31/12/2013

Intimidade




Que seja assim! Tardes que caem para que nasçam as noites. Acordes que terminam para que a pausa prepare o som que virá. A vida e seu movimento tão cheio de sabedoria. Que seja assim! Que seja sempre assim! Esquinas que dobramos com o desejo de alcançar outras esquinas. Depois da chuva, o frescor. Tudo prepara uma forma de depois, como se o agora fosse uma passagem constante que nos conduz com seu cordão invisível. Eu vou. Vou sempre. Não sei não ir. Minha curiosidade me move para dentro de mim. Sou um desconhecido interessante. A cada dia uma nova notícia me entrego. Eu me dou em partes, como se devolvesse o que já sou, Àquele que me deu totalmente. Vivo pra desvendar. Esquinas; tardes caídas; manhãs que se levantam com o sol. Ando amando mais. Meus amigos são tantos; meus limites também. 

Cada vez mais padre, mais feliz. Eu sou sem medo de errar. Eu desejo a sacralidade de cada dia. Deitar no chão da existência é tão necessário. Eu me levanto mais devolvido, porque há muitas partes de mim esparramadas, caídas pelas esquinas da vida. Recolher-me é obra que faço por Deus. Estou em reformas. 

Deus o sabe. Ele é que tirou a primeira pedra. Tirou. Não atirou. Deus não sabe atirar. Prefere tirar. Eu deixo. Sou Dele. Quero ser sempre mais. Em partes, pra ser todo. Ele me devolve a cada dia. Eu também. Lição de casa que faço com gosto.
Vez ou outra Ele me olha nos olhos e me dita poemas. Fico tão encantado que até esqueço as palavras. Ele manda eu prestar atenção. Digo que não sei. Ele ri de mim. "Poetas são todos iguais" - conclui enquanto mexe no meu cabelo. Eu o vejo de perto, bem de perto. Por vezes sinto o desejo de lhe pedir o impossível, mas aí me falta coragem. Aí peço que me dê só o necessário. Ele me surpreende com medidas que não mereço. Fico mudo, sem saber dizer. Ele me socorre com seu sorriso. 

E de súbito, as palavras voltam a fazer parte de mim.

Padre Fábio de Melo

30/12/2013

30/12 - Dia da Sagrada Família de Jesus




Se o Natal tiver sido ao domingo; não tendo sido assim, a Sagrada Família celebrar-se-á no domingo dentro da Oitava do Natal.

Da alocução de Paulo VI, Papa, em Nazaré, 5.1.1964:

O exemplo de Nazaré:

Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.

Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo.

Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!

Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.
Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.

Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.

João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:

A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja…

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.

Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

FELIZ 2014 PARA TODOS VOCÊS!!

29/12/2013

O que da vida não se descreve...




Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas. Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. 

A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?

Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"

Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser...

O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?

Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície.

Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.

Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve... 

Padre Fábio de Melo

28/12/2013

28/12 - Dia dos Santos Inocentes


A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, “encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes – ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’. 

E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamarei o meu filho’. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem’” (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.


Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um “bispo”, estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o “derrubado” oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, rogai por nós!

27/12/2013

27/12 - Dia de São João Evangelista


O nome deste evangelista significa: “Deus é misericordioso”: uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.

Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como “o discípulo que Jesus amava”. O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: “Filho, eis aí a tua mãe” e, olhando para Maria disse: “Mulher, eis aí o teu filho”. (Jo 19,26s).

Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filho do trovão”.
João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.

Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.
São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.

Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo.

Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de
Trajano (98-117 dC).

Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.

São João Evangelista, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova

26/12/2013

26/12 - Dia de Santo Estêvão



Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:

“Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: ‘Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus’. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: ‘Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou’. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo”.

Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:

“‘Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes’. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: ‘Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus’.

E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito’.

Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: ‘Senhor, não lhes contes este pecado’. E dizendo isto, adormeceu”.

Santo Estêvão, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova

25/12/2013

Natal do Senhor!



Neste dia especial, em que toda a Igreja celebra o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhemos o testemunho da Palavra de Deus a respeito deste acontecimento que transformou a história da humanidade:

“…José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: ‘Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor’.” 

(Lc 2,4-11)

Por isso hoje celebramos a eterna solidariedade do Pai das Misericórdias que, no seu plano de amor, quis o nascimento de Jesus, que é o verdadeiro Sol, a Luz do mundo. Este não é um dia de medo e nem de desespero, é dia de confiança e de esperança, pois Deus veio habitar no meio de nós, e assim encher-nos da certeza de que é possível um mundo novo. Solidário conosco, Ele nos quer solidários neste dia de Glória que refulge ao redor de cada um de nós!

Sendo assim, tudo neste dia só tem sentido se apontar para o grande aniversariante deste dia: o Menino Deus! Presépios, árvores, enfeites, banquetes e os presentes natalícios representam os presentes que os Reis Magos levaram até Jesus, mas não são estes símbolos a essência do Natal. O importante, o essencial, é que Cristo realmente nasça em nossos corações de uma maneira nova, renovadora, e que a partir daí, possamos sempre caminhar na sua luz solidária deste Deus Único e Verdadeiro, que nos quer também solidários uns com os outros!

Vivamos com muita alegria este dia solidário, que o Senhor fez para nós!

Um Santo Natal para você e para a sua família!

24/12/2013

Uma Questão de Escolha



O coração anda no compasso que pode. Amores não sabem esperar o dia amanhecer. O exemplo é simples. O filho que chora tem a certeza de que a mãe velará seu sono. A vida é pequena, mas tão grande nestes espaços que aos cuidados pertencem. Joelhos esfolados são representações das dores do mundo. A mãe sabe disso. O filho, não. Aprenderá mais tarde, quando pela força do tempo que nos leva, ele precisará cuidar dos joelhos dos seus pequenos. O ciclo da história nos direciona para que não nos percamos das funções.

São as regras da vida. E o melhor é obedecê-las. Tenho pensado muito no valor dos pequenos gestos e suas repercussões. Não há mágica que possa nos salvar do absurdo. O jeito é descobrir esta migalha de vida que sob as realidades insiste em permanecer. São exercícios simples... Retire a poeira de um móvel e o mundo ficará mais limpo por causa de você. É sensato pensar assim. Destrua o poder de uma calúnia, vedando a boca que tem ânsia de dizer o que a cabeça ainda não sabe, e alguém deixará de sofrer por causa de seu silêncio.

