria Educadora não pode ser entendida como um impedimento para que as famílias sejam educadoras.
Convido-os a ler aprofundar essa questão, antes que seja tarde, se já não for tarde demais. Alertar e ilustrar a nossa consciência é uma vantagem, mesmo porque as leis, inclusive as que já foram aprovadas, se desfavoráveis à família e à vida, podem ser novamente desaprovadas. Em tempos de grande destruição da natureza, revogar as leis que permitem destruí-la é um avanço. Mais ainda quando se trata de destruir a natureza humana, a ecologia humana, que o Papa Francisco trata em nova encíclica, que une a natureza e o ser humano.
Os Planos Municipais de Educação estão a ser votados. Há itens que ferem não só o nosso patrimônio religioso, mas a visão mais sólida do ser humano, milenarmente cultivada e seguida, e para qual o humanismo cristão muito contribuiu. A defesa de um modelo de família e de sexualidade que a sabedoria da humanidade cultivou será um benefício para as gerações futuras. Não podemos tratar disso às pressas e sem responsabilidade.
Num momento importante como este, e em assuntos de tanta gravidade, nossa Igreja não pode 
ausentar-se, nem podem as nossas famílias delegar ao Estado a função que lhes é própria, escolhendo e direcionando a educação de seus filhos para os valores mais sólidos.

Dom João Bosco, ofm Bispo Diocesano

Fonte: Diocese de Osasco

PÁTRIA DE FAMÍLIAS EDUCADORAS

 “Brasil, pátria educadora” - com este lema, o governo federal elegeu a educação como prioridade central para os próximos anos. No final do ano passado, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), que precisa ser implementado em cada Estado e Município, através dos respectivos Planos Estaduais ou Municipais de Educação.



Sempre atenta ao diálogo com a sociedade, a Igreja tem acompanhado com atenção a tramitação dos projetos de lei que visam implementar estes planos. Dentre os pontos em questão, um especificamente chamou a nossa atenção: a introdução da linguagem de “gênero”. Resumidamente, a chamada “ideologia de gênero” considera a identidade de gênero somente como “o produto cultural e social derivante da interação entre a comunidade e o indivíduo, prescindindo da identidade sexual pessoal e sem referência alguma ao verdadeiro significado da sexualidade” (Compêndio de Doutrina Social da Igreja – CDSI, n. 224).

Em poucas palavras, esta identidade seria uma “experiência interna, pessoal e profundamente sentida que cada pessoa tem em relação ao próprio gênero” (PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA, Preâmbulo). Na prática, introduzir a perspectiva de “gênero” na legislação implicaria no esvaziamento jurídico do conceito de homem e mulher, e a identidade seria fruto de uma autodeterminação arbitrária, de uma invenção individual. Aplicada à educação, esta ideologia acarretaria que as crianças e jovens seriam educados segundo o princípio de que a própria identidade é variável, e a escola seria o ambiente em que o aluno seria doutrinado segundo esta nova consciência.

Numa recente reportagem, a maior revista pedagógica do Brasil fez a seguinte observação: “Mesmo em casos de crianças muito pequenas, em que não há relação entre o comportamento da criança e sua sexualidade (meninos mais sensíveis ou meninas que prefiram o futebol às bonecas), o expediente padrão é convocar os pais para uma conversa sobre o suposto problema e encontrar maneiras de corrigi-lo. (…) É papel da escola agir com profissionalismo. O que, nesse caso, significa tratar o tema com naturalidade e não reportá-lo aos pais. Um menino quer se vestir de princesa. Se há algum problema, é com os olhos de quem vê” (Revista “Nova Escola”, Ano 30, no 279, Fev/2015, p. 31). 


Contudo, a educação dos filhos é de responsabilidade primeira dos pais, que “têm o direito de escolher os instrumentos formativos correspondentes às próprias convicções” (CDSI, n. 240). A sociedade não pode usurpar este direito das famílias. A pertença da educação às famílias não é apenas um direito, mas é condição para uma verdadeira educação humana.

De fato, na sociedade, a pessoa é considerada como indivíduo, como alguém que desempenha uma função; apenas nas família o indivíduo é considerado uma pessoa, insubstituível, que vale por si mesma. Por isso, nada substitui o amor com que cada filho é formado nas virtudes, que, depois, irão engrandecer a sociedade, tornando-a mais fraterna, mais humana. O Estado – a escola, portanto – deve fortalecer, e não substituir, as famílias, e são estas que fortalecem a sociedade.