Nestas estradas de tantos rostos desconhecidos é sempre bom que deixemos um espaço reservado para a calma. Preconceitos são filhos de nossos olhares apressados. O melhor é ir devagar. Que cada um cuide do que vê. Que cada um cuide do que diz. A razão é simples: o Reino de Deus pode começar ou terminar, na palavra que que escolhemos dizer. É simples...

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

23/12/2013

O inacabado que há em mim

 

Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. 

Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.

Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.

Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

22/12/2013

Vida comum...


Minha vida é feita de caminhos comuns. A rua que me leva não flutua sobre atmosferas que não sejam humanas. Vejo o mundo em sua crueza cotidiana, onde Anas, Marias e Ofélias cruzam avenidas movimentadas, ávidas por tintas para colorir os cabelos.

A padaria da esquina não está iluminada por notícias de milagres. Não há maná no cardápio. O que há é o trigo cotidiano, faminto de fomes e pronto para o prazer da saciedade.

Eu olho devagar para cada coisa e descubro uma vida miserável, mas surpreendente. O homem da garapa não se cansa de acreditar na doçura que comercializa. Todos os dias, ao seu modo, ele se esforça para diminuir o amargor da vida. Moe a cana como se moesse a dureza da existência.

Ao lado, bem ao lado, o jornaleiro espera pelos leitores. Oferecerá ao longo do dia a tradução curiosa de um mundo transmudado em palavra. As manchetes gritam as fofocas que amanhã serão esquecidas, substituídas por outras, enquanto os romances em edições populares resguardam a beleza de homens e mulheres que ficaram eternos, mas que ainda são desconhecidos. O príncipe de Maquiavel está empoeirado no canto. Virou plebeu. Perdeu o garbo da edição primorosa. Caiu de posto.

Os morros dos ventos uivantes estão silenciados. As pilhas de revistas semanais gritam demais e não há vento que possa vencê-las. Iracema, a virgem dos lábios de mel está deitada ao lado de Brás Cubas, o defunto que fala. Romantismo e Realismo em expressões tão inexatas de uma mesma época. Eu continuo...

O ponto de ônibus está cheio. Uma mulher visivelmente abatida está desejosa de voltar para casa. A sacola de embrulhos é uma metáfora da vida. Presa à ponta dos dedos, a vida parece resguardada nos motivos de um papel pardo. O embrulho da mulher, a mulher do embrulho, tudo me faz crer que o caminho comum é o lugar da poesia. O onibus chegará, mas a casa ainda não. Haverá o processo de passar por outras casas que não são a sua. Enquanto isso, o desejo, este alimento que nos leva adiante será nutrido em porções menores.

Entro no meu prédio. Há um homem feliz por me ver chegar. “O senhor andou sumido!” Ele me disse. “É verdade!” Eu concordei. Andar sumido é coisa que não consigo resolver. As distâncias do mundo me separam do meu mundo, do homem da garapa, do jornaleiro, do porteiro que me quer bem...

O elevador me eleva. Chego ao destino de minha porta. O desejo de entrar é imenso. Recordo-me da mulher e suas sacolas de embrulhos. Outro pensamento me ocorre “Bem que eu poderia ter retirado Brás Cubas daquela banca! Seria uma forma de comemorar o centenário de Machado de Assis. Mas agora não importa. Não o fiz.”

Coloco a chave na fechadura. Faço o movimento de abrir. Adentro minha casa. O silêncio de minhas coisas não corresponde aos gritos de minhas causas. Não estou só. O mundo está dentro de mim. 

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

21/12/2013

Eu, quando visto pelo outro!



Quem sou eu? Eu vivo pra saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam. 

O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.

Vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet, ou até mesmo um email que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.

Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias que vivemos.

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações.

Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento.

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou, ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias.

Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro.

Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado neste processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser.


Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

20/12/2013

O ipê à beira da estrada.


Não quero perder a capacidade de admirar as belezas do mundo. O ipê florido à beira da estrada é um imperativo que reconheço bíblico. Nele há uma fala de Deus me pedindo calma. A sacralidade da vida ganhou voz em estruturas singelas, e solicita que eu me proste.

É santo o que os meus olhos enxergam. A cor amarela encontra moldura no azul dos contornos do céu. Ao longe, o verde completa o quadro. Paira sobre a cena um mistério raro, como se houvesse uma névoa a me recordar que a raridade da beleza é uma epfania divina.

O meu desejo é deixar de seguir o caminho que me leva ao meu destino. Impossibilitado da parada, ouso diminuir a marcha. Quero a cena dentro de mim. Ouso rezar a Deus que me permita registrar na memória a beleza que não posso aprisionar.

Olho para os que passam. A velocidade dos carros não permite que os seus ocupantes vejam o que vejo. Eles estão privados da mística que só pode ser compreendida quando os passos perdem a pressa. Estão ocupados demais com suas urgências práticas. É preciso chegar. Há muitas iniciativas a serem tomadas e o tempo não pode ser perdido.

Enquanto isso, o ipê se ocupa de sua florada amarela. Cumpre no tempo a proeza de ser um sentido oculto e deslumbrante para os distraídos que o percebem.

Nele há uma pequena parte da beleza do mundo que tive a graça de descobrir. E só por isso diminuí o ritmo da minha vida.

Olhei com calma para sua beleza e nele percebi o sorriso do Criador. Sorriso de Pai, que vez em quando, faz questão que seus filhos diminuam suas velocidades para uma breve brincadeira redentora.

Eu aceitei. Brinquei com Ele. Fiquei mais feliz!

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

19/12/2013

O peso que a gente leva..



Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?

Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.

É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.

E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.

Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...

Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.

Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro.

Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

18/12/2013

18/12 - Dia de Nossa Senhora do Ó

 

Festa católica de origem claramente espanhola, a festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora”, e entre o povo com o título de “Nossa Senhora do Ó”. Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos. 

A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito; é o desejo inspirado e sobrenatural da “bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.

As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes desde hoje até a Véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó (“Ó Sabedoria… vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé… vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel…, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de “Nossa Senhora do Ó”. É ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume e pela presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Primeiro comemorava-se hoje a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia e passou a muitas Igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na Arquidiocese de Braga.

Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!

17/12/2013

17/12 - Dia de São Lázaro

 

 A Igreja, neste tempo do Advento, se prepara para celebrar o aniversário de Jesus e se renova no desejo ardente de que Cristo venha pela segunda vez e instaure aqui o Reino de Deus em plenitude. Sem dúvida estão garantidos para este reinado pleno, que acontecerá em breve, os amigos do Senhor.

Hoje vamos lembrar um destes amigos de Cristo: São Lázaro. Sua residência ficava perto de Jerusalém, numa aldeia da Judéia chamada Bethânia. Era irmão de Marta e de Maria. Sabemos pelo Evangelho que Lázaro era tão amigo de Jesus que sua casa serviu muitas vezes de hospedaria para o Mestre e para os apóstolos.

Lázaro foi quem tirou lágrimas do Cristo, quando morreu, ao ponto de falarem: “Vejam como o amava!”. Assim aconteceu que, por amor do amigo e para a Glória do Pai, Jesus garantiu à irmã de Lázaro o milagre da ressurreição:

“Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morto, viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá, Crês isto?” (Jo 11,26).

O resultado de tudo foi a ressurreição de São Lázaro, pelo poder do Senhor da vida e vencedor da morte. Lázaro reviveu e este fato bíblico acabou levando muitos à fé em Jesus Cristo e outros começaram a pensar na morte do Messias, como na de Lázaro. Antigas tradições relatam que a casa de Lázaro permaneceu acolhedora para os cristãos e o próprio Lázaro teria sido Bispo e Mártir.

São Lázaro, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova

16/12/2013

Pecados públicos



Não reclamo. Apenas constato. Tem ficado cada vez mais difícil a gente se reconciliar com os erros cometidos. O motivo é simples. A vida privada acabou. O acontecimento particular passa a pertencer a todos. A internet é um recurso para que isso aconteça. Os poucos minutos noticiados não cairão no esquecimento. Há um modo de fazê-los perdurarem. Quem não viu poderá ver. Repetidas vezes. É só procurar o caminho, digitar uma palavra para a busca.

Tudo tem sido assim. A socialização da notícia é um fato novo, interessantíssimo. Possibilita a informação aos que não estavam diante da TV no momento em que foi exibida.

A internet nos oferece uma porta que nos devolve ao passado. Fico fascinado com a possibilidade de rever as aberturas dos programas do meu tempo de infância. As imagens que permaneciam vivas no inconsciente reencontram a realidade das cores, movimentos e dos sons.

Mas o que fazer quando a imagem disponível refere-se ao momento trágico da vida de uma pessoa? Indigência exposta, ferida que foi cavada pelos dedos pontiagudos da fragilidade humana? Ainda é cedo para dizer. Este novo tempo ainda balbucia suas primeiras palavras.

O certo é que a imagem eterniza o erro, o deslize. Ficará para posteridade. Estará resguardada, assim como o museu resguarda documentos que nos recordam a história do mundo.

Coisas da contemporaneidade. Os recursos tecnológicos nos permitem eternizar belezas e feiúras.

Uma fala sobre o erro. Eles nascem de nossa condição humana. Somos falíveis. É estatuto que não podemos negar. Somos insuficientes, como tão bem sugeriu o filósofo francês, Blaise Pascal. O bem que conhecemos nem sempre atinge nossas ações. Todo mundo erra. Uns mais, outros menos. Admitir os erros é questão de maturidade. Esperamos que todos o façam. É nobre assumir a verdade, esclarecer os fatos. Mais que isso. É necessário assumir as conseqüências jurídicas e morais dos erros cometidos. Não se trata de sugerir acobertamento, nem tampouco solicitar que afrouxem as regras. Quero apenas refletir sobre uma das inadequações que a vida moderna estabeleceu para a condição humana.

Tenho aprendido que o direito de colocar uma pedra sobre o erro faz parte de toda experiência de reconciliação pessoal. Virar a página, recomeçar, esquecer o peso do deslize é fundamental para que a pessoa possa ser capaz de reassumir a vida depois da queda. É como ajeitar uma peça que ficou sem encaixe. O prosseguimento requer adequação dos desajustes. E isso requer esquecer. Depois de pagar pelo erro cometido a pessoa deveria ter o direito de perder o peso da culpa. O arrependimento edifica, mas a culpa destrói.

Mas como perder o malefício do erro se a imagem perpetua no tempo o que na alma não queremos mais trazer? Nasce o impasse. O homem hoje perdoado ainda permanecerá aprisionado na imagem. A vida virtual não liberta a real, mas a coloca na perspectiva de um julgamento eterno. A morbidez do momento não se esvai da imagem. Será recordada toda vez que alguém se sentir no direito de retirar a pedra da sepultura. E assim o passado não passa, mas permanece digitalizado, pronto para reacender a dor moral que a imagem recorda.

Estamos na era dos pecados públicos. Acusadores e defensores se digladiam nos inúmeros territórios da vida virtual. Ambos a acenderem o fogo que indica o lugar onde a vítima padece. A alguns o anonimato encoraja. Gritam suas denúncias como se estivessem protegidos por uma blindagem moral. Como se também não cometessem erros. Como se estivessem em estado de absoluta coerência. No conforto de suas histórias preservadas, empunham as pedras para atacar os eleitos do momento.

O fato é que o pecador público exerce o papel de vítima expiatória social. Nele todas as iras são depositadas porque nele todas as misérias são reconhecidas. No pecado do outro nós também queremos purgar o pecado que está em nós. Em formatos diferentes, mas está. Crimes menores, maiores; não sei. Mas crimes. Deslizes diários que nos recordam que somos território da indigência. O pecador exposto na vitrine deixa de ser organismo. Em sua dignidade negada ele se transforma em mecanismo de purificação coletiva. É preciso cautela. Nossos gritos de indignação nem sempre são sinceros. Podem estar a serviço de nossos medos. Ao gritar a defesa ou a condenação podemos criar a doce e temporária sensação de que o erro é uma realidade que não nos pertence. Assumimos o direito de nos excluir da classe dos miseráveis, porque enquanto o pecador permanecer exposto em sua miséria, nós nos sentiremos protegidos.