É verdade que o Estado é laico. Mas os nossos argumentos aqui também o são, e, como cidadãos, podemos manifestar nossa preocupação em zelar pelo direito que os pais têm de formar moralmente seus filhos, de acordo com suas próprias cosmovisões, sabendo que disso decorre uma sociedade melhor para todos.

Em síntese, ao nosso ver, os motivos pelos quais a “ideologia de gênero” não deve ser introduzida em nossa legislação escolar são:

1. A necessidade do reconhecimento objetivo da identidade masculina ou feminina; 

2. O respeito pelo direito dos pais de educarem moralmente seus filhos, sem serem contestados pela Escola; 

3. A proteção da família como célula madre da sociedade, sem menoscabo do matrimônio, que enriquece a sociedade com novos cidadãos; 

4. A defesa da dignidade da pessoa humana, ainda mais fortemente garantida pela não negação de sua identidade biológica. 

Pedimos a todos os nossos legisladores, bem como ao povo de nossas cidades, que se engajem decididamente neste esforço conjunto pela defesa das famílias.

Seja o Brasil pátria de famílias educadoras, conscientes de que o futuro de nossa nação depende da solidez de nossos lares!


Pe. José Eduardo Oliveira e Silva 
Doutor em Teologia Moral Diocese de Osasco - SP