Mas essa proteção que não protege é a mãe da hipocrisia. Dela não podemos esperar crescimento humano, nem tampouco o florescimento da misericórdia. Uma coisa é certa. Quando a misericórdia deixa de fazer parte da vida humana, tudo fica mais difícil. É a partir dela que podemos reencontrar o caminho. O erro humano só pode ser superado quando aquele que erra encontra um espaço misericordioso que o ajude a reorientar a conduta.

Nisso somos todos iguais. Acusadores e defensores. Ou há alguém entre nós que nunca tenha necessitado de ser olhado com misericórdia?

Padre Fábio de Melo
Fonte: Blog do Padre Fábio de Melo

15/12/2013

15/12 - Dia de Santa Cristiana

 

A vida de Santa Cristiana é um grande testemunho de que nada é coincidência, mas tudo é providência. Os Georgianos consideram-na o instrumento providencial da sua conversão.
Ela era uma escrava que vivia na Grécia nos princípios do século IV. Teria sido levada cativa para essa terra por guerreiros vitoriosos ou teria lá procurado voluntariamente asilo, fugindo da perseguição que se desencadeara na sua pátria? Ninguém sabia qual era sua verdadeira origem; só a conheciam pelo nome de Cristiana ou Nina (cristã). Era humilde e caridosa e fazia-se estimar.

Quando alguma criança caía doente nessas regiões, a mãe levava-a de porta em porta, a fim de consultar as vizinhas sobre os melhores remédios a aplicar. Um dia, foi ter com ela uma pobre mulher, levando nos braços um menino moribundo. Ao vê-lo, a santa, cuja memória a Igreja celebra hoje, disse: “Eu não posso fazer nada, mas Deus Todo-Poderoso pode restituir-lhe a saúde, se for essa a Sua vontade”. Deitou o moribundo no seu próprio catre, cobriu-o com o seu cilício, orou a Deus em nome de Cristo e, a seguir, restituiu à mãe o filho curado.

A fama desse milagre chegou aos ouvidos da rainha da Geórgia, que estava prestes a morrer de uma doença desconhecida. Pediu ela que lhe chamassem Nina, mas esta, cuja inocência já tinha corrido muitos perigos, respondeu: “O meu lugar não é em palácio”. Foi então a rainha ter com a escrava e recuperou a saúde. Tanto ela como o rei Mirian quiseram recompensá-la com ricos presentes, mas Cristiana os recusou dizendo: “A única coisa que me faria feliz seria ver-vos abraçar a religião cristã”. Mirian levou muito tempo a tomar essa decisão, mas um dia, correndo grave perigo numa caçada às feras, prometeu que, se escapasse ileso, se tornaria cristão. Sabe-se efetivamente que, cerca do ano de 325, ele pediu a Constantino que lhe enviasse missionários. O Imperador enviou-lhe o Bispo Pedro e o Sacerdote Jacob, que batizaram “todos os habitantes da sua capital”, lançando assim os fundamentos do Cristianismo nesse país.

Santa Cristiana, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova

14/12/2013

14/12 - Dia de São João da Cruz


Aniversário também deste blogueiro vocês escreve - Rafael Carvalho

São João da Cruz nasceu em Fontiveros, na Espanha, em 1542.
Seu pai era rico e casou com uma moça pobre e por isso foi deserdado.
João entrou para o Carmelo com 21 anos, tomando o nome de João de São Matias. Em 1567, João tinha 25 anos e tinha sido recém- ordenado sacerdote, quando conheceu Santa Teresa que lhe propôs a reforma do ramo masculino do Carmelo (ela ja tinha iniciado a reforma feminina). João aceita a proposta e em 1568 inicia a reforma.

Troca o nome para João da Cruz e passa a viver com outros freis na mais radical pobreza e contemplação.
Mais tarde João foi preso, pelos antigos Carmelitas que não queriam a reforma.
Passou 9 meses na prisão, sendo tratado com extrema dureza. João costumava pedir a Deus três coisas: que Ele não o deixasse passar um só dia sem sofrimento, que não o deixasse morrer ocupando o cargo de superior e que lhe permitisse morrer humilhado e desprezado.
João da Cruz morreu em 1591 com 49 anos de idade.



PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO DA CRUZ:

"O Verbo Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espirito Santo, está essencial e realmente escondido no íntimo de cada ser."

"Se está em mim aquele a quem minha alma ama, como não o encontro nem o sinto? É por estar ele escondido. Mas não te escondas também; assim podes encontrá-lo e senti-lo..."

"Teu Amado esposo é o tesouro escondido no campo de tua alma, pelo qual o sábio comerciante deu todas as suas riquezas."

"Nisto tens motivo de grande gozo e alegria, vendo como todo o teu bem - a tua esperança - se encontra tão perto de ti, ou melhor, está dentro de ti, e tu não podes viver sem ele."

"O demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus."

"O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é Ele."

"Como acontece aos bem-aventurados no céu: uns vêem mais a Deus e outos menos, mas todos o contemplam e estão felizes, porque cada um pode satisfazer a própria capacidade."

"Para possuir Deus plenamente, é preciso nada ter; porque se o coração pertence a Ele, não pode voltar-se para outro."

"Para buscar a Deus, requer-se um coração despojado e forte, livre de tudo o que não é puramente Deus."

"Afeiçoar-se ao mesmo tempo a Deus e a criatura são coisas contrárias: não podem existir numa só pessoa."

"Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a Ele."

"A criatura atormenta, e o espírito de Deus gera alegria."

"Há uma distância infinita entre o ser divino e o ser das criaturas, por isso é impossível à inteligência, por si só, atingir a Deus."

"Que felicidade o homem poder libertar-se de dua sensualidade! Isto não pode ser bem compreendido, a meu ver, senão por quem o experimentou. Só então verá claramente como era miserável a escravidão em que se estava."

"Adquire-se a sabedoria através do amor, do silêncio e da mortificação; grande sabedoria é saber calar e não inserir-se em ditos ou fatos e na vida alheia."

"A purificação que leva a alma à união com Deus, é noite:
- quanto ao ponto de partida, pois a alma priva-se do prazer de todas as coisas do mundo;
- quanto ao caminho a tomar - a fé; noite verdadeiramente escura para o entendimento;
- quanto ao termo ao qual a alma se destina - Deus; ser incompreensivel e infinitamente acima de nossas faculdades."

"É inegável que a alma chega ao conhecimento de Deus, antes pelo que ele não é do que pelo que ele é."

"O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo Amado."