Fonte: Diocese de Osasco

As cinco fases do ato conjugal

O ato conjugal é expressão de amor mútuo entre o casal, é linguagem expressiva de amor
O jeito de o casal se relacionar ou se transforma em fonte de união ou em causa de separação. O ato conjugal nunca é neutro: aproxima ou separa. Na vida conjugal, tudo é importante, cada detalhe é imensamente grande e determinante. Aliás, os detalhes são a realidade mais importante. Ninguém tropeça em uma montanha.
As cinco fases do ato conjugal
O comportamento humano, no ato conjugal, engloba a personalidade toda, pois nele se fundem o prazer carnal, a expressão do sentimento e a participação do espírito. Dessa forma, entendemos que a união conjugal não é algo meramente físico, mas integral, que vincula tanto no corpo como na alma. Portanto, toda fisiologia e psicologia masculina e feminina interagem na relação, sendo importante lembrar que elas são diferentes em todos os seus mecanismos, inclusive na excitabilidade da mulher e do homem. O processo de excitabilidade da mulher é mais vagaroso que o do homem, ela também demora mais para chegar ao ‘clímax’ sexual e também para ficar satisfeita.
Existe aquela simbologia de que a mulher é como um fogão a lenha e o homem como um fogão a gás. O que serve muito bem para descrever o ritmo sexual de ambos não pode representar um distanciamento e uma negação da possibilidade de encontrarem-se nestas diferenças. Ora, se ambos são fogões, ambos são capazes de “produzir” fogo e o conhecimento da diferença deve ser o útil instrumento para o encontro do prazer de ambos e nunca uma distância e acomodação nesta busca.
As Fases do Ato Conjugal
O prelúdio
O encontro conjugal deve ser especial, para isso deve haver uma preparação. O prelúdio é a fase de preparação para o ato conjugal, importante para que a mulher possa acompanhar o marido na relação.
Pode-se dizer que essa preparação se realiza de forma contínua no decorrer do dia a dia, até mesmo à distância, por meio do cultivo do bom relacionamento mútuo, a boa convivência, estando sempre atentos aos pedidos, desejos e manifestações do outro. Entram aqui a manifestação de ternura, expressões de carinho (um beijo, um abraço) que demonstram amor e conquistam pouco a pouco. A mulher gosta de ser conquistada.
A união
Muitas vezes, a união é procurada intempestivamente pelo marido, sem ainda ser desejada pela esposa. É aqui que se manifesta verdadeiramente a generosidade do amor da mulher e a delicadeza do marido. Essa delicadeza exige controle e desprendimento. A generosidade da mulher se expressa no desejo de proporcionar prazer, de se dar àquele que ama de verdade.
A união deve ser lenta, progressiva e o mais completa possível, devendo se prolongar o suficiente até que os dois se acalmem perante a emoção inicial que sentiram.
O prolongamento da união
É nesta fase que se põe à prova toda a capacidade de domínio cerebral sobre o instinto sexual.
O esposo deve prolongar essa fase, sabendo esperar que a sua mulher sinta com ele do mesmo modo. É um momento de muita importância e enriquecimento onde o marido – contendo-se – dá à mulher grande prova de amor, esperando por ela; e a mulher, agradecida por essa atenção, com alegria e generosidade, torna-se mais ativa e procura acompanhá-lo da melhor forma, sentir com ele.
Fase lúcida
É a fase da emoção final, que culmina com a deposição do sêmen, certamente um momento de grande satisfação, sobretudo se for simultaneamente sentida pelos dois. Ambos se sentem unidos em seus corpos e também bem unidos em seus corações.
Para o casal, o prazer deve ser uma busca, por isso é preciso ressaltar que a ausência do prazer sexual entre o casal tende a levá-los ao desgaste na estrutura familiar. Desprezar esse prazer, dado por Deus como um dom tão precioso é um erro; é preciso caminhar na busca dessa experiência. Santo Tomás tinha razão em classificar, no tratado sobre a virgindade, o prazer sexual como o mais intenso prazer terreno (maximum). Pois o orgasmo é o pináculo do mais intenso prazer da terra. É maravilhoso como Deus fez coincidir tal prazer com a semeadura dos filhos, já que o orgasmo é absolutamente sincrônico, simultâneo à ejaculação (sementes). Todo o corpo participa do orgasmo, até a raiz dos cabelos. A mínima célula dos pés conhece o timbre dessa hora.
O homem tem a tendência de ter orgasmo antes da mulher. E se ele tenta logo a penetração, sem os cuidados preliminares e sem autodomínio, nunca saboreará o verdadeiro orgasmo planejado por Deus, que é simultâneo e delirantemente duplicado. Se o homem teima nesta conduta – por egoísmo ou falta de autodomínio – e a mulher – por ignorância, por acabar enquadrando a relação sexual dentro de um esquema racional ou por obrigação, esse casal poderá cair em uma frieza sexual. É preciso caminhar numa relação de diálogo e busca de satisfação mútua. Estudiosos dizem que a reprodução de um padrão orgásmico, divulgada principalmente em revistas que trabalham o cotidiano feminino, leva muitas mulheres a não pontuarem a sensação sexual que apresentam no coito, pois ficam à espera de uma sensação fantasiada, fora da realidade, conforme prescrevem as revistas e manuais sexuais. Essas mulheres desvalorizam o que sentem e colaboram para fixar uma disfunção que poderia nem ser considerada de ausência de orgasmo.
Outra informação importante: a satisfação orgásmica da mulher está diretamente ligada à estimulação do clitóris. A mulher é capaz de ter outro orgasmo pouco depois de experimentar o primeiro. Se for novamente estimulada antes de terminar a fase do estímulo, normalmente as experiências orgásmicas posteriores serão mais intensas que a primeira; a mulher também pode manter a experiência orgásmica por um período de tempo relativamente longo. Por isso, é lícito que se busque a excitação do clitóris durante os carinhos preliminares, podendo até, nessa excitação, chegar ao orgasmo antes da penetração, e atingi-lo novamente durante a penetração.
Os carinhos e carícias devem estar presentes também nessa fase.
O “poslúdio”
É talvez a fase que a mulher mais aprecia, pois ela ainda continua experimentando o prazer. É momento do marido já descontraído e acalmado, continuar atendendo a esposa, dando-lhe carinho e atenção que ela ainda necessita, pois leva muito mais tempo para acalmar-se do que ele. Perante essa atitude do marido, ela sente o amor dele por ela. Nessa fase, o diálogo amoroso continua, porém, conduzido pelo coração. É um grande momento para agradecer um ao outro o seu amor, a sua fidelidade, a sua entrega, e para renovar o desejo de continuarem unidos, ajudando-se a superar as dificuldades normais da vida.
Além de observar essas cinco fases do ato conjugal, existem outros fatores que influenciam na harmonia sexual.
Para o casal conseguir a satisfação plena, cada cônjuge precisa ter firme a intenção, o objetivo de fazer o outro feliz. Nisso deve colocar todo o seu empenho, movido pelo amor ao outro. É preciso saber analisar cada situação, um conhecer melhor o outro; saber o que o outro sente; saber de suas reações e experiências, seus ritmos, de modo que, com amor e por amor, cada um possa adaptar-se ao outro. E assim compreender mais o que o outro está precisando para estar bem.
Fontes:
‘Noivado e casamento’, D. Rafael Lano Cifuentes, ed Marques Saraiva p214-224
‘Para viver um matrimônio feliz’, salvador Gómez, ed Raboni p93-108
‘Vida sexual no casamento’, Felipe Aquino, ed Cléofas
‘A vida sexual dos solteiros e casados’, João Mohana,  ed Globo
Fonte de Matéria: Canção Nova

22/06/2015

Qual o propósito da Bíblia?