"É próprio do perfeito amor nada querer admitir ou tomar para si, nem atribuir-se coisa alguma, mas tudo referir ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus."

"Sofrer por Deus é melhor que fazer milagres."

"Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo."

"A alma que quer que Deus se lhe entregue inteiramente há de se entregar toda sem reservar nada para si."

"Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala-te."

"Alma formosíssima entre todas as criaturas, que tanto desejas saber o lugar onde está teu Amado, a fim de o buscares e a ele te unires. Já te foi dito que és tu mesma o aposento onde ele mora, e o recôndito esconderijo em que se oculta."

"Nisto tens motivo de grande gozo e alegria, vendo como todo o teu bem - a tua esperança - se encontra tão perto de ti, ou melhor está dentro de ti, e tu não podes viver sem ele."

"Em teu recolhimento interior, regozija-te com ele, pois ele está muito perto de ti".

"O amor não cansa nem se cansa."

"Onde não há amor, põe amor e colherás amor."

"Para se progredir, o que mais se necessita é saber calar diante de Deus... a linguagem que ele melhor ouve é a do silêncio de amor."

"No ocaso da vida serás examinado sobre o amor."

"Para a pessoa crescer na contemplação até chegar à união com Deus, deverão ficar de lado, e em silêncio, todos os meios e exercícios sensíveis das faculdades humanas."

"Ora, não há maior grandeza para a alma do que ser igualada a Deus. Por isso, ele se serve somente do amor da alma, pois é próprio do Amor igualar o que ama com o objeto amado."

"Para Deus, amar a alma é, de certa maneira, integrá-la em si mesmo, igualando-a consigo; ama, então, essa alma, nele e com ele, com o próprio amor com que ele se ama."

"Aprende a amar a Deus como ele quer ser amado."

"Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis."

"O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber".

"À medida que Deus prova o espírito e o sentido, a pessoa vai adquirindo, com sofrimento, virtudes, forças e perfeição."

"Enquanto a pessoa não se despojar de tudo, não terá capacidade para receber o Espírito de Deus em pura transformação."

"O que busca satisfação em alguma coisa não está livre para que Deus o plenifique de seu inefável sabor."

"Ainda que estejas no sofrimento, não queiras fazer a tua vontade, pois terás assim o dobro de sofrimento."

"Quanto mais Deus quer-se dar, tanto mais desperta em nós o desejo dele, até deixar-nos vazios para encher-nos de seus bens."

"A amplidão do deserto ajuda muito o espírito e o corpo. O Senhor se compraz quando também o espírito tem o seu deserto."

"Sofrer por Deus é melhor que fazer milagres."

"É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus."

"Põe a atenção amorosamente em Deus, sem ambição de querer sentir ou entender coisa particular a seu respeito."

"Quando a alma deseja a Deus com toda a sinceridade, já possui o seu Amado."

"Abandone-se a alma nas mãos de Deus e não queira ficar em suas próprias mãos; fazendo assim e deixando livres as potências, caminhará segura."

"Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo."

"Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala."

"Queres alguma palavra de consolação? Olha o meu Filho, submisso, humilhado, por meu amor, e verás quantas palavras te responde."

"Não é bem orientado o espírito que quer caminhar por doçuras e facilidades, fugindo de imitar a Cristo."

"A pessoa crucificada interior e exteriormente com Cristo viverá feliz e satisfeita e, na paciência, possuirá a sua alma."

"Não te detenhas em coisas mesquinhas, nem repares nas migalhas que caem da mesa de teu Pai. Sai, e gloria-te em tua glória; esconde-te nela e aí goza, e alcançarás os pedidos de teu coração."

"O amor é a união do Pai e do Filho: e assim é a união da alma com Deus."

"Embora a alma tenha altíssimas revelações divinas, a mais elevada contemplação, a ciência de todos os mistérios... se lhe falta amor, de nada lhe servirá para unir-se a Deus."

"Deus só coloca sua graça e predileção numa alma, na medida da vontade e do amor da mesma alma."

"Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua suavidade e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta."

"Como a alma já possui, enfim, perfeito amor, é chamada Esposa do Filho de Deus."

" Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo o seu lucro."

"Não basta que Deus que nos ame para dar-nos virtudes; é preciso que, de nossa parte, também o amemos, a fim de podermos recebê-las e conservá-las."

"É próprio do perfeito amor nada querer admitir ou tomar para si, nem atribuir-se coisa alguma, mas tudo referir ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus."

"Para Deus, amar a alma é, de certa maneira integrá-la em si mesmo, igualando-a consigo; ama, então, essa alma, nele e com ele, com o próprio amor com que se ama."

"O olhar de Deus produz na alma quatro bens, isto é, a purificam, a favorecem, a enriquecem e a iluminam. É como o sol que, dardejando na terra os seus raios, seca, aquece, embeleza e faz resplandecer os objetos."

"Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde."

"Amado meu, tudo o que é difícil e trabalhoso o quero para mim, e tudo o que é suave e saboroso o quero para ti."

"Na união com o Amado, a alma verdadeiramente se rejubila e louva a Deus, com o mesmo Deus, e assim este louvor é perfeitíssimo e muito agradável a ele."

"Oh, que bens serão aqueles que gozaremos com o olhar da SANTÍSSIMA TRINDADE!"

"Deus quer mais de ti um mínimo de obediência e docilidade do que todas as ações que realizas por ele".

"O falar distrai e o silêncio na ação leva ao recolhimento e dá força ao espírito."

"Nenhuma representação ou imaginação serve de meio próximo para a união com Deus; portanto, deve a alma despojar-se de todas elas."

"Aprendam a permanecer em Deus, com atenção amorosa, com calma, sem se preocuparem com a imaginação e com as imagens que ela forma. Assim, as faculdades descansam e não atuam; recebem passivamente a ação divina."

"Grande mal é olhar mais para os bens de Deus do que para o próprio Deus. Ele pede oração e despojamento."

"Ao que está desprendido, não lhe pesam cuidados, na hora da oração ou fora dela."

"Para entrar no caminho do espírito (que é a contemplação) deve a pessoa espiritual deixar o caminho da imaginação e da meditação sensível."

"O Senhor se comunica passivamente ao espírito, assim como a luz se comunica passivamente a quem não faz mais que abrir os olhos para recebê-la."