Não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, mas um livro de grandes ensinamentos deixados por Cristo
O fator mais importante –que classifica a Bíblia como o livro mais singular– é a influência que ela tem sobre a vida dos homens. Embora a Sagrada Escritura seja um grande tesouro devido à sua contribuição para a humanidade em literatura, filosofia e história, o maior valor deste livro se encontra na grande influência que exerce sobre as pessoas. Por meio de suas páginas, o homem se vê exposto à sua verdadeira condição diante de Deus; a Palavra é como uma espada que penetra até os pensamentos e propósitos do homem e o convence de seus pecados diante do Todo-poderoso (cf. Hb 4,12). “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”.
Qual o propósito da Bíblia  - 1600x1200
Santo Agostinho era um homem indisciplinado e libertino em sua juventude, porém, sua mãe orava por ele enquanto ele crescia. Depois de levar uma vida dissoluta por muitos anos, certo dia, com trinta e um anos de idade, ao ler a Bíblia debaixo de uma figueira, chegou ao trecho que diz “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm 13,13-14). Essas palavras o convenceram dos seus pecados e ele se arrependeu diante do Senhor e se tornou um servo de Cristo.
No curso da história, muitas pessoas famosas foram movidas a crer em Cristo e a ler a Sagrada Escritura. O imperador francês Napoleão, após ter sido derrotado e exilado na ilha de Santa Helena, confessou que embora ele e outros grandes líderes tivessem fundado seus impérios com uso da força, Jesus Cristo edificou Seu Reino com amor. E também confessou que embora pudesse reunir seus homens em torno dele em prol de sua própria causa, ele teria de fazê-lo falando-lhes face a face, enquanto, por dezoito séculos [na época], incontáveis homens e mulheres se dispuseram a sacrificar, com alegria, a própria vida por amor a Jesus Cristo, sem tê-Lo visto sequer uma vez.
A razão pela qual muitos se dispuseram a deixar tudo para seguir Cristo e serem martirizados por causa d’Ele é que eles O viram revelado na Bíblia. Esse Livro Sagrado tem sido a fonte de inspiração para que muitos creiam em Nosso Senhor Jesus Cristo. E embora muitos reis, imperadores e governantes tenham tentado, nos últimos dois mil anos, erradicar a Bíblia, a começar pelos imperadores romanos do primeiro século até os governos ateus deste século, nenhum poder sobre a terra tem conseguido abalar a atração do homem por esse Livro Sagrado e pela Pessoa maravilhosa que ele revela. O Cristo revelado na Bíblia continua hoje tão vivo como há dois mil anos. Nenhuma biografia de homem sobre a terra tem transformado tantas vidas como a vida de Jesus Cristo o faz.
A Bíblia existe para que possamos compreender, temer, respeitar e amar Deus sobre todas as coisas, assim ela se denomina a si mesma como a Sagrada Escritura: “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (cf. II Tm 3,15-17).
A revelação principal da Bíblia é a vida; o diabo veio para matar, roubar e destruir, mas Jesus Cristo veio para que aqueles que n’Ele cressem, e por Ele vivessem, tenham vida e vida em abundância. “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10). Por isso, quando lemos a Bíblia, devemos entrar em contato com o Senhor Jesus, orando para que Ele nos dê revelação da palavra lida.
“Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6,17-18). E orando também para que sejamos capacitados pelo Espírito Santo para viver a Palavra de Deus, e não só apenas a conhecer em nossa mente, pois o simples fato de conhecermos a Bíblia não nos faz cristãos; os judeus cometeram esse erro, pois eles examinavam as Escrituras, mas não conheciam a Pessoa de Cristo. “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5,39-40). Isso pode ser mais bem compreendido ao analisarmos o versículo de II Coríntios, 3,6: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”.
Não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, apenas para nos trazer algum conhecimento a nossa mente, mas devemos tomá-la como um livro de vida, contatando o Senhor Jesus por meio da oração, para que Ele nos conceda algo vivo em Sua Palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática para o nosso viver no dia a dia, pois a intenção de Deus, revelada na Sagrada Escritura, não é apenas a salvação do nosso espírito, como também a salvação de todo o nosso ser, para que consigamos viver coletivamente na Igreja, que é comparada ao Corpo e à Esposa de Cristo: “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Tm 2,4). “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5,23). “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (I Cor 12,27). “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou” (Ap 19,7).