"Suma da perfeição:
Esquecimento do criado,
memória do Criador,
atenção ao interior
e estar amando o Amado."

"Olha que Deus só reina numa alma pacificada e desinteressada."

"Deus está portanto escondido na alma e ali o há de buscá-lo com amor o bom contemplativo."

"É pois de notar, que o amor é a inclinação da alma e a força e a virtude que ela tem para ir a Deus, por que é mediante o amor que a alma se une com Deus."

"O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, por que é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado."

"O centro da alma é Deus, e quando ela houver chegado a ele segundo toda a sua capacidade, atingirá o seu último e mais profundo centro, o que se verificará quando com todas as suas forças conhece e ama a Deus."

"Uma transformação no Amado, na qual ambas as partes se cedem reciprocamente, transferindo cada uma a posse de si para a outra, com uma certa consumação de união amorosa, na qual a alma se torna divina e Deus por participação."

"Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti, se encontras em teu próprio ser a riqueza, a satisfação, a fartura e o reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas?"

"Em teu recolhimento interior, regozija-te com ele, pois ele está muito perto de ti."

"A alma que verdadeiramente ama a Deus não deixa de fazer o que pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todos os esforços, não se contenta e julga não ter feito nada."

"Ó Senhor, Deus meu! Quem te buscará com amor tão puro e singelo que deixe de te encontrar, conforme o desejo de sua vontade, se és tu o primeiro a mostrar-te e a sair ao encontro daqueles que te desejam?"

"A alma que busca a Deus e permanece em seus desejos e comodismo, busca-o de noite, e, portanto, não o encontrará. Mas quem o busca através das obras e exercícios da virtude, deixando de lado seus gostos e prazeres, certamente o encontrará, pois o busca de dia."

"Quando a pessoa abre e se liberta de todo condicionamento, e une perfeitamente sua vontade a de Deus, transforma-se naquele que lhe comunica o ser sobrenatural, de tal maneira que se parece com o próprio Deus e se deixa possuir totalmente por ele."

"O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele."

"A pessoa, cujo estado de perfeição não corresponde à sua própria capacidade, jamais gozará da verdadeira paz e satisfação, porque, em suas faculdades, não chegou ainda àquele grau de despojamento, que se requer para a simples união."

"Nesta desnudez acha o espírito sua quietação e descanso, pois nada cobiçando, nada o fatiga para cima e nada o oprime para baixo, por estar no centro de sua humildade. Porque quando alguma coisa cobiça, nisto mesmo se cansa e atormenta."

"Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus, mais profundas são as trevas que sente, e maior a escuridão, por causa de sua própria fraqueza. Assim, quanto mais alguém se aproxima do sol, sentirá, com seu grande resplendor, maior obscuridade e sofrimento, em razão da fraqueza e incapacidade de seus olhos."

"Quem não procura senão a Deus não anda nas trevas, por mais fraco e pobre que seja".

"Todo poder e liberdade do mundo, comparados com a soberania e a independência do espírito de Deus, são completa servidão, angústia e cativeiro."

"Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele."

"As visões e apreensões dos sentidos não têm proporção alguma com Deus: não podem servir de meio para a união com ele."

"Quando a pessoa ama alguma coisa fora de Deus, torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele."

"A criatura atormenta, e o Espírito de Deus gera alegria."

"A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer sente-se impedida em sua liberdade e contemplação."

"O caminho da vida é de muito pouco ativismo e barulho. Requer mais mortificação da vontade do que muito sabe. Caminhará mais quem carregar consigo menos coisas e desejos."

"A fé e o amor são os dois guias de cego que te conduzirão, através de caminhos desconhecidos, até os segredos de Deus."

"O caminho que conduz a vós, Senhor, é caminho santo que se percorre na pureza da fé."

"A esperança em Deus só pode ser perfeita quando se afasta da memória tudo o que se contrapõe a Deus."

"O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo Amado."

"Por causa de prazeres passageiros, sofrem-se grandes tormentos eternos."

"Criatura alguma merece amor senão pelo bem que nela há. Amar desse modo é amar segundo a vontade de Deus e com grande liberdade; e se este amor nos une à criatura, mais fortemente ainda nos une ao Criador."

"Quanto mais se acredita em Deus e se serve a ele sem testemunhos e sinais, tanto mais ele é exaltado pelo homem."

"Para quem ama, a morte não pode ser amarga, pois nela se encontram todas as doçuras e alegrias do amor. Sua lembrança não é triste, mas traz alegria. Não apavora nem causa sofrimento, pois é o término de todas as dores e o início de todo bem."

"Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis."

"O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.

"À medida que Deus prova o espírito e o sentido, a pessoa vai adquirindo, com sofrimento, virtudes, forças e perfeição."

"Enquanto a pessoa não se despojar de tudo, não terá capacidade para receber o Espírito de Deus em pura transformação."

"O que busca satisfação em alguma coisa não está livre para que Deus o plenifique de seu inefável sabor."

"Ainda que estejas no sofrimento, não queiras fazer a tua vontade, pois terás assim o dobro de sofrimento."

"Quanto mais Deus quer-se dar, tanto mais desperta em nós o desejo dele, até deixar-nos vazios para encher-nos de seus bens."

"A amplidão do deserto ajuda muito o espírito e o corpo. O Senhor se compraz quando também o espírito tem o seu deserto."

"Põe a atenção amorosamente em Deus, sem ambição de querer sentir ou entender coisa particular a seu respeito."

"Quando a alma deseja a Deus com toda a sinceridade, já possui o seu Amado".

"Abandone-se a alma nas mãos de Deus e não queira ficar em suas próprias mãos; fazendo assim e deixando livres as potências, caminhará segura."

"Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo."

"Não é bem orientado o espírito que quer caminhar por doçuras e facilidades, fugindo de imitar a Cristo."

"Se quiseres chegar a possuir Cristo, jamais o busques sem a cruz."

"Não te detenhas em coisas mesquinhas, nem repares nas migalhas que caem da mesa de teu Pai. Sai, e gloria-te em tua glória; esconde-te nela e aí goza, e alcançarás os pedidos de teu coração."
"O olhar de Deus é amar e conceder favores."

"Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua suavidade e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta."

"O falar distrai e o silêncio na ação leva ao recolhimento e dá força ao espírito."

"Nenhuma representação ou imaginação serve de meio próximo para a união com Deus; portanto, deve a alma despojar-se de todas elas."

"Aprendam a permanecer em Deus, com atenção amorosa, com calma, sem se preocuparem com a imaginação e com as imagens que ela forma. Assim, as faculdades descansam e não atuam; recebem passivamente a ação divina."

"Ao que está desprendido, não lhe pesam cuidados, na hora da oração ou fora dela".

"Para entrar no caminho do espírito (que é a contemplação) deve a pessoa espiritual deixar o caminho da imaginação e da meditação sensível."

"O Senhor se comunica passivamente ao espírito, assim como a luz se comunica passivamente a quem não 
faz mais que abrir os olhos para recebê-la."

"É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus."

"Não se contentar com o que diz o confessor é orgulho e falta de fé."

"Sem o amor nada são todas as obras reunidas."

"O mais leve movimento de uma alma animada de puro amor é mais proveitoso à Igreja do que todas as demais obras reunidas."

"Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus são os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e todo para mim." (Sobre a Eucaristia)

"Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma, que Cristo não faria ou não diria se encontrasse nas mesmas circunstâncias."

"Nada peça a não ser a cruz, e precisamente sem consolação, pois isso é perfeito."

"Renuncie aos desejos e encontrará o que seu coração deseja."

"Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito, nem mesmo bom cristão."

"Um coração puro encontra em tudo o conhecimento de Deus."

"As criaturas são vestígios das pegadas de Deus, pelas quais se reconhece sua grandeza, poder e sabedoria."

"Os incomensuráveis bens de Deus só podem ser acolhidos por um coração vazio."

"O Verbo Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, está essencialmente e realmente escondido no íntimo de cada ser."

"É em teu próprio ser que podes desejá-Lo e adorá-Lo - não o procures fora de ti porque te distrairás e cansarás. Não o encontrarás nem gozarás dele com maior segurança, nem mais depressa, nem mais de perto, do que dentro de ti mesmo."

"O estado de união consiste na transformação total da vontade humana na divina, de modo que nela nada haja de contrário a essa vontade, mas seja sempre movida, em tudo, pela vontade de Deus. Por isso dizemos que, nesse estado, as duas vontades formam uma só - a de Deus."

"Dar tudo pelo Tudo."

"Quem souber morrer a tudo terá vida em tudo."

"Para o homem de coração puro, tudo se transforma em mensagem divina."

"Adquire-se a sabedoria através do amor, do silêncio e da mortificação; grande sabedoria é saber calar e 
não inserir-se em ditos ou fatos e na vida alheia."
"A alma que quer que Deus se lhe entregue inteiramente, há de se entregar toda sem reservar nada para si."

13/12/2013

13/12 - Dia de Santa Luzia



Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.
Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda. 

Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.

Para proteger as relíquias de santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.
 

12/12/2013

Festa de Nossa Senhora de Guadalupe

Um sábado de 1531 a princípios de dezembro, um índio chamado Juan Diego, ia muito de madrugada do povo em que residia à cidade do México a assistir a suas aulas de catecismo e para ouvir a Santa Missa. Ao chegar junto à colina chamada Tepeyac amanhecia e escutou uma voz que o chamava por seu nome.

Ele subiu ao cume e viu uma Senhora de sobre-humana beleza, cujo vestido era brilhante como o sol, a qual com palavras muito amáveis e atentas lhe disse: "Juanito: o menor de meus filhos, eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive. Desejo vivamente que me construa aqui um templo, para nele mostrar e prodigalizar todo meu amor, compaixão, auxílio e defesa a todos os moradores desta terra e a todos os que me invoquem e em Mim confiem. Vá ao Senhor Bispo e lhe diga que desejo um templo neste plano. Anda e ponha nisso todo seu esforço".

Retornou a seu povo Juan Diego se encontrou de novo com a Virgem Maria e lhe explicou o ocorrido. A Virgem lhe pediu que ao dia seguinte fora novamente falar com o bispo e lhe repetisse a mensagem. Esta vez o bispo, logo depois de ouvir Juan Diego disse que devia ir e lhe dizer à Senhora que lhe desse alguma sinal que provasse que era a Mãe de Deus e que era sua vontade que lhe construíra um templo.

De volta, Juan Diego achou Maria e lhe narrou os fatos. A Virgem lhe mandou que voltasse para dia seguinte ao mesmo lugar, pois ali lhe daria o sinal. Ao dia seguinte Juan Diego não pôde voltar para colina, pois seu tio Juan Bernardino estava muito doente. A madrugada de 12 de dezembro Juan Diego partiu a toda pressa para conseguir um sacerdote a seu tio, pois se estava morrendo. Ao chegar ao lugar por onde devia encontrar-se com a Senhora preferiu tomar outro caminho para evitá-la. de repente Maria saiu a seu encontro e lhe perguntou aonde ia. O índio envergonhado lhe explicou o que ocorria. A Virgem disse a Juan Diego que não se preocupasse, que seu tio não morreria e que já estava são. Então o índio lhe pediu o sinal que devia levar a bispo. Maria lhe disse que subisse ao cume da colina onde achou rosas de Castela frescas e colocando-as no poncho, cortou quantas pôde e as levou a bispo.

Uma vez diante de Dom Zumárraga Juan Diego desdobrou sua manta, caíram ao chão as rosas e no poncho estava pintada com o que hoje se conhece como a imagem da Virgem de Guadalupe. Vendo isto, o bispo levou a imagem Santa à Igreja Maior e edificou uma ermida no lugar que tinha famoso o índio.
Pio X a proclamou como "Padroeira de toda a América Latina", Pio XI de todas as "Américas", Pio XII a chamou "Imperatriz das Américas" e João XXIII "A Missionária Celeste do Novo Mundo" e "a Mãe das Américas". A imagem da Virgem de Guadalupe se venera no México com maior devoção, e os milagres obtidos pelos que rezam à Virgem de Guadalupe são extraordinários.

Sede firmes na fé!

Estamos naquele momento do ano em que muitos de nós queremos fazer um balanço do que foram estes 365 dias vividos. Muitos de nós queremos fazer um balanço afetivo. Não do ponto de vista do sentimento, mas da afeição, ou seja, de assumir feições de algo ou alguém.

Da capacidade de afeiçoar-se ao bom homem que cada um de nós deseja ser. Se eu participo de um grupo de oração não tenho como viver com os braços levantados e orando no Espírito durante as 24 horas do dia. Serei reconhecido no dia a dia, não apenas pela minha vida de oração e louvor, mas sobretudo serei reconhecido pelos outros através das minhas atitudes.


Pregação Dunga no Hosana Brasil 2012


“É no dia a dia que eu e você vamos provar para o mundo quem é o Cristão que está na rua, no hospital, no banco e que está sofrendo.”

Em Lucas 7, 1-10, ao curar o servo do Centurião, encontramos um homem bom que Jesus sequer chega a conhecer. Um homem diferente que chegará a construir uma sinagoga para os judeus. Mesmo recebendo ordens severas e duras, o centurião era alguém que conseguia traduzir em amor e gestos concretos a bondade de sua vida. É de causar admiração quando encontramos um homem assim, bom como o centurião.

Em casa, serão poucos os momentos que eu vou orar como se estivesse em um grupo de oração, mas é nas coisas do dia-a-dia que o mundo precisará dessa referência de pessoa boa que eu preciso ser.
E as pessoas que te conhecem vão falar de você como aqueles servos falavam do centurião pra Jesus, sabendo que tratava-se de uma pessoa boa. E a minha proposta é essa. Que as pessoas falem bem de você.

Falem de você por causa de sua bondade. Vocês podem até escandalizar-se com isso, mas o meu pai não me evangelizou. Ele mal sabia ler, mas ele me deixou bons exemplos. Sujou, limpe! Pegou, devolva, ponha de volta no lugar. Foram os exemplos que ele deixou.

Como é que você escolhe os poucos amigos que você tem, é normal ter poucos amigos. Como você escolheu o seu marido a sua esposa? É por causa dos bons exemplos que experimentou em cada uma destas pessoas. O mundo precisa saber que existe gente assim. Gente do bem. Homens bons que rezam, que sentam na primeira fila. E um dia, queira Deus, quem te conhecer, quererá ser bom como você, orante, honesto.

E quem sabe um dia quando você estiver orando, pedindo por aqueles que ficaram na sua casa, pelas pessoas que lhe pediram oração, você reze como o centurião: “Senhor eu não sou digno que entreis a minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo.” Neste momento o próprio Jesus admirado com a sua bondade, dirá apenas uma palavra e estará visitando a sua casa.

Marque bem esta hora! Neste momento, nesta hora você vai conferir o que Deus fez em sua casa. Uma verdadeira chuva de graças que vamos mandar sobre as pessoas por quem rezamos.

Dunga
Comunidade Canção Nova
Fonte: Hosana Brasil

11/12/2013

Curados da cegueira pela fé

Homilia da Santa Missa de Abertura do Hosana Brasil 2013

Quantos de nós alimentamos em nossos corações a esperança de chegar dezembro e vir à Canção Nova para celebrar nossas vitórias! Porém, é importante compreendermos a caminhada que fazemos para chegar até o dia de hoje. Não é por acaso que o “Hosana Brasil” acontece todos os anos no tempo do Advento, que nos convida a contemplar tudo com um olhar de expectativa. Essa é a espera das esperas, pois falamos da Segunda Vinda de Jesus.

Neste tempo, precisamos olhar para o Evangelho de hoje e acreditar que há um Deus que nos ama e não quer que pereçamos, mas sim que tenhamos vida eterna. Contudo, só aqueles que correspondem ao chamado de Deus são capazes de experimentar o sentimento de alegria, que brota ao nosso coração, com a preparação para o dia glorioso, quando todos os olhos poderão ver o Senhor.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A beleza da liturgia de hoje também inaugura um tempo de graça para nós, pois o “Hosana Brasil” celebra mais do que graças alcançadas. Ele celebra a vitória da luz sobre as trevas!

Eu creio que o que Deus quer fazer em nós, no início deste “Hosana Brasil”, é nos curar da cegueira espiritual. Essa escuridão invadiu a terra devido ao pecado e começou a ser dissipada na primeira Vinda de Cristo, quando Deus nos deu Seu Filho único para nos salvar.
Infelizmente, hoje, o mundo quer nos fazer acreditar que não é mais possível chegar às vitórias. Se você ligar a TV, em um noticiário, só vai ver tragédia e destruição. 

Eles querem nos fazer pensar que já não tem mais jeito, que o mundo está perdido. No entanto, é justamente quando as trevas se levantam que a luz de Deus brilha ainda mais forte!

 Onde há amor, uma luz se levanta no mundo, porém, onde predomina o ódio, a escuridão se apresenta. Se você é filho de Deus, precisa ser luz para um mundo que grita por esperança. Você não pode ser apenas uma estatística, mas precisa fazer a diferença na vida daqueles que estão à sua volta. Essa luz é a mesma luz que dissipa a cegueira espiritual sobre a qual falamos no início desta homilia. 

Você já viu alguém enxergar perfeitamente no escuro? Pois bem, da mesma forma, é impossível ver o plano de Deus para nossa vida se não conseguirmos observar nada que está à nossa volta.
Só podemos chegar à vitória quando entendemos o que essa palavra quer dizer. A vitória, para um cristão, é entender que, pelo Sangue de Jesus Cristo, fomos remidos no madeiro da cruz. Então, quando tentarem fazê-lo acreditar que você é um derrotado, grite para essas pessoas: “Hosana Brasil!”

Como não celebrar a vitória se a Palavra nos diz que Deus está conosco até o fim dos tempos!? Nós cremos no Emanuel, que é o “Deus conosco”, Aquele que nunca nos abandona e é constante luz para nossa vida.

No Evangelho de hoje, os cegos, que se aproximaram de Jesus, ouviram d’Ele a seguinte pergunta: “Vocês acreditam que eu possa curá-los?”. E a resposta deles foi uma resposta de confiança. Mas qual será a resposta que você tem dado diante das tribulações que surgem na sua vida? Talvez, agora seja o momento de gritar para Cristo: “Senhor, Filho de Davi, tende piedade de nós!”, para que até domingo, assim como muitos aqui, você possa dar um grito de vitória, pois a cegueira na qual você estava envolvido já não existe mais. 

E só nos resta a confiança na certeza da vitória que vem do Alto.

Padre Roger Luís
Comunidade Canção Nova 
Fonte: Hosana Brasil